CARTOGRAFIA COGNITIVA: CONTRIBUIÇÕES PARA O ENSINO E AVALIAÇÃO DA MATEMÁTICA Michelly Cássia de Azevedo Marques 1 Universidade Estadual da Paraíba micassia13@hotmail.com Rômulo Marinho do Rêgo 2 Universidade Estadual da Paraíba romulomate@gmail.com Resumo: O objetivo deste minicurso é discutir como a cartografia Cognitiva, sobretudo os Mapas Conceituais e Mentais, podem ser úteis para o ensino e avaliação em Matemática. O mini-curso terá uma carga-horária total de 4 horas (2 horas para explanação do tema e 2 horas para as atividades práticas). Após a apresentação dos conteúdos - (A Cartografia Cognitiva - os mapas conceituais e mentais, como construir um mapa conceitual e mental; exemplos de mapas em distintas áreas; cartografia cognitiva como recurso para o ensino e avaliação) - os participantes terão a oportunidade de construírem mapas conceituais e mentais coletiva e individualmente - sobre tema livre, ligado à Matemática. Recursos: Retroprojetor, lousa, papel, lápis, cola. O material básico para as atividades é composto de mini-cartões, que serão fornecidos pelos responsáveis pelo minicurso. Palavras-chave: Cartografia Cognitiva; Mapas Conceituais; Mapas Mentais; Ensino e Avaliação. Introdução Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais do Terceiro e Quarto ciclo do Ensino Fundamental, o conhecimento matemático exerce papel de apoio a diversas áreas do conhecimento, fornecendo subsídios para lidar com diversas situações, tanto no cotidiano escolar como na vida social e profissional. Por outro lado, a forma de apresentação desse conhecimento é determinante para o aprendizado dos alunos: O estabelecimento de relações é fundamental para que o aluno compreenda efetivamente todos os conteúdos matemáticos, pois, abordados de forma isolada, eles não se tornam uma ferramenta eficaz para resolver problemas e para a aprendizagem/construção de novos conceitos (BRASIL, 1998, p. 37). 1 2 Aluna do Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática UEPB Professor do DME/CCT/UEPB e do Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática da UEPB. 1
O ensino mediado pela estrutura lógica dos conteúdos pode ser uma fonte potencial de bloqueios para a aprendizagem, incluindo dificuldades no que se refere ao estabelecimento de relações entre os conceitos. Na perspectiva cognitivista, os conteúdos são desenvolvidos em torno de determinados conceitos e suas ligações, tendo como base os conhecimentos prévios dos alunos. De uma perspectiva cognitivista, pode-se definir a aprendizagem como um processo de aquisição, reestruturação e mudança das estruturas de conhecimento, no qual a percepção, a atenção e a memória, a partir da interpretação dinâmica dos fenômenos desempenham um papel importante (ONTORIA, 2004, p. 45). Em consonância com essa perspectiva, a técnica de construção de mapas de conhecimento (Cartografia cognitiva) tem sido pesquisada e utilizada em instituições de ensino de vários níveis. Segundo os autores que defendem seu uso, os mapas auxiliam o aluno na organização das idéias (Mapas Mentais) e facilitam a visualização das conexões entre conceitos relacionados a um mesmo tema (Mapas Conceituais). A construção da representação espacial facilita a construção do conhecimento. Nossa compreensão decorre da associação da nossa cognição que decorre da associação de nossa percepção. Associando imagens do mundo objetivo e subjetivo podemos vê-lo e entendê-lo melhor. [...] O objetivo da Visualização de Informação é revelar descobertas das conexões de informação complexa e abstrata, através da representação gráfica. Nesse processo, as habilidades cognitivas humanas são ativadas, como por exemplo, percepção mais ampla, pensamento crítico, mais consciente e questionador. Quando mapeamos essas imagens e nossas associações podemos compreender nossas estruturas cognitivas, o que desconhecemos e como conhecemos (OKADA, 2000). Nesta direção, o pesquisador americano Joseph Novak desenvolveu um meio de relacionar conceitos ligados a um mesmo tema: o mapa conceitual; seguindo Ausubel Autor da Teoria da Aprendizagem Significativa - que afirma: o fator isolado mais importante que influencia a aprendizagem é aquilo que o aprendiz já sabe. Averigüe isso e ensine-o de acordo. (AUSUBEL, 1978). Para este autor, o conhecimento científico é constituído de uma rede de vários conceitos inter-relacionados que não devem ser estudados de forma isolada. 2
O mapa conceitual é uma estrutura representada por diagramas, geralmente caixas retangulares ligadas por setas e palavras. No topo do mapa está o tema a ser desenvolvido e em cada uma das outras figuras há um conceito. Esses conceitos são associados uns aos outros por meio de linhas com palavras-chave - dando significado às relações, produzindo assim um determinado conhecimento. Constitui-se num método para relacionar os conceitos ligados a um mesmo tema ou conteúdo. Fornece meios para o professor associar conceitos novos aos conhecimentos prévios dos aprendizes, auxilia o professor na avaliação dos alunos e na sua própria; possibilita reflexões sobre a prática de ensino e ainda pode ser utilizado para a elaboração de uma aula ou no planejamento de toda uma matéria. Figura 1: Um modelo para mapeamento conceitual Fonte: (MENEGOLLA, 2007). O Mapa Mental foi desenvolvido pelo Psicólogo e Matemático Tony Buzan. Quando ainda estudante universitário, Buzan mostrava grande inquietação pelo funcionamento do cérebro e como usá-lo diante da grande quantidade de informação, o pouco tempo de trabalhá-la e as exigências acadêmicas. Através de experimentos percebeu que a combinação de várias habilidades (como escrever e desenhar) permitia que o cérebro funcionasse melhor, o que deu origem a configuração dessa nova forma de aprender 3
