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Transcrição:

DECOMTEC Área de Competitividade Índice FIESP de Competitividade das Nações 2006 Equipe Técnica 1º de outubro de 2008

PRESIDENTE Paulo Skaf DECOMTEC DIRETOR TITULAR José Ricardo Roriz Coelho DIRETOR TITULAR ADJUNTO Pierangelo Rossetti DIRETORIA Airton Caetano Almir Daier Abdalla André Luis Romi Carlos William de Macedo Ferreira Cássio Jordão Motta Vecchiatti Christina Veronika Stein Cláudio Grineberg Cláudio José de Góes Cláudio Sidnei Moura Cristiano Veneri Freitas Miano (Representante do CJE) Denis Perez Martins Dimas de Melo Pimenta III Donizete Duarte da Silva Eduardo Berkovitz Ferreira Eduardo Camillo Pachikoski Elias Miguel Haddad Eustáquio de Freitas Guimarães Francisco Florindo Sanz Esteban Francisco Xavier Lopes Zapata João Luiz Fedricci Jorge Eduardo Suplicy Funaro Lino Goss Neto Luiz Carlos Tripodo Manoel Canosa Miguez Marcelo Gebara Stephano (Representante do CJE) Marco Aurélio de Almeida Rodrigues Mário William Esper Nelson Luis de Carvalho Freire Newton Cyrano Scartezini Octaviano Raymundo Camargo Silva Olívio Manuel de Souza Ávila Rafael Cervone Netto Robert William Velasquez Salvador (Representante do CJE) Roberto Musto Ronaldo da Rocha Stefano de Angelis Walter Bartels ÁREA DE COMPETITIVIDADE GERENTE Renato Corona Fernandes EQUIPE TÉCNICA Albino Fernando Culantuno André Kalup Vasconcelos Egidio Zardo Junior Fernando Momesso Pelai Guilherme Riccioppo Magacho Ivan Ferraz José Leandro de Resende Fernandes Marcello Muniz da Silva Paulo Henrique Rangel Teixeira Paulo Sergio Pereira da Rocha Pedro Guerra Duval Kobler Corrêa Silas Lozano Paz Vanderléia Radaelli ESTAGIÁRIOS Franciny Dornas de Andrade Paula Pariz Lorenzoni de Oliveira Roberta Cristina Possmai APOIO Maria Cristina Bhering Monteiro Flores Equipe Técnica da Área de Competitividade 03/10/08 2 / 28

Apresentação A FIESP, ao publicar o IC-FIESP, procurou atingir dois objetivos: primeiro, identificar as principais restrições ao aumento da competitividade das empresas brasileiras e, conseqüentemente, do bem-estar dos cidadãos brasileiros; e, segundo, localizar experiências internacionais de sucesso que possam ser utilizadas como referência para a construção de nossas propostas políticas. Foram realizados quatro tipos de análise a partir do IC-FIESP: caracterização da evolução da competitividade dos países ao longo do tempo; análise dos esforços realizados e dos resultados com eles obtidos; identificação das variáveis que mais interferem na competitividade de cada país ou bloco de países; e, finalmente, simulação do impacto da mudança em variáveis escolhidas sobre a prosperidade dos países. Entretanto, devemos ter em mente as limitações da ferramenta. O IC-FIESP funciona como uma bússola e, como tal, apenas aponta caminhos a serem seguidos. Portanto, outras análises mais detalhadas se fazem necessárias e, para tanto, a FIESP realiza estudos específicos. Esperamos com o IC-FIESP 2008 chamar atenção para problemas importantes, muitos dos quais perduram desnecessariamente apenas por que nos atemos aos meios e não aos fins. É bom lembrar que o Brasil, embora esteja bem, pegou uma maré favorável mas não fez nenhuma das reformas importantes. Portanto, diante das ameaças que a crise financeira internacional nos apresenta, precisamos priorizar a realização dessas reformas estruturais de maneira a aumentar nossa competitividade e, conseqüentemente, mantermos nosso crescimento. Devemos também, o quanto antes, elaborar um projeto claro de desenvolvimento. Dessa forma poderemos até mesmo transformar a crise em oportunidade e, principalmente, crescermos sustentavelmente, aumentando continuamente o bem estar de todos os cidadãos brasileiros. José Ricardo Roriz Coelho Diretor Titular do Departamento de Competitividade e Tecnologia DECOMTEC Equipe Técnica da Área de Competitividade 03/10/08 3 / 28

I. Arcabouço Conceitual O conceito de competitividade, seja de um atleta, de uma empresa ou de um país, é, por natureza, relativo. Por exemplo, para que um velocista seja considerado competitivo não basta vencer uma única prova. É preciso que ele chegue freqüentemente entre os mais rápidos do mundo. Da mesma maneira, para que um país seja considerado competitivo, não basta crescer aceleradamente num determinado ano. É preciso que crie, mantenha e renove as condições para que as empresas nele estabelecidas produzam o maior bem-estar possível para seus cidadãos e para que façam-no crescer continuamente em relação ao bem-estar dos cidadãos dos demais países ao longo do tempo. Assim sendo, elaborar um modelo que mensure a competitividade de um país pressupõe, primeiro, relacionar um conjunto de atributos econômicos e sociais (variáveis independentes) ao resultado econômico desejado (variável dependente) que caracteriza o bem estar. No IC-FIESP este resultado é representado pelo PIB per capita em paridade de poder de compra. Segundo, a mensuração da competitividade pressupõe necessariamente a comparação entre países. Finalmente, é preciso entender essa relação num período de tempo suficiente para eliminar o a- caso e para verificar o impacto de ações cujos resultados levam tempo para serem notados. Nesse sentido, procuramos elaborar nossa análise sobre um banco de dados o mais amplo possível. Trabalhamos com 43 países, os que representam nada menos que 92% do PIB mundial; reunimos 83 variáveis quantitativas que procuram evitar interpretações subjetivas sobre os países; construímos uma série histórica de dez anos para medir relações de causa e efeito com gap temporal. As variáveis determinantes da competitividade dos países são agrupadas em oito fatores: Economia Doméstica, Abertura, Governo, Capital, Infra-estrutura, Tecnologia, Gestão Empresarial e Capital Humano. Sob cada um desses fatores são construídos subfatores cujo número varia (quadro 1) entre dois e três. Quadro 1 ESTRUTURA DO BANCO DE DADOS Índice de Competitividade FIESP (IC-FIESP) Economia Doméstica (11) Abertura (16) Governo (7) Capital (11) Infra-estrutura (6) Tecnologia (6) Produtividade (8) Capital Humano (18) Atividade Comércio Consumo Juros Geral Gastos Custo Educação (6) (10) (1) (3) (3) (1) (2) (4) Investimento (4) Serviços (3) Política Fiscal (6) Sistema Financeiro (3) Negócios (3) Índice de Tecnologia (1) Resultado (6) Saúde (7) Consumo Preço Crédito Resultado Trabalho (1) (3) (5) (4) (7) Fonte: FIESP. Com base nestes indicadores, os países foram agrupados em quatro categorias: competitividade elevada, competitividade satisfatória, competitividade média e baixa competitividade. O gru- Equipe Técnica da Área de Competitividade 03/10/08 4 / 28

