TÍTULO: AUTORES: ÁREA TEMÁTICA: Introdução
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- João Victor Araújo Mendonça
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1 TÍTULO: A INFLUÊNCIA DO PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO DA ALFABETIZAÇÃO SOLIDÁRIA DA UFOP NA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL DE EX-ALFABETIZADORES: UM ESTUDO PRELIMINAR AUTORES: Célia Maria Fernandes Nunes (UFOP/MG) cadu@feop.com.br, Geralda Aparecida de Carvalho Pena (25 ª SRE/MG) geraldapena@feop.com.br, Camilla de Jesus Nunes (UFOP/ MG) aluna do cursos de Letras ÁREA TEMÁTICA: educação Introdução A importância da formação de professores de Jovens e Adultos tem sido tema de crescente discussão na área da educação. Isto tem se manifestado devido ao fato de tal modalidade de ensino ter ganho destaque e relevância na atual legislação educacional, que prevê a garantia de oferta de educação regular que deve ter características e modalidades adequadas às necessidades e disponibilidades dos jovens e adultos, a eles garantindo as condições de acesso e permanência na escola (Lei 9.394/96, Art. 4 inciso VII). Apesar dessa regulamentação legal, o que temos percebido é que a Educação de Jovens e Adultos ainda é uma área carente tanto de atendimento quanto de professores preparados para trabalhar com esta clientela que é ao mesmo tempo específica e diversa. Esta lacuna se apresenta ainda no fato de que tradicionalmente os programas voltados à educação de adultos muitas vezes os tem tratado como crianças, utilizando materiais didáticos, metodologias e práticas que não condizem com as especificidades desta faixa etária. Considerando então esta especificidade é que atualmente, estudos e pesquisas sobre educação de jovens e adultos tem colocado como foco os sujeitos adultos do processo de ensino, direcionando o trabalho no sentido de considerá-los enquanto sujeitos concretos, seus processos sócio-histórico-culturais de construção do conhecimento, seus valores e suas identidades. Dentro das políticas educacionais dos últimos anos relacionados ao atendimento à essa modalidade de ensino, temos acompanhado a implementação e o desenvolvimento do Programa da Alfabetização Solidária (PAS). Este programa, em funcionamento desde 1997, tem tido um desenvolvimento crescente em diversos municípios envolvendo as instituições de Ensino Superior com a parceria de várias empresas, objetivando a erradicação do analfabetismo no país. 1
2 Desde o ano de 1998, a Universidade Federal de Ouro Preto enquanto IES parceira do PAS, tem participado das atividades do Programa que envolvem o Curso de Capacitação e o acompanhamento pedagógico do trabalho dos alfabetizadores em quatro municípios 1 do Estado da Paraíba. A capacitação tem por objetivo preparar os alfabetizadores nos diferentes aspectos voltados para o processo de alfabetização. Dessa forma, diversos temas são abordados por diferentes professores que compõem a equipe multidisciplinar que desenvolve o PAS/ UFOP. A nossa experiência enquanto professoras colaboradoras do PAS tem nos apresentado várias questões pertinentes à formação docente, em especial à este grupo de alfabetizadores que irão atuar no PAS, considerando a sua heterogeneidade. É importante ressaltar que os grupos de alfabetizadores atendidos pela UFOP são selecionados por uma comissão de professores colaboradores atuantes no PAS, de acordo com os critérios estabelecidos pela coordenação geral do Programa. Estes grupos apresentam uma grande diversidade, tanto em nível de escolaridade 2 quanto em termos de expectativas de atuação no Programa. Existem também os que já possuem experiências de alfabetização com crianças, o que implica em levá-los a refletir sobre a necessidade de um trabalho diferenciado com os jovens e adultos, considerando as especificidades desta faixa etária, uma vez que os mesmos já possuem uma grande bagagem cultural construída em sua vivência diária, em seu mundo de trabalho, em suas relações sociais. A proposta de trabalho do PAS/UFOP e a formação dos alfabetizadores De acordo com Freire(1996), "ensinar não é transferir conhecimento, mas criar condições para a sua produção ou a sua construção" (p.25). Nesse sentido, a proposta do curso de capacitação da UFOP procura considerar o alfabetizador como alguém que além de aprender tem muito a oferecer, considerando-o como sujeito desse processo de formação. Dessa forma, o curso procura superar as formas tradicionais de formação caraterizadas como 1 Pilar, Pedras de Fogo, Juripiranga e Itabaiana. 2 Entre estes havia alguns que não concluíram o ensino fundamental, outros possuíam o ensino médio, mas nunca pensaram em lecionar, outros concluíram o curso de Magistério e uma pequena parcela cursava ou havia concluído o curso superior. 2
