REVITALIZAÇÃO DO ESPAÇO ESCOLAR POR MEIO DA ARTE NDEBELE
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- Ana Vitória Castro Silva
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1 REVITALIZAÇÃO DO ESPAÇO ESCOLAR POR MEIO DA ARTE NDEBELE Kátia Maria Secchin de Andrade PMV/NEAAD-UFES O projeto relata uma experiência na disciplina de artes realizado na Escola Municipal de Ensino Fundamental Regina Maria Silva, situada na região periférica da cidade de Vitória, com a participação de trinta alunos da 7ª série, com o andamento dos trabalhos, e em função dos primeiros resultados obtidos, todos os alunos do turno matutino do segundo ciclo do Ensino Fundamental tornaram-se parceiros do projeto, bem como a comunidade escolar: direção, coordenação, alguns professores de outras disciplinas, e pais. Para justificar sua realização, explicitamos um pouco da trajetória e bem como as características da escola em questão. Tratava-se de uma escola que havia perdido sua devida identidade, inicialmente, por sua recente municipalização. Possuía um pequeno espaço físico, que se encontrava em completo abandono, paredes rachadas, janelas e portas quebradas, sem espaço para recreação, sem quadra, salas apertadas e lotadas, sem contar que muitos dos alunos representavam risco social para a comunidade local. Mediante todas essas dificuldades, esta escola era desprezada pela comunidade local, quando comparada com as demais escolas municipais da região, e como conseqüência, a auto-estima dos alunos era baixa, raramente queriam produzir, quando produziam, não valorizavam suas produções. Nenhuma atividade artística proposta era interessante o suficiente para estimulá-los. Além de recusarem a executá-las, destruíam tudo que era exposto no espaço escolar, com freqüência, suas produções eram encontradas espalhadas pelas lixeiras da escola. O empenho foi em criar um projeto significativo, fazendo uso das artes, buscando mudanças de posturas e que, socialmente, contribuísse na transformação de atitudes, e na construção de um aluno mais participativo, reflexivo, crítico, ético e autônomo, respeitando o espaço, a sua produção e a do outro, e que também promovesse conhecimento artístico como a cor, a forma, a textura, o uso do ponto, da linha, noções de equilíbrio e noções de espaço. Educação significativa implica atividades que tenham relevância para o educando e para o educador, que estejam vinculadas a alguma necessidade, finalidade, plano
2 de ação do educando. Trata-se de buscar um conhecimento vinculado às necessidades, interesses e problemas oriundos da realidade do educando e da realidade social mais ampla. (VASCONCELLOS, 1198). Através da reportagem a Arte Ndebele 1, vimos que esta arte é realizada por uma das menores tribos da África do Sul. O termo Ndebele se refere a um grupo étnico disperso entre o Zimbábue e a província de Transvaal a nordeste de Pretória, e intensa o suficiente para revelar uma das manifestações artísticas de maior destaque de todo o continente, conhecidos pela beleza e colorido das suas criações artísticas: as suas casas, roupas e acessórios de cores gráficas e formas geométricas, a sua joalharia é caracterizada por um rico e minucioso trabalho com contas, em suas casas, pintam seus muros e paredes pelo lado de fora, pois acreditam que sua arte precisa ser apreciada por todos, mostrada e não guardadas dentro de casa, além disso, os motivos usados têm poder sagrado e é uma resposta a uma imposição dos antepassados, freqüentemente pintam para anunciar uma ocasião especial na vida do clã ou da família. Encontramos na Arte Ndebele as características necessárias que oportunizariam à escola e seus alunos a construção de uma nova identidade e de desenvolver todos os demais objetivos pertinentes a disciplina de artes. O projeto iniciou com a apresentação de reproduções de imagens da Tribo Ndebele e como dissemos sua arte, para os alunos da 7ª série, relatamos o quê sabíamos sobre a mesma, fizemos leituras, e buscamos informações na internet em busca de mais informações sobre o assunto. O interesse dos alunos também se deu pelo interesse em estar utilizando como ferramenta de pesquisa o computador. Feita a mesma, nós voltamos para a sala de aula, e a discussão foi sobre a Arte Ndelebe. Apropriamo-nos dos objetivos e das características estéticas pertencentes àquela arte, produzindo inicialmente faixas decorativas de aproximadamente 15x50cm, utilizando como suporte a tinta guache sobre cartolina. Quando prontas, foram distribuídas e afixadas nas paredes da sala de aula, as que sobraram foram distribuídas pelos corredores, esta ação ocasionou um euforia entre os demais alunos que gostaram da interferência, e os pedidos foram de que todas as salas 1 Disponível em: ad=12052&id_pagina=1 Acessado em 25/03/2009