criativa e estimulante. Buzan compara a árvore com a estrutura gráfica dos mapas mentais: o tronco é a idéia central e os galhos são as idéias secundárias ligadas ao tronco. Pode-se sintetizar o significado dos mapas mentais com a afirmação de que são uma representação gráfica de um processo integral e total da aprendizagem que facilita a unificação, diversificação e integração de conceitos ou pensamentos (ONTORIA, 2004, p.43). Figura 2 : Mapa mental Fonte: (OKADA, 2000) Buzan, com sua teoria do pensamento irradiante, promove uma aprendizagem que potencializa o pensamento criativo e, portanto, estabelece uma combinação de idéias ou conceitos para gerar outras novas (ONTORIA, 2004, p. 46). [...]quando se usa a expressão pensamento irradiante, faz-se referência àqueles processos associativos de pensamento que procedem de um ponto central ou se conectam a ele (BUZAN, 1996: 67 apud ONTORIA, 2004, p.23). 4
Neste minicurso apresentaremos a Cartografia Cognitiva como uma ferramenta de ensino e de avaliação da aprendizagem de conceitos matemáticos. Ou seja, como um instrumento capaz de identificar como os alunos relacionam conceitos ligados a um mesmo tema matemático. Objetivos Apresentar a Cartografia Cognitiva como recurso para o ensino e avaliação da aprendizagem Matemática. Público-alvo Professores de Matemática, pesquisadores da Educação Matemática e alunos do curso de Licenciatura em Matemática. Metodologia Durante o minicurso, os participantes aprenderão a técnica de mapeamento conceitual e mental e como utilizá-la no ensino e avaliação de matemática. O curso terá uma carga-horária total de 4 horas 2 horas para explanação do tema e 2 horas para as atividades práticas. O curso foi elaborado a partir do livros A teoria da aprendizagem significativa e sua implementação em sala de aula de Marco Antonio Moreira, que apresenta, além da teoria de David Ausubel, a metodologia de construção dos mapas conceituais e Aprender com Mapas Mentais uma estratégia para pensar e estudar de Ontoria, Luque e Gómez no qual os autores, baseando-se na Teoria do Pensamento Irradiante de Tony Buzan, orientam os educadores para a aplicação dos mapas mentais em Educação Infantil, Fundamental, Média e Superior. O roteiro do curso seguirá a explanação dos seguintes tópicos: 1. A Cartografia Cognitiva - pressupostos teóricos; 2. O que são Mapas conceituais e Mapas Mentais; 5
3. Como construir mapas conceituais e mentais; 4. Exemplos de Mapas Conceituais e Mentais em distintas áreas e na Matemática; 5. Cartografia Cognitiva como recurso instrucional e de avaliação; 6. Softwares especializados na construção de mapas conceituais e mentais Cmap Tools e Free Mind. Atividades Após a apresentação do conteúdo acima, os participantes terão a oportunidade de construírem mapas conceituais e mentais sobre tema livre ligado à Matemática. Essa construção se dará, num primeiro momento, em conjunto (com o auxílio da instrutora), em lousa visível a todos a partir dos conceitos ou idéias citados pelos participantes. Num segundo momento iniciaremos a construção dos mapas individuais. Para esta atividade, cada participante receberá cola, papel e mini-cartões - nos quais escreverão os conceitos ou idéias ligados ao tema que escolheram individualmente. Recursos materiais Retroprojetor (ou Data show), lousa, papel, lápis, cola. O material básico para as atividades é composto de mini-cartões, que serão fornecidos pelos responsáveis pelo curso. Referências AUSUBEL, D.P; NOVAK, J. D.; HANESIAN, H. Educational psychology. 2 ed. Nova York: Holt, Rinehart and Winston: 1978. BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais (5ª A 8ª séries) : Matemática / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília : MEC / SEF, 1998. MOREIRA, M. A. A Teoria da Aprendizagem Significativa e sua implementação em sala de aula. Brasília: Editora UNB, 2006. 6
MENEGOLLA A. M. Usando Mapas Conceituais no Estudo da Matemática. Disponível na internet: http://tede.pucrs.br/tde_busca/arquivo.php?codarquivo=36. Arquivo consultado em 16 de março de 2010. OKADA, Alexandra Lilavati Pereira. Cartografia Cognitiva, Mapeando Conhecimento e organizando redes de informação na internet. Disponível na internet via http://people.kmi.open.ac.uk/ale/papers/a03kmbrasil2003.pdf. Arquivo consultado em 16 de março de 2010. OKADA, Alexandra Lilavati Pereira; SANTOS, Edméa; OKADA, Saburo. Cap.6 Estratégias para construção de mapas cognitivos. Disponível na internet via http://people.kmi.open.ac.uk/ale/chapters/c13kcm2008.pdf. Arquivo consultado em 16 de março de 2010. ONTORIA, Antonio; LUQUE, Angela de; GÓMEZ, Juan Pedro R. Mapas Mentais: Uma estratégia para pensar e estudar. São Paulo: Madras, 2004. 7