PARECER Nº, DE RELATOR: Senador ALVARO DIAS RELATOR AD HOC: Senador ANTONIO CARLOS JÚNIOR

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1 PARECER Nº, DE 2010 Da COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO, JUSTIÇA E CIDADANIA, sobre a Proposta de Emenda à Constituição nº 95, de 2003, primeiro signatário o Senador Paulo Paim, que dá nova redação ao inciso III, do 1º e 2º do art. 40 e aos 1º e 8º do art. 201 da Constituição Federal, para dispor sobre a aposentadoria das pessoas portadoras de deficiência. RELATOR: Senador ALVARO DIAS RELATOR AD HOC: Senador ANTONIO CARLOS JÚNIOR I RELATÓRIO É submetida à apreciação desta Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania - CCJ a Proposta de Emenda à Constituição nº 95, de 2003, que dá nova redação ao inciso III, do 1º e 2º do art. 40 e aos 1º e 8º do art. 201 da Constituição Federal, para dispor sobre a aposentadoria das pessoas portadoras de deficiência, de autoria do Senador PAULO PAIM e mais trinta Senhoras Senadoras e Senhores Senadores. Até recentemente esta PEC nº 95, de 2003, tramitava em conjunto com outras proposições mas, em função do Requerimento nº 814, de 2009, de autoria do Senador PAULO PAIM, a Mesa do Senado Federal, em recente decisão fundada no Ato da Mesa nº 2, de 2009, deferiu a tramitação autônoma da presente Proposta de Emenda à Constituição. A PEC nº 95, de 2003 pretende, nos termos de seu art. 1º, acrescentar a alínea c ao inciso III do 1º do art. 40 e dar nova redação ao 2º, também do art. 40 da Constituição Federal, que passaria a vigorar com a seguinte redação. Art º III c) trinta anos de contribuição, se homem portador de deficiência, e vinte e cinco

2 anos de contribuição, se mulher portadora de deficiência. 2º Os proventos de aposentadorias e as pensões, por ocasião de sua concessão, não poderão exceder a remuneração do respectivo servidor, no cargo efetivo em que se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da pensão, ressalvadas as pessoas portadoras de deficiência que terão acrescidos 25% aos proventos de aposentadoria ou pensão, ainda que adquiridas posteriormente ao benefício, vedado, sobre qualquer argumento, a redução dos proventos da pessoa portadora de deficiência ou das pensões de dependentes com deficiência.... (NR) O art. 2º da PEC nº 95, de 2003, dá nova redação aos 1º e 8º do art. 201 da Constituição Federal, que passariam a vigorar com a seguinte redação: Art º... I A excepcionalidade prevista no presente parágrafo se aplica também quanto às pessoas portadoras de deficiência que terão acrescidos 25% aos proventos de aposentados ou pensionistas, ainda que adquiridas posteriormente ao benefício. II É vedado, sob qualquer argumento, a redução dos proventos da pessoa portadora de deficiência ou das pensões de dependentes com deficiência. 8º Os requisitos a que se refere o inciso I do parágrafo anterior serão reduzidos em cinco anos, para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio e para as pessoas portadoras de deficiência.... (NR) Na sua justificação, os eminentes autores afirmam que a Constituição Federal de 1988 contém inúmeros dispositivos que asseguram direitos às pessoas portadoras de deficiência, visando, dessa forma, conceder-lhes uma adequada proteção jurídica. Aduzem, também que, em que pesem os avanços contidos na Carta Magna, é de fundamental importância assegurar às pessoas portadoras de deficiência uma aposentadoria diferenciada, haja vista as dificuldades enfrentadas por esses trabalhadores para ingressarem no mercado de trabalho e exercerem uma atividade remunerada. Em razão disso, propõem que seja concedida aposentadoria aos portadores de deficiência após trinta anos de contribuição, se homem, e vinte e cinco anos, se mulher. No caso específico do servidor público, impõe-se como requisito adicional o cumprimento de um tempo mínimo de dez anos no serviço público e cinco anos no cargo em que se dará a aposentadoria.

