FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL: QUESTÕES RELACIONADAS AO AUTISMO

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Transcrição:

FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL: QUESTÕES RELACIONADAS AO AUTISMO ANA PAULA DE OLIVEIRA ¹ MORGANA DE FÁTIMA AGOSTINI MARTINS ² SIMONE FÉLIZ COSTA FONTANA ³ JOELSON DA SILVA FERNANDES ¹ Introdução O transtorno do espectro autístico pode se presentar desde o muito prejudicado, com retardo mental associado e muito grave até o muito leve, sem nenhum retardo mental. Baseado no DSM-IV (1995), o autismo é um transtorno invasivo do desenvolvimento, e seu quadro comportamental é composto basicamente de quatro manifestações: déficits qualitativos na interação social, déficits na comunicação, padrões de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertório restrito de interesses e atividades. O diagnóstico do autismo infantil, conforme apresentado no DSM-IV (1995), é caracterizado por um comprometimento acentuado no uso de múltiplos comportamentos não-verbais, tais como: contato visual direto, expressão facial, posturas corporais e gestos para regular a interação social e acentuado fracasso em desenvolver habilidades com os pares, apropriadas ao seu nível de desenvolvimento. Existe uma falta de tentativa espontânea de compartilhar prazer, interesses ou realizações com outras pessoas, e não há reciprocidade social ou emocional. O comprometimento qualitativo na comunicação é acentuado pelo atraso ou ausência total de desenvolvimento da linguagem falada. Nos casos em que a fala é adequada, existe um acentuado comprometimento da capacidade de iniciar ou manter uma conversação. É comum o uso estereotipado e repetitivo da linguagem ou linguagem idiossincrásica. Normalmente, existe uma adesão aparente inflexível a rotinas ou rituais específicos e nãofuncionais. Outra característica acentuada é o maneirismo e as estereotipias motoras repetitivas. Pode ocorrer um atraso ou funcionamento anormal, com início antes dos 3 anos de idade, nas áreas de interação social, linguagem para fins de comunicação social ou de jogos imaginativos ou simbólicos (DSM-IV, 1995). É importante compreender que não se trata de um quadro definido, algumas características do transtorno podem se apresentar a uma determinada pessoa, mas não se apresentar em outra. Segundo Ballone (2004) a principal característica que deve ser considerada na identificação de uma pessoa com o transtorno é o déficit cognitivo o qual prejudica a representação da realidade. Proposto pela Resolução do CNE/CEB n 02/2001, que dispõe sobre as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (BRASIL, 2001), a formação inicial de professores do Ensino Infantil e das séries iniciais do Ensino Fundamental deverá prever componentes curriculares que contemplem estudos e conteúdos sobre as necessidades e potencialidades dos alunos, inclusive daqueles com necessidades especiais. E, ainda a partir da reestruturação trazida pela Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da 2305