po competitividade elevada refere-se aos 25% dos países (quartil superior) que apresentaram os melhores índices em 2006. Os 25% seguintes são chamados países de competitividade satisfatória. Seguem-se a eles os países de competitividade média e países de baixa competitividade. O valor do índice varia entre 0 (zero), menos competitivos, e 100 (cem), mais competitivos. Entretanto, é importante ter em mente que o valor do índice é relativo e que, portanto, ainda que todos os valores absolutos das variáveis melhorassem ao longo do tempo para um país em particular, seu índice poderia cair desde que houvesse uma melhora maior nos demais países. II. Ranking IC-FIESP 2006 O Brasil, entre os quarenta e três países da amostra do IC-FIESP, encontra-se entre aqueles que apresentam menor competitividade quartil 1 4 ou, simplesmente, Q4 (quadro 2). Nele encontram-se também países latino-americanos como México, Venezuela e Colômbia. Por outro lado, pertencem ao grupo de países com competitividade elevada países como Estados Unidos, Japão e Suécia. Quadro 2 GRUPO PAÍS NOTA RK GRUPO PAÍS NOTA RK Estados Unidos 91,0 1 ELEVADA Noruega 76,9 2 Japão 75,3 3 Suécia 74,9 4 Suíça 73,7 5 Hong Kong 71,9 6 Holanda 71,3 7 Coréia do Sul 70,4 8 Israel 68,3 9 Cingapura 68,0 10 Finlândia 66,7 11 Q2 Dinamarca 66,5 12 SATISFA- Bélgica 65,6 13 TÓRIA Canadá 65,3 14 Irlanda 65,0 15 Alemanha 64,1 16 Reino Unido 63,8 17 Austrália 59,4 18 França 59,1 19 Áustria 58,9 20 Nova Zelândia 53,0 21 República Tcheca 51,3 22 Fonte: FIESP. Q3 Espanha 46,2 23 MÉDIA Itália 46,0 24 Hungria 44,7 25 Malásia 44,1 26 China 43,4 27 Rússia 43,3 28 Grécia 40,9 29 Polônia 40,3 30 Chile 38,2 31 Argentina 36,4 32 Portugal 35,7 33 Q4 Tailândia 31,4 34 BAIXA África do Sul 29,1 36 Venezuela 27,9 35 México 27,2 37 Brasil 20,2 38 Índia 16,8 39 Colômbia 16,7 40 Filipinas 14,5 41 Turquia 14,3 42 Indonésia 7,9 43 Devemos notar que, ao alinhar os IC-FIESPs médios de cada grupo aos seus respectivos PIBs per capita médios e aos crescimentos anuais médios, observamos uma relação (gráfico 1) 2. A despeito da semelhança entre os países dos dois QUARTIS de maior competitividade e Q2 os níveis de renda per capita tendem a serem maiores para os países com maior competitividade. Além disso, o crescimento anual médio num intervalo de dez anos 1997 a 2006 tende a ser igualmente maior para os países mais competitivos. Entretanto, o Q3 foge à relação, o que explicaremos mais adiante. 1 Os quartis são valores da variável que dividem a distribuição de freqüências em quatro partes iguais. 2 Embora individualmente seja possível que um país apresente crescimento inferior ou superior ao indicado pelos seus atributos de competitividade, é de se esperar que os grupos de países com maior competitividade apresentem não somente PIB per capita mais alto como também um crescimento médio anual maior que os grupos de países menos competitivos. Equipe Técnica da Área de Competitividade 03/10/08 5 / 28

Gráfico 1 COMPETITIVIDADE E PIB PER CAPITA - 2006 IC-FIESP PIB Per Capita US$ 1.000 PPC % real a.a. (97-06) Brasil 16,7 10,0 1,1 Média 49,9 24,1 2,6 - Elevada 73,5 36,6 2,4 Q2 - Satisfatória 61,1 33,0 2,4 Q3 - Média 41,8 17,7 3,5 Q4 - Baixa 20,6 7,7 2,0 * Paridade de Poder de Compra - PPC - é a taxa de câmbio calculada a partir dos valores de uma mesma cesta de bens e serviços. Fonte: FMI, IBGE, Banco Mundial e FIESP; elaboração FIESP. A mesma relação pode ser observada ao plotarmos um gráfico com os PIBs per capita e os índices de competitividade dos países IC-FIESP 2008 (gráfico 2). A curva ajustada representa a relação entre a nota no IC-FIESP 2008 e o PIB per capita, medido em PPC. Dessa forma, observamos que países mais competitivos, tais como Estados Unidos, Noruega e Irlanda, tendem a apresentar um PIB per capita maior que países menos competitivos como Brasil, Colômbia ou Indonésia. Gráfico 2 IC-FIESP x PIB per capita PIB per capita (PPC) - 2006 60.000 50.000 IRE HKG CHE 40.000 USA AUT CAN DEN SWE AUS NED 30.000 GRC ITA FRA ESP DEU FIN JAP BEL NZL GBR ISR KOR POR 20.000 CZE HUN POL TUR MEX RUS VEN 10.000 ARG CHL MYS COL ZAF THA CHN IDN PHL IND 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 IC-FIESP (Notas de 0 a 100) Fonte: FMI, Banco Mundial e FIESP; elaboração FIESP SGP PIB Per Capita em PPC O gráfico nos revela também que os ganhos de renda decorrentes do aumento de competitividade são inicialmente crescentes passando a decrescentes a medida em que os países se tornam mais competitivos. Assim sendo, quando os países com baixa competitividade avançam em 10 pontos no IC, tem um crescimento correspondente de apenas 5 pontos percentuais no PIB per capita. Se esses 10 pontos do IC fossem obtidos por um país de competitividade mé- NOR Equipe Técnica da Área de Competitividade 03/10/08 6 / 28

dia, sua renda cresceria 14 pontos percentuais. Para os países competitivos, novamente tendo um crescimento de 10 pontos no IC, o seu PIB per capita aumentaria 5 pontos percentuais. Isso significa que, para um país com baixa competitividade crescer em renda per capita, é necessário um maior esforço em termos de competitividade. Além disso, ao analisarmos a evolução dos países renda semelhante ao Brasil cujas rendas per capita reais mais cresceram entre 1997 e 2006 (gráfico 3), percebemos que seus deslocamentos acompanham a curva ajustada da qual falamos anteriormente. Observamos também que o Brasil conseguiu aumentar sua nota, é verdade, mas muito timidamente e que o aumento da nossa riqueza corresponde ao esforço que fizemos. Em termos práticos, isso significa que os países semelhantes ao Brasil que fizeram mudanças necessárias estão nos deixando pra trás. Gráfico 3 Evolução da Competitividade 1997-2006 PIB per capita (PPC) 60.000 50.000 40.000 PIB Per Capita em PPC 30.000 20.000 10.000 TUR RUS CZE MYS KOR CHN 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 IC-FIESP (Notas de 0 a 100) Fonte: FMI, Banco Mundial e FIESP; elaboração FIESP Analogamente observamos uma forte relação entre o IC-FIESP e o desenvolvimento dos países medidos pelo IDH 3 (gráfico 4). Devemos chamar atenção para o desalinhamento dos países em relação à curva competitividade-idh. Os países os quais se encontram abaixo da curva ajustada, como por exemplo a Índia, apresentam um nível de desenvolvimento humano menor do que aquele correspondente ao seu nível de competitividade. Aparentemente esses países ainda não transformaram os ganhos de competitividade em desenvolvimento humano. De maneira semelhante, os países que se encontram acima da curva ajustada, como o Brasil e a Itália, apresentam um nível de desenvolvimento humano acima daquele que corresponde ao seu nível de competitividade. Aparentemente isso se deve ao uso de ativos acumulados no passado. 3 O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é composto por 3 indicadores: 1. Expectativa de Vida; 2. Taxa de Alfabetização (pessoas com 15 anos ou +); 3. PIB per capita. Equipe Técnica da Área de Competitividade 03/10/08 7 / 28

