PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA CLÁUSULAS GERAIS DOS CONTRATOS

Transcrição

1 CLÁUSULAS GERAIS DOS CONTRATOS Curso de Pós-Graduação em Direito do Consumidor - Aula 29

2 Contrato de adesão - resultado da contratação em massa - cláusulas gerais dos contratos. Direito Alemão (Teoria das condições gerais dos negócios) Direito Espanhol (Teoria das condições gerais do contrato) Direito Brasileiro (Teoria das cláusulas gerais do contrato)

3 Indissociáveis do fenômeno da contratação em massa (contratos de adesão) essas cláusulas gerais dos contratos têm sido largamente utilizada entre nós, em todos os setores da economia, como, v.g., nos contratos bancários, de seguros, de planos de saúde, de consórcio etc., mas praticamente ignoradas pelos nossos doutrinadores do Direito Civil e Comercial. (Prof. Nelson Nery Júnior)

4 Características das cláusulas gerais dos contratos Preestabelecimento (predisponente ou estipulante) Unilateralidade da estipulação Uniformidade Rigidez (não se discute conteúdo e alcance) Abstração (destinada a qualquer consumidor)

5 Diferença entre cláusulas gerais de contratação e os contratos de adesão Cláusulas gerais de contratação Cláusulas gerais de contratação são o conjunto de regras ou normas disciplinadas unilateralmente pelos fornecedores a fim de que, com base nelas, sejam realizados os contratos e operações comerciais, industriais ou de prestação de serviços desses fornecedores.

6 Contratos de Adesão Os contratos de adesão são a concretização das cláusulas contratuais gerais que enquanto não aceitas pelo aderente são abstratas e estáticas, e, portanto, não se configuram ainda como contrato.

7 Artigo 47 do CDC As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor.

8 Art. 423 do CC Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente. (Grifou-se)

9 Princípios específicos da interpretação dos contratos de consumo A interpretação é mais favorável ao consumidor AGRAVO INTERNO. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. NECESSIDADE DE REEXAME DE PROVAS. SÚMULA N. 7/STJ. PLANO DE SAÚDE. COBERTURA. HOME CARE. CLÁUSULA ABUSIVA. 1. Recurso especial cuja pretensão demanda reexame de matéria fática da lide, o que encontra óbice na Súmula 7 do STJ. 2. "O serviço de home care (tratamento domiciliar) constitui desdobramento do tratamento hospitalar contratualmente previsto que não pode ser limitado pela operadora do plano de saúde. Na dúvida, a interpretação das cláusulas dos contratos de adesão deve ser feita da forma mais favorável ao consumidor" (REsp nº /RJ, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, Terceira Turma, DJe 15/6/2015). 3. Agravo interno a que se nega provimento. (AgInt no AREsp /RJ, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 20/03/2018, DJe 05/04/2018)

10 Deve-se atender mais à intenção das partes do que à liberdade da manifestação de vontade Artigo 112 do Código Civil: Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem.

11 Interpretação declaratória do negócio jurídico Caberá, então, ao intérprete investigar qual a real intenção dos contratantes, pois sua declaração apenas terá significado quando lhes traduzir a vontade realmente existente. O que importa é a verdade real e não a declarada; daí a importância de se desvendar a intenção consubstanciada na declaração

12 Na hipótese vertente, não há que se falar em violação à liberdade de contratar, aos princípios da boa-fé e da probidade, bem como à estipulação de contratos atípicos, pois a liberdade de contratar não pode prejudicar o consumidor, além de o contrato de seguro revestir-se de natureza típica, com expressão previsão no Código Civil, consoante se observa entre os arts. 757 e O Superior Tribunal de Justiça perfilha o entendimento de que as cláusulas contratuais devem ser interpretadas da maneira mais favorável ao consumidor. (AgInt no AREsp /MA, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 06/02/2018, DJe 09/02/2018)

13 Cláusula geral de boa-fé reputa-se ínsita em toda relação jurídica de consumo, ainda que não conste expressamente do instrumento do contrato (arts. 4º, caput, inc. III, e 51, inc. IV, do CDC.

14 Havendo cláusula negociada individualmente, prevalecerá sobre as cláusulas estipuladas unilateralmente pelo fornecedor. Sempre que possível interpreta-se o contrato de consumo de modo a fazer com que suas cláusulas tenham aplicação, extraindo-se delas um máximo de utilidade (princípio da conservação)