3 programas de treinamentos que acabam por não atender os necessidades do exercício profissional. Sendo assim, "temos procurado desenvolver programas de capacitação direcionados para que o professor em formação estabeleça um diálogo entre a sua atuação em sala de aula e os conhecimentos nos quais ele a fundamenta. O nosso desafio não se refere somente à apresentação de novos conteúdos e novas metodologias aos professores, mas consiste sim em promover o crescimento através da construção de um projeto educativo transformador, elaborado pelos agentes nele envolvidos, neste caso os educadores de Jovens e Adultos, contribuindo para democratização do conhecimento acadêmico e integração: universidade/sociedade"(rola & NUNES, 2001). Dessa forma, o desenvolvimento do curso de capacitação tem sido pautado por discussões que consideram as diferentes áreas do conhecimento e sua articulação com a realidade na qual os alfabetizadores irão atuar, considerando as características socioculturais dos alfabetizandos jovens e adultos. São levantados diferentes fatores que mostram o desafio e a necessidade de adequação do trabalho pedagógico para contemplar essa modalidade de ensino. Buscamos, junto com os alfabetizadores, caracterizar o saber adquirido pelo alfabetizando em sua trajetória de vida, valorizando sua leitura de mundo, sua capacidade de aprender. É ressaltada ainda a necessidade de se considerar o conhecimento do aluno como ponto de partida para o conhecimento novo e o aluno como sujeito ativo do processo de ensinoaprendizagem. Destacamos a importância de uma relação dialógica no processo ensino-aprendizagem, na qual o educador atua como mediador entre aluno e conhecimento, considerando a aprendizagem como construção social e a organização e sistematização do conhecimento e das percepções do aluno sobre seu contexto de vida como ponto de partida e de referência constante para a aquisição e ampliação dos conhecimentos. Assim, o trabalho com os futuros alfabetizadores busca conscientizá-los sobre a necessidade de se trabalhar com a leitura e a escrita considerando a importância de respeitar o alfabetizando como sujeito ativo que possui experiências construídas em sua vida diária e uma sabedoria própria do mundo em que vive, de forma que haja uma reflexão sobre a construção da cidadania do educando. O curso é fundamentado por uma concepção de formação que 3
4 se baseia na valorização do saber dos alfabetizadores e de sua cultura, em uma relação de respeito entre professores e alfabetizadores. Estes pressupostos que norteiam o trabalho busca levá-los a vivenciar estes valores e atitudes durante o curso de capacitação para que possam, ao retornar aos seus municípios, desenvolver um trabalho que busque sempre respeitar e valorizar a cultura e os conhecimentos dos alfabetizandos, tomando-os como base para a organização do trabalho pedagógico no Programa Alfabetização Solidária. Entretanto, ressaltamos que como consideramos o curso de capacitação oferecido na Universidade como o início de um processo de formação, é importante que o grupo de continue a buscar novas reflexões no decorrer do semestre, trocando experiências que vão adquirindo em seu trabalho diário na sala de aula. Assim é que, em diferentes momentos e espaços, são organizadas reuniões de acompanhamento pedagógico que são parte integrante da proposta de formação do alfabetizador prevista no Programa Alfabetização Solidária. Além destas reuniões tem sido organizados Encontros de Educadores de Jovens e Adultos da Paraíba, promovidos pela UFOP e pelos municípios parceiros, os quais também tem se constituído em espaços importantes para novas reflexões e novas aprendizagens. O que temos