No longo prazo, no entanto, os países tendem a se alinharem à curva ajustada. Gráfico 4 IC-FIESP 2006 x IDH 2005 Índice de Desenvolvimento Humano (2005) 1,000 0,950 0,900 0,850 0,800 0,750 0,700 0,650 III. Evolução do Brasil IDN COL TUR PHL IND MEX VEN POR ARG THA ZAF ESP NZL GRE ITA POL CHL RUS CHN HUN MYS 0,600 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 IC-FIESP (Notas de 0 a 100) CZE AUS FRA AUT Fonte: PNUD e FIESP; elaboração FIESP Foi utilizado o IDH 2005 como base de comparação pois não havia sido publicado o de 2006 até o lançamento do Índice O Brasil, nos últimos anos, apresentou melhora em seu índice (gráfico 5), o qual aumentou de 14,9 em 1999 para 20,2 em 2006. Isso fez com que o país subisse da 40ª para a 38ª posição. Desde 1999, o Brasil só não melhorou em 2004, quando seu índice permaneceu quase inalterado, e em 2005, quando o IC-FIESP do Brasil caiu de 18,9 para 17,6. Gráfico 5 SGP NED KOR NOR JAP HKG IC FIESP - Evolução histórica do índice e da nota do Brasil USA Nota 24,0 20,0 19,7 16,0 12,0 17,8 Reservas Internacionais Juros Básicos Investimentos Balança de Conta Corrente Carga Tributária 14,9 16,1 17,6 Apesar da redução, ainda é o maior do mundo 18,0 19,0 18,9 17,6 20,2 Ranking 28 22,0 30 21,4 32 34 36 8,0 4,0 38 39 40 40 39 39 38 38 38 38 38 38 40 0,0 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Fonte: FIESP; Elaboração: FIESP Com base em aproximadamente dois terços dos indicadores para todos os países, projetou-se o índice de 2007, em que o Brasil atingiria a nota 22,0, mantendo a tendência de crescimento. Essa evolução entre 2006 e 2007 se deve principalmente ao aumento das reservas, conseqüente de superávit no balanço de pagamentos, da redução dos juros para depósito (juros básicos) e do aumento dos investimentos em capital fixo. Entretanto, a queda do superávit da ba- Equipe Técnica da Área de Competitividade 03/10/08 8 / 28 42

lança de conta corrente e o contínuo aumento da carga tributária, fizeram com que o país não aumentasse ainda mais sua nota. A despeito dessa melhora recente, o Brasil não consegue sair da 38ª posição, dado que a distância que o país se encontra do México é grande: em 2006 o México obteve a nota de 27,2, sete ponto a mais do que o Brasil, o que se torna ainda mais difícil dado que, diante das expectativas de mercado 4 para a economia brasileira em 2008, haverá uma queda de competitividade no ano. IV. O Papel da Indústria Ao compararmos a evolução da competitividade dos países notamos que uma parte dos países com renda similar à brasileira 5 apresentou rápido aumento da sua competitividade entre 1997 e 2006 (gráfico 6). Rússia e China, por exemplo, cresceram 17,2, 11,7 pontos, respectivamente, e a República Tcheca e a Polônia, que cresceram 14,1 e 10,3 pontos. Outros países, em especial os países da América Latina, pouco avançaram em competitividade. A Argentina, o Chile e a Colômbia caíram, respectivamente, 1,4, 2,3 e 1,9 pontos. No mesmo intervalo, Brasil e Venezuela cresceram apenas 0,5 pontos cada. Gráfico 6 IC-FIESP 2006 x Crescimento entre 1997 e 2006 20,0 Crescimento do IC-FIESP entre 1997 e 2006 15,0 10,0 5,0 0,0-5,0-10,0-15,0 Emergentes TUR PHL IDN IND COL Estáticos MEX ZAF THA VEN ARG POR POL RUS CHL GRC ESP CHN MYS HUN ITA CZE AUT AUS DEU ISR IRE GBR NZL BEL FRA NED DEN CAN FIN KOR SGP HKG CHE SWE NOR JAP Dinâmicos USA Desenvolvidos -20,0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 IC-FIESP 2006 (Notas de 0 a 100) Fonte: FIESP; Elaboração: FIESP Os países de renda per capita semelhante à do Brasil que mais avançaram em competitividade apresentaram elevado crescimento do PIB industrial (gráfico 7), o que evidencia a importância do setor como alavanca do crescimento. 4 Supomos, para efeito de cálculo, que todos os demais países mantivessem em 2008 a situação de 2007 e utilizamos estimativas do Boletim Fócus do Banco Central e as expectativas do IPEA para 27,7% das variáveis do Brasil. Isso nos levaria a uma nota de 21,4 em 2008, o que também não modificaria nossa posição no ranking. Utilizou-se para a. 5 Assume-se que os países com renda similar à brasileira são os países cuja renda per capita tem no máximo 1 desvio padrão de distância. Equipe Técnica da Área de Competitividade 03/10/08 9 / 28

