Aula 9 - Dos Negócios Jurídicos I: Por Marcelo Câmara

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Transcrição:

Por Marcelo Câmara

Sumário:

1 - Dos Fatos Jurídicos: 1.1. Conceito de fato jurídico: 1.2. Noções distintivas sobre fatos, atos e negócios jurídicos: Aula 9 - Dos Negócios Jurídicos I: 1.3. Classificações do fato jurídico: 1.4. Ato-fato jurídico: 1.5. Ato jurídico em sentido estrito:

2 Dos Negócios Jurídicos: 2.1. Negócio jurídico: conceito, classificação e elementos constitutivos: 2.1.1 Conceito: 2.1.2 Classificação: 2.1.3 - Elementos constitutivos: 2.2. Interpretação do negócio jurídico:

Introdução:

Quadro Geral:

Aula 9 - Dos Negócios Jurídicos I:

Desenvolvimento:

1.1. Conceito de fato jurídico: Fato Jurídico, fato jurígeno ou fato gerador é todo acontecimento a que uma norma Jurídica atribui um efeito. Washington de Barros define como: Acontecimentos em virtude dos quais nascem, subsistem e se extinguem as relações jurídicas ;

1. Conceito de fato jurídico: Miguel Reale informa que é: Todo e qualquer fato de ordem física ou social, inserido numa estrutura normativa ; Arnold Wald coloca que os fatos Jurídicos são aqueles que: Repercutem no direito, provocando a aquisição, a modificação oua extinção de direitos subjetivos.

1.2. Noções distintivas sobre fatos, atos e negócios jurídicos: Os fatos jurídicos podem decorrer da vontade humana (fatos humanos ou atos jurídicos) ou alheios à vontade humana (fatos naturais ou stricto sensu). O ato jurídico (lícito ou ilícito), portanto, é toda ação humana que provoca efeitos jurídicos.

1.2. Noções distintivas sobre fatos, atos e negócios jurídicos: O ato jurídico lícito é dividido em ato jurídico em meramente lícito e negócio jurídico: Meramente lícito Tudo aquilo que não seja ilícito. Ex: Desejo de comprar algo de alguém que é o seu proprietário. Negócio jurídico Evento de interesse de partes antagônicas que geram efeitos com validade jurídica. Ex: Compra e venda.

1.2. Noções distintivas sobre atos, fatos e negócios jurídicos: OBS: O critério de diferenciação consiste na autonomia: Se a autonomia restringe-se à prática do ato e os efeitos são aqueles definidos em lei, sem espaço para a liberdade negocial do sujeito, é ato jurídico em sentido estrito. Se, porém, o agente tem autonomia para definir o conteúdo e os efeitos do ato, trata-se de negócio jurídico;

1.3. Classificações do fato jurídico: Orlando Secco dividiu os fatos jurídicos em - fato jurídico em sentido estrito e - fato jurídico em sentido amplo.

1.3. Classificações do fato jurídico: Fato jurídico em sentido estrito: Independente da vontade humana (fatos naturais). Ex: Chuva torrencial que resulta em alagamentos com consectário de destruição de patrimônio.

1.3. Classificações do fato jurídico: O fato jurídico em sentido estrito subdivide-se em: Ordinário Ocorrências comuns. Ex: Nascimento, morte, decurso do tempo, etc; Extraordinários Ocorrências incomuns. Ex: Terremoto, enchente, tsunami, etc.

1.3. Classificações do fato jurídico: É classificado em fato ordinário e fato extraordinário. Fatos ordinários: São aqueles que integram a ordem do dia, como nascimento, morte, alcance da maioridade e outros. Já os fatos extraordinários: São os que fogem a ordem natural das coisas, decorrem de caso fortuito e força maior.

