CATÁLOGO ÁREA: Estética TEMA: As multiplicidades Virtuais HISTÓRIA DA FILOSOFIA: Filosofia Contemporânea. INTERDISCIPLINARIDADE: Literatura Pós-moderna brasileira DURAÇÃO: 1 aula de 50 AUTORIA: Caroline Mendes de Carvalho OBJETIVO: Será feita a análise da representação literária e psicológica do devir deleuziano, em que os personagens da obra Grande Sertão: Veredas passam por uma configuração identitária que é possível devido aos seus desejos, ao meio e às relações intrapessoais. METODOLOGIA: O desenvolvimento da proposta será por meio da exposição da história narrada no livro Grande Sertão veredas. APRESENTAÇÕES: João Guimarães Rosa Nasceu em Cordisburgo - MG, em 1908, e faleceu no Rio de Janeiro em 1967. Passou sua infância e juventude na zona de Urucuia, que haveria de marcar lhe a visão regionalista. Formado em Medicina em Belo Horizonte, clinicou no interior mineiro, e foi capitão-médico da força pública do seu Estado. Entrou na carreira diplomática e no começo da Segunda Guerra Mundial, representava o Brasil em Hamburgo na Alemanha, e voltou ao Brasil após a declaração de guerra deste ao Eixo. Foi secretário da embaixada em Bogotá, em 1942; chefe de gabinete do Ministro Neves da Fontoura, em 1946; conselheiro da
embaixada em Paris, em 1948; chefe de gabinete do Ministro das Relações Exteriores, em 1951. Na sua vida literária, obteve grande destaque entre os pós-modernistas. Suas obras são construídas a partir de elementos regionais, a saber, os sertões de Minas Gerais. Na elaboração de seu estilo, utilizou vários processos, como a criação de palavras. Aproveitouse do linguajar regional, explorando aspectos sonoros da linguagem, como aliterações, onomatopéias, etc. Do regional, ele extraiu a matéria para a criação de uma obra de sentido universal; Guimarães renovou a literatura regionalista brasileira, estabelecendo-se como uns dos escritores mais importantes desta escola literária. Gilles Deleuze Gilles Deleuze (1925-1995), filósofo francês, vinculado aos denominados movimentos pós-estruturalistas, categorizações que o próprio Deleuze questionava pelo que trazem, ainda, da visão e luta pelo idêntico. Suas teorias acerca da diferença e da singularidade nos desafiam a pensar em temas como rizoma, ontologia da experiência, a teoria do que fazemos, a virtualidade e a atualidade. Deleuze, assim como Foucault, foi um dos estudiosos de Kant, mas tem em Bergson, Nietzsche e Espinosa, poderosas intersecções. Professor da Universidade de Paris VIII, Vincennes, Deleuze atualizou idéias como as de devir, acontecimentos, singularidades, enfim conceitos que nos impelem a transformar a nós mesmos, incitandonos a produzir espaços de criação e de produção de acontecimentos-outros. Em sua vida, Deleuze fez tanto críticas ao marxismo como ao freudismo, ponderando-os como representantes de um burocratismo fundamental. Acima de tudo, Deleuze nos convida a experimentar junto com ele suas idéias, sem nos tornarmos representantes de deleuzianismos, ou de um pensamento deleuziano. Muito mais experimentar com Deleuze, sem se filiar, fazer alianças sempre, intensas, porém não eternas ou mesmo de subserviência! CONTEÚDO:
A filosofia de Deleuze é uma teoria a respeito das multiplicidades virtuais, que fazem parte do devir (vir-a-ser, tornar-se). O devir é causado pelo Corpo sem Órgãos (CsO) que consiste em uma matriz intensiva. Há um meio denominado campo de imanência, que é um campo de possibilidades. O ser é esse campo de possibilidades, representado por um corpo sem atributos, no qual as coisas vão aparecendo, e constituindo-se em uma determinada configuração identitária. Esta está sempre metamorfoseando, ou seja, modificando-se, e isso se dá justamente pelo campo de imanência. A metamorfose também é determinada pelo meio físico, e este é a condição das relações. O devir deleuzeano não é eterno e indeterminado, pois há necessidade do homem de se estabelecer em uma identidade. Existem vários projetos de estados intensivos que estão interpenetrados, o que gera para o sujeito uma infinita possibilidade de mudança, direções variadas (raiz rizomática). Esse que ainda não identificou-se é chamado de virtual, de uma possibilidade identitária, além da identidade atual. Cada estado intensivo possui nome próprio, que são possibilidades heterogêneas. Análise filosófica da obra: Riobaldo será analisado aqui como a representação literária do devir deleuzeano. Tal personagem passa por várias configurações identitárias, que são possíveis devido aos seus desejos, ao meio, e as relações intrapessoais. Há um campo de possibilidades, ou campo de imanência, no ambiente em que a obra se desenvolve, que corresponde ao sertão, cujas relações determinam diretamente a personalidade. O sujeito está receptivo às afetabilidades. Daí surgem as inúmeras metamorfoses de Riobaldo na qual ainda não se pode determinar seu verdadeiro interesse, mas é possível definir, a princípio, o que o levou a se transformar. No campo de imanência de Riobaldo estavam somados todos seus atributos, como por exemplo, o de ser jagunço, chefe do bando e fazendeiro. Sertão é onde manda quem é forte, com as astúcias. Deus mesmo, quando vier, que venha armado! (ROSA, 1986: 11) O sertão está em toda parte. (ROSA, 1986;) CONCLUSÃO:
As transformações sofridas pelo protagonista da obra são a representação da teoria das multiplicidades elaboradas por Deleuze. ATIVIDADES: Dinâmica de leitura com um trecho de Deleuze e um trecho de Guimarães Rosa. Exemplo: Sertão é onde manda quem é forte, com as astúcias. Deus mesmo, quando vier, que venha armado! (ROSA, 1986: 11) O sertão está em toda parte. (ROSA, 1986;) AVALIAÇÃO: PROVA Segundo a filosofia de Deleuze, porque é possível Riobaldo se metamorfosear? RESPOSTA: A metamorfose de Riobaldo é possível devido ao campo de imanência que consiste nas redes de relações físicas e psicológicas estabelecidas no decorrer da sua vida. BIBLIOGRAFIA: CARVALHO, Jairo Dias. Multiplicidade e Virtual: em Deleuze. LUFT, Celso Pedro. Novo Manual de Português, Gramática, Ortografia oficial, Literatura, Redação, Textos e Testes. 3 ed. São Paulo. Globo, 1996. ROSA, João Guimarães. Grande Sertão: Veredas. 33 impressão. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1986. TUFANO, Douglas. Gramática e Literatura brasileira: curso completo. 1 ed. São Paulo: Moderna, 1995.
Bibliografia Virtual: http://www.ricesu.com.br/colabora/n8/homenagem/index.htm. Acessado em 07/12/2006.