Gráfico 7 Cresc. VA Industrial x Crescimento do IC-FIESP Variação do IC-FIESP (1997-2006) 20 15 10 5 0 VEN POR TUR PHL MEX CZE POL MYS THA HUN RUS KOR IND CHN -5 ARG COL CHL IDN ZAF -10-15 -20% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 120% 140% 160% Fonte: Banco Mundial e FIESP; elaboração FIESP Crescimento real do VA da Indústria (1997-2006) V. Exemplos de Sucesso e Insucesso Exemplo sucesso são os países que, ao lado do Brasil, compõem os BRICs (quadro 3). Tais países aparentemente cresceram ao definirem estratégias de desenvolvimento. A Rússia reduziu, durante o período de 1997 e 2006, os custos básicos de produção, como por exemplo, o custo da energia elétrica para a indústria e de ligação telefônica internacional, aumentou o acesso da população a computadores e celulares, além de reduzir a sua taxas de juros para depósito (de 16,8% ao ano para 4,1%) e o spread bancário (de 15,3% para 6,3%). Esse quadro favorável ao crescimento contribuiu para o aumento da produtividade industrial, que cresceu de US$ 14.648 em PPC para US$ 41.239 já em 2006, e para a produtividade de serviços, de US$ 7.090 para US$ 22.600 no mesmo período. Isso evidencia a importância tanto de um ambiente macroeconômico favorável quanto da construção dos fatores estruturais da competitividade. A China, por sua vez, optou por uma estratégia onde houve significativos aumentos na taxa de investimento em capital fixo (em 1997 era de 31,6% do PIB, subindo para 40,8% em 2006) e na taxa de investimento em P&D, que saiu de 0,64% do PIB para 1,42% no mesmo período. Assim, o país passou a ser um dos principais produtores de patentes do mundo (122.318 patentes de residentes em 2006) conseguindo converter isso em resultados comerciais, dado que a parcela de exportações de alta tecnologia na pauta de exportações saltou de 12,7% para 30,3%. A Índia, ainda que seja um país menos competitivo do que o Brasil, cresceu muito no período de 1997 a 2006 através, principalmente, da elevação da sua taxa de investimento em capital fixo (era de 23,0% do PIB em 1997 e passou para 32,5% em 2006). Nesse sentido, tanto a indústria quanto o setor de serviços ganhou muita produtividade: se em 1997 cada trabalhador do setor industrial produzia US$ 5.539 em PPC, em 2006 o trabalhador industrial produzia US$ 13.676. Com relação ao setor de serviços, a Índia é um país com características bem peculiares: tornou-se um país com elevado superávit na balança de serviços tecnológicos (3,1% do PIB em 2006) e a produtividade por trabalhador, que era de US$ 8.162 em 1997, foi, em 2006, de US$ 20.257. Equipe Técnica da Área de Competitividade 03/10/08 10 / 28

Quadro 3 QUEM GANHOU COMPETITIVIDADE ENTRE 1997 E 2006 País Causa Rússia Reduziu significativamente custos de energia e telefonia, juros e spread, além de melhorar sua infra-estrutura tecnológica, elevando a produtividade tanto na industria como em serviços China Aumentou o investimento bruto e mais do que dobrou a participação de P&D no PIB, gerando melhorias, principalmente tecnológicas, tanto em patentes como na % das exportações de alta tecnologia Índia Forte elevação do investimento gerou aumento de produtividade na indústria e nos serviços fazendo crescer suas exportações líquidas de serviços tecnológicos Fonte: FIESP. No sentido contrário, aparecem países latino americanos cujas estratégias, quando definidas, não levaram a aumentos de competitividade (quadro 4). A Argentina apresentou, durante o período, importantes problemas macroeconômicos ainda hoje não resolvidos por completo: a inflação, por exemplo, que em 1997 era de 0,5% ao ano, saltou para mais de 25% em 2002, caindo nos anos posteriores, mas voltando a subir em 2006 para mais de 10% ao ano; além disso, o país foi um dos únicos da amostra cujo acesso ao crédito pelo setor privado caiu no período (era 21,9% do PIB em 1997 e em 2006 essa parcela caiu para 13%). Ademais, o país investe muito pouco em P&D (0,49% do PIB em 2006), o que se associa a um importante déficit no saldo de royalties e licenças (0,34% do PIB) e uma pequena participação das exportações de alta tecnologia na pauta (6,8% em 2006). O Chile teve um esforço pequeno em converter o elevado saldo positivo em commodities em investimentos em tecnologia (em 1997 apenas 0,49% do PIB de investimento em P&D, participação que, apesar do aumento para 0,67% do PIB em 2006, não acompanhou a tendência mundial). Além disso, o investimento em capital fixo, que era consideravelmente elevado em 1997 (27,1% do PIB) caiu para 19,2% em 2006. Nesse sentido, os níveis de produtividade do país caíram significativamente, enquanto a tendência mundial foi de elevação no seu nível (se em 1997 cada trabalhador produzia US$ 35.859 em PPC, em 2006 esse valor era de US$ 31.782). O México é outro país da América Latina que não investe significativamente em P&D (0,50% do PIB em 2006) e teve queda do nível de produtividade da indústria no período de 1997 a 2006 (caiu de US$ 30.324 para US$ 27.107), além disso, apresenta indicadores de infra-estrutura ruins (seu Índice BID de Infra-Estrutura 6 é -0,640, valor pior do que o do Brasil, que já é baixo, - 0,494). Diante desse quadro, o déficit comercial em manufaturas é elevado e crescente (era de 1,6% do PIB em 1997 e passou a ser de 3,7% do PIB em 2006). 6 O Índice BID de Infra-estrutura pode variar de -1 a 1, e considera rodovias, ferrovias, aeroportos com pista pavimentada e número de assinantes de telefonia fixa per capita. Equipe Técnica da Área de Competitividade 03/10/08 11 / 28

Com base na análise dos países latino-americanos e em comparação com os demais BRICs fica evidente a necessidade de uma estratégia clara de desenvolvimento que gere competitividade e, por conseqüência, ganhos de produtividade. Quadro 4 QUEM PERDEU COMPETITIVIDADE ENTRE 1997 E 2006 País Argentina Chile México Causa Problemas macroeconômicos, como inflação e baixo acesso a crédito, além de baixos investimentos em P&D, associam-se a baixos e decrescentes indicadores de tecnologia Baixo investimento em P&D, queda do investimento em capital fixo e níveis de produtividade declinantes Infra-Estrutura de transportes e comunicação pouco desenvolvida, aliado a baixos investimentos em P&D, associamse ao lento crescimento do nível de produtividade industrial e déficit comercial crescente em manufaturas Fonte: FIESP. VI. Estratégias de Desenvolvimento Buscando compreender quais estratégias seriam mais interessantes para o Brasil ganhar competitividade, escolhemos dois grupos de países: os países de competitividade elevada e os países que mais ganharam competitividade dentre os países com renda similar 7 à do Brasil, que passaremos a chamar de países selecionados (quadro 5). Os países do mantiveram e melhoraram atributos adquiridos, estratégia decisiva para que se mantivessem competitivos (quadro 6). Assim sendo, enquanto os países analisados pelo IC-FIESP investiram 1,56% do PIB em P&D, a média de investimento dos países do foi de 2,75% do PIB, o que leva esses países a serem responsáveis por 704 mil patentes de residentes em 2006, mais de 70% das patentes de residentes dos países da amostra, concentrando o potencial inovador no grupo. Não por acaso, a produtividade média dos países do grupo, principalmente na indústria, é bem superior à média dos países do IC-FIESP. Enquanto o trabalhador industrial produz, em média, US$ 58.400 em PPC, o trabalhador industrial do produz US$ 80.855 em PPC (38,5% de valor adicionado a mais por trabalhador). Essa elevada produtividade é garantida, também, por investimentos importantes desses países em saúde e educação (o bloco investe em educação, em média, 4,9% do PIB, e em saúde pública 5,7% do PIB) e pela eficácia desses investimentos, o que os leva a ter um IDH extremamente elevado (0,945 em média), sendo que nenhum dos países IDH inferior a 0,900. 7 Consideramos aqui os países com renda entre o valor da renda brasileira menos um desvio padrão e o valor da renda brasileira mais um desvio padrão dos valores da amostra. O desvio-padrão é um número que mede o quanto os valores estão dispersos em relação à média. Equipe Técnica da Área de Competitividade 03/10/08 12 / 28