1.3. Classificações do fato jurídico: Caso Fortuito e Força Maior: Antes de qualquer coisa, destacamos que até hoje não se definiu, exatamente, a sua diferença. Porém o que é ponto central e que tanto um como o outro estão fora dos limites da culpa, fala-se neles quando se trata de acontecimento que escapa toda diligência, inteiramente estranho à vontade do causador.

1.3. Classificações do fato jurídico: O caso fortuito ou de força maior excluem o nexo causal e, por via de consequência, eximem o devedor da responsabilidade pelo não cumprimento do dever de não lesar alguém.

1.3. Classificações do fato jurídico: Sua fundamentação é o art. 393 do CC/2002, verbis: Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado. Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verificase no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.

1.3. Classificações do fato jurídico: Caso Fortuito evento imprevisível. Entende-se a imprevisibilidade específica, relativa a um fato concreto, e não a genérica ou abstrata de que poderão ocorrer, assaltos, acidentes, atropelamentos, etc, porque se assim não for tudo passará a ser previsível. Em que se subdivide em fortuito interno e externo.

1.3. Classificações do fato jurídico: Fortuito interno o fato imprevisível e, por isso, inevitável, que se liga à atividade da entidade. Com, por exemplo, o estouro de um pneu de um ônibus, incêndio de um veículo e outros. Fortuito externo é, também fato imprevisível e inevitável. Todavia em nada tem correlação com a atividade da empresa. Como, v.g., enchentes, inundações.

1.3. Classificações do fato jurídico: Força Maior: Se o evento for inevitável, ainda que previsível, por se tratar de fato superior às forças do agente, com normalmente são os fatos da natureza, com as tempestades, enchentes, etc. Os ingleses o denominam de act of god.

1.3. Classificações do fato jurídico: Fato jurídico em sentido amplo: Todo acontecimento, dependente ou não da vontade humana, a que a lei atribui certos efeitos jurídicos. É o elemento que dá origem aos direitos subjetivos, impulsionando a criação da relação jurídica, concretizando as normas jurídicas.

1.4. Ato-fato jurídico: O Ato-Fato Jurídico é um fato jurídico qualificado pela atuação humana. Não sendo relevante para norma se houve, ou não, intenção de praticá-lo. É um "fato humano", onde a relevância é atribuída à consequência do ato e não a vontade humana.

1.4. Ato-fato jurídico: Ex: Menores de idade que compram um sanduiche no Mc Donald`s: A consequência é a compra. E não a vontade de celebrar contrato formal de compra e venda correlacionado à relação de consumo;

1.4. Ato-fato jurídico: A doutrina os divide em: Atos reais; Atos-fatos indenizativos e Atos jurídicos caducificantes.

1.4. Ato-fato jurídico: Atos reais: São circunstâncias fáticas. Existente humanamente. Mas não necessariamente realizáveis. Ex: Criança que cria um foguete espacial em suas brincadeira. A propriedade deste é da criança. Independentemente se ele existe ou não.

1.4. Ato-fato jurídico: Atos-fatos indenizativos: São eventos que causam prejuízos reais, mas escusáveis pelo direito considerando as circunstâncias. São as excludentes de ilicitude do art. 188, II do CC, verbis: Art. 188. Não constituem atos ilícitos: II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.

1.4. Ato-fato jurídico: Atos jurídicos caducificantes: São eventos que caducam. E, no direito, geram em decorrência de ato (inércia) do ser humano efeitos. Ex: Decadência e prescrição.

1.5. Ato jurídico em sentido amplo: Atos jurídicos meramente lícitos são os praticados pelo homem sem intenção direta de ocasionar efeitos jurídicos, tais como invenção de um tesouro, plantação em terreno alheio, construção, pintura sobre uma tela. Todos esses atos podem ocasionar efeitos jurídicos, mas não têm, em si, tal intenção.

1.5. Ato jurídico em sentido amplo: O presente Código Civil procurou ser mais técnico e trouxe a redação do art. 185: "Aos atos jurídicos lícitos, que não sejam negócios jurídicos, aplicam-se, no que couber, as disposições do Título anterior."

