Louis Dreyfus Commodities. Cutrale. Citrovita. Citrosuco. Associadas. www.citrosuco.com.br. www.citrovita.com.br. www.cutrale.com.

Documentos relacionados
Universidade Federal do Pampa. Cadeia Produtiva da Laranja

Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos Consumo Mundial de Suco de Laranja

Cadeia de Valor do Suco de Laranja Projeto GOLLS

Tabela 01 Mundo Soja Área, produção e produtividade Safra 2009/10 a 2013/14

LARANJA FAZ BEM PARA VOCÊ, PARA QUEM PRODUZ E PARA O BRASIL.

DEPEC Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos SUCO DE LARANJA NOVEMBRO DE 2015

Milho: preços elevados mesmo com super-safra norte-americana

Milho Período: 11 a 15/05/2015

DESAFIOS PARA A CITRICULTURA DE MESA BRASILEIRA. Camilo Lázaro Medina clmedina@conplant.com.br

Soja - Análise da Conjuntura Agropecuária. Novembro 2015 PARANÁ

Cadeia Agroindustrial de Citros

Você sabia. As garrafas de PET são 100% recicláveis. Associação Brasileira da Indústria do PET

DEPEC Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos FEIJÃO OUTUBRO DE 2015

redução dos preços internacionais de algumas commodities agrícolas; aumento dos custos de

ED 2180/ maio 2014 Original: espanhol. Pesquisa sobre os custos de transação dos produtores de café

Lista de Revisão do Enem 3ª Semana

IT AGRICULTURA IRRIGADA. (parte 1)

Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos 33ª Semana da Citricultura O Mercado Externo de Sucos e a Agenda Setorial

Pesquisa da EPAMIG garante produção de azeitonas

Fatores ambientais que influenciam o planejamento estratégico. Planejamento de Relações Públicas II Profª. Carolina Alves Borges

Desempenho da Agroindústria em histórica iniciada em Como tem sido freqüente nos últimos anos (exceto em 2003), os

Boletim Ativos do Café - Edição 15 / Dezembro 2013 Preços do café intensificam a descapitalização na cafeicultura brasileira em 2013

Índice de Confiança do Agronegócio

O Sr. CELSO RUSSOMANNO (PP - SP) pronuncia o. seguinte discurso: Senhor Presidente, Senhoras e. Senhores Deputados, em 5 de maio de 2000 foi

NOTA TÉCNICA ALERTA PARA OS PRODUTORES DE SOJA

O papel da APROSOJA na promoção da sustentabilidade na cadeia produtiva da soja brasileira

Documento Explicativo

Pequenas e Médias Empresas no Canadá. Pequenos Negócios Conceito e Principais instituições de Apoio aos Pequenos Negócios

Os sistemas de despoeiramento, presentes em todas as usinas do Grupo Gerdau, captam e filtram gases e partículas sólidas gerados na produção

Data: ABN. Cafés especiais do Brasil consolidam novos mercados

Produção de grãos na Bahia cresce 14,64%, apesar dos severos efeitos da seca no Estado

Índice de Confiança do Agronegócio


Maçã: Balanço mundial (em mil toneladas métricas)

PANORAMA DA INDÚSTRIA DE BATATA CHIPS NO BRASIL E NO MUNDO

Agronegócios: conceitos e dimensões. Prof. Paulo Medeiros

Cadeia Produtiva do Leite. Médio Integrado em Agroindústria

Palestra: História da Cana-de. de-açúcar no Centro-Oeste Professora: Ana Paula PROJETO: PRODUÇÃO DO AÇÚCAR ORGÂNICO NA JALLES MACHADO S/A

A Segurança Alimentar num país de 200 milhões de habitantes. Moisés Pinto Gomes Presidente do ICNA

ANEXO 1: Formato Recomendado de Planos de Negócios - Deve ter entre 30 e 50 páginas

Welcome Call em Financeiras. Categoria Setor de Mercado Seguros

A balança comercial do agronegócio brasileiro

SOCIOECONÔMICOS 10 2 ASPECTOS INTRODUÇÃO PRODUÇÃO E CAPACIDADE DE ARMAZENAMENTO

Metodologia de cálculo do modelo de parametrização e de divisão de riscos e retorno da cadeia citrícolabrasileira. Consecitrus.

MERCADO DE TRIGO CONJUNTURA E CENÁRIO NO BRASIL E NO MUNDO

Avaliação de Ciclo de Vida. Buscando as alternativas mais sustentáveis para o mercado de tintas

RETRATO DA CITRICULTURA PAULISTA E TENDÊNCIAS FUTURAS. Antonio Juliano Ayres

Universidade do Pampa campus Dom Pedrito Seminários Prof. Alicia Ruiz. Soja. Acadêmicos:Quelem Martins, Ricardo Carneiro, Renan Régio

Disciplina: Suprimentos e Logística II Professor: Roberto Cézar Datrino Atividade 3: Transportes e Armazenagem

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

COLÉGIO SALESIANO SÃO JOSÉ Geografia 9º Ano Prof.º Daniel Fonseca. Produção energética no Brasil: Etanol, Petróleo e Hidreletricidade

AMOSTRAGEM AMOSTRAGEM

DADOS ESTATÍSTICOS DO SETOR 2014

ANÁLISE DE COMPETITIVIDADE EMBALAGENS

A visão de longo prazo contempla: Produção Exportações líquidas Estoques. Área plantada Produtividade Consumo doméstico (total e per capita)

ADENSAMENTO DE PLANTIO: ESTRATÉGIA PARA A PRODUTIVIDADE E LUCRATIVIDADE NA CITRICULTURA.

Empresa. Cliente. Ramo de Atividade. Logomarca. Localização

Indicadores Anefac dos países do G-20

Concentração Mínima de Açúcar (g/l) N (normal) E (europeu fino) Teor Máximo de Acidez (%)

Visão. O comércio entre os BRICS e suas oportunidades de crescimento. do Desenvolvimento. nº abr no comércio internacional

Seção 2/E Monitoramento, Avaliação e Aprendizagem

Exportação de Serviços

DÚVIDAS FREQUENTES SOBRE O DIESEL S-50. Fonte: Metalsinter

O indicador do clima econômico piorou na América Latina e o Brasil registrou o indicador mais baixo desde janeiro de 1999

A Infraestrutura no Brasil e a Expansão da Produção dos Bens Minerais

Curso superior de Tecnologia em Gastronomia

Cesta básica tem alta em janeiro

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

Gestão de Pequenas Empresas no Brasil - Alguns Dados Importantes.

Estrutura Produtiva BOLETIM. Ribeirão Preto/SP. Prof. Dr. Luciano Nakabashi Rafael Lima

A Indústria de Alimentação

Seminário O Impacto das Mudanças Climáticas no Agronegócio Brasileiro

Informe 05/2011 AS RELAÇÕES COMERCIAIS BRASIL- CHINA NO SETOR DE ROCHAS ORNAMENTAIS E DE REVESTIMENTO: SITUAÇÃO ATUAL E PERSPECTIVAS DE EVOLUÇÃO

Colégio São Paulo Geografia Prof. Eder Rubens

Cesta básica tem alta moderada na maioria das capitais

Em 20 anos, Brasil poderá gerar 280 MW de energia do lixo

O que esperar do mercado de leite no Brasil e no mundo

Um novo paradigma para o mercado de óleo de soja

Atlas Digital de MINAS GERAIS 1 de 18

EVOLUÇÃO DA MANUTENÇÃO

Mercado Externo. Preço do milho (ZCN5) Índice Dólar (DXY) Fonte: TradingView, CMEGroup

DÚVIDAS FREQUENTES SOBRE O DIESEL S-50

Balança Comercial 2003

Desempenho do Comércio Exterior Paranaense Março 2013

SISTEMA MINAS-RIO. Unidade de Negócio Minério de Ferro Brasil

CONFIABILIDADE DESEMPENHO

Milho Período: 16 a 20/03/2015

DIREÇÃO NACIONAL DA CUT APROVA ENCAMINHAMENTO PARA DEFESA DA PROPOSTA DE NEGOCIAÇÃO DO SALÁRIO MÍNIMO, DAS APOSENTADORIAS E DO FATOR PREVIDENCIÁRIO

Agricultura fortalecida: futuro sustentável do planeta.