Educação Inclusiva (MEC, 2008) aponta para a necessidade de atendimento de todos os alunos no sistema regular de ensino. Para o professor atuar em um campo onde as diversidades sejam consideradas é necessário que este seja orientado e capacitado para saber direcionar seu trabalho, partindo-se do pressuposto de que o professor deve saber lhe dar com as diversidades encontradas na escola, é imprescindível oferecer-lhes formação e capacitação eficiente as quais precisam ser pautadas no processo de inclusão escolar. Em se tratando do transtorno do espectro autístico, é imprescindível que o professor seja capacitado para o atendimento dessa clientela, ele precisa conhecer mais profundamente sobre as características do transtorno, os meios de tratamento, quais as possíveis intervenções educacionais e comportamentais utilizadas para atender aos alunos autistas, quais técnicas podem ser utilizadas na escola para melhor atender a esse aluno, como por exemplo, o uso do sistema de Pecs (Picture Exchange Communicacion System) o qual consiste no uso de material em velcro para a criança indicar o começo, a troca ou o término de determinada atividade, como também o método Teacch o qual é baseado na adaptação do ambiente que facilita a compreensão da criança em relação ao seu local de trabalho, organização de tarefas para cada criança, etc. O professor também precisa conhecer sobre o funcionamento orgânico desta criança no sentido de ter acesso a informações sobre as disfunções neurológicas do sistema nervoso central desta criança, sobre como é organizada a estrutura anatomofisiológica do portador do espectro autístico, é importante que o professor tenha acesso a tais informações, pois só assim ele poderá compreender porque a criança consegue alcançar o desenvolvimento de determinadas funções e outras não. Diante desse quadro torna-se importante que os educadores sejam instrumentalizados a fim de atender às peculiaridades apresentadas pelos alunos. Tendo em vista a capacitação docente, a participação das universidades e dos centros formadores serem relevantes a universidade, além de proporcionar cursos de aperfeiçoamento e de pós-graduação, deve envolver-se em pesquisas sobre o ensino aos portadores de necessidades especiais, desenvolvendo instrumentos e recursos que facilitem a vida dessas pessoas assim como do próprio educador que precisa se atualizar pare que possa atender as novas demandas que a escola oferece. Desse modo é preciso refletir o papel da extensão universitária como o braço do pensamento acadêmico que atende às demandas da comunidade e as retorna como objeto da construção do conhecimento. Além da participação de docentes e gestores no contexto da inserção dos alunos com deficiência na rede regular de ensino, outros fatores, como os relacionados à estrutura do sistema educacional, precisam ser considerados na análise e nas discussões sobre as possibilidades de implementação de projetos nessa área. (MARTINS et all, 2010). A partir de 2008, atendendo solicitações de familiares e profissionais de crianças com o transtorno do espectro autístico, foi criado na Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD um grupo de estudos chamado GEAPPA - Grupo de Estudo e Apoio aos Profissionais e Pais de Autistas, participavam do grupo os familiares e profissionais de saúde e ensino de Dourados e de outras cidades como Amambaí, Caarapó e Nova Andradina. Ressaltando, principalmente, a grande dificuldade encontrada pelos familiares desde a matrícula até a permanência de seus filhos nas escolas, além da ausência de serviços especializados no 2306

município e na região possibilitando no grupo discussões sobre a escolarização das crianças autistas de Dourados e região. Segundo Oliveira, Martins e Silva (2010), a parceria entre profissionais e pais de alunos é componente chave para o sucesso da escolarização de crianças. Em se tratando de crianças autistas, essa realidade não é diferente. Esse envolvimento é fundamental nas intervenções e práticas educativas oferecidas a crianças com autismo, dada a restrição de interesses e as dificuldades de adaptação a novas situações. Segundo as autoras, a proposta da criação do grupo parte do princípio de que se faz necessário a abertura de espaços para a informação, formação e discussão sobre o autismo e, principalmente, um espaço onde se efetive o pensamento sobre as políticas educacionais para a inclusão dessas crianças no ensino regular. Assim como destaca a declaração de Salamanca a qual defende que a inclusão escolar deveria ser iniciada no ensino regular o qual constitui melhor campo para atuação de práticas contra a discriminação, e que toda a criança com necessidades educacionais especiais tem o direito ao acesso a educação regular assim as escolas deveriam acomodar todas as crianças independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, lingüísticas ou outras. (BRASIL, 2006). Neta perspectiva o grupo prove por discussões que promovam o diálogo entre pais, professores e demais profissionais envolvidos nesse atendimento, tornando conjunta a tomada de decisões sobre o processo educacional. Neste sentido é de fundamental importância as contribuições que o profissional de psicologia pode promover dentro do grupo e em atuação junto aos pais, professores e demais profissionais que convivem com crianças com necessidades especiais. Atuar dentro de um grupo onde se encontram docentes que trabalham com crianças autistas faz parte do processo de formação do novo profissional em psicologia o qual se preocupa em atuar mais efetivamente junto a comunidade, neste caso a comunidade escolar a qual precisa caminhar para uma educação pautada nas diferenças e diversidades que emergem com os novos tempos. O trabalho do psicólogo junto a escola, aos docentes e demais profissionais que nela atua, faz toda diferença no processo de ensino e aprendizagem da criança, ainda mais, se esta possui alguma diferença que precisa ser considerada em sua escolarização. Trabalhar junto ao docente quais as necessidades que uma criança com autismo pode apresentar contribui para um ensino mais flexível e diferenciado, o qual promove a estimulação e o desenvolvimento das capacidades e habilidades que essa clientela possui. O professor precisa ser estimulado a buscar o conhecimento sobre as novas demandas presentes na escola, precisa considerar as necessidades que essas demandas apresentam no sentido de poder planejar melhor o ambiente de sala de aula, planejar práticas pedagógicas mais eficientes, refletir sobre suas práticas e sobre sua relação com o aluno em sala de aula. Pensar um ensino onde todos possam ser atendidos, onde a educação seja centralizada na criança com o objetivo de promover uma educação bem sucedida. Partindo dessa premissa, o GEAPPA - Grupo de Estudo e Apoio a Profissionais e Pais de Autistas, está elaborando um programa de formação continuada para professoras do Ensino Infantil e Educação Funda VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X Pg. 1191-1200 2307