Quadro 5 GRUPOS - Composição Países Competitivos Países Selecionados (com renda per capita similar à do Brasil) Estados Unidos Noruega 1 2 Coréia do Sul República Tcheca 8 22 Japão 3 Hungria 25 Suécia 4 Malásia 26 Suíça 5 China 27 Hong Kong 6 Rússia 28 Holanda 7 Polônia 30 Coréia do Sul 8 Tailândia 34 Israel 9 Índia 39 Cingapura 10 Filipinas 41 Finlândia 11 Turquia 42 Fonte: FIESP. O ambiente de negócios dos países do também é um ponto chave na determinação do alto índice de competitividade, dado que o sistema financeiro é bastante desenvolvido (intensidade do sistema financeiro é de 80,2% do PIB, contra uma média de 47,6% dos 43 países da amostra), e as empresas enfrentam baixos juros para deposito e spread bancário (3,0% ao ano e 3,2%, respectivamente, em 2006) e elevado crédito ao setor privado (135,8% do PIB). Além disso, a infra-estrutura é bastante desenvolvida (o Índice BID de Infra-Estrutura é 0,496 8 ) Quadro 6 PAÍSES COMPETITIVOS Estratégia Principais Fatores de Competitividade Investimento em P&D elevado garantem as características inovadoras do bloco Investimentos sociais constantes projetam um elevado nível de recursos humanos, permitindo alta produtividade em todos setores Saldo comercial estável e baseado em produtos e serviços de alta tecnologia e valor agregado Tecnologia Produtividade Recursos Humanos Ambiente de Negócios Comércio Internacional Elevados gastos em P&D concentrando no bloco o potencial inovador e a produção mundial de bens e serviços de alta tecnologia. Alta e crescente, tanto nos setores industriais e de serviços, quanto na agricultura. Elevados e eficazes gastos em educação e saúde, garantem os melhores IDH s dentre os países da amostra. Sistema financeiro desenvolvido, com baixos juros e spread e crédito farto. Saldo da balança comercial estável e com elevada participação de produtos de alta intensidade tecnológica. Infra-estrutura Custos de telefonia e energia baixos e infra-estrutura eficiente. Fonte: FIESP. Diante desse quadro estável e de elevado desenvolvimento dos fatores que geram competitividade, o apresenta uma balança comercial estável durante o período analisado (a média va- 8 A média do Índice BID de Infra-Estrutura é, por definição, 0,000 Equipe Técnica da Área de Competitividade 03/10/08 13 / 28

ria de 1,2% em 1997 para 1,8% em 2006), além de apresentar uma elevada participação das exportações de alta tecnologia na pauta (aproximadamente 25% do total exportado). Os países selecionados, por sua vez, reduziram o hiato para com os mais competitivos ao criarem um ambiente favorável ao investimento produtivo (quadro 7). A redução dos juros para depósito e spread, buscando convergir para níveis semelhantes aos do (os juros eram, em média, 18,5% ao ano em 1997 e passaram a ser 5,6% em 2006; e o spread caiu de 5,3% para 3,4% ao ano no período), foram essenciais para melhor o ambiente de negócios e garantir uma elevada taxa de investimento (24,8% do PIB contra 22,3% da média dos países) Esses países elevaram os gastos sociais, em especial em educação, de 3,7% do PIB em 1997 para 4,2% em 2006, gerando um aumento, principalmente, da taxa de matrícula combinada de 71% para 79%. Mas principalmente, os países do grupo melhoraram a capacidade de converter esses gastos em desenvolvimento, elevando o IDH de uma média de 0,760 para 0,808 no período. Além disso, a taxa de investimento em P&D cresceu de 0,83% do PIB para 1,03%, o que, apesar de menor do que a média, demonstrou novamente a capacidade desses países em convertê-los em resultados, dado que os países do bloco aumentaram o número total de patentes de residentes de aproximadamente 100 mil em 1997 para 286 mil em 2006 e que esses países tem uma pauta de exportações cujas exportações de alta tecnologia são superiores as do (26,7% dos selecionados contra 24,9% dos mais competitivos). Nesse sentido, diante de estratégias estabelecidas visando o desenvolvimento, os países do bloco ganharam bastante produtividade, em especial no setor industrial (a média dos países era de US$ 24.075 em PPC em 1997 e passou a ser de US$ 35.878 em 2006). Quadro 7 PAÍSES ECIONADOS Estratégia Principais Fatores de Competitividade Ambiente favorável para investimentos e ganhos de produtividade Setor industrial de alta tecnologia e com alto valor agregado com crescimento elevado e constante Melhora nos gastos sociais elevam os níveis dos recursos humanos Ambiente de Negócios Recursos Humanos Tecnologia Comércio Internacional Produtividade Juros e spread convergentes aos dos países competitivos e investimento fixo elevado. Elevação e melhora na eficácia dos gastos com educação e saúde melhoram o IDH e os indicadores sociais. Esforços em P&D crescentes, ainda que menores do que o, impulsionam a criação de novas tecnologias e as exportações de produtos e serviços de maior conteúdo tecnológico. Crescimento do saldo das exportações de alto valor agregado e de alta tecnologia. Crescimento da produtividade da indústria e do setor de serviços acima da taxa média mundial, reduzindo diferença em relação aos mais competitivos. Fonte: FIESP. O Brasil, beneficiado por uma conjuntura internacional favorável, apresentou ganho de competitividade um pouco acima da média mas sem um projeto claro de desenvolvimento (quadro 8). Equipe Técnica da Área de Competitividade 03/10/08 14 / 28

