Agronegócio brasileiro: desafios e oportunidades

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VP Negócios Emergentes SN Agronegócios. Crédito Rural

Transcrição:

....... Agronegócio brasileiro: desafios e oportunidades José Eustáquio Ribeiro Vieira Filho Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE) 31 de julho de 2015

Sumário 1. A importância do investimento e da produtividade na evolução do tempo; 2. Desafios e perspectiva da produção e do investimento; e 3. Considerações Finais.

Parte 1 - Introdução O Brasil foi importador líquido de alimentos até a década de 1980. Entretanto, passados 50 anos, o uso intensivo de ciência e tecnologia teve como resultado os ganhos de PRODUTIVIDADE e a incorporação do Centro Oeste no mapa da produção agropecuária. A inovação induzida baseada nas inovações locais e nas mudanças institucionais foram centrais para o Brasil se tornar um dos maiores exportadores de alimentos no mundo.

Questões 1) Como se pode entender o papel da agricultura no desenvolvimento econômico? 2) Pode ser a agricultura um setor estratégico num processo de crescimento e desenvolvimento? 3) Como tem sido o crescimento da produtividade? E como este crescimento está ligado ao desenvolvimento tecnológico? 4) Diante da crise, como extrair oportunidades?

Trajetória tecnológica da agricultura

Complexidade do moderno setor agrícola A organização agrícola é semelhante ao caso industrial. O processo de inovação na agricultura (adoção e difusão de tecnologia) é organizado através de um complexo sistema de produção que envolve toda cadeia produtiva.

Construção institucional Instituições TABELA: Múltiplas instituições dedicadas à promoção do melhoramento genético e da pesquisa agrícola no Brasil Fundação do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) 1887 Primeira escola de agricultura e medicina veterinária 1898 Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) 1901 Escola Superior de Agricultura de Lavras (ESAL) 1908 Universidade Federal de Viçosa (UFV) 1927 Instituto Biológico (IB) 1927 Instituto Agronômico de Minas Gerais 1930 Criação da primeira empresa de sementes no Brasil (Agroceres) 1938 Criação do Serviço Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA) 1940 Instituto de Economia Agrícola (IEA) 1942 Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) 1951 Criação da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) 1962 Início da Pós-graduação na ESALQ 1963 Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL) 1963 Criação da Associação Brasileira dos Produtores de Sementes (Abrasem) 1971 Criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) 1973 Fonte: Vieira Filho & Vieira (2013) Ano

Cluster de inovações 1. A técnica calagem agrícola transformou o solo ácido do Cerrado(quase 22 por cento da superfície do Brasil) em terras aráveis. 2. A expansão da fronteira agrícola brasileira exigiu a "tropicalização" da cultura da soja, cuja variedades de sementes devem ser mais tolerantes a climas tropicais (mais seco e quente em latitudes mais baixas). 3. Ao mesmo tempo, a inoculação de bactérias na semente de soja com o intuito de capturar notrogênio do solo permitiu mais produção com menos uso de fertilizantes, o que contribuiu para aumentar a produção por hectare. 4. Como resultado, o preço marginal de terra caiu e, consequentemente, a mecanização foi introduzida em grande escala, também facilitado por características geoclimáticas, terras planas e com padrão de precipitação adequado. 5. A melhoria da pastagem por cruzamento de Brachiaria transformou o Cerrado em uma região com produção de alto rendimento pecuário e reduziu o tempo médio para o abate (em torno de 18 e 20 meses) de um animal e ampliou a competitividade internacional das exportações brasileiras de carne bovina. 6. Finalmente, após a década de 1990, o aumento da demanda por alimentos relacionadas com o crescimento das economias emergentes têm aumentado a demanda por proteína animal e vegetal e, em seguida, a produção de grãos.

Expansão da fronteira agrícola

Agro Pecuária Efeito poupa terra Efeito poupa terra (EPT) relacionado com a produção agrícola (soja, milho, café, cana, algodão, trigo e feijão) e de carne de 1960 a 2010 Produção Variable 1960s 2010s Tradicional Moderna % EPT Área Plantada (Milhões Ha) L 18.7 41.2 120 Produtividade (Kg/Ha) A 0.003 0.012 313 129.0 Produção (Mil toneladas) P 0.055 0.503 809 Animais abatidos (Milhões de cabeça) h 7.1 41.2 477 Pastagens (Milhões Ha) L 122.3 160.0 31 Peso carcaça (Kg/An) G 191.7 218.8 14 Taxa de estoque (An/Ha) S 0.06 0.26 341 645.9 Produtividade animal A 11.2 56.4 404 (Kg/Ha) Produção (Mil toneladas) P 1369.1 9020.0 559 Fonte: IBGE (2014) e FAO (2014) Agro: P=A.L Pecuária: P=A.L=(G.S).L=(P/h).(h/L).L EPT1: (P1/A0) L1 Peso carcaça x Taxa de lotação x Pastagens Total EPT 775.0