1.5. Ato jurídico em sentido amplo: Desse modo, o atual estatuto consolidou a compreensão doutrinária e manda que se aplique ao ato jurídico meramente lícito, no que for aplicável, a disciplina dos negócios jurídicos.

2 Dos Negócios Jurídicos: O negócio jurídico é a expressão maior da liberdade negocial, da AUTONOMIA PRIVADA, a qual, hoje é condicionada ao respeito dos interesses da ordem pública, como os princípios da função social e da boa-fé objetiva. Pablo Stolze

2.1 Conceito: Fundamentalmente, consiste na manifestação de vontade que procura produzir determinado efeito jurídico, embora haja profundas divergências em sua conceituação na doutrina. Trata-se de uma declaração de vontade que não apenas constitui um ato livre, mas pela qual o declarante procura uma relação jurídica entre as várias possibilidades que oferece o universo jurídico.

2.2 Classificação: - Quanto à formação: - Quanto ao sacrifício patrimonial das partes; - Quanto ao momento da produção dos efeitos; - Quanto às relações recíprocas; - Quanto à forma; - Quanto às condições pessoais dos negociantes; - Quanto à causa; - Quanto à eficácia e - Quanto à extensão dos efeitos.

2.2 Classificação: - Quanto à formação: Unilaterais: são aqueles atos e negócios em que a declaração de vontade emana apenas de uma pessoa, com um único objetivo. Ex.: Testamento, promessa de recompensa. Bilaterais: são aqueles negócios em que há duas manifestações de vontade coincidentes, sobre o objeto ou bem jurídico. Ex.: Contrato. Plurilaterais: são os negócios jurídicos em que há mais de duas partes com interesse coincidente no plano jurídico. Ex.: Contrato de Consórcio, Contrato de Sociedade Empresarial.

2.2 Classificação: - Quanto ao sacrifício patrimonial das partes (ou vantagens para as partes): Gratuitos: são atos de liberalidade, que outorga vantagens sem impor ao beneficiário a obrigação de uma contraprestação. Ex.: Doação Onerosos: são atos que envolvem sacrifícios e vantagens patrimoniais para toas as partes no negócio. Ex.: Contrato de locação, contrato de compra e venda.

2.2 Classificação: - Quanto ao momento da produção dos efeitos: Inter vivos: são aqueles destinados a produzir efeitos desde logo, durante a vida dos negociantes ou interessados. Ex.: Casamento, contrato de compra e venda. Mortis causa: são aquele cujos efeitos só aparecem com a morte de determinada pessoa. Ex.: testamento. (mortis causa por causa da morte; causa mortis causa da morte).

2.2 Classificação: - Quanto às relações recíprocas (ou quanto à independência ou autonomia): Principais (independentes): são os negócios que têm vida própria e não dependem de nenhum outro negócio jurídico para ter existência e validade. Ex.: Contrato de locação. Acessórios (dependentes): são os negócios que dependem de outro negócio jurídico para ter existência. Ex.: Contrato de fiança, está subordinado à locação.

2.2 Classificação: - Quanto à forma: Formais (ou solenes) São aqueles que têm uma forma prevista em lei para sua validade e aperfeiçoamento Ex: Casamento. Compra e venda de um veículo. Não solenes e informais: são aqueles que não têm uma forma prevista em lei, tem forma livre. Ex: Compra e venda de um doce:

2.2 Classificação: Obs: há autores que diferenciam o negócio solene do negócio formal. Arts. 107, 108 e 109, CC. Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir. Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País. Art. 109. No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem instrumento público, este é da substância do ato.

2.2 Classificação: - Quanto às condições pessoais dos negociantes: Impessoais - São aqueles que não dependem de qualquer condição especial dos envolvidos podendo a prestação ser cumprida tanto pelo obrigado quanto por terceiro. Ex: Compra e venda por procuração. Pessoais São aqueles que dependem de condição especial dos negociantes. Ex: Contratação de ator específico para atuar em determinado evento.