O comércio internacional foi essencialmente importante para que o país ganhasse competitividade. As exportações líquidas de bens e serviços foram superavitárias baseando-se principalmente no saldo de exportações de commodities. A produtividade da indústria no Brasil evoluiu significativamente entre 1997 e 2006, saindo de US$ 19.740 em PPC atingindo US$ 26.479. Esse crescimento de 34%, entretanto, foi significativamente menor do que o crescimento dos países Selecionados, que foi de aproximadamente 50% no período de 1997 a 2006. É positivo, também, o esforço do país no aumento dos gastos sociais (o gasto público em saúde foi elevado de 3,1% para 3,5% do PIB; e o gasto em educação de 3,8% para 3,9%), o que contribuiu com um importante aumento no IDH (de 0,739 em 2007 para 0,800 em 2005), ainda que esteja entre os piores dos países da amostra. O esforço em P&D, embora tenha aumentado, não pode ser considerado um ganho de competitividade, dado que a média dos países aumentou mais do que o Brasil (enquanto o investimento em P&D era de 0,94% do PIB em 1997 e passou para 1,02% em 2006, a média dos países elevou essa taxa de 1,30% para 1,56%); o déficit em serviços tecnológicos, por sua vez, aumentou (de 0,12% do PIB para 0,47%), assim como o déficit em royalties e licenças (de 0,09% do PIB para 0,14%). Além disso, outro ponto que caracteriza a economia brasileira, é o ambiente de negócios. Conforme veremos adiante, taxas de juros e spreads elevados restringem o desenvolvimento do mercado de crédito para investidores e do investimento, apesar da melhora significativa no mercado de capitais (a taxa de capitalização do mercado de capitais saltou de 29,3% do PIB em 1997 para 66,6% em 2006). Quadro 8 SIL Estratégia Saldo comercial crescente baseado em commodities Mais longo programa de ajuste do mundo, com redução da inflação por meio de aumento de juros. Principais Fatores de Competitividade Comércio Exportações de alimentos e matérias primas Internacional agrícolas fizeram deste fator um elemento chave na evolução da competitividade. Produtividade A produtividade da indústria cresceu, embora este crescimento tenha sido quase a metade dos países selecionados. Recursos Humanos Tecnologia Ambiente de negócios Aumento dos gastos públicos em saúde e educação levaram a melhora do IDH, apesar de ser um dos piores dentre os países analisados. Houve um aumento do esforço em P&D que não acompanhou a tendência dos países, assim, o país tem se tornado cada vez mais um importador de tecnologia. Apesar da melhora significativa no mercado de capitais, taxas de juros e spread elevados restringem o desenvolvimento do mercado de crédito para investimentos. Fonte: FIESP. Equipe Técnica da Área de Competitividade 03/10/08 15 / 28

VII. Evolução do Ambiente Econômico O consumo do governo brasileiro 9 manteve-se proporcionalmente maior que o dos países competitivos e, principalmente, do que o dos países com renda semelhante e que obtiveram maiores ganhos de competitividade (gráfico 8). Entre 1997 e 2006 manteve-se em torno do mesmo patamar em que está hoje, 19,8% do PIB. No mesmo intervalo, o consumo do governo nos países competitivos partiu de 15,3% do PIB em 1997, atingiu um auge 18,1% em 2003 mas fechou 2006 em 17,7% do PIB. Entre os países selecionados, o consumo do governo girou em torno de 12,6% do PIB. Pode-se dizer que o consumo do governo explica parte da carga tributária. É interessante notar, entretanto, que os países competitivos, a despeito do aumento do consumo do governo, conseguiram reduzir a carga tributária de 34,6% em 1997 para 29,7% do PIB em 2006. Os países selecionados, por sua vez, apresentaram tendência de crescimento da carga, de 19,9% para 24,7% do PIB no mesmo intervalo, com variação de 24%. Note-se, entretanto, que esse crescimento ocorreu nos primeiros anos da série histórica e que, desde então, a carga cresce muito lentamente. Já a carga brasileira cresce rápida e continuamente, passando de 26,4 em 1997 para 34,1% do PIB em 2006. Isso significou uma variação de 29%, ou seja, o crescimento e valor dos tributos brasileiros são significativamente maiores do que o dos países analisados. Pode-se dizer também que o consumo de governo explica também parte da diferença histórica da taxa de juros para depósito. Isso porque os juros pagos pelo governo, com menor risco, parametriza os juros para depósito. Nesse sentido, a despeito da redução observada para os juros para depósito brasileiros, observa-se que a distância em relação aos países selecionados se mantém. Os juros para depósito nos países competitivos caíram de 3,5% para 3,3% a.a. entre 1997 e 2006. Nos países selecionados caíram de 10,7% para 4,3% a.a., o que representa uma significativa convergência em relação aos países competitivos. Já no Brasil, a despeito da significativa melhora entre 1997 e 2000, o Brasil reduziu os juros de 25,2% em 1997 para 15,3% a.a. em 2006. 9 O consumo do governo inclui todas as despesas correntes do governo central com a compra de bens e serviços. Inclui salários e benefícios do funcionalismo e a maioria das despesas com defesa e segurança nacional. Exclui gastos militares que fazem parte da formação de capital do governo.difere de gastos totais de governo que também incluem previdência,juros etc. Equipe Técnica da Área de Competitividade 03/10/08 16 / 28

Gráfico 8 AMBIENTE DE NEGÓCIOS Consumo do Governo (% do PIB) 20 15 19,8 17,7 Carga Tributária (% do PIB) 35 30 25 20 15 Spread Bancário (% ao ano) 60 50 40 30 20 10-34,1 29,7 24,7 Juros p/ depósito (% ao ano) 12,3 10 30 25 20 15,3 15 10 5 4,3-3,3 Credito ao Setor Privado (% do PIB) 28,5 3,3 2,6 140 120 100 80 60 40 20-128,4 45,0 36,5 FBCF ( % do PIB) 25 22,3 20 19,7 15 16,5 10 Fonte: Banco Mundial, FMI e IMD; elaboração FIESP. O spread bancário brasileiro,apesar de extremamente superior ao dos demais países, também sofreu uma importante redução entre 1997 e 2001. Caiu de 53,5% em 1997 para 27,0% em 2001 e manteve-se relativamente constante desde então, fechando a série em 28,5%. Esse valor representa uma enorme distância em relação àquele cobrado tanto nos países competitivos quanto nos países de rápido crescimento e renda semelhante ao Brasil. Nos países competitivos o spread caiu de 3,0% para 2,6% entre 1997 e 2006 e, nos países selecionados, caiu de 4,8% para 3,3%. Juros para depósito e spread bancário, combinados, ajudam a explicar o tímido desenvolvimento do mercado de crédito no Brasil. A despeito do aumento recente, encontrava-se em 36,5% do PIB em 2006, o que é menos do que os 45% dos países selecionados e muito menos do que os 128,4% dos países competitivos. A enorme diferença entre carga e crédito e juros explicam a discrepância entre as taxas de investimento do Brasil e aquelas dos países selecionados e dos países competitivos. Os países selecionados, mantiveram uma taxa de investimento em torno dos 22,3% do PIB de 2006. Os competitivos experimentaram uma queda a partir 2001 mas recuperaram-se no final, apresentando taxa de 19,7% em 2006. O Brasil oscila em torno de 16,4% e fechou 2006 com uma formação bruta de capital fixo de 16,5% do PIB. VII.1. O Custo da Carga Tributária A carga brasileira é superior a dos países competitivos. Entre os países de rápido crescimento (gráfico 9), esse valor se compara apenas aos dos países do leste europeu Hungria (HUN), Polônia (POL), República Tcheca (CZE) e Rússia (RUS) que, no entanto,tiveram melhor per- Equipe Técnica da Área de Competitividade 03/10/08 17 / 28

formance competitiva. Todos os demais países com rápido crescimento apresentam carga menor. Gráfico 9 Carga Tributária 60 IC-FIESP 2006 Carga Tributária (% do PIB) 50 40 30 20 THA TUR HUN KOR POL CZE RUS IND MYS CHN 10 PHL 0-15 -10-5 0 5 10 15 20 Variação do IC-FIESP (1997-2006) Fonte: IMD, IBGE e FIESP; elaboração FIESP Entretanto, é importante notar, primeiro, que o nível de renda per capita dos países do leste europeu é maior que o do Brasil e, depois, que seu alinhamento à curva de ajuste entre carga e renda é melhor (gráfico 10). Além disso, devemos observar que desalinhamentos para cima como o verificado para o Brasil foram constatado para países como Suécia (SWE), Dinamarca (DNK) e Noruega (NOR), cujos índices de desenvolvimento humano,estão entre os maiores do mundo. Desalinhamentos para baixo fortes foram observados para cidades estados tais como Hong Kong (HKG) e Cingapura (SGP). Para o nível de renda per capita do Brasil, a carga adequada deveria estar em torno de 22,1% do PIB e não em 34,1% do PIB como em 2006. Além disso, se a carga brasileira fosse igual a dos selecionados, a indústria pagaria R$ 125 bilhões, ao invés de R$ 174 bilhões (gráfico 11). Finalmente, é importante considerar também o custo para pagá-la, que é elevado. Equipe Técnica da Área de Competitividade 03/10/08 18 / 28

