CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL.

Transcrição

1 CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL. Aula Ministrada pelo Prof. Durval Salge Júnior (Aula 14/09/2017). Classificação dos Contratos. Princípio da função social do contrato O Estado por este prisma passa a ter interesse que os negócios jurídicos, seja não só meio de circulação de riqueza como também de estabilização pacificadora das relações comerciais. Acelerando a economia e pacificando o mundo dos negócios. Classificação dos contratos: Unilaterais e Bilaterais Quanto a natureza Onerosos e Gratuitos Comutativos e Aleatórios Consensuais e Reais Como se aperfeiçoa Solenes e não Solenes Uns em relação aos outros Nominados e Inominados Principais e Acessórios Execução Instantâneo ou Diferido no futuro 1

2 Quanto ao seu objeto Definitivo ou Preliminar Como são formados Paritários ou Adesão Contrato unilateral: Neste tipo de contrato as obrigações existem apenas para um dos contratantes. Tipos de contratos assim exemplo mandato, comodato e doação sem encargo. Quando falamos em contratos falamos em obrigação. Dar Obrigação Fazer Não fazer Comodato empréstimo gratuito de coisa não fungível, só o comodatário tem obrigação. Chamamos contratos unilaterais em que apenas uma das partes têm obrigação. Mandato contrato pelo qual alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. Tem como instrumento a procuração, onde apenas o procurador tem obrigação. Doação sem encargo é o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio, bens ou vantagens para o de outra, que os aceita sem condição presente ou futura. Tomar cuidado, pois qualquer alteração pode mudar um contrato de unilateral para bilateral, exemplo, no contrato de mandato remunerado, o mandatário passará a ter obrigação de dar. 2

3 Contrato bilateral: é o contrato mais comum, obrigações são recíprocas entre os contratantes, que são ao mesmo tempo credores e devedores um do outro. São chamados também de contratos sinalagmáticos, pois criam sinalagma, é um contrato via de mão dupla, ambos as partes têm obrigação, exemplo contrato de compra e venda de imóvel. Contratos onerosos: ambas as partes vão sofrer um sacrifício patrimonial visando à consecução do contrato. Grande parte dos contratos são bilaterais onerosos. O contrato não pode ser bilateral e unilateral ao mesmo tempo. Oneroso é gratuito ao mesmo tempo. Contrato gratuito: quando somente uma das partes sofrem um sacrifício patrimonial enquanto a outra parte obtém um benefício. Exemplo, doação sem encargo. Quando o contrato é gratuito ele é gratuito apenas para uma das partes e não para as duas, pois, uma das partes sofrerá diminuição patrimonial. Contrato comutativo: contrato bilateral, oneroso e comutativo no qual as partes já estima no início do contrato o que vão ganhar e o que vão perder. Neste tipo de contrato a estimativa das prestações pode ser efetuada no momento da contratação. Exemplo, locação de imóvel, compra e venda. Comutativo já tem uma prévia do que vai ganhar e perder com a realização do contrato. Contrato aleatório: (risco) pelo menos uma das partes não tem a mínima ideia se vai ganhar ou se vai perder, a sorte está lançada, o contrato fica ligado a uma incerteza. Exemplo seguro (contrato de seguro também conhecido como o príncipe dos contratos aleatórios), plano de saúde, prospecção de petróleo. A prospecção de petróleo é a atividade de detecção de reservas de petróleo e gás natural. Todo contrato aleatório vai envolver risco para uma das partes. 3

4 Contratos Consensuais: são aqueles que se concluem pela simples anuência das partes, sem a necessidade de outro ato. É quando um contrato estabelece obrigações apenas entre pessoas. Exemplo contrato de casamento. Se aperfeiçoa com a palavra apenas. (obrigação de fazer) Contrato real: no contrato real este apenas se perfaz com a entrega da coisa. O vínculo contratual só tem fim com a tradição do objeto. Exemplo comodato, compra e venda, mútuo, deposito. Quase todos os contratos são reais. Se envolver a entrega de alguma coisa, se aperfeiçoa no momento da entrega. Contratos solenes: são contratos que depende de forma prescrita em lei para que possam ter validade. A solenidade serve para chamar a atenção das partes para o vulto do negócio que vão celebrar. Exemplo, casamento em cartório que diz não "brincando", o casamento não é realizado porque não provou ciência inequívoca que quer casar. Art É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, e ineficaz se não lhe seguir o casamento. Outro exemplo é a transferência de propriedade de bens imóveis que se não respeitada a forma prescrita na lei o negócio não tem validade. Art Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País. Contratos não solenes: contratos que não depende de solenidade para se aperfeiçoar, sua forma é livre, a grande maioria dos contratos é não solene. Contratos nominados ou típicos: são aqueles que a lei da um nome e os regulamenta. Todos os contratos do Código Civil são nominados ou típicos. Por norma a sociedade cria o negócio e depois o Congresso Nacional legisla sobre o tema, exemplo contrato franquia que surgiu mo mundo dos negócios e só depois foi regulado por lei. 4