2.2 Classificação: - Quanto à causa: Causais (materiais): são aqueles em que o motivo consta expressamente no seu conteúdo. Ex.: Termo de separação ou divórcio. Abstratos (imateriais): são aqueles em que o motivo não consta expressamente no seu conteúdo, decorrendo dele naturalmente. Ex.: transmissão da propriedade, emissão de título de crédito.

2.2 Classificação: - Quanto à eficácia: Consensuais: são os que geram efeitos a partir do acordo de vontades. Ex.: compra e venda. Reais: são os que geram efeitos a partir da entrega da coisa. Ex.: Contrato de depósito.

2.2 Classificação: - Quanto à extensão dos efeitos: Constitutivos: são os que geram efeitos ex nunc, a partir de sua conclusão. Ex.: compra e venda. Declarativos: são os que geram efeitos ex tunc, a partir do momento de sua constituição. Ex.: partilha de bens no inventario.

2.2 Classificação: Efeitos extunc Retroagem aos termos iniciais do negócio jurídico. Efeitos exnunc Não retroagem aos termos iniciais do negócio jurídico.

2.3 - Elementos constitutivos: Os elementos estruturais ou constitutivos do negócio jurídico abrangem: 2.3.1) Essenciais: 2.3.2) Naturais: 2.3.3) Acidentais:

2.3.1 - Essenciais: São imprescindíveis à existência do ato negocial, pois formam sua substancia. 2.3.1.1) Gerais Dizem respeito à generalidade de qualquer negócio jurídico, são eles: a) Capacidade do agente: b) Objeto lícito: c) Possível: d) Consentimento:

2.3.1 - Essenciais: a) Capacidade do agente: Como o negócio jurídico traz em seu conteúdo uma declaração de vontade a capacidade das partes é indispensável para a sua validade. O negócio jurídico realizado por absolutamente incapaz é nulo (art. 166, I, CC) e por relativamente incapaz é anulável (art. 171, I, CC). As pessoas jurídicas devem ser representadas ativa e passivamente.

2.3.1 - Essenciais: OBS: A capacidade não pode ser confundida com a legitimidade. Esta última é a capacidade para realizar o negócio com determinada pessoa. Ex.: Compra e venda entre pai e filho, pode desde que os demais filhos e o cônjuge concordem.

2.3.1 - Essenciais: B) Objeto lícito: o conjunto de razões subjetivas, internas que levam as pessoas a praticarem um ato. O motivo relaciona-se às necessidades da pessoa no dia-adia. Se o motivo for ilícito o contrato será nulo. Ex.: Contrato de locação para exploração sexual (locador e locatário sabem do motivo).

2.3.1 - Essenciais: O objeto lícito nos limites impostos pela lei, não fere os bons costumes, à ordem pública, à boa fé e a sua função social e econômica. Se o objeto for ilícito o negócio é nulo (art. 166, II, CC) Ex.: venda de produto entorpecente, contrato sobre herança de pessoa viva. CC - Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.

2.3.1 - Essenciais: C) Possível: É elemento eivado de obviedade à partir do momento que o objeto do negócio jamais poderá ser algo ao qual o ser humano não tenha quaisquer possibilidades de realizá-lo, em termos atuais. Ex: Alienar terrenos na lua.

2.3.1 - Essenciais: D) Consentimento: O consentimento pode ser: Expresso. Verbal. Escrito de forma pública. Tácita (ou explícita). CC Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa. Ex.: casamento exige a vontade livre.

2.3.1 - Essenciais: 2.3.1.2) Particulares: Formas e solenidades previstas em lei. Alguns negócios jurídicos, nos termos da legislação, exigem ainda para que opere a sua validade uma forma prescrita ou não defesa em lei.

