CUIDAR NA ARTE INFANTIL: DAS ORIGENS INDÍGENAS E AFRICANAS Léa Marcia Cardoso Prefeitura Municipal De Vitória Secretaria Municipal De Educação Cmei Cecilia Meireles A idéia da criação deste projeto surgiu com o objetivo de ampliar o tema central proposto pelo CMEI Cecília Meireles, O Cuidar na Educação Infantil, com o objetivo de provocarmos nas crianças sensações, sentimentos e despertar de sua cultura, através de leituras de obras de arte de temáticas de influência indígena e africanas. Através da Arte proporcionar aos alunos já desde a sua infância uma reflexão de quem somos, de onde viemos e ver além das aparências formas de cultura indígenas e africanas através não só de obras de arte com essas temáticas, mas também da religião, comidas, danças, vestuário, palavras e costumes desses povos. Vivemos numa sociedade que prima pela imagem, e associando-a com a Arte que tem na mesma um de seus elementos mais fortes, tento instigar meus alunos a novos olhares e descobertas desde cedo, e que seus primeiros olhares o levem a boas leituras do mundo em que vivemos. Cultura não é aquilo que entra pelos olhos, é o que modifica o seu olhar (PAES, José Paulo). Este trabalho surgiu da necessidade de mostrar aos alunos desde a tenra idade, através da arte e cultura, as suas origens e a valorização da mesma. A ênfase está na promoção de uma conscientização de nossas raízes indígenas e africanas, que promovam nossas criações folclóricas e culturais, e a noção de pertencimento de um contexto histórico- artístico- cultural. Os índios brasileiros, assim como os povos africanos, devem ter destaque nos currículos escolares. A lei 11.465/08 em vigor substitui a Lei 10.639/03, que tornava
obrigatório o ensino da História, Arte e Cultura Afro, acrescenta também o ensino da Cultura Indígena. Isso só reforça o meu desejo de proporcionar junto com meus pares, a todos os nossos alunos o seu crescimento valorizando suas origens, e quando olhar a arte e cultura européia que seja valorizando uma cultura com seus valores próprios: outra cultura, nem melhor nem pior, e que essa apreensão o faça refletir sobre si próprio, seu colega, uma história infantil, até a nossa e outras culturas. Todos nós, brasileiros, somos carne da carne daqueles pretos e índios supliciados. Como descendentes de escravos e de senhores de escravos, seremos sempre marcados pelo exercício da brutalidade sobre aqueles homens, mulheres e crianças. Esta é a mais terrível de nossas heranças. Mas nossa crescente indignação contra a herança maldita nos dará forças para, amanhã, conter os possessos e criar aqui, neste país, uma sociedade solidária. (RIBEIRO, Darci). Objetivando propiciar uma educação estética- visual mobilizadora e rica, que permita ao aluno uma leitura do seu contexto sócio cultural e histórico de forma atuante, crítica e significativa, e conhecer através da arte sua origem, valorizando-a de forma significativa, com apreensão para novas descobertas culturais, ampliando contato com a produção artística cultural brasileira, contextualizando-a no tempo e no espaço,e promovendo a alfabetização visual-estética através da pesquisa da exploração e da manipulação dos elementos estruturais da linguagem plástica,oportunizando condições ao aluno de satisfazer suas necessidades lúdicas e criadoras,possibilitando a leitura de mundo e do cuidar do mesmo, partindo de suas próprias produções artísticas, como também conhecendo a história, cultura e arte africana e indígena, conscientizando-se do seu valor. Este projeto foi realizado com a seguinte carga horária: Três aulas semanais: Grupo 2 ( 2 turmas ); Grupo 3 (1 turma ); Integral (1 turma ). Duas aulas semanais: Grupo 4 ( 2 turmas ); Grupo 5 ( 1 turma ); Grupo 6 ( 1 turma ). Três aulas: 2 horas e 30 minutos. Duas aulas: 1 hora e 40 minutos.
