AVALIAÇÃO POR IMAGEM DA COLUNA LOMBAR: INDICAÇÕES E IMPLICAÇÕES CLINICAS

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Transcrição:

AVALIAÇÃO POR IMAGEM DA COLUNA LOMBAR: INDICAÇÕES E IMPLICAÇÕES CLINICAS UNIDADE CLINICA AUTONOMA DE NEURORRADIOLOGIA SERVIÇO DE IMAGIOLOGIA 8 de Novembro de 2012

a)aguda (< 6 semanas) b)subaguda (>6 semanas e < 3 meses) c)crónica (> 3 meses)

Lombalgias > 70 % da população portuguesa www.sppcv.org www.olhepelassuascostas.com

Uma vez que quase toda a nossa população irá sofrer de lombalgias alguma vez no decurso da sua vida pergunta-se: Precisarão todos os utentes com lombalgias de um estudo de imagem da coluna lombar?

Rx simples em ortoestatismo AP Perfil Oblíquas Dinâmico (flexão/extensão) Ressonância Magnetica Tomografia Computorizada

Numerosos estudos da literatura internacional demonstram grandes variações no uso de testes diagnósticos na avaliação da lombalgia com resultados terapêuticos similares apesar de custos substancialmente diferentes Recomendações/Orientações para avaliação por imagem da Lombalgia do Colégio dos Médicos Americanos, da Sociedade Americana de Dor e do Colégio de Radiologia Americano em 2008

>85 % das lombalgias são inespecificas 5% patologia grave

LOMBALGIA AGUDA (duração < 6 sem) I. Os clínicos não deverão pedir por rotina estudos de imagem da coluna lombar em indivíduos com lombalgia aguda não especifica

LOMBALGIA AGUDA (duração < 6 sem) O pedido de exames deve ser orientado em função da história clínica e do exame objectivo, classificando as queixas em três categorias: lombalgia não especifica lombalgia potencialmente associada a radiculopatia ou a canal estenótico lombalgia potencialmente associada a outra causa especifica

Criança de 10 anos com lombalgia aguda e febre. Hemocultura positiva para estafilococus epidermidis. Artrite séptica apofisária posterior L3-L4 esquerda, bacteriana.

LOMBALGIA AGUDA (duração < 6 sem) II. Os clínicos deverão pedir exames de imagem apenas nas lombalgias agudas com presença de déficit neurológico (grave ou progressivo) e na suspeita de sinais de alerta ( red flags )

sinais neurológicos progressivos (< força muscular) suspeita de S. da cauda equina (sinais ou sintomas neurológicos bilaterais e disfunção aguda vesical ou intestinal) infecção (febre, suspeita de infecção sistémica ou raquidiana, imunossupressão, uso de drogas intra-venosas, bacteriémia conhecida, aumento da velocidade de sedimentação) história ou suspeita de neoplasia (perda de peso inexplicada, sintomatologia persistente após 1 mês, idade > 50 anos) história de traumatismo, osteoporose e/ou idade > 70 anos (RX e RM) status pós-fusão cirúrgica lombar não eficaz

ESPONDILODISCITE

C D A B Empiema isabel.cravo@gmail.com subdural dorso-lombar

excluir patologia oncologica associada não conhecida

LOMBALGIA SUBAGUDA (duração > 6 sem e < 3 meses) III. Os clínicos deverão pedir preferencialmente a RM em relação à TC da coluna lombar na lombalgia subaguda persistente com pelo menos 6 semanas de tratamento médico conservador qualquer dos critérios para estudo de imagem da lombalgia aguda suspeita de radiculopatia (dor na perna > dor lombar, dor com distribuição radicular e Laségue positivo < 45º ou diminuição da força /sensibilidade em distribuição radicular ou EMG consistente com radiculopatia)

LOMBALGIA CRONICA (duração > 3 meses) IV. Os clínicos deverão pedir RM da coluna lombar na lombalgia crónica caso não tenha sido realizada nenhuma RM lombar prévia, se: V. Os clínicos deverão pedir RM coluna lombar na lombalgia crónica com RM lombar prévia nas situações: presentes quaisquer dos critérios referidos em III (LSA pers) suspeita/evidência de estenose canalar significativa documentada noutro exame de imagem agravamento do status neurológico pelo exame objectivo ou por teste electrodiagnóstico paciente ser candidato a cirurgia da coluna lombar (alterações progressivas do exame neurológico ou última RM realizada há 1 ano - mesmo sem alterações dos sinais neurológicos) prévia cirurgia lombar com agravamento clínico ou novos sinais neurológicos; ou com radiografias convencionais e/ou aspectos clínicos sugerindo eventuais efeitos adversos da cirurgia

Quisto sinovial

LOMBALGIA VI. Os clínicos poderão pedir RM ou TC da coluna lombar em indicações acima não mencionadas desde que devidamente justificadas

as lombalgias são um problema de saúde pública com importante impacto económico diagnosticar a natureza da dor é crucial para uma orientação terapêutica eficaz recomendações sugeridas na literatura internacional das indicações dos principais estudos de imagem na avaliação da lombalgia (A, SA, C) o exame de imagem preferido, mas não exclusivo, na avaliação das lombalgias é a Ressonância Magnética

precisarão todos os utentes com lombalgias de um estudo de imagem da coluna lombar? nas lombalgias não especificas, refractárias à terapêutica médica, poderá considerar-se apropriado orientação para consulta de especialista em lombalgias

Cravo I. Avaliação por imagem da coluna lombar:indicações e implicações clinicas. Cadernos de Ortopedia nº12.2012;10-13. Pengel LH, Herbert RD, Maher CG, Refshauge KM. Acute low back pain: systematic review of its prognosis. BMJ. 2003;327:323. Jarvik JG, Deyo RA. Diagnostic evaluation of low back pain with emphasis on imaging. Ann Intern Med. 2002;137:586-97. Chou R, Qaseem A, Snow V, e tal. Diagnosis and Treatment of Low back Pain: A Joint Clinical practice Guideline from the American College of physicians and the American Pain Society. Ann Intern Med.2007;147:478-491. American College of Radiology (2008). ACR appropriateness criteria: low backpain: (www.acr.org/secondarymainmenucategories/quality_safety/app_crite ria)