5 Contrato inominado ou atípico: são aqueles contratos não prescrito em lei, mas também não proibidos, tem nome, mas não tem legislação que regule ainda. Pelo princípio da autonomia da vontade tais contratos podem ser livremente criados, para somente muitos anos depois serem objetos de uma legislação própria. Artigo 421 cc 425 do CC. Art A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. (grifo nosso) Art É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código. (grifo nosso) Contrato principal: é aquele que produz de forma autônoma, não necessita de existência de qualquer outro instrumento contratual, produz reflexos de forma independente. Exemplo contrato de aluguel. Contrato acessório: é aquele que existe em função de um contrato principal, e depende dele para existir. Exemplo contrato de fiança que é acessório do contrato de locação. Se o credor de uma locação perdoar a obrigação principal a fiança também será perdoada. O acessório segue o principal. Contrato de execução instantânea: é aquele que se exaure imediatamente, num só instante, mediante uma única prestação. Exemplo compra e venda à vista momentânea instantânea para os dois. "Exceptio non adimpleti contractus" Exceção de contrato não cumprido. Alegar exceção do contrato não cumprido em ação judicial, apenas em contrato bilateral, não cumpri a obrigação porque a outra parte também não cumpriu a parte dela. "Exceptio non rite adimpleti contractus" quando entrega alguma coisa é "excepio non rite adimpleti contratus", vale para todos os contratos bilaterais, e que as obrigações sejam simultâneas. Exceção de contratos parcialmente descumprido, exemplo, compra e venda, seguro, mútuo com juros, empreitada, prestação de serviços. 5

6 Contrato diferido no futuro: é aquela que pelo menos uma das partes ou ambas devem cumprir suas prestações de forma dilatada no tempo. Exemplo, locação por 36 meses. Compra e venda dividido em 6 meses. Legale pagamento à vista para o aluno momentânea instantânea para o Legale é diferida no futuro. Para a aplicação da "Rebus sic stantibus" o contrato precisa ser diferido no futuro. (Artigo 478 CC). Contrato preliminar: neste contrato seu objeto se traduz na formalização do contrato definitivo, também chamado de promessa de pré contrato. Exemplo promessa de compra e venda, contrato definitivo é a compra e venda. O objeto do contrato preliminar é sempre o contrato principal. Hoje o pré contrato é importantíssimo, pois trava o negócio, por ser ágil. O efeito do pré contrato é fazer você cumprir o que prometeu. Pacto preliminar às vezes é mais importante que o contrato definitivo por obrigar cumprir o que pactuou por ter cláusula penal. Adjudicação compulsória só é possível se houver recusa, desde que esteja quitada as obrigações da outra parte. A cláusula penal não pode ter um valor superior à obrigação principal, se passar é nulo. Cláusula penal moratória até 30% do valor do contrato. Cláusula penal compensatória é para o total inadimplemento da obrigação. Art O promitente comprador, titular de direito real, pode exigir do promitente vendedor, ou de terceiros, a quem os direitos deste forem cedidos, a outorga da escritura definitiva de compra e venda, conforme o disposto no instrumento preliminar; e, se houver recusa, requerer ao juiz a adjudicação do imóvel. (grifo nosso). 6

7 Contrato definitivo: este é o contrato em que o objeto se conclui pelo interesse das partes. O contrato de doação é sempre definitivo, não existe promessa de doação. Contrato paritário: é aquele em que as partes estão em pé de igualdade, participando ativamente na formação do contrato. Paridade as pessoas estão ombro a ombro em pé de igualdade. Se você não pactua é contrato de adesão. O futuro é a massificação dos contratos (adesão). Contrato de adesão: neste contrato todas as cláusulas são elaboradas por apenas um dos contratantes, cabendo ao outro ou aderir por inteiro ou recusar por inteiro. Grande parte dos contratos hoje em dia é de adesão. Art Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio. Regras de Interpretação Esclarecimento do sentido das declarações de vontade a determinar o significado do quanto foi acordado. (Orlando Gomes) I- Subjetiva: neste caso o interprete deve buscar qual foi a real intenção das partes "voluntas spectanda", questionar ambos os contratantes sobre o que quiseram acordar. Quando houver um entrave a primeira regra aplicada é a subjetiva, contudo, só pode aplicar quando as partes concordam com a sua aplicação. II- Objetiva: a interpretação é realizada coma ajuda de regras usuais, histórica, teológica, gramatical, com o apoio da jurisprudência, escoltado na doutrina e, ainda, com base nos princípios gerais do Direito. Bons Estudos!!! Professora Adriana Aparecida Duarte 7