Nos procedimentos procuramos aprofundar os conteúdos da Arte através da abordagem triangular de Ana Mãe Barbosa (contextualizando História da Arte com apreciação e fazer artístico); Trabalhamos: mosaico, gravuras, dobraduras, linhas, formas, cores em diversas linguagens artísticas, massa de modelar; Contação de histórias; Musicalização (temas indígenas, africanos e folclóricos ); Danças; Pintura corporal (lápis aquarelável); Pintura com anilina e tinta guache; Trabalhamos com lápis de cor, giz de cera, e canetinhas hidrocor; Folclore; Artista Walde Mar (vida e obra e releituras): representação da arte indígena; Visitamos uma aldeia indígena, localizada no município de Aracruz; Encenamos a história: Brasil 500 Anos, com o grupo V; Teatralizamos a Lenda capixaba O Pássaro de Fogo, com o grupo VI; Apresentação de danças indígenas: Brincar de Índio (Xuxa), com o grupo III; Todo Dia Era Dia de Índio (Jorge Bem Jor), com o grupo IV; Um Índio (Doces Bárbaros), música que participou da encenação do grupo V; Os Indiozinhos (Patati Patata), com o grupo II; O Guarani (Carlos Gomes) e Águia Dourada de Roberto Carlos, participou da encenação do grupo VI; Construímos uma oca; Confeccionamos uma maquete de uma aldeia indígena; Pintura carimbo com as mãos; Trabalhamos mapa do continente africano; Arte do povo africano Ndebeles; Animais africanos; Trabalhamos o mascote da copa da África do Sul; Trabalhamos o artista Rubem Valentim: representação da arte africana; Encenação da história: O Amigo do Rei, com o grupo II; Encenação da história: A Zebra Metida à Besta, com o grupo VI; Trabalhamos a história: Quem Quer Esse Rinoceronte? Com o grupo III; Apresentamos a dança: Olhos Coloridos de Sandra Sá, com o grupo IV; Apresentamos Dança Circular, com a música: Escravos de Jó, com o grupo Integral;
O projeto contou com dois momentos culminantes. O primeiro foi com a representação da arte e cultura indígena; o segundo foi com a manifestação da cultura e arte africana. Todos os alunos participaram desses momentos, ora como atuantes, ora como expectadores. A apresentação dos trabalhos teve a participação atuante de toda a comunidade escolar, e foi gratificante participar desse processo de crescimento cognitivo e emocional dessas crianças. Utilizamos como recursos: Livros de Arte; Reproduções de obras de arte; Livros infantis; Computador; Tintas; Pincéis; Cola de diversas cores; Papéis diversos; Lápis de cor; Caneta hidrocor; Barbante; Tesoura sem ponta; EVA; TNT; Giz de cera; Sucatas; Aparelho de som; DVDs e CDs; etc Entendemos a avaliação como um processo constante que não visa apenas o produto final, mas que se preocupa com o desenvolvimento de cada criança, acompanhando o seu processo de assimilação de conteúdos e sua expressão artística.
Concluímos que o melhor caminho é a conscientização para se lidar tanto com os iguais quanto com as diferenças e que a educação é a base dessa descoberta, de que todas as culturas têm o seu valor, e através da arte e da leitura de imagens o aluno descobrirá caminhos de se olhar e de olhar o outro. Se queremos a escola igualitária, se queremos a escola inclusiva, como nos orienta a Constituição Federal Brasileira de 1988, precisamos nos capacitar, como professores que somos, para fazer de nossa escola um espaço inclusivo, em que os olhares se cruzem, desde a mais tenra idade, livres de preconceitos. A arte é uma grande mediadora nesse processo, quando situa o conhecimento do aluno em relação ao seu próprio trabalho artístico, ao dos colegas e da arte como produto social e histórico, o que desvela a existência de múltiplas culturas e subjetividades Os Parâmetros Curriculares Nacionais enfatizam o ensino e a aprendizagem de conteúdos que colaborem para a formação de cidadania, propiciando ao aluno à aquisição de conhecimentos que lhe permitam situar a produção de arte como objeto sócio-histórico, contextualizando nas culturas. Para a seleção e a organização de conteúdos de arte no PCN estão organizados de forma que o aluno tenha conhecimento estético e artístico, desenvolvendo aptidões criativas, para que assim ele possa inserir essas ações em sua vida de maneira criativa e ampliando o seu espaço cognitivo. REFERÊNCIAS BIASSUTI, Maria Goretti Saiter. Olhares Que Se Cruzam. Experiência de ensino e aprendizagem da arte na educação infantil. Vitória. ES. GSA, 2005. CAMPANELI, Rodrigo. As Mais Belas Lendas Capixabas.Casa das Artes Campaneli Ltda. Vitória. ES, 2004. HENRIQUES, Milson. A Zebra Metida à Besta. Vitória. ES. FORMAR, 2004. MARTINS, Miriam Celeste. Didática do Ensino da Arte: A língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer a arte.são Paulo. FTD, 1998. REIS, Lúcia. A Zebrinha Preocupada. RENNÓ, Regina. Brasil 500 Anos.São Paulo. FTD, 1999. ROCHA, Ruth. O Amigo do Rei. Ilustrações: Eva Furnari.São Paulo. Ática, 2006. SILVERSTEIN, Shel. Quem Quer Este Rinoceronte?São Paulo. COSACNAIF