EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO REGULAR: A VISÃO DOS PROFESSORES ESPECIALISTAS
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1 ISBN EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO REGULAR: A VISÃO DOS PROFESSORES ESPECIALISTAS Vanessa Aparecida Palermo UNESP/Marília va_palermo@hotmail.com Eixo 1: Didática e formação de professores na Educação Básica Resumo Este estudo tem como finalidade analisar a visão dos professores especialistas sobre o processo de inclusão de alunos com deficiência na Educação Básica. Para tanto, foi elaborado e distribuído para cinco destes profissionais atuantes em escolas públicas do munícipio de Ourinhos/SP, um questionário visando atender o objetivo. Os resultados evidenciaram que o desafio colocado aos professores é grande, e parte significativa, estes profissionais não estão preparados para desenvolverem estratégias de ensino diversificado, valorizando as diferenças. Os docentes apresentam preocupações, falta de recursos e de formação continuada. Nesse sentindo, esse estudo conclui que por meio da cooperação podem-se fortalecer as ações sociais voltadas para uma educação comum inclusiva, representativa de novas perspectivas no acesso e permanência da pessoa com deficiência no âmbito escolar, proporcionando condições para uma educação de qualidades para todos. Palavras-chave: Inclusão Social, Ensino Regular, Visão Docente. Introdução Uma educação comprometida com a cidadania e com a formação de uma sociedade democrática e não-excludente deve promover o convívio com a diversidade, pois essa é uma característica da vida social brasileira. Para isso, a escola inclusiva deverá ser uma meta buscada por todos os cidadãos comprometidos com o fortalecimento de uma sociedade democrática, justa e solidária. 160
2 Por outro lado, para aqueles com deficiência, o convívio com os outros alunos é enriquecedor, pois permite uma inserção no universo social e favorece o desenvolvimento e a aprendizagem, possibilitando a formação de vínculos estimuladores, o confronto com a diferença e o trabalho com a própria dificuldade. Nesse sentido, a Educação Inclusiva assegura que os alunos frequentem classes comuns com colegas não deficientes da mesma faixa etária. Frente a essa realidade, essa pesquisa visa analisar a visão de professores da área de Educação Especial sobre o processo de inclusão de alunos com deficiência na Educação Básica. Para tanto, apresentam-se um breve histórico da Educação Especial no Brasil, seguido de discussões sobre o processo de formação de docentes para este campo. Logo em seguida, discorre-se sobre os questionários aplicados com cinco professores que atuam na área de Educação Inclusiva na Educação Regular. A partir do objetivo de analisar a visão de professores da área de Educação Especial sobre o processo de inclusão de alunos com deficiência na Educação Básica, foi realizada uma pesquisa de campo com cinco professores atuantes em escolas públicas do município de Ourinhos/SP na área de Educação Inclusiva. Para a coleta dos dados obtidos nesta pesquisa utilizou-se um questionário, com um total de seis questões. Através do questionário buscou-se compreender aspectos da formação escolar e profissional dos sujeitos, a relevância das atividades de formação das quais tenham participado, o tempo de experiência como educadores, opinião sobre a inclusão e seus prós e contras. Desenvolvimento Diante do exposto na introdução e dos objetivos do presente trabalho, este estudo procura apresentar e discutir as respostas de cinco atuantes na Educação Inclusiva na Rede Regular de ensino no município de Ourinhos/SP. De acordo com os resultados obtidos, todos os professores pesquisados possuem formação na área de Educação Inclusiva. Essa formação é essencial para o trabalho na área. Entretanto, conforme Alves (2009) relata, para uma educação inclusiva mais efetiva, 161
3 O importante não é só capacitar o professor, mas também toda equipe de funcionários desta escola, já que o indivíduo não estará apenas dentro de sala de aula. [...] Alguém tem por obrigação treinar estes profissionais. Não adiante cobrar sem dar subsídios suficientes para uma boa adaptação deste indivíduo na escola. Esta preparação, com todos os profissionais serve para promover o progresso no sentido do estabelecimento de escolas inclusivas. (ALVES, 2009, p.45,46). Nesse sentido, o que se espera é que o corpo docente esteja preparado para o trabalho da inclusão educacional. Somente, assim, pode ser abandonadas definitivamente as barreiras seletistas de aprendizagem (SILVA, 2009, p.12) e que o meio social se adapte ao aluno incluído ao invés de buscar-se que o estudante se adapte à sociedade. Todos os entrevistados tem experiência vasta na área da Educação Especial, variando de 5 a 25 anos de experiência. A partir desse resultado, vale debater a importância da formação continuada. A formação inicial não dá conta de todos os desafios que o professor enfrentará ao longo da trajetória profissional. Essa qualificação é reforçada por Sant Ana (2005) e Silva (2009). Sant Ana (2005) defende um reajuste na formação docente e Silva (2009) afirma que o desenvolvimento da inclusão