percebido é que o trabalho de formação desenvolvido dentro dessas concepções tem contribuído para os que os alfabetizadores, a partir da valorização de si próprios enquanto sujeitos sócio-culturais, resgatem a sua auto-estima e se sintam estimulados a dar continuidade a sua trajetória profissional. Dessa forma, percebemos que o alcance do PAS vai além da contribuição para a erradicação do analfabetismo nos municípios atendidos, pois possibilita também um despertar para a vida do alfabetizador, para a construção de um projeto próprio de desenvolvimento pessoal. As trajetórias dos ex-alfabetizadores : dados preliminares Analisando esse período de nossa experiência no PAS percebemos alguns impactos sociais importantes, decorrentes desta intervenção nestes municípios. Entre eles destacamos um aspecto que nos tem chamado a 4
5 atenção, que refere-se a trajetória pessoal e profissional que passa a ser trilhada por ex-alfabetizadores que participaram do PAS/UFOP. Considerando que desde o início do PAS na UFOP até o momento já foram capacitados cerca de 300 alfabetizadores pertencentes a estes municípios, percebemos a importância de dar início a um estudo que procure analisar as trajetórias profissionais destes ex-alfabetizadores, a fim de que possamos além de investigar este impacto do PAS, levantar subsídios para o aprimoramento e continuidade do curso de capacitação de alfabetizadores. Como dados preliminares referentes a trajetória profissional de exalfabetizadores, temos acompanhado a inserção deles, após a participação no PAS/UFOP, em diversos setores. Em sua maioria retomaram ou iniciaram alguma atividade produtiva atendendo as necessidades regionais. Alguns conseguiram empregos sendo aproveitados como professores nas escolas de ensino regular da rede pública, privada ou de EJA do município. Outros conseguiram empregos em funções diversas no próprio município ou na Capital. E em um outro grupo a participação no PAS fez despertar um estímulo que os fez retomarem ou iniciarem seus estudos no ensino médio ou ingressando no ensino superior. De um modo geral o que temos constatado é que estes alfabetizadores, em muitas situações, após a experiência vivenciada no programa, resgataram a auto-estima e passaram a interferir de maneira mais atuante em suas comunidades. Constata-se que essas mudanças ocorridas no plano pessoal, desenvolveram essas novas expectativas que os impulsionaram de um modo geral a ingressar no mercado de trabalho e/ou a retomarem os seus estudos. Embora as informações ora apresentadas estejam um tanto incipientes, percebemos a importância do desenvolvimento de um estudo mais aprofundado que possa detectar outros aspectos que denotem mudanças no comportamento e atitudes dos ex-alfabetizadores, em sua trajetória pessoal e profissional, de forma a apreender em que medida o PAS tem contribuído para essas mudanças. Com esse objetivo é que já iniciamos o desenvolvimento de uma pesquisa mais sistemática que, ao buscar conhecer essa contribuição do PAS sobre a trajetória de ex- alfabetizadores, poderá apresentar e enriquecer os estudos e análises que tem sido desenvolvidas sobre os impactos do 5
6 desenvolvimento do Programa Alfabetização Solidária como proposta da política educacional para Jovens e Adultos no país. Bibliografia FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. 7ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, Educação como prática de liberdade. 14ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, Pedagogia do Oprimido. 20ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, PENA, Geralda A. de C. et al. Educação Básica de Adultos: o caso da UFV - Relato de Experiência. In: Anais do I Simpósio de Educação Básica e Educação Especial da Zona da Mata - MG. Imprensa Universitária. Viçosa, MG PINTO, Álvaro Vieira. Sete lições sobre educação de adultos. São Paulo: Cortez, ROLA, Hebe & NUNES, Célia. A formação de educadores de Jovens e adultos: uma experiência solidária. In: Revista do Programa Alfabetização Solidária, n.1. São Paulo, 2001 SOARES, Magda Becker. Paulo Freire e a alfabetização: muito além de um método. In: Presença Pedagógica nº 21. Ed. Dimensão. Belo Horizonte, mai./jun
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