3 fossem decoradas com os motivos da Arte Ndebele. Aproveitando a oportunidade e seguindo os mesmos passos, o projeto a Arte Ndebele também foi feito na 8ª série, na 6ª e 5ª série. Com a adesão das demais turmas os corredores da escola ficaram pequenos, expandimos nosso projeto para os demais ambientes da escola. Fundamentados nas idéias de Ana Mae Barbosa, com a Proposta Triangular, que nos possibilita maior flexibilidade entre o saber, o fazer e o ver, partimos para a pesquisa de outras pessoas que possuíam propostas de transformação de espaços físicos e encontramos no bairro vizinho ao da escola, no Morro do Alagoano, o trabalho do Sr. Raimundo de Oliveira. Fomos então conferir de perto (pesquisa de campo) suas interferências, ao chegar lá, o próprio artista nos recebeu, e muito gentilmente nos relatou toda trajetória percorrida até aquele momento e o que levou a transformar o Morro em um lugar melhor e mais bonito. Seu relato nos deixou ainda mais estimulados em realizar nosso projeto de: transformar em um lugar melhor nossa escola. Voltamos para nossa escola, e muitas idéias surgiram, uma delas foi a de não mais utilizar cartolina como suporte, mas, as paredes e tintas apropriadas, da mesma forma como é feito na África. Para que o projeto se concretizasse, contamos com a ajuda de dois patrocinadores que se sensibilizaram com a causa e nos doaram algumas tintas e pincéis. Com o material em mão, partimos para os projetos escritos e desenhados. Foram escolhidas as paredes do refeitório e do hall de entrada para realizarmos nossas interferências, que foram divididas entre as turmas envolvidas. Apropriando-nos dos mesmos elementos artísticos utilizados na Arte Ndeblele: cores gráficas e formas geométricas, elaboramos os projetos e repassamos os desenhos produzidos para as paredes e por fim os pintamos. Durante o andamento do projeto outros professores foram aderindo a idéia, por exemplo, o professor de informática e a de Geografia, que adequaram seu planejamento, auxiliando nas pesquisas sobre a cultura do Continente Africano, em especial a da África do Sul.
4 Aos poucos a escola foi se tornado colorida, e todos queriam de alguma maneira participar do projeto. Os alunos passaram a ter admiração pela escola bem como, de todos os seus espaços, fazendo questão de apresentar a escola para amigos e pais, sentindo orgulho de suas produções, que permaneceram em lugar de destaque nas paredes da escola. Tais alunos que eram destruidores se tornaram idealizadores, produtores e responsáveis pela manutenção desses mesmos lugares. Este trabalho foi realizado durante o segundo semestre, conquistando reconhecimento e admiração de toda comunidade local, sendo inclusive, reconhecido pelo CEAFRO (Comissão de estudos Afro-Brasileiros), conquistando a Estatueta Professora Olga Maria Borges, de promoção da Igualdade Racial. A execução deste projeto foi gratificante e proveitosa, o resultado pôde ser conferido fisicamente por um bom tempo na escola, entretanto o mais importante naquele momento não foram os resultados estéticos ou os conceitos artísticos alcançados, mas sim, as mudanças procedimentais e atitudinais conquistadas por todos ao longo de todo o processo de aprendizagem. Referências BARBOSA, Ana Mae. Inquietações e mudanças no Ensino da arte. São Paulo: Cortez, Tópicos Utópicos. Belo Horizonte:C/Arte BRASIL, Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC, 1997 e BUENO, A. B. O olhar em construção. 2ª edição. Cortez,1998. MARTINS, Mirian Celeste Ferreira Dias. Didática do ensino da Arte: a língua do mundo: poetizar, fruir, e conhecer arte. São Paulo: FTD, VASCONCELLOS, C.S, Construção do conhecimento em sala de aula. Porto Alegre: Artmed, dad=12052&id_pagina=1
5 Anexos Imagem I Arte Ndelebe - África do Sul Imagem III Refeitório antes de interferências Imagem III Refeitório antes a de interferências Imagem IV Produção de faixas decorativas Imagem V Produção dee faixas decorativas Imagem VI Visita ao Morro do Alagoano Imagem VII V Visita ao Morro do Alagoano
6 Imagem VIII Projeto de pintura de parede Imagem IXX Execução de projeto Imagem X Execução do projeto Imagem XI X Execução do projeto Imagem XII Resultado final Imagem XIII X Resultado final
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