AGRADECIMENTOS A Escola de Veterinária da UFMG, ao Departamento de Zootecnia, a todos as pessoas envolvidas direta e indiretamente nesse trabalho. A todos os palestrantes que se colocaram à disposição do evento: Dr. André Luiz Perrone dos Reis - Cia. Agropecuária Monte Alegre Dr. Eduardo Krisztan Pedroso- Diretor JBS Dr. Lucas Rabelo - Prodap Dr. Egleu Mendes Embrapa Pantanal Prof. Emerson Alexandrino - UFT Prof. Mário Fonseca Paulino -UFV Prof. Pedro Veiga Rodrigues Paulino - UFV Dr. Jadir Silva de Oliveira - Siamig Dr. Roberto Guimarães Júnior Embrapa Cerrados Prof. Lívio Ribeiro Molina - UFMG Prof. José Luiz Moraes Vasconcelos - Unesp Prof. Vicente Ribeiro do Valle Filho - UFMG Prof. Venício José de Andrade - UFMG Prof. Fábio Luiz Buranelo Toral- UFMG A todos os moderadores que muito contribuíram para o enriquecimento do evento. A todas as empresas pela participação e pela confiança para a realização deste evento. CAPES; CRMV-MG; Nutron; Investcompras; Matsuda; Alta Genetics; Prodap; Agrosal; Leitepéu; Tortuga; Mutitécnica; PAIE UFMG; Cauêmbryo; Phibro; FAPEMIG.
Eficiência Alimentar Avaliada como Consumo Alimentar Residual - Conceitos e Padronização Egleu D. M. Mendes (M.s.) Analista de Pesquisa e Desenvolvimento Embrapa Pantanal - Corumbá, MS egleu@cpap.embrapa.br Durante muitos anos, as características avaliadas para o melhoramento genético em bovino de corte foram direcionadas para os outputs produtivos (ex.: ganho de peso, musculatura), ou seja, o que se produz com o animal, com pouca ênfase aos inputs produtivos (ex.: alimento), ou seja, o que é fornecido ao animal para produzir. Ao avaliar os custos na produção animal, verifica-se que 60 a 70% estão relacionados à alimentação ( inputs ). Desta forma, a seleção animal direcionada para redução de alimento ofertado aos animais, sem prejudicar o desempenho, teria um elevado impacto na bovinocultura de corte. Existe uma considerável variação individual em consumo de alimento acima e abaixo do que é esperado ou predito baseado no tamanho e taxa de ganho do animal. Isso, junto com o fato de indivíduos com o mesmo peso vivo (PV) requererem diferentes quantidades de alimentos para o mesmo nível de produção, estabeleceu aos cientistas uma base para medir consumo alimentar residual em bovino de corte. O Consumo Alimentar Residual (CAR; do inglês RFI - residual feed intake; ou NFI net feed intake) é uma medida de eficiência alimentar. De forma simplificada seu cálculo é efetuado pela diferença entre o consumo de alimento real e esperado, considerando o PV e ganho de peso diário (GPD) do animal. Desta forma, animais mais eficientes consomem menos do que o esperado (CAR negativo) e animais menos eficientes consomem mais do que o esperado (CAR positivo; Fig. 2). O CAR já vem sendo utilizado na Austrália como a característica de eficiência alimentar no programa de melhoramento genético em bovino de corte, BREEDPLAN.
A diferença média de consumo entre animais eficientes (CAR negativo) e animais não eficientes (CAR positivo) é de 20%, podendo chegar a 40% quando comparado os extremos. Desta forma, pode-se esperar uma redução considerável no kg de alimento utilizado no confinamento para animais na terminação, assim como aumento na taxa de lotação animal a pasto quando o CAR for utilizado junto a outras características para melhoramento genético do rebanho. Para o cálculo do CAR, é necessário obter o consumo individual diário de alimento dos animais. Durante muitos anos o único método para obter consumo individual era através de baias individuais. Com a evolução tecnológica, sistemas eletrônicos como o Calan Gate (American Calan Inc.) e o GrowSafe (GrowSafe Systems Ltd.) possibilitaram um avanço na coleta de dados individuais dos animais. Além do CAR ser uma característica herdável (entre 0.26 a 0.46), estudos australianos e norte-americanos demonstraram não haver influência na seleção genética direcionada para CAR nas principais características produtivas (ex.: peso desmama e peso de ano) e reprodutivas (ex.: intervalo entre partos) avaliadas em bovino de corte. Estudos brasileiros também já demonstraram que grupos divergentes para CAR (negativo x positivo) não apresentaram diferenças para características da carcaça (peso da carcaça resfriada, porção comestível, peso traseiro e cortes nobres). A seleção para CAR em bovino de corte também deixa sua contribuição ambiental com animais mais eficientes para CAR produzindo em média 25% a menos de gás metano. Uma das considerações na seleção direcionada apenas para o CAR é uma diminuição na espessura de gordura em animais mais eficientes, CAR negativo, comprovado em animais taurinos. Estudos em zebuínos no Brasil (bovino de corte da raça Nelore) têm apresentado resultados onde não é encontrada essa correlação e outros resultados onde existe uma tendência na correlação com espessura de gordura. Considerações devem ser feitas devido os estudos em zebuínos no Brasil ser relativamente recente, apresentando apenas correlações fenotípicas. Quando estamos trabalhando com o melhoramento genético do rebanho é prática utilizar um pool de características economicamente relevantes na seleção de animais. Com isso, no processo de seleção para eficiência alimentar, recomenda-se utilizar o CAR junto a outras características economicamente desejáveis, e não como uma ferramenta única na seleção de animais melhoradores. Como a variação do CAR é alta, pode-se obter melhoramento genético para eficiência alimentar juntamente com
elevadas taxas de ganho e acabamento sem afetar outras características produtivas ou reprodutivas. Como o CAR é uma característica praticamente neutra, rebanhos que já possuem trabalho de melhoramento genético para uma maior variedade de características produtivas e reprodutivas terão uma melhor adequação a utilização do CAR, pois não ocorrerá efeito negativo nas características já trabalhadas no rebanho.