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Transcrição:

DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO Origem: PRT 3ª Região Interessado(s) 1: Anônimo Interessado(s) 2: Belo Horizonte transporte Urbano Ltda. Viação real Ltda. Interessado(s) 3: Ministério Público do Trabalho Assunto(s): - Fraudes Trabalhistas 03.01. - 03.02.02. Procuradora oficiante: Andréa Ferreira Bastos Não constatação, por fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego, da fraude trabalhista neste feito denunciada. Necessidade de abertura de expediente administrativo para investigação de irregularidade quanto à não concessão de intervalo interjornada. Arquivamento homologado, com a continuidade investigatória em autos próprios. RELATÓRIO Trata-se de inquérito civil instaurado por força de denúncia anônima em face das empresas Belo horizonte Transporte Urbano Ltda. e Viação Real Ltda., noticiando o seguinte (fl. 02), verbis: Em dezembro de 2008 a empresa Viação Real Ltda. Teve seu contrato de licitação para exploração do transporte público encerrado. Foi criada uma nova empresa, Belo Horizonte Transporte Urbano que recepcionou como sucessão de contrato de trabalhos, os funcionários da Viação 1

Real Ltda. Ocorre que o administrador da empresa continuou a mesmo, Túlio Marcio Furletti, não sabendo ao certo se os sócios também são os mesmos. Usando de suas atribuições de administrador o Sr. Túlio passou a fazer pressão nos funcionários para que eles combinassem com a empresa sua demissão, e devolvesse os 40% referentes a multa rescisória, com a desculpa que tinha que desvincular uma empresa da outra por motivo de dividas com INSS. O funcionário que faz o acerto fica trabalhando na empresa seis meses sem carteira assinada para que receba o seguro desemprego. Perde também algumas garantias da CLT e convenção coletiva do trabalho como feriados, horas extras, tíquete e outros. Estou fazendo a denúncia porque a pressão por parte da empresa é muito grande e vários funcionários estão sendo covardemente demitidos por não ceder a pressão. Gostaria que o MPT informasse a policia federal sobre a irregularidade, pois estou ciente que isto é crime. Estou fazendo a denúncia anônima por medo de represálias. Caso seja feito uma investigação poderá constatar que vários funcionários fizeram acerto. O ilustre Órgão ministerial oficiante promoveu o arquivamento deste procedimento, mediante os seguintes fundamentos (fls. 512/516), ad litteram: Como já exposto, a presente investigação foi instaurada com o escopo de investigar a suposta existência de fraude a relação de emprego, consistente na coação dos trabalhadores para devolução da multa fundiária em virtude de suposto acerto para rescisão do contrato de trabalho, com a finalidade de escamotear a sucessão trabalhista ocorrida, conforme denuncia de f. 02. A 2ª inquirida não nega a ocorrência da sucessão trabalhista operada. Muito pelo contrario, conforme se verifica de sua manifestação de f. 23/25 admite expressamente tal fato, demonstrando pelos documentos juntados as f. 60/67,170/173 e 288/291 que a transferência dos trabalhadores foi anotada em CTPS e que 110 dos 168 empregados transferidos ainda constavam no seu quadro de empregados. 2

Quanto à denunciada coação para devolução de valores referentes a verbas rescisórias, não foi possível constatar a existência de qualquer elemento que comprovasse a sua ocorrência, senão vejamos: 1) As cópias do LIT de ambas as empresas, juntadas as f. 161/166 e 252/287, não evidenciaram a pratica fraudulenta mencionada. Em nenhuma das fiscalizações realizadas aferiu-se tal irregularidade. 2) Da analise da cópia do relatório fiscal, colacionada a f. 214, referente a fiscalização empreendida, em março/2010, na empresa sucessora (Belo Horizonte Transporte Urbano Ltda.), também não foi possível verificar a existência das fraudes denunciadas, conforme se vê do relato do i. Auditor Fiscal do Trabalho: (...) Com relação as fraudes denunciadas, não conseguimos verificar se elas existiram, já que todos os empregados atuais estão com registro efetivo na empresa Belo Horizonte Transporte Urbano Ltda. Também não verificamos a existência de prejuízos em relação a Convenção Coletiva de Trabalho, conforme analise por amostragem. 3) Os depoimentos testemunhais colhidos não revelaram a ocorrência da pratica denunciada, conforme verbis: À f. 486, o empregado da inquirida Belo Horizonte Transporte Urbano Ltda., Sr. Antonio Damásio de Oliveira, relatou que: (...) que não conhece nenhum trabalhador da empresa Viação Real que tenha devolvido os quarenta por cento da multa rescisória quando houve a sucessão pela empresa BH Transportes Urbanos; que nas vezes em que teve seu contrato de trabalho rescindido pela empresa Viação Real sempre recebeu corretamente as suas verbas rescisórias; que reconhece como corretas as datas de admissão e de saída constantes da sua CTPS, apresentada neste oportunidade para vista desta Procuradora. No mesmo sentido, foi o depoimento da empregada Carla Juliana Morato, a f. 506, que informou: "(...) que trabalhava para a empresa Viação Real quando houve a sucessão pela empresa BH Transporte Urbano; que se recorda que chegou 3