A China e o agronegócio brasileiro: Complexo Soja

Perguntas Frequentes sobre o ICMS Ecológico

1.3 Cítricos. Diagnóstico

MERCADO DE TRABALHO NA PRODUÇÃO DE ALGODÃO E SOJA: UMA ANÁLISE COMPARATIVA

O sucesso do Plano Real na economia brasileira RESUMO

REQUERIMENTO (Do Sr. Vittorio Medioli)

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico. Sol e Frutas: Desidratação e Produção Agroecológica Familiar

SECAGEM DE GRÃOS. Disciplina: Armazenamento de Grãos

GASTAR MAIS COM A LOGÍSTICA PODE SIGNIFICAR, TAMBÉM, AUMENTO DE LUCRO

RESOLUÇÃO CFC Nº /09. O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e regimentais,

Política de Sustentabilidade das empresas Eletrobras

Transcrição:

A Indústria Brasileira de suco de laranja

Associadas Citrosuco www.citrosuco.com.br Citrovita www.citrovita.com.br Cutrale www.cutrale.com.br Louis Dreyfus Commodities www.ldcommodities.com.br

1 Das laranjas cultivadas no Brasil, é produzido o suco mais bebido no mundo. Três a cada cinco copos consumidos no planeta saem das fábricas brasileiras.

A indústria Brasileira de suco de laranja 3 CitrusBR Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos Rua Iguatemi 448 sl 701 01451-000 São Paulo SP Brasil T +55 11 2769.1205 www.citrusbr.com citrusbr@citrusbr.com ÍNDICE Carta do Presidente 5 História 6 Cinturão Citrícola 10 12 Cinturão Citrícola Brasileiro Plantio e Colheita 16 19 Nasce um Pomar 20 Tecnologia de Plantio 21 Pesquisa e Desenvolvimento 23 Colheita dos Frutos 26 Relações de Trabalho 27 Um Pomar de Leis Comercialização 28 30 Formas de Comercialização da Laranja 31 Formação de Preços Processamento 32 35 Etapas de Produção 36 Produção de Suco Concentrado FCOJ 37 Produção de Suco Não Concentrado NFC Logística 40 43 A Viagem de um Suco Global 44 Logística e Distribuição Consumo 48 50 Consumo Mundial 53 Exportação Sustentabilidade 56 58 Suco de Laranja e Sustentabilidade 62 Indústria Moderna, Humana e Sustentável 64 Infográfico da Cadeia Citrícola Integrada Glossário 68 Créditos 69

O Brasil já é um dos líderes mundiais na produção de alimentos, consequência de trabalho intenso, competência científica e bioma único que permite produzir muito, em pouca área, preservando a natureza. A liderança da citricultura brasileira é fato reconhecido em todo o mundo. Nós da CitrusBR, Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos, somos a entidade representativa das indústrias brasileiras produtoras e exportadoras de sucos cítricos. Fundada em 2009 pelas empresas Citrovita Grupo Votorantim, Cutrale, Citrosuco Grupo Fischer e Louis Dreyfus Commodities, a CitrusBR tem como principal finalidade defender os interesses coletivos do setor em escala nacional e internacional, interagindo com outras entidades do agronegócio e promovendo o consumo e a imagem do suco de laranja brasileiro. Nas próximas páginas, o leitor poderá compreender a complexidade da cadeia citrícola, desde os pomares até o mercado consumidor mundial. LARANJA: O SUCO PREFERIDO DO MUNDO E DO BRASIL O Brasil detém mais de 50% da produção mundial de suco de laranja, exporta 98% do que produz e é responsável por 85% das exportações mundiais do produto. Christian Lohbauer Presidente Executivo citrusbr@citrusbr.com

histórico 7 Mais que uma bebida, o suco da laranja tem sido um amigo da humanidade. Na época das grandes expedições marítimas, a fruta se tornou garota-propaganda no combate ao escorbuto, doença que afetava marinheiros carentes de vitamina C. Segundo pesquisadores, vem dessa época a fama da fruta como fonte de saúde. A história da laranja no Brasil 12 2006 Preço do suco de laranja no mercado internacional atinge patamares recorde. 13 2010 Mais de 50% de todo o suco de laranja consumido no planeta sai do Brasil. Mesmo presente no Brasil há quatro séculos, a grande trans- 11 2003 Inovação no mercado de sucos Este catálogo trata de uma indústria cuja formação começou em 1920, quando no interior de São Paulo começou a se estruturar o cinturão citrícola. Naquela época com o desenvolvimento e início das exportações de suco NFC (Not From Concentrate). história começou há mais de 40 anos e que hoje é responsável por produzir um dos mais saborosos, consumidos e sustentáveis sucos de fruta de que já se ouviu falar. Esse é o mundo da laranja brasileira. surgiam os primeiros esboços de uma indústria processadora de suco, nos arredores da cidade de Limeira. Os primeiros embarques de suco de laranja tiveram como destino Argentina, Inglaterra e outros países europeus. Aos poucos a região se consolidou como grande produtora de laranjas no país. 9 1981 Inovação no sistema de transporte do FCOJ ao substituir os tradicionais tambores de aço por caminhõestanque e navios de carga a granel, além da construção de terminais portuários próprios em 1985. 10 1984 Severa geada nos pomares da Flórida nos EUA inicia fase de grande prosperidade da citricultura brasileira. Nascida na Ásia e hoje encontrada nas mais diferentes regiões do mundo, a laranja se tornou, há séculos, a fruta mais globalizada de que se tem notícia. Da China, partiu para a Turquia, chegando à Espanha e Portugal. Da Península Ibérica seguiu para as Américas, quando chegou ao Brasil, há mais de 400 anos. Imagem da década de 30, quando se iniciou a indústria produtora de suco de laranja no Brasil. Hoje, a laranja faz o caminho inverso de 400 anos atrás e, em vez de vir para as Américas, é das Américas que sai o suco mais bebido do mundo. Três em cada cinco copos consumidos no mundo são fabricados no Brasil e, a exemplo das antigas caravelas que desbravavam o mar, modernos navios levam 1,2 milhão de toneladas de suco para as mais distantes partes do mundo (em FCOJ equivalente). 7 1963 Instalada a primeira fábrica de suco concentrado e congelado (FCOJ) do Brasil. No primeiro ano de funcionamento mais de 6 mil toneladas de suco foram exportadas. 5 1939 A Segunda Guerra Mundial paralisou quase completamente as exportações brasileiras de laranja in natura, o que acarretou uma super oferta da fruta no Brasil. Neste período inicia-se a produção de suco de laranja pelo sistema hotpack para atender aos pedidos do exército britânico. 3 1889 Favorecida pela proximidade do mercado consumidor e por condições como clima, solo e temperatura, a citricultura ganhou força no Centro-Sul do Brasil. 1 1501 Portugueses trouxeram da Espanha as primeiras plantas cítricas para o Brasil com o objetivo de criar abastecimento de vitamina C antídoto contra escorbuto. A adaptação da árvore no país foi tão favorável que ela chegou a ser confundida com plantas nativas. 8 1970 Expansão dos pomares paulistas impulsionada pela indústria de sucos e pelos estímulos à exportação, levando o Brasil a ocupar espaço no mercado internacional. 6 1961 A citricultura se expandiu para regiões de Araraquara e Bebedouro, no interior do Estado de São Paulo. 4 1927 O governo de SP criou o Serviço de Citricultura, vinculado ao Instituto Agronômico de Campinas e à ESALQ-USP. 2 1873 Mudas de laranja baía foram levadas para a Califórnia (EUA) de onde se espalharam pelo mundo todo. Esta variedade surgiu no Brasil, provavelmente a partir de uma mutação da variedade seleta.