mental da cidade de Dourados, abordando questões relacionadas ao autismo. Esse trabalho visa apresentar a atuação do Grupo de Estudo e Apoio a Profissionais e Pais de Autistas GEAPPA da Universidade Federal da Grande Dourados/MS, no qual atualmente é coordenado por uma psicóloga doutora em Educação Especial e foi criado com intuito de discutir questões relacionadas ao autismo. Método As reuniões do Grupo de Estudo e Apoio a Profissionais e Pais de Autistas (GEAPPA) acontecem quinzenalmente, em reuniões de duas horas aproximadamente, o espaço para a realização dos encontros é disponibilizado por uma escola localizada no centro da cidade. Atualmente participam do grupo 40 pessoas, as quais são distribuídas em pais de crianças autistas, professores e gestores que atuam na rede municipal de ensino infantil e ensino fundamental, professores de escolas especiais que recebem alunos com autismo, neurologista, fonoaudióloga, fisioterapeuta, psicólogas, pedagogas e acadêmicos do curso de Psicologia. A dinâmica de funcionamento do grupo se da por meio da roda de conversa - grupo focal (GONDIM, 2003) - com reflexões sobre a formação de professores, atendimento Educacional Especializado e orientação e atenção às famílias, com o intuito esclarecer sobre as principais caracterpisticas do transtorno, como também apoiar a escolarização de crianças autistas. Também são ministradas palestras dentro do grupo, apresentação de artigos científicos o quais são focados em assuntos relacionados a família, educação especial, lazer, estresse, problemas de comportamento, comportamentos pró sociais, ambiente, estimulação, aprendizagem, etc. Após a apresentação dos conteúdos teóricos o grupo é aberto para discussões, então os profissionais são convidados a contribuir com as práticas por eles vivenciadas com o autista, neste sentido são apresentados relatos sobre o atendimento clínico prestado a estas crianças, assim como relatos sobre o diagnóstico e sobre como a família encara a possibilidade de ter uma criança diagnosticada com o transtorno, como também relatos das professoras sobre sua atuação em sala de aula junto a criança autista. As professoras discutem sobre as dificuldades enfrentadas em lhe dar com a criança no ambiente escolar, como, por exemplo, dificuldades em relação a hiperatividade, repetição de movimentos, agitação, rotina da criança, agressividade, desatenção, falta de interação social, interesse por determinada tarefa ou objeto, etc., e também dificuldade na aplicação dos conteúdos acadêmicos, além da dificuldade de contato com a família da criança, o que distância o professor de poder conhecer melhor sobre o funcionamento da família e poder trabalhar junto a ela para melhor atender a criança. No primeiro semestre de 2011 a prefeitura de Dourados/MS solicitou a coordenadora do GEAPPA a oferta de um curso de formação continuada para as professoras e coordenadoras de uma escola que atende cinco alunos com autismo. O curso ocorreu em cinco encontros mensais com duração de duas horas nos quais foram discutidos temas relacionados à educação especial e inclusão de alunos com necessidades especiais, bem como práticas pedagógicas voltadas para o atendimento da criança autista, como por exemplo, adequação do ambiente escolar (sala de aula), adequação de material pedagógico para o atendimento dessa clientela, entre outros. 2308

