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AÇÃO CIVIL PÚBLICA 0055245-23.2013.4.01.3800 AUTORES: MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS, MINISTERIO PUBLICO FEDERAL RÉU: CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA CFM SENTENÇA O Ministério Público Federal e o Ministério Público Estadual ajuizaram a presente Ação Civil Pública, objetivando a condenação do Conselho Federal de Medicina na obrigação de fazer consistente na edição de resolução, com publicidade de âmbito nacional, visando orientação a todos os profissionais médicos, às direções de hospitais públicos e privados, gerências de unidades de tratamento médico (clínico e ambulatorial), direção de Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), bem como aos Conselhos Regionais de Medicina dos Estados, no sentido de atenderem às requisições do Ministério Público, no prazo de até 10 (dez) dias, consistentes em prontuários médicos e papeletas de atendimento de pacientes, dispensando-se qualquer autorização dos respectivos pacientes ou de seus familiares. Na inicial, instruída com o Inquérito Civil MPMG 0024.12.003476-4 (juntado por linha), os Autores dizem que o Ministério Público Estadual, por meio da Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde de Belo Horizonte MG, recebe usuários dos sistemas público e privado de saúde com reclamações sobre negativas de acesso a prontuários médicos de familiares falecidos. Asseveram que o MPE recorre às vias administrativas, intervindo em favor dos familiares, mas as unidades e serviços de saúde, não raro, descumprem a requisição ministerial sob alegação de sigilo profissional. Alegam que o sigilo profissional não deve ser tratado como absoluto, destacando que o art. 129, VI, da Constituição Federal confere ao Pág. 1/5

Ministério Público o poder de requisitar informações e documentos para instruir procedimentos administrativos. Sustentam que o art. 8º, 2º, da Lei Complementar 75/93 assegura que nenhuma autoridade poderá opor a exceção de sigilo ao Ministério Público, devendo subsistir o caráter sigiloso da informação, do registro, do dado ou do documento. Argumentam que o inciso II do mesmo artigo garante que o Ministério Público poderá requisitar informações, exames, perícias e documentos de autoridades da Administração Pública direta ou indireta. Destacam que a Lei Complementar Estadual 34/1994 contem disposições em igual sentido. Alegam que, além da legitimidade de familiares e pacientes, para defesa de direitos personalíssimos, há que se reconhecer a legitimidade do Ministério Público, para a promoção do direito fundamental à saúde e para exercício da titularidade de ação penal pública. O exame do pedido de liminar foi postergado para depois da apresentação da defesa pelo Réu, nos termos do despacho de f. 40. Citado, o Conselho Federal de Medicina apresentou a contestação de f. 44/82, arguindo preliminares de ilegitimidade ativa do MPF e do MPMG; de ausência de interesse de agir e de carência de ação e de impossibilidade jurídica do pedido. No mérito, defende a legalidade e a constitucionalidade da Resolução CFM 1.931/2009, ressaltando que o sigilo visa impedir indevida invasão da intimidade das pessoas. Por força da decisão proferida no Agravo de Instrumento 62793-19.2014.4.01.0000, foi declarada a competência deste juízo. O pedido de antecipação dos efeitos da tutela foi indeferido, consoante decisão de f. 158/159. Pág. 2/5

Impugnação do MPF à contestação às f. 161/162. O MPMG não apresentou intimação, apesar de regularmente intimado (f. 205). Dispensada a realização de audiência de conciliação, nos termos do despacho de f. 209. Aberta a oportunidade para especificação de provas, as partes disseram não desejar produzi-las (f. 210; 212 e 213). conclusão. Estando o processo em condição de julgamento, vêm os autos à É o relatório. Decido. A preliminar de ilegitimidade ativa dos Autores deve ser rejeitada. Com efeito, ao contrário do que assevera o Réu, o direito objeto desta ação apresenta-se como direito difuso da sociedade à atuação do Ministério Público em inquéritos e procedimentos investigatórios relacionados à prestação dos serviços de saúde. O interesse da coletividade está demonstrado pelos Autores, motivo pelo qual tenho para mim que se encontram presentes as hipóteses descritas no art. 129, III, da Constituição Federal e no art. 5º, I, da Lei 7.347/85. Rejeito, igualmente, as questões preliminares de falta interesse de agir e de carência de ação. O interesse no manejo da ação exsurge da recusa do Réu em fornecer os documentos a que os Autores pretendem ter acesso. Outro caminho não há, neste contexto, senão a provocação do Judiciário. Pág. 3/5

A preliminar de impossibilidade jurídica do pedido deve ser rejeitada, porquanto a pretensão de condenação em obrigação de fazer consistente na regulamentação de procedimento profissional não é proibida no ordenamento jurídico pátrio. Rejeitadas as questões preliminares, adentro ao exame do mérito do pedido formulado pelos Autores, destacando que tanto o STJ como o STF já apreciaram a matéria em discussão nesta Ação Civil Pública. Ao apreciar o RE 1.217.271, o STJ decidiu que a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça já definiu que o art. 8º da Lei Complementar 73/1995 não exime o Ministério Público de requerer a autorização judicial prévia para que haja o acesso a documentos protegidos por sigilo legalmente estatuído. Precedentes: AgRg no HC 234.857/RS, Rel. Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, julgado em 24.4.2014, DJe 8.5.2014; e HC 160.646/SP, Rel. Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma, julgado em 1.9.2011, DJe 19.9.2011. O Supremo Tribunal Federal também já consignou que, para haver o acesso aos documentos protegidos legalmente por sigilo, faz-se necessária a autorização judicial. Precedentes: RE 535.478 Min Ellen Gracie, Segunda Turma, julgado em 28/10/2008; RE 318.136 AgR, Rel. Min. Cezar Peluso, Segunda Turma, julgado em 12/09/2006. (Relator Ministro Humberto Martins, data de julgamento 18/05/2016). Como se vê, a pretensão dos Autores não encontrou guarita nos tribunais superiores, motivo pelo qual impõe-se a rejeição da pretensão vertida na inicial. Nestas razões, julgo improcedente o pedido formulado pelos Autores. Pág. 4/5

Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o que dispõe o art. 18 da Lei 7.357/85. Decisão sujeita a reexame necessário, porque ajuizada pelo Ministério Público Federal e pelo Ministério Público Estadual, que decaíram do pedido. contrária. Havendo interposição de recurso voluntário, abra-se vista à parte Oportunamente, remetam-se os autos ao Eg. TRF 1ª Região. P.R.I. Belo Horizonte, 2 de agosto de 2017. (Assinatura Digital) WILLIAM KEN AOKI Juiz Federal Substituto da 3ª Vara - MG Pág. 5/5