Formação Inicial e Continuada DOCUMENTO BASE. Ensino Fundamental

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Transcrição:

Formação Inicial e Continuada DOCUMENTO BASE Ensino Fundamental

CONSIDERAÇÕES GERAIS Documento composto a partir das considerações constantes dos capítulos 1 e 2 do Documento Base do PROEJA (BRASIL, 2006), A Educação de Jovens e Adultos no Brasil e Percursos descontínuos e em descompasso em relação à Educação Básica no Estado brasileiro, respectivamente. O Documento Base do PROEJA contempla aspectos relacionados à integração do ensino médio e os cursos técnicos de nível médio. O Documento Base do PROEJA-FIC já contempla uma abordagem sobre questões acerca da integração entre formação inicial e continuada de trabalhadores e os anos finais do ensino fundamental na EJA.

Trata-se de um documento segmentado em 7 tópicos, dos quais 6 abordam questões sobre acesso, permanência e qualidade da Educação Básica, a necessidade de integração entre Educação Profissional, formação inicial e continuada e o ensino fundamental na EJA, a Política de integração da Educação Profissional FIC na EJA, concepções e princípios gerais, Projeto Político Pedagógico e os aspectos operacionais.

Acesso, permanência e qualidade Embora a universalização esteja sendo ampliada, problemas como qualidade, dualidade público X privado, repetência e evasão ainda estão muito presentes na realidade educacional. 94% de crianças entre 7 e 14 anos tem acesso ao EF, mas deficiências dificulta a permanência e causa evasão de crianças das classes populares. Censo de 2005 constatou que 91,8%, inclusive na EJA, estão matriculados na rede pública e 9,2% na privada.

Semelhante resultado é constatado no EM, com 88,2% matriculados na rede pública. Já na ES constata-se o inverso, com 71% matriculados na rede privada. Aqueles que frequentam cursos superiores mais concorridos são os mesmos que frequentaram a rede privada no EF e EM. A pequena parcela de filhos das classes populares que usufruíram do serviço público de ensino e que frequentam a universidade, o fazem na rede privada de ES. Isso acontece não por opção, mas em função de que não foram contemplados com um ensino de qualidade que garantisse paridade no processo seletivo concorrido.

Ainda que se garanta o acesso ao ensino básico, isso não é suficiente para garantir a plena aprendizagem nem os processos de produção de saberes. As raízes dos problemas estão relacionadas às concepções de educação, às práticas pedagógicas, ao financiamento da educação, à gestão do sistema escolar, infraestrutura física, formação dos profissionais e déficit quantitativo de tais profissionais. Em relação ao financiamento o FUNDEB, em substituição ao FUNDEF, amplia a vinculação institucional que, antes, só atendia o EF, mas agora atende a educação infantil, o EM e a EJA.

Aumento significativo do número de atendidos que, antes era de aproximadamente 38 milhões matriculados no EF e, agora, mais quase 11 milhes do EM e EJA e aproximadamente 7 milhões da educação infantil, o que implica em aumento do financiamento. Em relação à gestão as dificuldades são muitas e aparentes, ressaltando a descontinuidade de políticas públicas educacionais em função da alta rotatividade dos dirigentes públicos em todas as esferas políticas. Isso favorece a promoção pessoal ou políticopartidária. Também ressalte-se a inadequação da gestão frente às necessidades e interesses da população.

Muito se ouve falar da gestão democrática ou participativa, mas no concreto as coisas são diferentes em função de alinhamentos político-partidários. Reducionismo nas concepções de gestão democrática à eleição dos dirigentes escolares. Para superação é necessário que a gestão seja baseada no coletivo e não centralizada em pequenos grupos ou partidos, envolvendo, além dos dirigentes, todo o quantitativo educacional (profissionais, discentes, familiares, comunidade em geral). Aplicar tal fundamento, sobretudo na construção do PPP princípio da construção coletiva.

Formação de professores (inicial e continuada) é elemento central. Dados quantitativos relacionas à evasão e à distorção idade-série sugerem urgência no tratamento não fragmentário, mas totalizante e sistêmico de toda questão educacional.

CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS O PROEJA se fundamenta na tríade: Formação voltada para atuação no mundo do trabalho Especificidades do sujeito; e Formação voltada para o gozo e o pleno exercício da cidadania. Em função desse fundamento, o Documento Base PROEJA- FIC leva em consideração os seguintes pontos: Vê como cidadão e trabalhador o jovem e o adulto. O trabalho é tido como princípio educativo. Necessidades específicas e demandas atuais relacionadas à formação do trabalhador. A estreita vinculação entre currículo, trabalho e sociedade.

O PROEJA é fundamentado com base em alguns princípios: Princípio da aprendizagem e conhecimentos que tenham significado para o educando. Princípio de respeito ao ser e saber do educando. Princípio do processo de construção coletiva do conhecimento. Princípio da interdependência entre educação e trabalho, integrando a Educação Básica e a Profissional e Tecnológica. Princípio interdisciplinar. Princípio da avaliação como processo.

Considerando a importância do trabalho enquanto elemento de forte socialização e solidariedade é que o Documento Base PROEJA-FIC foi pensado a partir da integração entre a Educação Profissional e a FIC. Desafios do mundo do trabalho relações humanas (respeito, comunicação, alteridade, educação, qualificação científica) para o desenvolvimento das atividades humanas, dentre elas a profissional. Isso imprime uma lógica de que a escola deve se sensibilizar frente as novas demandas no processo de formação/capacitação de trabalhadores, primando pela integralidade na formação e garantir, além de acesso, também permanência na própria escola e no mundo do trabalho.

De acordo com o Documento Base há uma relação de habilidades que devem ser contempladas no ato educacional de JA, quais sejam: Capacidade de raciocinar logicamente. Ter iniciativa frente a situações específicas. Ser solidário. Ser capaz de administrar conflitos. Deter conhecimentos científico e tecnológico. Ser capaz de ler bem e de interpretar satisfatoriamente o que leu. Desenvolver a liderança. Ser capaz de abstrair conceitos e tomar decisões.

PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO Considerando o artigo 37 da LDB, que diz que: A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou oportunidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria, o Documento Base aponta os princípios políticopedagógicos básicos secundo a sua proposta, quais sejam: O diálogo entre professor e aluno: desenvolvimento de ambiente e relação favoráveis ao processo ensinoaprendizagem. A história de vida do aluno: O sucesso escolar depende da valorização do contexto do aluno.

O espaço e tempo de formação: a sala de aula como ponto de encontro e superação das diversidades. A produção de conhecimento: tanto aluno quanto professor são sujeitos-agentes no processo de construção do conhecimento. A abordagem articulada das informações: Favorecer uma articulação entre a teoria e a prática docente a fim de priorizar a compreensão crítica de relações dos fenômenos no contexto sociopolítico e cultural. A preparação para o trabalho e suas várias dimensões: É necessário preparar para o mundo do trabalho, mas é ainda mais premente valorizar as dimensões filosófica, estética, política e ética, superando os limites do utilitarismo da Educação Profissional, superando a pedagogia taylorista/fordista.

Os desafios de se construir um PPP que contemple tais princípios podem ser minimizados ao se observar algumas dimensões elencadas pelo Documento Base, quais sejam: Público-beneficiário: transcender discussões sobre a determinação etária para jovens e atender àqueles que contam com a idade mínima para ingresso na EJA (mas a proposta do curso está voltada para um público de maior idade). Modalidade de oferta: compartilhar espaços e histórias de vida é de grande importância e significado, por isso a importância da presencialidade.

Organização curricular: Evitar a tradicional fragmentação curricular e primar pela integração e interdisciplinaridade. Organização dos tempos e espaços: considerar a carga horária proposta para o curso independentemente do ano civil, primando pela presencialidade e a organização em unidades formativas, modalidades, etapas ou fases, conforme definido pela instituição proponente. Aproveitamente de estudos e experiências anteriores: conduzir os alunos a uma situação de aprendizagem e reflexão crítica a partir de suas histórias de vida e experiências pessoais, valorizando as relações sócioculturais.

Avaliação: trabalhar com a multiplicidade de ferramentas avaliativas considerando as especificidades e particularidades do indivíduo dentro do coletivo. Áreas de formação: é preciso se pensar a oferta de cursos do PROEJA-FIC em consonância com as demandas sociais, arranjos produtivos, sociais e culturais de cada localidade ou comunidade.

Educação Profissional Técnica de Nível Médio / DOCUMENTO BASE Ensino Médio

CONSIDERAÇÕES GERAIS A EJA no Brasil é historicamente marcada pela descontinuidade e por políticas públicas ineficazes e insuficientes para conseguir suprir a demanda e cumprir o direito conforme o estabelecido na Constituição Federal de 1988. Políticas públicas isoladas, centralizadas (interesses de grupos político-partidários). A partir de 2003, através do programa Brasil Alfabetizado, se viu crescer a preocupação com a destinação de verbas para os municípios promoverem a continuidade.

Todavia a demanda por políticas públicas constantes e duradouras neste segmento é crescente. Em função da evasão e/ou da repetência há uma grande presença de jovens na EJA. O problema do acesso tem sido equacionado, entretanto o problema da qualidade do ensino, que garante a permanência e sucesso do ensino-aprendizagem, ainda caminha a passos lentos. Além do mais os problemas ocasionados a partir das desigualdades socioeconômicas são um agravante, obrigando famílias a explorar o trabalho infantil.

A EJA em si atua com indivíduos marginalizados pelo sistema que ainda carregam alguns atributos associados, tias como etnia, gênero, entre outros. Através do Decreto n. 5.478, de 26 de junho de 2005, inicialmente denominado como Programa de Integração da Educação Profissional ao Ensino Médio na Modalidade Educação de Jovens e Adultos, observase a exposição da decisão governamental em atender a demanda existente de jovens e adultos através da oferta de educação profissional e técnica de nível médio. Sua base de ação teve como princípio a Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, mas anteriormente ao citado decreto instituições da Rede já vinham desenvolvendo alguma experiência na área.

Tais experiências em conjunto com os pressupostos do programa mostraram a necessidade de ampliação das ações, vislumbrando a universalização da educação básica associada com a formação para o mundo do trabalho, com ações especificamente desenvolvidas para jovens e adultos com histórico de descontinuidade escolar. A partir de então o Decreto 5.478/2005 foi revogado pelo Decreto n. 5.840, de 13 de julho de 2006, com várias mudanças para o programa, tais como ampliação da abrangência do nível de ensino, inclusão do ensino fundamental e admissão dos sistemas municipais e estaduais de ensino e entidades privadas nacionais de serviço social, aprendizagem e formação profissional, passando à denominação de Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos.

CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS CONCEPÇÕES: Necessidade de empreender ações que vão além do programa, considerando as limitações do Estado em garantir o cumprimento do direito constitucional de acesso à educação pública, gratuita e de qualidade. Não limitar a ação a uma situação temporária, mas perene e em constante crescimento, tirando a EJA no âmbito do nível médio da incipiência. Assim, discutir uma política de educação profissional integrada ao ensino médio na modalidade EJA implica também discutir a concepção da educação continuada de caráter profissional para além da educação básica.

Um dos marcos gerais no delineamento do programa é a proposta de rompimento com a dualidade estrutural cultura geral X cultura técnica, fato que favorece uma educação academicista para a classe favorecida e uma educação instrumental para a classe desfavorecida (educação pobre para os pobres). A concepção geral pressupõe uma política cujo objetivos de formação se pautam na integração de trabalho, ciência, técnica, tecnologia, humanismo e cultura geral, contribuindo para o enriquecimento científico, cultural, político e profissional das populações, através da indissociabilidade dessas dimensões no mundo real. Uma das finalidades mais importantes, então, dos cursos técnicos integrados deve ser a capacidade de proporcionar educação básica sólida, ou seja, formação integral do educando.