2.3.1 - Essenciais: 2.3.1.2) Particulares: Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: (...) III - forma prescrita ou não defesa em lei. A Forma é o meio pelo qual se externa a manifestação da vontade nos negócios jurídicos.

2.3.1 - Essenciais: 2.3.1.2) Particulares: A regra civilista brasileira inspira-se na forma livre, devendo as partes observar forma específica apenas quando a lei assim determinar: CC Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir.

2.3.1 - Essenciais: 2.3.1.2) Particulares: Caso o negócio jurídico não esteja revestido das formalidades ou solenidades determinadas pela lei, serão nulos. CC Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: IV - não revestir a forma prescrita em lei; V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;

2.3.1 - Essenciais: Ex: Na compra e venda de imóvel de valor superior a 30 vezes o salário mínimo é obrigatória a sua escrituração. CC Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.

2.3.2 Naturais: Efeitos decorrentes do ato negocial: São aqueles que identificam determinado negócio jurídico celebrado. Ex.: Na compra e venda é o preço; na locação é o aluguel.

2.3.3 - Acidentais: São aqueles que lhe acrescentam como o objetivo de modificar uma ou algumas de suas conseqüências naturais. Estão no plano de eficácia, pode até ser dispensável, mas às vezes sua presença pode gerar a nulidade. São elas: a) Condição: b) Termo: c) Encargo:

2.3.3 - Acidentais: a) Condição (arts. 121 a 130 do CC): É o elemento acidental do negócio jurídico, que, derivando exclusivamente da vontade das partes, faz o mesmo depender de um evento futuro e incerto, (Se o elemento for futuro e certo será termo e não condição). São elas:

2.3.3 - Acidentais: a) Condição (arts. 121 a 130 do CC): a.1)-lícitas: Devem ser consideradas lícitas todas as condições não contrárias à lei, a ordem pública e aos bons costumes, (verificados pelo magistrado caso a caso).

2.3.3 - Acidentais: a.2) Inválidas: Físicas ou juridicamente impossíveis: Testamento no qual é exigido que o herdeiro fique uma hora debaixo d agua, (não escrita o testamento é válido).

2.3.3 - Acidentais: a.3) Ilícitas: Testamento impusesse como condição ter o herdeiro que assassinar alguém, (não é válida a cláusula o herdeiro não receberia).

2.3.3 - Acidentais: a.4) Quanto ao modo de atuação: 1) Suspensiva: A eficácia do negócio jurídico fica suspensa até a implementação de evento futuro e incerto. As partes protelam o negócio temporariamente a eficácia, quando o evento futuro e incerto acontecer o negócio se realiza. Ex: Gratuidade de moradia em imóvel do pai do varão pela mantença do casamento. Quando ocorrer nascimento de neto o imóvel será doado ao casal.

2.3.3 - Acidentais: a.4) Quanto ao modo de atuação: 2) Resolutiva: Subordina a ineficácia do negócio a evento futuro e incerto. Quando ocorre o evento futuro e incerto extinguese os efeitos do negócio jurídico. Ex: Gratuidade de moradia em imóvel do pai do varão pela mantença do casamento.

2.3.3 - Acidentais: b) Termo (arts. 131 a 135 do CC): É o dia que começa ou extingue o negócio jurídico, subordina-se a evento futuro e certo. Classifica-se da seguinte forma:

2.3.3 - Acidentais: b.1) termo certo - estabelece de uma data de calendário. Ex: Compra de passagem aérea com data. Aula 9 - Dos Negócios Jurídicos I: b.2) termo incerto - evento futuro, que se verificará em data indeterminada. Ex: Compra de passagem aérea, porém sem data.

2.3.3 - Acidentais: b.3) termo suspensivo - a partir dele se pode exercer determinado direito;. Ex: Maioridade e CNH b.4) termo resolutivo - a partir dele cessa os efeitos do negócio jurídico. Ex: Promessa de compra e venda com certidões positivas.

