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William Carrilho Marinho
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1 O Sr. CELSO RUSSOMANNO (PP - SP) pronuncia o seguinte discurso: Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, em 5 de maio de 2000 foi apresentado a esta Casa um projeto de resolução, de autoria do Deputado MARCOS CINTRA e outros, que visava instituir uma Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar a formação de cartel e a manipulação de preços, por parte das grandes indústrias de suco de laranja. Ao justificar a proposição, argumentaram os autores que havia fortes indícios da formação de cartel por parte das indústrias produtoras de suco de laranja, em prejuízo, sobretudo, dos pequenos e médios produtores, que sem nenhum poder sem barganha, estariam sendo obrigados a submeter-se a preços vis. O Projeto de Resolução nº 85, de 2000, tramitou nas comissões desta Casa, para as quais foi despachado, sendo, entretanto, arquivado em 31 de janeiro, de 2003,

2 2 por força do que dispõe o Art. 105 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Nos termos do que dispõe o parágrafo único do mesmo artigo, a proposição foi desarquivada, uma vez que a mesma já se encontrava em fase final de apreciação nas Comissões Temáticas. Todo o processo foi reconstituído e fomos, então, designados relator na Comissão de Constituição, Justiça e de Cidadania. Votamos pela constitucionalidade, juridicidade, regimentalidade e boa técnica legislativa do Projeto de Resolução nº 85/2000, e tivemos nosso parecer aprovado por unanimidade. Ocorre, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, que desde a época da apresentação do projeto, em 2000, até a presente data a situação não se alterou e as grandes indústrias produtoras de suco de laranja continuam manipulando os preços e há fortes indícios de estar havendo a formação de um cartel por parte destas, fato da

Todo o processo foi reconstituído e fomos, então, designados relator na Comissão de Constituição, Justiça e de Cidadania.

3 3 maior gravidade e que afeta um setor de atividades de grande importância para economia nacional. Atualmente, as fortes oscilações de preços no mercado internacional de suco de laranja estão gerando conflitos na relação entre citricultores e a indústria. Estudo que mapeou os negócios entre ambas as partes nos últimos 46 anos, realizado pelo CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da ESALQ (Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz), destaca que "representantes do poder público e do setor estão reunindo-se constantemente para discutir as propostas apresentadas pelas indústrias aos citricultores que, como demonstra a pesquisa, estão descontentes com o atual sistema de remuneração da matéria-prima. Neste ano, os preços do subproduto da fruta alcançam recordes históricos para os últimos quatorze anos e meio, impulsionados pelo déficit ou oferta justa de laranja nos próximos anos nos dois principais estados produtores mundiais: São Paulo e Flórida. Até meados de 2004, agentes do setor

Estudo que mapeou os negócios entre ambas as partes nos últimos 46 anos, realizado pelo CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da ESALQ (Escola Superior de Agronomia Luiz de

4 4 trabalhavam com a previsão de crescimento da oferta de laranja nesses dois mercados e, conseqüente, com a queda dos preços, tanto da fruta, quanto do suco. No mesmo período, a demanda norte-americana, a maior do mundo no caso do suco de laranja, estava caindo devido à popularidade das dietas de baixa ingestão de carboidratos. Na Europa, outro grande pólo comprador, o consumo seguia estagnado, o que tornava o cenário ainda mais pessimista. Foi nesse panorama que a maioria dos contratos negociados pelos citricultores paulistas, há dois anos, foi fechado, com valores entre US$ 2,8 e US$ 3,3 (cada caixa de 40,8 quilogramas), para os próximos três a cinco anos, segundo o que apurou o CEPEA. Porém, o cenário econômico para o setor iniciou mudanças de comportamento a partir da safra 2004/05. Naquele momento, a região produtora dos EUA foi atingida por uma seqüência de furacões que levaram embora os excedentes de produção da Flórida e espalharam o cancro cítrico.

Na Europa, outro grande pólo comprador, o consumo seguia estagnado, o que tornava o cenário ainda mais pessimista.

5 5 Apesar de acreditar-se que a recuperação dos pomares da Flórida seria rápida, e que os elevados estoques de temporadas anteriores seriam capazes de suprir a demanda norte-americana, os contratos fixados após a primeira "onda" de furacões já apresentaram valores mais elevados. Desta forma, os contratos negociados no início de 2005 alcançaram tetos de até US$ 4 a caixa, de acordo com o CEPEA mas, ainda assim, os ganhos chegaram para poucos. E uma nova pressão veio a seguir. Em agosto do ano passado, uma nova temporada de furacões atingiu a Flórida, prejudicando novamente os pomares. E, para agravar ainda mais a situação daqueles produtores, uma nova doença apareceu nos pomares. Posto o cenário atual de demanda pela laranja, a maioria dos produtores brasileiros está perdendo dinheiro, pois fechou contrato a preços fixos em dólar antes dos aumentos do suco no mercado internacional, entre maio de

Desta forma, os contratos negociados no início de 2005 alcançaram tetos de até US$ 4 a caixa, de acordo com o CEPEA mas, ainda assim, os ganhos chegaram para poucos. E uma nova pressão veio a seguir.

6 e maio de 2005, quando os excedentes mundiais de oferta ainda pressionavam as cotações. A Doutora Margarete, que coordenou os estudos, ressalta que o preço internacional de suco de laranja na Bolsa de Nova York encontra-se em ascendência, enquanto o valor pago ao produtor está em queda. "Isso significa que os produtores não estão aproveitando esta alta internacional deste primeiro quadrimestre porque já estavam com o seu preço fixado anteriormente", conclui. Para que tais conflitos não sejam repetidos a cada década, o estudo ressalta que o ideal é que se estabeleça um sistema de remuneração ao produtor que incorpore as mudanças nos cenários externo e interno de uma forma mais harmoniosa e equilibrada entre as partes interessadas, sem a necessidade de rupturas contratuais. Dentre os fornecedores independentes, 70% a 80% da compra de matéria-prima da indústria de suco é feita nos moldes de contratos de longo prazo.

"Isso significa que os produtores não estão aproveitando esta alta internacional deste primeiro quadrimestre porque já estavam com o seu preço fixado anteriormente", conclui.

7 7 A proposta de reajuste de US$ 0,40 por caixa de laranja a ser pago pelas indústrias, apresentada em reunião realizada em 31/05/2006, em Brasília foi rejeitada pela Associtrus. Argumentam que não podem aceitar os valores propostos pela indústria, pois estão cientes de que os ganhos do setor industrial são enormes e que não têm condição de manter seus pomares com patamares atuais de preços pagos pela caixa, que oscilam entre R$ 7,00 a R$ 8,00. Segundo os produtores, o custo de produção, em São Paulo, atinge R$ 15,00 por caixa. Sr. Presidente, diante de tão grave situação, que atinge importante setor de nossa economia, solicitamos que V. Exª, inclua urgentemente na pauta dos trabalhos a apreciação do Projeto de Resolução nº 85 de 2000, que autoriza a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar a formação de cartel e a manipulação de preços, por parte das grandes indústrias de suco de laranja. Era que tínhamos a dizer.

atuais de preços pagos pela caixa, que oscilam entre R$ 7,00 a R$ 8,00. Segundo os produtores, o custo de produção, em São Paulo, atinge R$ 15,00 por caixa. Sr.

8 8 Muito obrigado. 2006_4941_Celso Russomanno%5B1%5D.doc

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