para trabalhar no dia 14/11/2008 e no dia seguinte houve urna reunião interna e os trabalhadores foram transferidos para a BH Transportes Urbano; que o sócio da empresa Viação Real, Sr. Túlio Marcio Furletti, atualmente e diretor da empresa BH Transporte Urbano; que se recorda que a maioria dos trabalhadores foi aproveitada pela nova empresa; que não houve qualquer pressão por parte do diretor da Viação Real no sentido de que os trabalhadores fizessem acordo com devolvido de valores ou parte das verbas rescisórias; que também não tem conhecimento que algum trabalhador tenha permanecido trabalhando para a BH, após fazer o acerto com a Viação Real, sem a assinatura de CTPS." 4) Os CAGED's de f. 210/211 apontam a admissão de 160 novos empregados pela sucessora (2 a inquirida) e de 171 dispensas pela empresa sucedida (1 a inquirida), na competência de novembro/2008, fato que indica a inconsistência da denuncia anônima formulada. Sendo assim, considero que os elementos constantes dos presentes autos não retratam a existência de fraude trabalhista concernente a coação para devolução de valores referentes a verbas rescisórias. Diante de todo o exposto e invocando a aplicação do Precedente n. 12 do egrégio CSMPT, cujo teor segue abaixo, promovo o arquivamento do presente inquérito Civil: PROCEDIMENTOINVESTIGATÓRIO - INEXISTENCIA OU Correção DAS IRREGULARIDADES - Homologação POR DESPACHO. Nos casos de procedimentos investigatórios onde restar comprovada a correção ou a inexistência das irregularidades denunciadas, atestadas pelo Procurador oficiante, poderá o Conselheiro Relator homologar, por despacho, a promoção de arquivamento, devolvendo os autos a origem. E determino: a) Cientifique a empresa inquirida, por via postal, encaminhando cópia desta Promoção de 4

Arquivamento. Deverá constar na intimação que desta decisão cabe recurso administrativo, no prazo de dez dias, a D. câmara de Coordenação e Revisão, nos termos do art. 10-A da Resolução CSMPT nº 69/2007; b) Tratando-se de denunciante anônimo, a cientificação deverá se dar por edital a ser fixado em quadro de aviso próprio neste PRT, nos termos da Portaria PRT3 n.º 137/2010. c) Após cumpridos os itens anteriores, findo o prazo para recursos administrativos, enviem-se os autos à Coordenação e Revisão, para exame desta promoção de arquivamento. autos a esta Relatora. Por distribuição deste feito na CCR/MPT, vieram os É o relatório. VOTO-FUNDAMENTAÇÃO A fiscalização promovida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (SRTE/MG), conforme relatório e documentação às fls. 214/217, não conseguiu verificar a existência das fraudes denunciadas. Todavia, em mesma ação fiscal, a SRTE local encontrou irregularidade outra relativa à não concessão do intervalo interjornada, o que culminou com a lavratura do Auto de Infração nº 019670699 (fl. 216). Tal fato, contudo, não mereceu a devida atenção por parte do i. Órgão oficiante. Dita irregularidade quanto ao intervalo interjornada exprime manifesta gravidade no âmbito das relações de trabalho e 5

legitima o Ministério Público do Trabalho a agir, eis que a limitação legal da jornada de trabalho é importante instrumento de prevenção à fadiga física e mental dos trabalhadores, e, quando extrapolada, pode causar danos à saúde e à vida do empregado. Portanto, ainda que a denúncia inaugural (fl. 02) não contemple o quanto constatado no Auto de Infração à fl. 216, que indica nocividade à saúde e à segurança do trabalhador, deveria e deve ser imprimida investigação quanto a tal fato, em autos próprios. A verificação minuciosa da higidez do meio ambiente do trabalho da empresa investigada é medida que se impõe frente às metas prioritárias do Ministério Público do Trabalho. Tal circunstância indica prática ilícita de extrema gravidade que, aos olhos do Ministério Público do Trabalho, não pode se subsumir aos estreitos limites da denúncia. Cabe, indubitavelmente, ao Parquet laboral utilizar-se de suas prerrogativas e ir além na investigação, buscando situar a questão no âmbito da total conformidade da denunciada frente ao ordenamento jurídico vigente. Em suma, quanto à denúncia inicial à fl. 02 (fraude trabalhista: coação para devolução da multa rescisória), cuja irregularidade trabalhista não foi constatada pela ação fiscal do MTE, o presente feito reclama arquivamento. 6

Todavia, no que se refere à não concessão do intervalo interjornada, a abertura de novo expediente administrativo para investigar a irregularidade detectada é medida que se impõe. CONCLUSÃO Posto isso, VOTO pela HOMOLOGAÇÃO da promoção de arquivamento lançada às fls. 512/516, no que pertine aos fatos constantes na denúncia de fl. 02. E, no concernente à não concessão do intervalo interjornada, DETERMINO a abertura de novo expediente administrativo, se outro não houver na Unidade de origem, para verificar se tal situação, decorrente do Auto de Infração lavrado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (fl. 216) em desfavor da empresa investigada, em 29 de março de 2010, foi sanada ou não. Ao Órgão oficiante de origem para as medidas pertinentes e necessárias. Brasília, 30 novembro de 2012. VERA REGINA DELLA POZZA REIS Subprocuradora-Geral do Trabalho Coordenadora da CCR - Relatora 7