2.3.3 - Acidentais: C) Modo (ou encargo) (arts. 136 a 137 do CC): Cláusula acessória, em regra, descreve atos de liberalidade inter vivos ou causa mortis, que impõe ônus ou obrigação a uma pessoa contemplada pelos referidos atos. O encargo não suspende a aquisição ou exercício de direito. Ex: Graciosidade de locação enquanto houver mantença de determinada atividade. Creche.

2.4 - Interpretação do negócio jurídico: A parte geral do Código Civil dedica cinco dispositivos à interpretação dos negócios jurídicos: Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.

2.4 - Interpretação do negócio jurídico: No tocante à reserva mental, o art. 110 do Código Civil, seguindo a linha de que lei não tem por função trazer definições, não conceitua reserva mental, apresentando apenas os efeitos da reserva conhecida e não conhecida pela outra parte.

2.4 - Interpretação do negócio jurídico: Cláudio Luiz Bueno de Godoy leciona que a reserva mental é uma proposital divergência, uma deliberada disparidade entre a vontade interna e a vontade afinal declarada. O sujeito declara uma vontade que não corresponde a seu verdadeiro querer, o qual reserva para si.

2.4 - Interpretação do negócio jurídico: É, desse modo, a reserva mental espécie de divergência intencional entre a vontade interna e a vontade declarada através da qual o declarante emana vontade que não pretende cumprir no intuito de ludibriar o declaratário, que, no ato da celebração do negócio, em regra desconhece a real intenção (reservada) da outra parte.

2.4 - Interpretação do negócio jurídico: Parece óbvia a conclusão de que a vontade reservada, quando desconhecida pelo declaratário, será irrelevante, de sorte que prevalecendo a declaração sobre a vontade interna, deverá o negócio ser integralmente cumprido.

2.4 - Interpretação do negócio jurídico: Diferente é a solução dada à reserva mental conhecida pela outra parte. Aliás, a diversas são as soluções, tanto nas diversas legislações, quanto na doutrina. Todas, porém, convergem para a sobreposição da vontade interna sobre a vontade declarada, ao inverso do que ocorre na reserva mental não conhecida pelo declaratário.

2.4 - Interpretação do negócio jurídico: CC Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa. Ex: Compra fiado em cidade do interior em que há este costume.

2.4 - Interpretação do negócio jurídico: OBS: Art. 39, parágrafo único do CDC, c/c inciso III. Art. 39. (...) Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo obrigação de pagamento. III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço;

2.4 - Interpretação do negócio jurídico: Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem. Estabelece, pois, uma regra de interpretação destacando o elemento intenção sobre a literalidade da linguagem.

2.4 - Interpretação do negócio jurídico: A regra geral é a de prevalência da vontade declarada. Destaque seja feito ao art. 113, CC, que integra um da das funções da cláusula geral da boa-fé objetiva. Além dessas normas gerais, os livros que integram a parte especial do Código Civil estabelecem regras específicas para as diversas espécies negociais (e.g. art. 423: interpretação dos contratos por adesão).

2.4 - Interpretação do negócio jurídico: CC Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. CC Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente.

2.4 - Interpretação do negócio jurídico: Jornada de Direito Civil: Enunciado n. 409, os negócios jurídicos devem ser interpretados não só conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração, mas também de acordo com as práticas habitualmente adotadas entre as partes. O objeto típico do negócio jurídico é o contrato. O negócio jurídico é o principal instrumento para que as pessoas possam realizar seus negócios privados.

2.4 - Interpretação do negócio jurídico: CC Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente. Considerando determinado tipo de negócio jurídico, v.g., um testamento. A seus próprios termos ficará restrito a interpretação. Ex: Testamento que determina a herdeiros determinado quinhão, a estes e somente estes (jamais aqueles) deverá ser dada a propriedade.

Conclusão:

Que a Força esteja com Todos! Vida Longa e Próspera: