AS BARREIRAS ENCONTRADAS POR ALUNOS DA EJA PELA FALTA DE ALCANCE À LEITURA E À ESCRITA: EXPERIÊNCIAS DO PIBID

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Transcrição:

AS BARREIRAS ENCONTRADAS POR ALUNOS DA EJA PELA FALTA DE ALCANCE À LEITURA E À ESCRITA: EXPERIÊNCIAS DO PIBID SILVA, Alzira Maria Lima da. Graduanda Pedagogia - UEPB/Campus I alziralima37@hotmail.com VELEZ, Elizabeth Vasconcelos. Graduanda Pedagogia - UEPB/Campus I elizavelezv@gmail.com BARBOSA, Maria Júlia de Araújo. Pedagogia - UEPB/Campus I julia.araujo13@gmail.com MONTENEGRO, Maria do Socorro Moura Professora/ Doutora Orientadora pela UEPB Campus I socorrommontenegro@hotmail.com INTRODUÇÃO Este artigo é um relato de experiência que vem sendo vivenciado por alunas bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) na Escola Municipal Rivanildo Sandro Arcoverde, na cidade de Campina Grande-PB em turma da EJA. O objetivo desse artigo é divulgar quais são as barreiras encontradas por alunos da EJA pela falta de alcance à leitura e à escrita. Os sujeitos inseridos na EJA como jovens e adultos já possuem uma experiência pregressa de um mundo letrado, trazendo consigo uma ampla gama de conhecimentos da vida, e que nem sempre a escola reconhece esses saberes prévios. São sujeitos que vão para a sala de aula com a perspectiva de obter melhores oportunidades na vida, no trabalho, no dia a dia, por estarem inseridos em um mundo cada vez mais exigente,competitivo e, como consequência, seletivo. Portanto educação de jovens e adultos representa uma dívida social aos que não tiveram acesso da escrita e da leitura como bens culturais e sociais, na escola ou fora dela e tenham sido a força de trabalho empregada na constituição de riquezas e na elevação de obras públicas. E por isso ainda hoje

estão sofrendo por não terem tido acesso a leitura e a escrita no tempo certo. Atualmente os alunos da EJA são excluídos dos melhores empregos e das melhores posições perante a sociedade. AS BARREIRAS ENCONTRADAS POR ALUNOS DA EJA PELA FALTA DE ALCANCE À LEITURA E À ESCRITA [...] o aprendiz conquista o lugar social de um sujeito de direitos e a educação inclusiva viabiliza a efetivação da sua cidadania á medida que busca respeitar as peculiaridades de cada sujeito por meio de prática de ensino acessível. (ASFORA &SOUSA, 2012, p.10) As barreiras postas pela falta de alcance à leitura e à escrita prejudicam sobremaneira a qualidade de vida de jovens, adultos, inclusive idosos, exatamente no momento em que o acesso ao saber e aos meios de obtê-lo representa uma divisão cada vez mais significativa entre as pessoas, o que acaba de certa forma, excluindo os alunos da EJA. Fazer a reparação desta realidade é umas das finalidades da EJA, pois a mesma reconhece que todos têm o direito de igualdade. A aprendizagem da leitura e da escrita deve estar presente em todos os âmbitos de estudos, que se inicia na Educação Infantil, Ensino Fundamental (1ª e 2ª fase) e perpassa pela Educação de Jovens e Adultos. Sendo assim, também favorece a EJA, quando esse aluno, entre outras coisas, tem um maior contato com esse sistema, devido à sua experiência, seja no trabalho, na sua vida, os textos estão muito presentes no seu cotidiano, daí a necessidade de esse aluno ter mais condições de se utilizar de seus conhecimentos prévios. A alfabetização e letramento que é para ser ofertada na EJA são inseparáveis, já que um está relacionado ao outro, ou seja, tanto caminham juntos, como se complementam. Sendo que, parece-nos que o grande do desafio do educador é saber o que é alfabetização e o que é letramento, não sobrepô-los ou separá-los, um complementa o outro, pois a inserção no mundo da escrita se dá por intermédio da alfabetização e do letramento, cada um do seu modo: a alfabetização como a aquisição de uma tecnologia, o ler e

escrever, e o letramento presente no desenvolvimento de competências do uso dessa tecnologia em práticas sociais que envolvem a leitura e a escrita. De acordo com Tfouni (1995), o letramento e a alfabetização são indissoluvelmente e inevitavelmente interligados, sendo que um não substitui o outro, mas a pessoa que não é alfabetizada pode ser letrada. Os estudos sobre letramento desse modo, não se restringem somente àquelas pessoas que adquiram a escrita, isto é, aos alfabetizandos. Buscam investigar também as conseqüências da ausência da escrita a nível individual, mas também remetendo ao social mais amplo, isto é, procurando, entre outras coisas ver quais as características da estrutura social tem relação com os fatos postos (Tfouni,1995, p.21). A alfabetização relaciona-se ao desenvolvimento de habilidades de domínio da técnica da leitura e da escrita, ou seja, é um processo de natureza individual, já o letramento é um processo que requer um domínio da leitura e escrita com o objetivo de: informar-se e informar, ser crítico, interpretar, produzir e de se inserir na sociedade como participante ativo. Ou seja, o foco do letramento reside num estado/condição social daquele que faz uso da leitura e da escrita é um processo social. Mas, o que aproxima e o que diferencia os conceitos de alfabetização e letramento? No entender de Magda Soares, ser alfabetizado, [...] é tornar-se capaz de usar a leitura e a escrita como um meio de tomar consciência da realidade e transformá-la. Freire concebe o papel do letramento como sendo ou de libertação do homem ou de sua domesticação, dependendo do contexto ideológico que ocorre, e alerta para sua natureza inerentemente política,defendendo que seu principal objetivo deveria ser de promover a mudança social (SOARES,1998, p. 77). No que se refere ao termo letramento, compreendemos que este termo surgiu do conceito de alfabetização, quando este não dava mais conta das demandas sociais, por estar relacionado a um conceito extremamente restrito, além do que, percebeu-se também que alfabetizar, no sentido de conhecer o

código linguístico e fazer uso rudimentar deste não era suficiente para inserir o sujeito em sociedade, dando a plenitude de seus direitos. É neste sentido que a leitura crítica da realidade, dando-se numprocesso de alfabetização ou não e associada sobretudo a certas práticas claramente políticas de mobilização e de organização, pode constituir-se num instrumento para o que Gramsci chamaria de ação contra-hegêmonica (FREIRE, 2005, p.21). Assim, numa sociedade grafocêntrica como a nossa é preciso que o indivíduo se aproprie dessas duas destrezas(o ato de ler e de escrever), aos se tornar capaz de fazer uso efetivo dessas habilidades, para que possa melhor inserir-se em seu contexto social. Pois as habilidades do ler e escrever, hoje,são exigidas em praticamente todas as atividades sociais. Processos de aquisição, habilidades e o uso social da leitura e da escrita, revelam-se como uma exigência para a inserção no mundo de trabalho, para a participação social e para o exercício da cidadania. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base nas reflexões desenvolvidas nesse artigo, percebemos que a EJA na atual política educacional tem recebido maior importância tanto no discurso quanto nas ações, mas ainda continua ocupando um lugar secundário em relação ao governo. Um das marcas de redefinição nas práticas de EJA é a presença de jovens que estavam foram da escola, por isso as configurações da dessa modalidade mudou trazendo novos desafios para juventude. Atualmente, o Brasil abriga 36 milhões de crianças no ensino fundamental, mas o quadro sócio-educacional continua a produzir sujeitos excluídos dos ensinos fundamental e médio produzindo, assim,cada vez mais,adolescentes, jovens e adultos sem escolaridade obrigatória completam a idade regular exigida. Nosso país exibe um elevado índice de pessoas que são analfabetas, apesar de marcantes diferenças regionais e setoriais, a existência de pessoas que não sabem ler ou escrever por falta de condições de acesso ao processo de escolarização deve ser motivo de autocrítica de modo

constante e severo. Por parte dos educadores e profissionais da área educacional em geral (supervisores, orientadores e gestores). Portanto, a educação de jovens e adultos representa uma dívida social aos que não tiveram acesso da escrita e da leitura como bens sociais, na escola ou fora dela e tenham sido a força de trabalho empregada na constituição de riquezas e na elevação de obras públicas. Tal dívida se deve ao caráter subalterno atribuído pelas elites dirigentes à educação escolar de negros escravizados, índios reduzidos, caboclos migrantes e trabalhadores braçais, entre outros. Impedidos da plena cidadania, os descendentes destes grupos ainda hoje sofrem as conseqüências desta realidade histórica. Concluímos assim que hoje são poucos os alunos da EJA que tem as mesmas posições que pessoas que tiveram o direito de estudar e aprender a ler e escrever na idade certa, isso não acontece por que eles não têm competência, mas por que foi usurpado o direito de igualdade social no decorre da historia e que se perpetua ate os dias de hoje. REFERÊNCIAS ASFORA, Rafaela. SOUSA, Wilma Pastor de. Educação Inclusiva. In: Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa: Currículo na Alfabetização: Concepções Princípios. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de apoio á Gestão Educacional, ano 01, unidade 01, 2012. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005. SOARES, Magda B. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autentica, 1998. TFOUNI, Leda Verdiani. Letramento e Alfabetização. São Paulo: Cortez, 1995.