3 Em síntese, é o que se propõe como alteração ao texto constitucional vigente, ressaltando-se que até a presente data não foram apresentadas emendas à PEC nº 95, de 2003, no âmbito desta Comissão. II ANÁLISE Nos termos do art. 101, inciso I, do Regimento Interno do Senado Federal, compete à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, dar parecer à Proposta de Emenda Constitucional nº 95, de A Proposta de Emenda à Constituição n o 95, de 2003, foi subscrita por trinta e um parlamentares, entre Senhoras Senadoras e Senhores Senadores, portanto acima do mínimo exigido de vinte e sete, que corresponde a um terço da composição do Senado Federal, conforme previsto no inciso I do art. 60 da Constituição. Por outro lado, não se cogita, em relação ao mérito, alteração de cláusula considerada pétrea. Não há, portanto, impedimentos constitucionais à regular tramitação da iniciativa. Em relação ao mérito, é importante ressaltar que a PEC nº 95, de 2003, foi apresentada para tramitação nesta Casa Legislativa, quando ainda não havia sido votada a assim denominada PEC PARALELA (PEC nº 77, de 2003), proveniente do desmembramento da PEC da Reforma da Previdência Social, que resultou na promulgação da Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de Com sua agilidade costumeira, o Senador PAULO PAIM, apenas quatro dias após a promulgação da Emenda Constitucional nº 41, de 2003, com o apoio de mais trinta parlamentares, apresentava para tramitação, em 4 de dezembro de 2003, a PEC nº 95, de 2003, que ora analisamos. Ocorre, entretanto, que nesse ínterim, foi promulgada a Emenda Constitucional nº 47, de 5 de julho de 2005, que alterou e atenuou as regras estabelecidas pela Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de Dentre as alterações introduzidas pela EC nº 47, de 2005, destacamos o texto dos 4º e 21 do art. 40 da CF, verbis: Art º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em leis complementares, os casos de servidores: I portadores de deficiência; II que exerçam atividades de risco; III cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem

4 a saúde ou a integridade física. 21. A contribuição prevista no 18 deste artigo incidirá apenas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e de pensão que superem o dobro do limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201 desta Constituição, quando o beneficiário, na forma da lei, for portador de doença incapacitante. (NR) Como se vislumbra dos dispositivos em tela, ficou estabelecida na Carta Magna, a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelos regimes próprios dos servidores públicos, ressalvados, nos termos definidos em leis complementares, os casos de servidores portadores de deficiência, que exerçam atividades de risco e cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. A mesma Emenda Constitucional nº 47, de 2005, alterou, também, o 1º do art. 201 da Constituição para estabelecer, da mesma forma definida para os servidores públicos, a adoção, para os portadores de deficiência, segurados do Regime Geral de Previdência Social RGPS, de critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria, nos termos de lei complementar. Assim, contemplou-se, pela via da Emenda Constitucional nº 47, de 2005, o que ora se analisa nesta PEC nº 95, de A única diferença é que os eminentes autores já se antecipavam na definição, no próprio texto constitucional, dos critérios específicos para a concessão de aposentadoria aos portadores de deficiência, tanto no Regime Geral, como nos Regimes Próprios de Previdência Social. A solução dada pela EC nº 47, de 2005, parece-nos mais adequada, pois ao delegar a disciplina da matéria para a lei complementar, possibilita que com um quorum menor do que o exigido para a aprovação de emendas constitucionais se possa fixar critérios diferenciados que beneficiem os portadores de deficiência, podendo-se, inclusive, promover a adaptação da legislação no decorrer do tempo, com a incorporação de novos critérios e maior abrangência em prol das pessoas portadoras de deficiência. Em face dessas considerações é que a presente PEC nº 95, de 2003, encontra-se prejudicada, uma vez que a matéria nela tratada já foi reservada à disciplina em lei complementar pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005, que lhe é superveniente. III VOTO Em face do exposto concluímos pela rejeição da Proposta de Emenda Constitucional nº 95, de 2003, em face de sua prejudicialidade.

5 Sala da Comissão, 3 de novembro de 2010 Senador DEMÓSTENES TORRES, Presidente Senador ANTONIO CARLOS JÚNIOR, Relator ad hoc