A laranja no Brasil 9 A afirmação de que a laranja encontrou no Brasil o lugar ideal para se desenvolver pode ser comprovada pela amplitude do período de colheita. Entre os meses de maio e janeiro é possível encontrar a fruta em ponto de colheita em alguma região. Contudo, isso não quer dizer que a produção seja homogênea ao longo do ano, ao contrário. Entre os meses de setembro e novembro há uma grande concentração na entrega de fruta para a indústria. Mesmo considerando que exista mundo afora uma incrível variedade de laranjas, no Brasil oito espécies são predominantes. Nessa conta, há frutas cuja colheita é mais precoce, A preferência dos citricultores pelas variedades tardias, em função da sua maior produtividade, ocorreu em detrimento das variedades de meia-estação, que são bem aceitas no mercado in natura, levando a um déficit de oferta de fruta principalmente no mês de setembro e, consequentemente, a uma maior competição entre a indústria e o mercado in natura nesse período. Além de ter uma boa aceitabilidade no mercado in natura, a variedade Pera apresenta maior teor de sólidos solúveis, que nada mais são do que os açúcares que constituem a matéria- -prima para o suco concentrado. Esses dois fatores somados ao déficit de produção exatamente na época em que a laranja pera assim como há as mais tardias. Hamlin, Pera, Valência e está produzindo fazem com que esta variedade consiga preços Pera-Natal são as mais comuns, enquanto variedades como mais altos do que o das demais destinadas à indústria. Baía e Lima são normalmente destinadas ao consumo in natura. Com o objetivo de reduzir o período de déficit de oferta, os produtores estão mudando o perfil dos seus pomares com Atualmente, os pomares do Estado de São Paulo apresentam o aumento de plantas precoces e redução das tardias. Nos Com variedades diversificadas, o país consegue ter colheita de laranja em quase todos os meses do ano 55% das plantas com as variedades Natal e Valência e outras variedades tardias; 23% Hamlin e outras precoces; e 22% com Pera e outras variedades de meia-estação. Das laranjas cultivadas no Brasil é produzido o suco mais bebido no mundo. Três de cada cinco copos consumidos no pomares com plantas entre 0 a 2 anos as variedades precoces representam 23%. As variedades de meia-estação representam 22% da safra total, ficando com as tardias uma fatia de 53%. planeta saem das fábricas brasileiras. Período de colheita por variedade e percentual da produção Precoces (Hamlin, Westin, Rubi, Pineapple) Meia-estação (Pera) Tardias (Valência e Pera-Natal) 23% O plantio de diferentes variedades é também uma forma de manejar o controle de doenças e reduzir os impactos das adversidades climáticas. O aprimoramento das variedades citrícolas vem sendo feito com técnicas tradicionais de melhoramento. 22% 55% No cinturão citrícola, uma área de 300 municípios entre São Paulo e Minas Gerais, no Sudeste Brasileiro, estão localizados diversos institutos de pesquisa dedicados à laranja, que buscam soluções para prevenir e combater doenças, e para melhorar a qualidade das frutas. mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr Fonte: Elaborado por Markestrat a partir de CitrusBR

As sete razões que fazem de São Paulo o mais importante polo citrícola do Brasil: 1. Solo adequado, 2. Água disponível, 3. Chuvas em índices adequados, 4. Topografia, 5. Mão de obra disponível e qualificada, 6. Disponibilidade de insumos e 7. Infraestrutura local. o Cinturão Citrícola 11

Caminhão carregado com a fruta corta fazenda no interior de São Paulo. Área de pomares no cinturão citrícola chega a 800 mil hectares e a laranja é a terceira mais importante cultura do Estado. Os pomares convivem em harmonia com as reservas legais, espaços destinados à preservação da fauna e da flora locais. A legislação brasileira é bastante rigorosa e cada produtor deve deixar uma área de 20% de mata nativa preservada. Brasil o Cinturão Citrícola Ao longo das bem conservadas rodovias paulistas, em 375 municípios, muitos deles envoltos pela cana de açúcar, localiza-se o chamado cinturão citrícola. Dividida em cinco grandes regiões, numa área de mais de 600 mil hectares, a laranja é a terceira mais importante cultura do Estado, atrás da de cana-de-açúcar e a pecuária. A região é responsável por mais de 80% da laranja do Brasil. Dentro do Estado, a pujança em termos relativos é ainda maior e, de toda laranja produzida em São Paulo, 93% estão no cinturão. Essa distribuição geográfica da produção gravita em torno de um estruturado parque industrial, com quatro grandes indústrias que possuem 14 fábricas em 11 municípios, além de outras fábricas de São Paulo pequeno porte. 13 Historicamente, o Norte de São Paulo é a região mais importante na produção da fruta, com destaque para A cultura da laranja emprega mais de 200 mil trabalhadores em ocupações diretas e indiretas. A fruta é colhida num ponto correto de maturação para que o suco obedeça a um mesmo padrão de qualidade. cidades como Bebedouro e Matão. Contudo, por conta de doenças como o greening e uma significativa mudança Quantidade de árvores nas regiões do cinturão citrícola brasileiro Noroeste 30,35 milhões de árvores Norte 25,81 milhões de árvores Centro 76,28 milhões de árvores Sul 30,66 milhões de árvores Castelo 41,57 milhões de árvores Na safra 2009/10 quase 165 milhões de árvores produziram 397 milhões de caixas de laranja em apenas 1,2% da área total plantada do país. Fonte: O Retrato da Citricultura Brasileira, 2010. São Paulo Ao longo de 300 municípios, na região Sudeste do Brasil, está a maior concentração de laranjas do mundo. nos regimes de chuva, a citricultura na região Sul do Estado de São Paulo tem crescido de forma exponencial. Ao todo, o cinturão citrícola está dividido em cinco macrorregiões: Centro, Sul, Norte, Noroeste e Castelo. Em todas elas o clima exerce grande influência sobre o vigor e a longevidade das plantas cítricas e também sobre a qualidade e a quantidade de frutos. A laranjeira (assim como outras plantas cítricas) se adapta melhor em climas com temperatura entre 23 C e 32 C, com alta umidade relativa do ar.