Gráfico 10 MUNDO - Carga Tributária vs. Renda Per Capita - 2006 Carga Tributária (% do PIB) 50 40 30 20 10 IND 34,1 ZAF TUR 22,1 CHN THA PHL COL VEN IDN RUS POL ARG MEX CHL MYS HUN PRT CZE KOR ISR NZL ITA FRA ESP DEU GRC Carga ideal para o Brasil SWE FIN JPN GBR BEL AUT CAN AUS DNK NLD CHE HKG IRL USA SGP NOR IND - Fonte: FMI e IMD; elaboração FIESP. 10 20 30 40 50 PIB Per Capita (US$ 1.000 PPC) Apenas para dar idéia da ordem de grandeza do problema, elaboramos um cálculo simplificado da diferença entre o que a indústria paga em impostos e o quanto pagaríamos se nossa carga fosse a mesma que aquela paga em países de renda semelhante. Para tanto, aplicou-se ao Valor da Transformação da Indústria VTI a carga brasileira e a carga daqueles países 10 (gráfico 11). Verificou-se que são gastos aproximadamente R$ 174 bilhões, enquanto, se a indústria brasileira funcionasse na China, por exemplo, seriam gastos apenas R$ 91 bilhões. Considerando a carga adequada para o Brasil (22,1%), os tributos consomem R$ 61,3 bilhões a mais da indústria, isso desconsiderando R$ 37,7 bilhões que a indústria gasta apenas para pagar a carga tributária 11, que elevam os custos com tributos para a indústria para R$ 212 bilhões por ano. 10 Este cálculo subestima o valor efetivamente pago pela indústria de transformação. A estimativa acima considera a proporção da carga tributária em relação ao PIB como a mesma proporção da carga que incide sobre o Valor de Transformação Industrial embora cálculo elaborado pela FIESP em 2003 mostre que a carga paga pela indústria é maior que a média.além disso,aplicamos diretamente o valor da carga no VTI,sem considerar sua distribuição em outras fontes de tributação como por exemplo,lucro e faturamento. 11 Valores estimados com base no quanto as empresas afirmam gastar, no Brasil, para pagar a carga como parcela do seu faturamento. Aplicou-se essa parcela ao faturamento total da indústria, segundo a PIA 2006, a fim de obter esse resultado. Para os outros países calculou-se buscando uma proporcionalidade baseada nos dados do IFC sobre o tempo gasto pelas empresas para se pagar os tributos. Equipe Técnica da Área de Competitividade 03/10/08 19 / 28

Gráfico 11 Custo da Carga Tributária para a indústria (R$ bilhões: supondo a carga dos demais países aplicado ao VTI da indústria brasileira) INEFICIÊNCIA DO SISTEMA: Segundo dados do FCI, uma empresa no Brasil gasta 2.600 horas para pagar a carga, o que significam 37,7 bilhões de reais consumidos 212,0 Custo para 37,7 pagar a carga 170,9 6,5 141,4 Carga ideal para o Brasil: 22,1% 134,7 8,9 (R$ 113,0 bi aprox. a do Chile) 4,2 123,9 4,6 103,9 Carga tributária 12,6 174,3 para a indústria 77,7 164,4 3,9 132,5 130,5 119,3 91,3 73,8 Brasil Rússia Argentina Coréia do Sul Chile China Índia Fonte: IFC, IMD, IBGE e FIESP; elaboração FIESP VII.2. O Custo dos Juros e do Spread Bancário Juros e spread são um capítulo a parte pois não há nenhum país, mesmo entre os países com renda semelhante à do Brasil, que apresente valores tão acintosamente discrepantes (gráfico 12). A média dos juros dos outros quarenta e dois países do IC-FIESP é 9,2% ao ano. Portanto o valor dos juros no Brasil foi, em 2006, quase cinco vezes o valor da média. Os juros condizentes com o nível de renda per capita brasileiro, obtida a partir do ajuste da curva entre juros e renda per capita, seria algo em torno de 12,4% a.a. Gráfico 12 MUNDO - Juros para Empréstimo* vs. Renda Per Capita - 2006 Juros para Empréstimo* (% a.a.). - 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 IND IDN PHL CHN COL 12,4 ZAF ARG MEX THA MYS VEN TUR RUS CHL HUN POL CZE * Inclui juros para depósito e spread bancário. Turquia = 2005. Fonte: FMI e IMD; elaboração FIESP. Juros ideal para o Brasil PRT NZL GRC FRA FIN ESP ISR GBR KOR ITA JPN 10 20 30 40 50 AUT A média dos juros dos outros 42 países é 9,2% ao ano NLD DNK IRL HKG CHE USA SGP NOR PIB Per Capita (US$ 1.000 PPC) Para estimar a ordem de grandeza da despesa financeira em Reais paga pela indústria brasileira, multiplicamos o valor de sua participação na receita líquida de vendas publicado no Painel FIESP-Serasa pela receita líquida de vendas publicada na PIA. Rateamos então esse valor en- Equipe Técnica da Área de Competitividade 03/10/08 20 / 28