PRINCÍPIOS: 1) Inclusão da população nas ofertas educações geradas pelas entidades públicas componentes dos sistemas educacionais. 2) Inserção orgânica da modalidade EJA integrada à educação nos sistemas educacionais públicos. Tal princípio decorre do primeiro. 3) Ampliação do direito à educação básica, pela universalização do ensino médio (a formação humana exige tempos distintos e alongas para consolidação de saberes). 4) O trabalho como princípio educativo. Homens e mulheres produzem sua condição humana pelo trabalho (ação transformadora no mundo de si, para si e para outrem).

5)Pesquisa como fundamento da formação do sujeito (produção de conhecimento e avanço na compreensão da realidade, contribuição para construção da autonomia intelectual dos sujeitos/educandos). 6) Condições geracionais, de gênero, de relações étnicoraciais como fundantes da formação humana e dos modos como se produzem as identidades sociais. Considerar, neste sentido, outras categorias além de trabalhadores como constituintes de identidades do modo de ser e estar no mundo de jovens e adultos.

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO Insistência na construção de um projeto políticopedagógico integrado, ainda que seja possível a oferta de cursos de educação profissional articulada ao ensino médio em outras formas (integrada, concomitante e subsequente). O que se pretende é uma integração epistemológica, de conteúdos, de metodologias e de práticas educativas. Refere-se a uma integração teoria-prática, entre saber e o saber-fazer.

É necessário estabelecer a relação entre educação profissional, ensino médio e EJA a fim de se delinear uma ação integrada para um projeto educativo para além de segmentações e superposições conteudísticas que impedem o vislumbre de uma realidade complexa. Neste sentido a EJA é entendida tanto como modalidade de ensino como estratégia de formação continuada. O grande desafio é a construção de uma identidade própria para novos espaços educativos, inclusive de uma escola de e para jovens e adultos, considerando as especificidades da clientela (jovens, adultos, terceira idade, trabalhadores, população do campo, mulheres, negros, pessoas com necessidades educacionais especiais etc.).

Tais concepções conduzem ao reconhecimento dos espaços de produção de saberes na sociedade, onde os saberes produzidos são também reconhecidos e legitimados e evidenciados por meio de biografias e trajetórias de vida dos sujeitos. Assim, o currículo integrado é uma possibilidade de inovar pedagogicamente na concepção de ensino médio, em resposta aos diferentes sujeitos sociais para os quais se destina. Abandona-se a perspectiva estreita de formação para o mercado de trabalho, para assumir a formação integral dos sujeitos, como forma de compreender e se compreender no mundo.

A organização curricular não está pronta e acabada, mas deve considerar uma construção contínua, processual e coletiva envolvendo todos os sujeitos. Sua estrutura deve contemplar: A concepção de homem como ser histórico-social. A perspectiva integrada ou de totalidade a fim de superar segmentações ou desarticulações dos conteúdos. A incorporação de saberes sociais e dos fenômenos educativas extra-escolares. A experiência do aluno na construção do conhecimento. O resgate da formação, participação, autonomia, criatividade e práticas pedagógicas emergentes dos docentes.

A implicação subjetiva dos sujeitos da aprendizagem. A interdisciplinaridade, a transdisciplinaridade e a interculturalidade. A construção dinâmica e com participação. A prática de pesquisa.

AVALIAÇÃO A avaliação abrange todos os momentos e recursos que o professor utiliza no processo ensino-aprendizagem, tendo como objetivo principal o acompanhamento do processo formativo dos educandos, verificando como a proposta pedagógica vai sendo desenvolvida ou se processando, na tentativa da sua melhoria, ao longo do próprio percurso.