A produção da laranja do cinturão citrícola e o seu destino foram se alterando ao longo do tempo. Em relação à produção, houve queda de 11% nos últimos 15 anos. Quando se verifica Principais produtores de laranja Safra 2009-2010 o comportamento da distribuição desta produção ao longo do mesmo período, é evidente o aumento da parcela destinada para a indústria e, consequentemente, uma redução da 25,0% Outros 25,2% Brasil produção destinada ao consumo in natura. 3,3% Irã Hoje são cerca de 165 milhões de pés de laranja que produzem quase 400 milhões de caixas por ano. A parte destinada à indústria saiu de 76% do total da produção do cinturão em 1995 para 86% em 2009, ou seja, um crescimento de 10%, ao contrário do que verifica com a fruta destinada ao consumo in natura, que representava 24% em 1995 e passou para 14% em 2009, uma redução de 10%. 3,4% Indonésia 4,9% Espanha 5,1% Egito 6,0% México 6,4% Índia 8,7% China 12,1% Estados Unidos Uso de terra no Brasil em milhões de hectares Flórida e São Paulo detêm 81% da produção mundial de suco de laranja. Apenas o Estado de São Paulo responde por mais de 53% do total. 15 milhões de hectares % do total % da área plantada Brasil - área total Área plantada 851.487 67.660-7,9% - - Evolução da produção mundial de suco de laranja Área plantada com laranja 837 0,1% 1,2% Produção São Paulo e Triângulo Mineiro Produção Flórida Produção Mundial Área plantada com cana-de-açúcar 8.140 1,0% 12,0% Área plantada com café verde Área plantada com soja 2.170 21.057 0,3% 3,2% 2,5% 31,1% Fonte: O Retrato da Citricultura Brasileira, 2010. 3.000 2.500 2.000 1.500 2.328 858 2.421 982 2.781 1.051 2.332 817 2.814 1.006 2.664 2.626 2.422 2.441 2.441 2.433 2.236 854 2.225 1.024 783 960 644 1.001 577 653 732 2.282 563 2.019 1.000 500 1.096 1.098 1.340 1.153 1.324 1.089 895 1.430 1.072 1.369 1.165 1.369 1.363 1.133 1.065 0 1995-96 1996-97 1997-98 1998-99 1999-00 2000-01 2001-02 2002-03 2003-04 2004-05 2005-06 2006-07 2007-08 2008-09 2009-10 Fonte: O Retrato da Citricultura Brasileira, 2010.

Mais do que plantas e frutas, o setor é uma verdadeira máquina de produzir novas tecnologias para conquistar os melhores padrões de qualidade. 17 PLANTIO E COLHEITA Quase 165 milhões de árvores no Brasil. Média de 850 árvores por hectare. 230% de aumento no adensamento dos pomares utilizados em 1980. 39% foi o aumento da produtividade de 1995 a 2008.

Nasce um pomar Desde meados da década de 1990 uma mudança estrutural tem acontecido nos campos brasileiros. Com o avanço das novas tecnologias de produção e o incremento de ferramentas de gestão, houve uma sensível alteração na distribuição dos pomares. Hoje, de toda a laranja fornecida para a indústria, cerca de 65% da produção para suco vem de pouco mais de 5% dos produtores, o que demonstra uma grande concentração no fornecimento da fruta. A indústria, por sua vez, é proprietária de aproximadamente 35% dos pomares. A vida média das árvores está em torno de 20 anos, o que demonstra a necessidade de um planejamento de longo prazo. Quem entra no mercado da laranja não pode pensar em um negócio de ocasião, Tecnologia desenvolvida nos pomares brasileiros ajuda a incrementar a renda de produtores e indústria. principalmente porque a amortização do investimento só começa a partir do terceiro ano de vida de uma árvore, quando nascem os primeiros frutos. Isso sem considerar cerca de dois anos, em média, 19 necessários para o planejamento total do negócio. Isso significa que o retorno só chega alguns anos depois. Ainda assim, a laranja tem se mostrado um bom negócio para produtores mais especializados que trabalham em regime de 1. Mudas são transportadas para as fazendas, onde serão plantadas para, três anos depois, começarem a produzir. 2. Estufas são utilizadas para que as mudas recebam os melhores cuidados quando ainda jovens. 3. Trabalhadora faz os tratos culturais da planta, antes que ela chegue ao ponto de ser levada para um pomar, quando começará sua vida produtiva. 4. Pomares adultos formam enormes labirintos de laranjeiras, dos quais milhões de caixas serão colhidas. economia de escala. Se comparados aos pomares de outrora, há muita diferença em relação ao que se fazia 20 anos atrás, quando o número de árvores 1 2 3 4 era de aproximadamente 250 por hectare. A principal mudança está na própria tecnologia de produção. Atualmente, existe um número muito maior de árvores por hectare, chegando a mais de 800, um incremento de 230%, o que reflete na produtividade de uma propriedade. Isso porque, em média, uma árvore produz duas caixas de 40,8 quilos.

1. Em pequenas bandejas, com substratos especialmente plantados, tem início a vida de um pé de laranja. TECNOLOGIA DE PLANTIO Em 1980, um citricultor conseguia produzir 500 caixas por hectare. Hoje, é possível chegar a mais de 1.600. Numa rápida conta, considerando os preços de mercado spot praticados no Brasil, de US$ 8,8 dólares por caixa na safra 2009-2010, isso significa que um produtor com 250 caixas conseguirá uma receita de US$ 2,2 mil por hectare, enquanto aquele cujo pomar for adensado alcançará US$ 7,4 mil no mesmo espaço. Tratando-se de renda, houve também um incremento de 233% só com o aumento do número de árvores por hectare. Outra tecnologia que vem ganhando os pomares brasileiros, principalmente nas áreas mais secas Muitos avanços na citricultura mundial nasceram nos pomares brasileiros. O controle do cancro cítrico, por exemplo, é fruto de pesquisas brasileiras que ajudaram o mundo a livrar pomares dessa terrível doença. Hoje, os esforços,em grande parte, estão voltados para a cura do greening. Diversos centros de pesquisa trabalham para desenvolver novas variedades de fruta, assim como novas tecnologias de produção e formas de prevenir e combater doenças. O Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura), o Centro Apta Citros Sylvio Moreira, a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, ligada à Universidade de São Paulo, assim como o Instituto Agronômico de Campinas, do governo Pesquisa e Desenvolvimento O Brasil tem longa tradição em solucionar problemas e encontrar novas tecnologias. 1. A mão de obra para cuidar das plantas recebe treinamento especializado. 21 do Estado de São Paulo, é a irrigação. de São Paulo, são referências na pesquisa e no desenvolvimento de novas tecnologias. Na citricultura existe a possibilidade de adoção de diferentes sistemas mas, em média, a neces- A indústria processadora e exportadora de suco sidade hídrica dos citros varia de 900 a 1.200 de laranja é parceira em muitos projetos, colabo- milímetros de água por ano. A demanda por água rando financeiramente com pesquisas ou usando 2. Os tratos culturais são importantes para a perfeita condução da planta à fase adulta, quando será transplantada para um pomar. é elevada nos períodos de brotação, emissão de botões florais, frutificação e início de desenvolvimento dos frutos, sendo menor nos períodos de os seus pomares como laboratório para novas descobertas. Os desafios para os próximos anos já estão definidos. Entre eles, combater as doenças 2. Depois de adulta, a planta floresce com vigor, produzindo frutos espetaculares. maturação, colheita e de repouso. Atualmente, mais proeminentes, aumentar a produtividade cerca de 15% dos pomares de SP são irrigados. dos pomares e levar renda aos produtores de Contudo, a necessidade de água, se comparada laranja, importantes aliados da indústria. Manter a à de outras culturas como soja, milho e café, citricultura como uma das mais rentáveis culturas faz da laranja uma cultura com baixo consumo, por hectare e seus altos índices de sustentabi- 3. Viveiros especializados em mudas são uma parte importante do negócio. utilizando, basicamente, a chamada irrigação de salvamento. lidade também estão entre os desafios para o futuro que já começou há mais de 40 anos. 3. Técnicos treinados buscam imperfeições e doenças a todo instante.