educacional só pode ter bons resultados se forem feitos por meio da qualificação profissional contínua. Dessa forma, a ampliação e continuidade dos cursos de capacitação são indispensáveis para a preparação dos educadores agentes que atuam diretamente no processo de inclusão social. Investimentos em tecnologias e em e materiais didáticos não devem ser descartados. Percebemos que na visão dos professores, aceitar e aprender a conviver com a diversidade é o primeiro passo para a criação de uma escola de qualidade para todos. Esses fatos reforçam a percepção de que as políticas de inclusão devem ser adotadas, permitindo que uma parcela de alunos anteriormente excluída das demais, possa a partir daí fazer parte das escolas comuns ou regulares. A inclusão questiona não somente as políticas e a organização da educação especial e da educação regular, mas também o próprio conceito de integração (MAZZOTA, 1996). Ela prevê a inserção escolar de forma radical, completa e sistemática. Todos os alunos, sem exceção, devem frequentar as salas de aula do ensino regular. 162
4 O objetivo da integração é inserir um aluno, ou um grupo de alunos, que já foi anteriormente excluído, e o mote da inclusão, ao contrário, é o de não deixar ninguém no exterior do ensino regular, desde o começo da vida escolar (SAHB, 2006). As escolas inclusivas propõem um modo de organização do sistema educacional que considera as necessidades de todos os alunos e que é estruturado em função dessas necessidades. Conclusão Com esta pesquisa, pode-se perceber que o desafio colocado aos professores é grande e parte significativa destes profissionais não estão preparados para desenvolverem estratégias de ensino diversificado, valorizando as diferenças. Dessa maneira, pode-se perceber que a mudança de uma educação excludente para uma educação efetivamente inclusiva, não passará por um processo rápido. Diante dos teóricos analisados verificou-se que a inclusão é um grande desafio para a escola e seus educadores. Faz-se necessário que o processo se estabeleça nas escolas para se valerem às leis, para que desapareçam os vestígios de uma sociedade que, ao longo de sua história, perseguiu, matou e humilhou as pessoas com necessidades educativas especiais. Promover esse processo é promover a interação do aluno com necessidades educativas especiais com a escola e, com os outros alunos no processo de aprendizagem, onde o fundamental é estar se promovendo mudanças no cotidiano escolar. Essas mudanças devem vir de encontro com as necessidades desse aluno. A inclusão escolar é o mais novo paradigma educacional e defende a matrícula de todos os alunos na escola regular, preferencialmente na classe comum, inclusive para os provindos da Educação Especial. Nesse sentido, notou-se que a visão dos professores sobre o processo de inclusão na rede regular ainda é falha. Os professores apresentaram a falta de recursos e materiais pedagógicos adequados ao trabalho. Percebe-se, também, a pouca formação continuada dos docentes bem como distorções no entendimento no processo de inclusão. 163
5 Mesmo assim, acreditamos que a escola regular deve buscar receber e atender com qualidade todos os alunos, independente das características que possam apresentar. Ela é o espaço educacional que deve ser usufruído por todos. Os alunos não devem ser deixados de fora da escola e mais do que isso, não devem mais ser segregados em espaços escolares diferenciados ou mesmo excluídos dentro da classe comum. O princípio fundamental desta política é de que o sistema regular deve atender a diversidade do alunado, isto é, todos os que se encontram excluídos, frequentadores da escola. Referências ALVES, F. Qualidade na educação fundamental pública nas capitais brasileiras: tendências, contextos e desafios. Rio de Janeiro, Tese (dout.) Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil [1988]: com as alterações adotadas pelas Emendas Constitucionais nº 192 a 56/2007 e pelas Emendas Constitucionais de Revisão nº 1 a 6/94, Brasília: Senado Federal Subsecretaria de Edições Técnicas, Ministério da Educação e do Desporto. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394/96, Brasília. BUENO, J. G. S. Educação especial brasileira: integração/segregação do aluno diferente. São Paulo: Educ, COSTA, V. B. Inclusão escolar na Educação Física: reflexões acerca da formação docente. Motriz rev. Educ. Fís. (impr.), v.16, n. 4, p , DENARI, F. Um (novo) olhar sobre a formação do professor de educação especial: da segregação à inclusão. Inclusão e educação: doze olhares sobre a Educação Inclusiva. São Paulo: Summus, p , GONZÁLEZ, J. A. T. et al. Educação e diversidade: bases didáticas e organizativas. Artmed, JANNUZZI, G. A luta pela educação do deficiente mental no Brasil. Campinas/SP: Editores Associados, 1992 LEITE, L.P; ARANHA, M. S. F. Intervenção reflexiva: instrumento de formação continuada do educador especial. Psicologia: Teoria e Pesquisa. Brasília, v. 21, p , MANTOAN, M. T. E. Inclusão Escolar: o que é? Por quê? Como Fazer? São Paulo: Moderna, MAZZOTTA, M. J. da S. Educação especial no Brasil: história e políticas públicas. São Paulo: Cortez,
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