Parte 2 Desafios e perspectivas Elementos que influenciam a demanda e a oferta Variáveis que impulsionam a DEMANDA População e Urbanização Renda dos Emergentes Biocombustível Desvalorização do Dólar Variáveis que reduzem a OFERTA Restrições de terra Escassez de água Oferta de fertilizantes Incertezas do ambiente macroeconômico e político

Produção agrícola no Centro Oeste Participação percentual da quantidade produzida do Centro Oeste no total da produção nacional por produtos selecionados Região Produto 1990 2000 2010 2013 Algodão 10,7 69,2 60,5 65,7 Cana-de-açúcar 5,4 7,5 13,6 17,1 Centro Oeste Milho 14,6 19,5 30,5 44,7 Soja 32,4 47,1 45,9 46,8 Fonte: IBGE

Produção pecuária no Centro Oeste Participação percentual do efetivo de bovino no total nacional por regiões selecionadas Regiões 1990 2000 2010 2013 Norte 9,1 14,4 20,1 21,1 Nordeste 17,8 13,3 13,7 13,7 Sudeste 24,7 21,7 18,3 18,6 Sul 17,2 15,5 13,3 13,0 Centro-Oeste 31,2 35,1 34,6 33,6 Fonte: IBGE Participação percentual do abate de bovinos no Centro Oeste no total nacional por estados 1997 2000 2010 2015 Mato Grosso do Sul 13,7 16,2 10,6 9,4 Mato Grosso 9,3 14,0 16,6 14,7 Goiás 15,1 12,4 10,3 10,8 Centro Oeste 38,1 42,6 37,6 35,3 Fonte: IBGE

Percentual de orientação técnica recebida pelo produtor (%) 3 5 5 10 12 12 18 19 23 9 13 25 92 85 70 69 52 78 Nordeste Norte Centro Oeste Sudeste Sul Brasil Não receberam Ocasionalmente Regularmente

IDH - 1990

IDH - 2010

Níveis de escolaridade Tabela 4 - Pessoas que dirigem os estabelecimentos agropecuários por nível de instrução Regiões Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul Brasil Valores absolutos (Mil) Analfabetos 138 1138 47 145 76 1543 Não analfabetos 45 307 20 68 38 479 Ensino fundamental 262 872 189 543 763 2629 Ensino médio 25 111 42 106 96 379 Ensino superior 6 23 20 60 34 146 Total 476 2454 317 922 1006 5176 Percentual de Estabelecimentos por região 9,2 47,4 6,1 17,8 19,4 100,0 Valores percentuais (%) Analfabetos 29,0 46,4 14,7 15,8 7,5 29,8 Não analfabetos 9,4 12,5 6,1 7,4 3,8 9,2 Ensino fundamental 55,1 35,5 59,6 58,8 75,8 50,8 Ensino médio 5,2 4,5 13,2 11,5 9,5 7,3 Ensino superior 1,2 0,9 6,4 6,5 3,4 2,8 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Fonte: Censo agropecuário IBGE (2006).

Taxa de analfabetismo da população de 11 a 14 anos de idade

Plano de investimentos - 2015

Ferrovias não atendem as novas fronteiras agropecuárias

Exportação de soja no Brasil Exportação de soja por valor e quantidade pelos principais portos do Brasil (2014) Milhões US$ Milhões de Percentual Percentual por Portos FOB toneladas Peso região Porto de Manaus - AM 733,719 1,411 3,1 Barcarena - PA 569,342 1,111 2,4 Santarém - PA 443,873 0,882 1,9 Porto de São Luís - MA 1562,194 3,116 6,8 Porto de PECEM - CE 0,031 0,000 0,0 Porto de Ilhéus - BA 82,996 0,161 0,4 Porto de Salvador - BA 1038,815 2,015 4,4 Porto de Vitória - ES 1601,093 3,172 6,9 Porto de Santos - SP 6465,477 12,719 27,8 Porto de Paranaguá - PR 3798,135 7,589 16,6 Porto de Imbituba - SC 278,694 0,514 1,1 Porto de Itajaí - SC 7,238 0,013 0,03 Porto de São Francisco do Sul - SC 2506,400 4,911 10,7 Porto de Rio Grande - RS 4219,569 8,159 17,8 Norte 7,4 Nordeste 11,6 Sudeste 34,7 Sul 46,3 Total 23307,576 45,773 100,0 Total 100,0 Fonte: Sistema Alice/SECEX

Barcarena Miritituba Açailândia Bioceânica Porto Velho Rio Branco Capimnorte Lucas do Rio Verde Anápolis Planejado Construído

O cenário macroeconômico

Fontes de disponibilização de recursos para crédito rural

Revisão do superávit primário

Obrigado pela atenção! José Eustáquio Ribeiro Vieira Filho Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) jose.vieira@ipea.gov.br Research Gate: https://www.researchgate.net/profile/jose_eusta quio_vieira_filho/publications