No Brasil, devido às condições climáticas e de solo, há colheita de laranjas durante praticamente todo o ano. A colheita é feita de forma manual. Em toda a sua cadeia, o setor emprega mais de 200 mil trabalhadores, gerando uma massa salarial de mais de US$ 600 milhões. A segurança do trabalho é uma das principais preocupações da indústria processadora e exportadora de suco de laranja. O Brasil é dono de uma das legislações trabalhistas mais rígidas do mundo e o apoio ao trabalhador é uma parte fundamental para o sucesso desse setor. Atualmente, a indústria é proprietária de 35% dos A colheita dos frutos Colheita e processamento maio a fevereiro Ano safra julho a junho pomares que produzem laranja para suco, dos quais 100% da mão de obra contratada está rigorosamente enquadrada na legislação vigente. Não há trabalho 23 infantil ou qualquer tipo de exploração, sendo o setor constantemente vigiado pelas autoridades competentes, como o Ministério Público, que garante o São Paulo Brasil cumprimento da lei. Colheita e processamento outubro a maio Ano safra outubro a setembro A colheita da fruta é uma mistura de trabalho mecânico e manual, tendo os colhedores um papel fundamental neste processo. Os outros 65% da produção estão nas mãos de pequenos, médios e principalmente grandes produtores. Nesses pomares a relação com os trabalhadores é constantemente vigiada pelas autoridades brasileiras, cujo combate a distorções nas relações trabalhistas tem contribuído para significativos avanços em toda a cadeia. Todos esses fatos dão ao consumidor do suco de laranja brasileiro a certeza de que se trata de um Flórida EUA alimento fabricado com os mais rigorosos padrões tecnológicos e sociais, gerando e distribuindo riqueza dentro e fora do Brasil.

25

Relações de Trabalho Em muitos países do mundo há severas diferenças entre as leis trabalhistas praticadas nas cidades e no campo. Mas não no Brasil, que no ano de 2005 implantou a chamada Instrução Normativa 31, que trouxe uma série de novas regras para que os trabalhadores do campo tivessem o mesmo tratamento que os trabalhadores da cidade e das indústrias. Quando um copo de suco de laranja produzido no Brasil é servido em qualquer lugar do mundo, um conjunto de regras sociais é servido junto. Os equipamentos de proteção individual sofreram grandes ajustes nos últimos anos. A roupa, desenvolvida para dar conforto até nas mais quentes regiões tropicais do Brasil, protege da ação do sol. Óculos escuros também fazem parte dos equipamentos, assim como luvas e botas que oferecem segurança contra diversos tipos de acidente. Um pomar de leis Contribuições sociais, tributos que vão garantir uma aposentadoria para As normas que regulamentam o trabalho no campo esses trabalhadores, rígidas normas de saúde e segurança do trabalho, foram desenvolvidas por uma comissão tripartite Na safra de 2009-10 além de um sem-número de regras que constam na IN 31 viajam o mundo com a bebida. composta por membros da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais, da Confederação a produção brasileira foi de 397 milhões de caixas de 40,8kg. Nacional da Agricultura e do Ministério do Trabalho Para a indústria brasileira processadora e exportadora de suco de laranja, nada é mais importante do que garantir que esse alimento tão apreciado seja produzido em conformidade com os mais rígidos padrões éticos, tão e Emprego. As normas criadas em consenso entre empresários e trabalhadores foram homologadas pelo Ministério do Trabalho. Contudo, itens em que As relações de trabalho no Brasil obedecem a rígidos critérios que garantem as melhores práticas trabalhistas existentes no mercado. relevantes para consumidores cada vez mais exigentes. não houve consenso tiveram seu conteúdo arbi- 27 trado, o que de certa forma transferiu para o campo Com uma massa de mais de 200 mil trabalhadores envolvidos direta ou boa parte das normas exigidas no trabalho urbano. indiretamente com a indústria processadora e exportadora de suco de A citricultura gera, entre empregos diretos e indiretos, um contingente de laranja, há sempre um elo mais fraco que deve ser protegido. Os colhedores de laranja desfrutam atualmente de avançadas condições de trabalho, se comparadas à de muitos países até mesmo com a de setores Se por um lado isso representou um avanço para o setor, por outro houve aumento no custo das operações, o que corrói margens e exige muita habi- Trabalhadores são obrigados por lei a vestir equipamentos de segurança que são fornecidos pelo empregador. mais de 200 mil postos de trabalho. alheios à agricultura. lidade para cumprir regras pensadas para ambientes urbanos e que necessitam de adaptações não Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) são de uso obrigatório. previstas no código legal. Ainda assim, a indústria processadora e exportadora de suco de laranja entende que apenas produtos socialmente responsáveis têm espaço no mercado mundial, algo que é cumprido há mais de 40 anos, numa das indústrias mais tradicionais do País.

Caminhões carregados de laranja fazem o percurso das fazendas para as fábricas, milhares de vezes, em centenas de municípios. A logística é parte fundamental da cadeia. COMERCIALIZAÇÃO 29

Alguns tipos de contrato: n Contratos de longo prazo com preços fixos predeterminados; n Contratos de longo prazo com ou sem preço mínimo garantido e com gatilhos de preços indexados às médias auditadas, obtidas dos preços de venda das indústrias aos engarrafadores; n Contratos de longo prazo com ou sem preço mínimo garantido diretamente ligado às cotações diárias e médias anuais do preço da commodity na Bolsa de Nova York; n Contratos de compra de laranja durante o período da safra ao preço do dia, o chamado mercado spot ou portão; e COMERCIALIZAÇÃO A entrega da laranja para o processamento é um ritual que acontece entre os meses de abril e dezembro. Contudo, há uma grande concentração entre os meses de setembro a novembro, quando grande parte da safra chega ao seu ponto de maturação. A venda da fruta acontece na porta da fábrica e cada produtor pode optar não só pela empresa para a qual deseja vender como pelo tipo de contrato que atenda melhor às suas necessidades. Entre os tipos de contrato mais usados há dois grandes grupos. A venda no mercado spot, em que o produtor recebe a cotação do dia pela sua fruta, e os contratos de médio e longo prazo, neles o produtor pode optar por variáveis de preço mínimo e máximo, dependendo da sua estratégia de comercialização. Há ainda aqueles fornecedores de fruta que fazem os dois tipos de negociação: travam seus custos com contratos de médio e longo prazo e usam o mercado spot como uma forma de apostar no mercado. Cada tipo de contrato oferece riscos e vantagens. Nas safras de 2007-2008 e 2008-2009, produtores que possuíam contratos Assim como no mercado de outras commodities, o de laranja está influenciado pela lei da oferta e demanda. Contudo, não é somente o consumo que determina a formação dos preços, visto que em quase uma década não há grandes variações nos volumes exportados pelo Brasil. O fator que mais determina o preço da caixa de laranja e do suco por consequência é a oferta de fruta, influenciada pelos dois grandes parques citrícolas no mundo: São Paulo (Brasil) e Flórida (EUA). Conforme demonstra o gráfico abaixo, as altas e baixas tanto na caixa de laranja quanto nas cotações do suco em Nova York estão diretamente atreladas a efeitos climáticos que têm impacto sobre a oferta de frutas. O valor que a indústria paga pela laranja é decorrente dos preços internacionais correntes e futuros do suco, bem como das expectativas do mercado quanto à oferta e à demanda futura de laranja, no momento em que cada contrato de compra de laranja é negociado. Outros fatores a serem considerados na competitividade são o imposto de importação pago nos Estados Unidos e na Europa para a entrada do suco de laranja nacional e os custos logísticos e portuários que incorrem sobre o produto brasileiro para ser transportado até esses destinos. Formação de preços 31 n Contratos de arrendamento ou parceria agrícola de longo prazo. de longo prazo foram beneficiados em relação àqueles que optaram pelo mercado spot. Análise comparativa da produção e do consumo de suco de laranja em equivalente 66 o brix e o preço do FCOJ na Bolsa de Nova York Já na safra 2009-2010 ganhou dinheiro quem optou por Produção Demanda Cotação NY Destino da produção de laranja no cinturão citrícola 86% disponível para indústria 14% consumo in natura vender a laranja no mercado físico. Não há um modelo perfeito e o agricultor deve estudar os prós e contras de cada modelo e optar pela estratégia que o remunere melhor. Do total disponível para a indústria 85% utilizado para FCOJ 15% utilizado para NFC Fonte: O Retrato da Citricultura Brasileira. Elaborado por Markestrat a partir de CitrusBR. Produção e consumo de suco de laranja em volume equivalente a 66 o Brix 2.700 2.600 2.500 2.400 2.300 2.200 2.100 2.000 1.900 2003-04 Estoques de suco muito elevados, em função de boas safras no Brasil e na Flórida, mantém cotações de Nova York baixas. 2004-05 e 2005-06 Sucessivos furacões na Flórida diminuem a produção de suco na região, elevando as cotações em Nova York para patamares recorde. US$ 66,95 US$ 83,91 US$ 124,30 US$ 180,83 2006-07 e 2007-08 Combinação de boas safras no Brasil e na Flórida, além da queda na demanda de suco seguindo a tendência iniciada em 2004-05, elevam demasiadamente os estoques mundiais pressionando as cotações da bolsa para fortes baixas na safra 2008-09. US$ 127,92 2008-09 e 2009-10 Duas safras pequenas tanto no Brasil como na Flórida diminuem os estoques mundiais de suco e elevam as cotações na bolsa a partir de meados de 2009 US$ 85,74 US$ 122,55 2003-04 2004-05 2005-06 2006-07 2007-08 2008-09 2009-10 US$ 190 US$ 170 US$ 150 US$ 130 US$ 110 US$ 90 US$ 70 US$ 50 Fonte: O Retrato da Citricultura Brasileira. Elaborado por Markestrat a partir de CitrusBR.