tre juros e spread utilizando os valores médios publicados pelo Fundo Monetário Internacional FMI. Calculamos as despesas financeiras nos países escolhidos considerando-as proporcionais aos juros e, finalmente, distribuímos essas despesas entre juros e spread da mesma maneira que o fizemos para o Brasil. Logo, se os juros brasileiros fossem iguais ao dos selecionados, ao invés de R$ 64,6 bilhões se pagaria R$ 11,4 bilhões, recursos que poderiam ser reinvestidos pelo setor produtivo.da mesma forma, se a taxa de juros fosse compatível com a nossa renda per capita,o valor das despesas financeiras para a indústria brasileira seria de R$ 18,6 bilhões. Especificamente, observa-se que o Spread brasileiro custa R$ 33,4 bilhões para a indústria, sendo que, se fosse igual ao dos demais países custaria bem menos: R$ 7,6 bilhões. A diferença representa nada menos do que 109% do gasto em P&D e 7% do valor do investimento (FBCF 12 ). Gráfico 13 Despesas financeiras da indústria de transformação (R$ bilhões: supondo os juros e o spread dos demais países aplicados às despesas financeiras da indústria brasileira) 64,6 Custo do Spread bancário 33,4 O Spread brasileiro custa R$ 33,4 bi para a indústria, sendo que, se fosse igual ao dos demais países custaria bem menos: R$ 7,6 bi, diferença que representa 109% do gasto em P&D e 7% do valor do investimento (FBCF) Valor das despesas financeiras ideal para o Brasil: R$ 18,6 bi Custo dos Juros básicos 31,2 16,7 10,4 6,1 6,4 15,6 9,5 12,9 12,0 9,2 9,0 9,6 7,6 3,8 6,7 3,3 4,3 5,4 2,2 Brasil India Rússia Argentina Chile China Coréia do Sul Fonte: IFC, IMD, IBGE e FIESP; elaboração FIESP VIII. Ambiente Educacional e Tecnológico Aparentemente o Brasil melhorou a eficiência dos gastos em educação. A despeito de uma relativa estabilidade desses gastos, nos últimos anos vem conseguindo reduzir a distância para os países competitivos e para os países de rápido crescimento tanto em termos de alfabetização quanto de escolaridade média. De fato, a melhoria observada nos indicadores de ensino básico contribui com a competitividade do país. No entanto,é preciso ir além buscando formar mão de obra qualificada,capaz de acelerar o desenvolvimento tecnológico. Neste aspecto, devemos enfatizar algumas importantes diferenças. Por exemplo, em 2005, 8% do total de formandos no Brasil eram engenheiros, ou seja, 30 mil engenheiros ou 1,6 para cada 10 mil habitantes. Na China, 40% do total de formandos eram engenheiros, ou seja, 600 mil 4,6 a cada mil habitantes. 12 Formação Bruta de Capital Fixo. Equipe Técnica da Área de Competitividade 03/10/08 21 / 28

Gráfico 14 AMBIENTE EDUCACIONAL Gasto em Educação (% do PIB) 5,0 4,9 4,5 4,3 4,0 3,9 3,5 Escolaridade (número médio de anos de escola) 9,9 10 7,9 8 5,9 6 4 Alfabetização (% da população acima de 15 anos) 102 100 100 98 96 94 94 92 90 90 88 86 84 FORMAÇÃO DE ENGENHEIROS (2005) SIL 30 mil formados 8% dos formandos 1,6 a cada 10 mil hab. CHINA 600 mil formados 40% dos formandos 4,6 a cada 10 mil hab. Fonte: Banco Mundial e PNUD; elaboração FIESP. Há uma enorme disparidade em termos de esforço tecnológico entre os países competitivos com relação ao Brasil e aos países de rápido crescimento com renda semelhante à sua. O gasto em P&D no Brasil subiu de 0,9% do PIB em 1997 girou em torno de 1,0% do PIB em 2006 com quebra de continuidade entre os anos de 2002 a 2004. Nos países de rápido crescimento, o P&D subiu continuamente de 0,7 para 0,8% do PIB. Nos países competitivos, entretanto, ele cresceu de 2,6% do PIB em 1997 para 2,9% em 2006. A análise do número de patentes de residentes, o qual mostra a capacidade de criação de novos conhecimentos de um país, aponta para uma ineficiência dos gastos em P&D. Isso porque, a despeito de gastarmos mais que os países de rápido crescimento, o seu número de patentes de residentes cresce continuamente quando medida por milhões de habitantes: de 103 em 1997, para 566 em 2006, variação de aproximadamente 450%. No mesmo intervalo, o número de patentes por milhão de habitantes no Brasil subiu de 165 para 201, representando um crescimento de 22%. Por outro lado, nossa capacidade de absorver novas tecnologias, representada pelo número de patentes de não-residentes aumentou ligeiramente, de 809 por milhão de habitantes em 1997 para 1070 por milhão de habitantes em 2006. Os países que apresentaram rápido crescimento apresentaram uma piora desse indicador. O conhecimento não é um fim em si mesmo. A maior diferença refere-se, no entanto, ao processo de transformação do conhecimento em riqueza representado pela participação dos produtos de alta-tecnologia no PIB e pelo saldo em serviços tecnológicos. Os países de rápido crescimento apresentaram uma forte melhora em termos de participação dos produtos de alta-intensidade tecnológica no PIB, de 0,4% em 1997 passaram a 12,0% em 2006. Os países competitivos aumentaram ligeiramente a participação das exportações de alta tecnologia no PIB, de 7,5% para 7,8%. O Brasil esboçou uma forte melhora entre 1997 e 2001, subindo de 0,3% em 1997 para 1,3% em 2001, mas voltou a cair e estabilizou-se em torno dos 0,9% a partir de 2003. Equipe Técnica da Área de Competitividade 03/10/08 22 / 28

Gráfico 15 AMBIENTE TECNOLÓGICO Patentes de Residentes (por 10 mil de hab) Exportação de Alta-Tecnologia (% do PIB) Gasto em P&D (% do PIB) 3,0 2,9 4 3 2,5 2 1 0,6 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 0,4 14 12,0 12 10 8 7,8 6 4 2 0,9-2,0 1,0 1,0 0,8 - Patentes de Não-Residentes (por 10 mil de hab) 7 6,8 6 5 4 3 2 1,1 1 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 0,4 Saldo de Serviços Tecnológicos (% do PIB) 2,5 1,5 1,5 0,5 (0,4) (0,5) (0,5) (1,5) * Atualizado pela FIESP. Fonte: Banco Mundial, FMI, IMD e WIPO; elaboração FIESP. IX. Comércio Internacional Em termos gerais, o crescimento do nosso saldo comercial foi baseado em commodities (gráfico 16), cujo saldo cresceu de 1,3% para 4,1% do PIB entre 1997 e 2006. Entretanto, devemos observar que o crescimento iniciado em 2000 terminou em 2004. Ainda assim, a balança de commodities brasileira mostrou-se melhor tanto em relação a dos países competitivos, quanto em relação a dos países selecionados. Ambos grupos de países apresentaram forte oscilação na balança de commodities. Verificaram inicialmente uma forte deterioração mas obtiveram recuperação e fecharam a série em equilíbrio. A balança de manufaturas, por sua vez, mostra um panorama diferente. O Brasil também apresenta melhora, passando de um déficit de 2,1% do PIB em 1997 para um superávit de 0,9% do PIB em 2004. Entretanto, termina a série em 2006 com um superávit de apenas 0,2% do PIB. Os países competitivos, por sua vez, aumentam seu superávit em manufatura de 1,1% em 1997 para 5,4% do PIB em 2006. Os países selecionados apresentam, ao longo da série, superávits em manufaturas 13. 13 A série dos países selecionados requer um certo cuidado pois apresentam duas mudanças abruptas. Entre 1997 para 1998, influenciada pelo resultado dos países do sudeste asiático que compõem o grupo, passa de um déficit significativo a um modesto superávit. Aparentemente isso resulta da crise da Ásia em 1997. Devemos notar que os dados do Banco Mundial que utilizamos são coerentes com os do COMTRADE com os quais os comparamos. Equipe Técnica da Área de Competitividade 03/10/08 23 / 28