As fábricas estão equipadas para receber centenas de caminhões por dia. Depois de descarregadas, as frutas são imediatamente armazenadas, começando o processo de retirada e industrialização do suco de laranja. 33 Processamento

PROCESSAMENTO Nas páginas seguintes será possível conhecer um pouco da indústria brasileira responsável por fabricar o suco mais consumido no mundo. Trata-se de um processo em grande escala, que lança mão de modernas tecnologias de produção aliadas a um dos melhores ambientes para se produzir a fruta em todo o planeta. A qualidade da bebida também é testada no que diz respeito a contaminantes, sabor e aroma. Isso possibilita um padrão 1. Recebimento da fruta Amostras de frutos são retiradas de cada caminhão para análise do rendimento do suco, grau Brix, acidez e cor. 2. Armazenamento nos bins Depois da recepção e da inspeção, os frutos são armazenados nos bins, que são silos de estocagem. de qualidade constante, mantendo sempre as mesmas características. As principais etapas são: 3. Lavagem dos frutos Os frutos passam por mesas de lavagem onde há esguichos na parte superior e escovas de plástico na área inferior, para realizar a limpeza dos frutos mecanicamente, com ou sem o auxílio de detergentes. 4. Seleção e classificação Os frutos são escolhidos por operadores em mesas de seleção. Os danificados e amassados são removidos e os demais vão para classificadores que os separam por tamanho e os encaminham às linhas de extração. A indústria capta apenas 25%, em média, da água utilizada, o restante vem do processo de concentração do suco. 35 Moderna e sustentável: a indústria brasileira é pioneira em boas práticas agrícolas e industriais. 5. Extração Os frutos são separados de acordo com seu tamanho para que possam ser processados pelas linhas de extratoras adequadas ao tamanho da fruta, nelas o suco é extraído mecanicamente. 6. Mistura e homogeneização Após a extração e concentração, o suco é avaliado tecnicamente segundo aparência e sabor ideais para exportação.

O suco concentrado Estrela desse mercado, o suco concentrado é o grande responsável pelo sucesso da bebida no mundo. A maior parte da água é retirada da bebida dentro dos evaporadores. Esse processo inativa os micro-organismos responsáveis pela degradação do líquido. Após o processo de separação, o suco vai para um evaporador especialmente desenvolvido para a indústria de cítricos, em que os componentes voláteis são separados e depois recuperados. Ao fim deste primeiro estágio, um produto que entrou com níveis de açúcares (sólidos solúveis) totais de 10 a 11 Brix Em meados dos anos 2000 uma novidade começou a chegar aos terminais europeus. Um suco de laranja com características um pouco diferenciadas das do tradicional suco concentrado. Esse é o NFC ou simplesmente suco pronto para beber. Em vez de ter a água extraída no processamento para depois ser reconstituída após ser comprada por engarrafadores, essa bebida é pasteurizada com a própria água da laranja. Trata-se de um produto de qualidade superior em termos de paladar, visto que se assemelha ao suco espremido na hora, um privilégio que poucos países no mundo podem ter. O produto final é armazenado por até um ano, congelado ou O suco não concentrado termina com um teor de 66 ou 65 Brix padrão do FCOJ. resfriado. Como o suco não concentrado ocupa um volume cinco a seis vezes maior que o concentrado, o custo de armazená-lo No processo de concentração, o suco perde uma fração volátil resfriado é alto. Além disso, sua cadeia de armazenagem e distri- em que estão as essências. buição é asséptica. 37 Os componentes recuperados são as essências, em fase aquosa Outra diferença do NFC em relação ao suco concentrado é e oleosa, que são vendidas para companhias que produzem que ele torna-se sólido quando congelado, impedindo que seja aromas e fragrâncias. Em alguns casos, o suco passa por um bombeado. Por isso, para pequenas quantidades exportadas, o processo de homogeneização, diminuindo sua viscosidade suco não concentrado é envasado em tambores, o que significa para otimizar a evaporação. um custo mais alto, se comparado às vendas a granel. Para grandes quantidades de não concentrado, o armazenamento geralmente O suco concentrado é refrigerado e misturado a outras quan- é feito por meio de tanques assépticos com capacidade para até tidades do mesmo produto para chegar a um padrão de quali- quatro milhões de litros. dade ideal. Em seguida, vai para tanques de armazenamento refrigerados em temperatura de congelamento. Ali pode O suco deve ser agitado periodicamente para evitar a separação permanecer estocado por um período de até dois anos. entre o suco e os sólidos dissolvidos e manter a uniformidade do grau Brix. No Brasil, onde a maior parte do suco é destinada para O sistema de estocagem a granel é chamado no setor de tank exportação, os tanques assépticos são instalados nos terminais farms. Nesses tanques o suco fica armazenado até o transporte portuários e não nas fábricas. Para evitar a repasteurização do suco por caminhões-tanque para o porto. antes do embarque, foram desenvolvidas tecnologias que permitem o transporte em navios especialmente destinados para este fim.

Os subprodutos da laranja e do suco de laranja A cada 1.000 kg de laranja são extraídos 553 kg de suco, e o restante são subprodutos 1.000 kg Suco Polpa: 30 kg Óleo da casca: 3 kg 553 kg Óleo essencial: 0,1 kg Aroma essencial: 1,1 kg Concentrado 65º Brix: 100 kg O negócio envolvendo a laranja vai além dos sucos concentrado e não concentrado. Existe um mercado pujante, responsável por cerca de 7,5% do negócio com a fruta, que diz respeito aos subprodutos. Há três grandes grupos de subprodutos: os terpenos responsáveis pela fabricação de alguns tipos de resinas e solventes biodegradáveis, os óleos essenciais que dão origem aos aromas e fragrâncias e por fim o bagaço que pode se transformar em ração para animais, entre outras utilizações. Após a separação do suco e da polpa, essa passa ainda por um processo Uma fruta, muitos produtos onde são removidos componentes não desejados, como o bagaço e Casca, bagaço e sementes: 413 kg Água evaporada : 452 kg Fonte: The Orange Book, Tetrapak as sementes. A polpa limpa é enviada para equipamentos em que há um novo processo de pasteurização, ou tratamento térmico, sendo Aproveitamento da laranja: em seguida congelada antes de ser enviada para armazenamento. 0,5% fase aquosa O suco de laranja pode ser apresentado ao consumidor em três formas distintas: Se a polpa restante após a extração do suco não for utilizada para 0,1% fase oleosa 2,7% gomos 39 Integral Sem adição de açúcares e na sua concentração natural. Concentrado Parcialmente desidratado, do qual foi removida parte da água natural. Reconstituído A partir do suco concentrado, com adição de água. Deve atender aos mesmos parâmetros de qualidade do suco integral. fins comerciais, ela pode ser lavada para extrair substâncias dissolvidas no suco. Esse produto é chamado pulp wash, ou suco da polpa, e pode, se a legislação permitir, ser misturado com o suco na linha de produção, antes da concentração. 0,9% d-limoneno 1,8% óleos essenciais 44,8% suco de laranja 49,2% pele, semente e % de suco nos diferentes tipos de bebidas: A emulsão de óleo e água proveniente do processo de extração do bagaço Suco 100% de suco puro, extraído da fruta. suco possui também outras substâncias, como partículas de casca e polpa, pectinas e açúcares. O objetivo é recuperar o óleo da casca removendo as outras substâncias e perdendo o mínimo de óleo Partes da laranja semente Néctar de 99% a 25% de suco, dependendo da legislação vigente. Refresco abaixo de 25% de suco, sendo que em muitos países não passa de 3% a 5%. possível nesse processo, que ocorre por meio de duas etapas de centrifugação. É economicamente recomendável incluir um sistema de prensagem e secagem da casca e resíduos sólidos da laranja em grandes fábricas de processamento de suco. Os frutos rejeitados no recebimento, a casca e o bagaço que resultam da extração, bem como a polpa e outros sólidos, são enviados para o secador, onde são secos e peletizados para servir de ração fibrosa para alimentação animal. flavedo albedo segmento de suco parede do segmento núcleo central segmento de óleo

Das fábricas até os mais longínquos lugares, o suco de laranja brasileiro é transportado por indústrias produtoras com tecnologia de conservação, refrigerada para o concentrado e asséptica para o NFC. As empresas se especializaram nesta logística extremamente complexa. 41 Navios-tanque, especialmente destinados ao transporte de suco de laranja, saem do Porto de Santos, no Brasil, carregados com milhares de toneladas de suco de laranja concentrado e NFC. Essa é uma operação complexa, na qual a bebida é movimentada das fábricas para os caminhões-tanque até os terminais de suco a granel no Porto de Santos e bombeada para os navios de suco de laranja sem contato com o ambiente externo. Cada uma das empresas exportadoras é proprietária ou freta terminais e navios no Brasil, Europa e Estados Unidos, principais destinos do suco de laranja brasileiro. Mas o suco de laranja brasileiro também chega a lugares mais distantes como China e Oriente Médio. logística

Um navio pode transportar até 40 mil toneladas de suco de laranja concentrado, partindo do Porto de Santos no litoral de São Paulo, o Estado é o berço da citricultura brasileira. Pela frente, terá de vencer o Oceano Atlântico ou Pacífico até despejar a preciosa bebida em distantes terminais na Europa, nos Estados Unidos, na Ásia e na Oceania. Desde que é produzido até chegar aos engarrafadores que fazem seus blends e vendem a bebida para o varejo, não há sequer contato da bebida com o ambiente externo, o que faz também da indústria produtora de suco de laranja uma indústria logística. O transporte desse produto é geralmente realizado em tambores refrigerados de caminhões-tanque ou navios- -tanque. Uma pequena parte é embalada em sacos assépticos que são acondicionados em tambores para transporte posterior em contêineres refrigerados. A viagem de um suco global 43 Os maiores processadores brasileiros possuem seus próprios terminais no Brasil, na Europa, nos Estados Unidos, no Japão e na Austrália e há diversos navios desenvolvidos exclusivamente para o transporte do suco concentrado congelado e de outros produtos cítricos a granel. Há duas maneiras de se transportar o suco não concentrado: congelado ou resfriado. Ambos sob condições assépticas. O problema do transporte de NFC congelado é que, diferentemente do suco concentrado, que mesmo congelado fica viscoso, mas é ainda bombeável, o suco não concentrado (NFC) se torna um bloco de gelo, portanto, exige o transporte em contêineres refrigerados, com uma logística diferenciada. 40 mil toneladas é a capacidade máxima de transporte de um navio de suco de laranja

Caminhões termicamente isolados deixam a fábrica. Ininterruptos: a cada 10 minutos nos 365 dias do ano um caminhão de suco desce a Serra do Mar. Caminhão-tanque em direção ao Porto de Santos. 45 Carregamento de navio sem contato com o ambiente externo. Navios refrigerados levam o suco de laranja.

Logística e Distribuição A expansão da produção de suco não concentrado (NFC) no Brasil no final dos anos 90 levou ao desenvolvimento de transporte marítimo a granel para suco resfriado. O mais comum é utilizar sacos de uma tonelada, transportados em recipientes que são colocados em contêineres refrigerados. O transporte de suco concentrado e não concentrado para outros continentes tem sido melhorado por meio de pesados A partir do navio-tanque, os produtos são bombeados para linhas de recepção que alimentam tanques localizados no continente. Destes tanques, são enviados para estações de mistura, em que concentrados de diferentes tipos são misturados para atingir um produto que atenda às demandas dos consumidores. Nessa fase, podem ser adicionados outros ingredientes e, posteriormente, o suco é bombeado para caminhões-tanque investimentos em novas tecnologias desenvolvidas pelos que vão distribuí-lo. grandes produtores de suco. Hoje em dia, o uso de navios próprios para transporte dos sucos reduz custos e garante que No caso do suco não concentrado, também há terminais sua qualidade seja mantida até a chegada ao destino. específicos para recebimento e descarga do produto. Antes da descarga dos navios, são recolhidas amostras dos tanques Em grandes portos da Europa, em Roterdã, na Holanda, Ghent internos para confirmar que o suco é microbiologicamente e Antuérpia, na Bélgica, há terminais exclusivos para o recebi- aceitável. O sistema de encanamentos é esterilizado e o suco é mento de suco de laranja concentrado a granel. Esse tipo de transferido dos navios para o armazenamento no porto. Na área terminal é encontrado também na Flórida e em Nova Jersey, nos de recebimento do suco há equipamentos para pasteurização, 47 Estados Unidos, no Porto de Toyohashi, no Japão, e no Porto de caso ela seja necessária. New Castle, na Austrália. Transporte do suco de laranja da fábrica aos engarrafadores processamento industrial FCOJ FCOJ/NFC NFC Caminhão-tanque congelado Caminhão refrigerado Caminhão-tanque congelado/ refrigerado Terminal congelado Terminal congelado/refrigerado Terminal congelado Navio-tanque Navio-tanque Navio-tanque Terminal congelado Terminal congelado/ refrigerado Terminal congelado Caminhão-tanque congelado Caminhão refrigerado Caminhão-tanque congelado/refrigerado Blending house produtores de bebidas engarrafadores

Consumo mundial O suco de laranja brasileiro é uma das bebidas mais consumidas no mundo. Na categoria de sucos tem 34% de participação. Entre todas as bebidas, tem 0,91% do mercado global. Mas a cada dia o mesmo mundo que prefere o sabor laranja diminui a sua demanda e a queda tem sido de 1,6% no consumo mundial, ao ano. 49

Consumo mundial Com uma participação de 34% no mercado de sucos, o sabor laranja é uma das bebidas mais tomadas no mundo. Entre todas as opções, é dono de 0,91% do mercado global. Essa é uma liderança conquistada graças a uma série de fatores que vão desde um sabor mundialmente aceito até a possibilidade de abastecer os diversos mercados no mundo com frequência. Mas as notícias mais recentes não são tão boas assim. Na última década, o consumo vem caindo a uma taxa de 1,6% ao ano. Nos EUA, responsáveis pelo consumo de 38% de todo o suco bebido no mundo, a queda os favoritos do público europeu e acarreta uma disputa acirrada com a laranja. O principal fator, porém, está no preço. Com uma moeda desvalorizada, o produto chinês chega à Europa muito mais barato, pressionando outras bebidas. Outro ponto importante está nos hábitos culturais de países emergentes, localizados no Oriente Médio e na Ásia. Essas populações não têm o costume de consumir suco 100%. Refrescos e néctares são mais comuns, o que gera impacto sobre as vendas, pois contêm apenas uma porcentagem de suco. A saída, portanto, é fazer com que europeus e ameri- na demanda por suco de laranja foi de quase 25% na canos bebam ou voltem a beber mais suco de laranja, uma última década. Os motivos para essa inversão estão missão difícil, mas factível. diretamente ligados ao crescimento de outras bebidas que vêm roubando participação de mercado. Nos O principal concorrente do suco de laranja brasileiro é justamente o suco de maçã, cujo sabor é apreciado principalmente na Europa e nos Estados Unidos e é vendido a preços baixos graças à China, principal produtor da bebida. últimos anos, as águas engarrafadas são as bebidas que mais crescem. A categoria de sucos também apresenta crescimento, porém, o suco de laranja vem perdendo mercado. Um dos grandes fatores é a entrada de novas bebidas, como multivitamínicos e a expansão dos sabores uva e maçã. Na China, cuja numerosa população sempre se destaca como um mercado potencial, alguns hábitos de consumo barram o crescimento do suco de laranja. Tal realidade implica num grande desafio aos produtores de suco de laranja, que já observam a necessidade de reposicionar o seu produto no mercado mundial. Evolução do mercado mundial de bebidas Em bilhões de litros 1.310 1.270 3,5% 3,3% 6,8% 6,7% 8,8% 9,0% 20,5% 20,4% 11,1% 11,2% 12,8% 13,2% 1.428 1.366 3,7% 3,5% 6,9% 6,8% 8,4% 8,6% 20,6% 20,6% 11,4% 11,1% 13,7% 15,3% 1.488 3,9% 7,0% 8,2% 20,6% 11,5% 14,6% 1.524 3,9% 7,1% 8,1% 20,6% 11,4% 15,0% 1.567 4,0% 7,1% 8,2% 20,9% 11,2% 15,3% Bebidas à base de leite Outros Café quente Chá quente Vinho Cerveja Água Refrigerantes Refrescos 51 Outro desafio está em contornar a concorrência chinesa. Grande produtora de maçã, a China tem fornecido matéria-prima para a fabricação de diversos tipos de suco dessa fruta, cujo paladar também consta entre 14,0% 2,2% 2,8% 14,8% 13,8% 2,2% 2,8% 14,5% 13,5% 2,3% 2,8% 14,1% 13,3% 2,2% 2,8% 13,7% 13,1% 2,5% 2,7% 13,3% 2003 2004 2005 2006 2007 2008 12,9% 2,6% 2,7% 13,8% 2009 12,5% 2,7% 2,6% 12,8% Sucos e néctares Fonte: O Retrato da Citricultura Brasileira. Elaborado por Markestrat a partir de dados da Euromonitor. Leite aromatizado Leite branco

Levando-se em conta os 40 países que mais compram suco de laranja do Brasil, o que representa 99% do consumo mundial do sabor laranja, uma análise detalhada mostra que, dos 63,5 bilhões de litros consumidos de bebidas de frutas prontas para beber, 20,4 bilhões foram do sabor laranja e 7,5 bilhões do sabor maçã. Entretanto, no período de 2003 a 2009, na categoria Desde a década de 80, o Brasil é o maior produtor e exportador de suco de laranja industrializado, produzindo mais de 50% do volume mundial e exportando 98% de sua produção. Aproximadamente 85% do suco de laranja exportado mundialmente é proveniente do Brasil. Em nenhum outro setor o Brasil exerce uma posição de liderança tão isolada. Exportação de sucos, foi observada uma maior diversificação nos São exportados o suco de laranja concentrado e congelado ou sabores consumidos, com uma redução da demanda FCOJ (Frozen Concentrate Orange Juice) e o suco não concen- anual pelos sabores laranja e maçã em, respectivamente, trado ou NFC (Not From Concentrate). Para desenvolver tecno- 1,6% e 2,3% e aumento da procura pelos sabores tomate logias que permitissem exportar grandes quantidades a granel e multifrutas, respectivamente de 2,6% e 1,3%. No caso por milhares de quilômetros de distância sem perder qualidade, Consumo mundial de bebidas 1.567 bilhão de litros (2009) 2,7% Refrescos 2,6% Sucos e néctares 11,2% Cerveja 12,5% Refrigerantes 8,2% Café quente participação de consumo 12,8% Leite branco 1,8% Vinho 20,9% Chá quente 15,3% Água 0,9% Leite aromatizado 7,1% Outros* 4,0% Bebidas à base de leite * Outros: licor, chá, bebidas à base de café, bebidas energéticas, bebidas com sabor de fruta concentrada ou em pó. Fonte: O Retrato da Citricultura Brasileira. Elaborado por Markestrat a partir de dados da Euromonitor. dos néctares e refrescos, o volume do sabor laranja cresceu, mas em menor proporção quando comparado aos sabores pêssego, uva, manga e multifrutas. Essa diversificação nos sabores consumidos e a consequente perda da participação no mercado pelo sabor laranja têm contribuído para a redução na demanda mundial de suco de laranja, que registra uma queda de 1,6% ao ano. A situação é ainda mais grave nos maiores mercados consumidores de suco de laranja, EUA e Alemanha, que entre 2003 e 2009 apresentaram queda de, respectivamente, 15% e 26% no consumo de suco de laranja (em FCOJ equivalente). Esse comportamento não é o que se esperava analisando os principais dados demográficos dos 40 países que juntos representam 99% da demanda mundial do sabor laranja. Ao contrário do consumo de suco de laranja que caiu 6% no período, os índices demográficos mostraram foram necessários anos de pesquisa e investimentos em infraestrutura e logística. Os principais mercados consumidores do suco concentrado são a Europa, que importa aproximadamente 70% do suco brasileiro, e os Estados Unidos, que importam aproximadamente 13%. O restante está dividido entre outros países, com destaque para Japão e China. Entre os fatores que limitam uma maior diversificação nas importações estão questões de renda per capita, logística e principalmente hábitos de consumo. Em alguns países a preferência é pelos néctares e refrescos, produtos com pouca quantidade de suco. Apesar de sua liderança mundial, o suco de laranja brasileiro enfrenta diversas barreiras tarifárias que diminuem sua competitividade no mercado internacional. Além disso, o suco brasileiro precisa atender a uma série de exigências técnicas que envolvem questões fitossanitárias, de embalagem, de consistência na qualidade do produto, regu- Destino do NFC brasileiro de 1990 a 2000 74% Europa 26% América do Norte Fonte: Elaborado por Markestrat a partir de Cacex, Banco do Brasil e SECEX/MDIC 53 crescimento: a população aumentou 5%, o PIB total 51%, laridade na entrega, conformidade com o Codex Alimentarius, o PIB per capita 43% e a renda líquida per capita 40%. respeito às legislações gerais e locais para o comércio de alimentos, entre outras.