No segundo semestre do mesmo ano, a oferta desse programa foi reforçada com outro pedido feito pela secretaria de educação, a qual solicitou que o programa fosse ofertado para todas educadoras que tivesse em sua sala de aula uma criança identificada com o transtorno do espectro autístico, de modo que todas pudessem ter acesso a informações mais específicas sobre o transtorno. Ficou a cargo da Secretaria de Educação do município fazer um levantamento das crianças com o transtorno do espectro autístico, as quais estão inseridas na Educação Infantil e no Ensino Fundamental. Assim só participarão do programa de formação aquelas professoras que tiverem crianças identificadas na sua escola. Dessa forma foi encaminhado um ofício as escolas convidando as professoras a participarem do programa de formação, neste ofício foram informadas as datas e o local onde ocorrerão as formações.. Essa formação terá por objetivo esclarecer as principais características do autismo, será abordado na formação relatos de casos que envolvem crianças com autismo e os processos de escolarização; discussões sobre as características e seu diagnóstico; políticas públicas em educação inclusiva; procedimentos de avaliação; métodos de ensino mais utilizados; bem como arranjos ambientais, organização e adaptações curriculares. Assim o grupo acontecerá em três momentos: um primeiro momento onde serão planejados os temas que subsidiarão as palestras, os quais serão levantados das demandas emergentes das professoras em sua interação com a criança autista. No segundo momento acontecerá a formação, que se realizará em sete encontros com os temas os quais emergirão das dúvidas e inquietações das professoras, mais os temas escolhidos pelos palestrantes, tais como: Introdução ao funcionamento orgânico da criança autista; Problemas de aprendizagem da criança autista; Problemas de comportamento da criança autista; Organização do ambiente escolar e familiar; Trabalho com a Família e cuidadores; Estratégia de ensino para criança autista; a contribuição do professor no processo de inclusão social da criança autista. Ainda neste momento será solicitado as professoras a realização de algumas tarefas como, por exemplo, caracterização da queixa por meio da observação da criança em sala de aula, envolvendo o comportamento da criança e as dificuldades que a professora têm ao lhe dar com as necessidades que essa criança apresenta em seu processo de escolarização. No terceiro momento, as professoras avaliarão a metodologia da formação oferecida, com intuito de refletir sobre os temas mais emergentes em relação as demandas trazidas, as quais podem estar relacionadas tanto a questões do comportamento da criança como a questões envolvendo a relação da escola com a família, assim como discutir sobre quais conteúdos foram mais proveitosos e que vieram de encontro com a realidade da professora e da criança em suas interações. Contudo as discussões realizadas no grupo pretendem ir ao encontro da realidade vivenciada pela professora na escola, assim o GEAPPA pensou em ofertar essa formação em dinâmica de grupo onde às professoras - além de serem capacitadas com suporte teórico e prático possam também relatar sobre suas experiências com a criança autista. Com isso, os encontros de estudo e a formação estão sendo realizados quinzenalmente, intercalando os encontros de estudo e discussão e o encontro de formação, tendo durante um mês os dois encontros. Os encontros da formação foram iniciados no mês de setembro e serão encerrados no mês de dezembro, ocorrerão no mesmo local onde ocorriam as reuniões do GEAPPA, cada reunião terá duração de três horas e será ministrada pelos próprios integrantes do grupo e outros 2309

convidados, a saber, profissionais de neurologia, fonoaudiologia, psicologia e acadêmicos de psicologia. No final do programa serão emitidos certificados para as professoras assim como para cada palestrante. Resultados e Discussões A atuação do grupo mobilizou diversos eventos no município, como a comemoração do dia do autista, a qual acontece no dia primeiro de abril. No ano de 2010 e 2011, os pais e outros participantes do grupo produziram adesivos e folheto explicativo sobre o Transtorno e organizaram um manifesto em uma das praças da cidade nesse dia, no sentido de poder promover a atuação do grupo e o empoderamento dos pais nesta atuação. Desta forma no ano de 2010 foi criada a Associação de Pais e Amigos dos Autistas da Grande Dourados AAGD, resultado do empoderamento dos pais integrantes do grupo. Atualmente a AAGD tem realizado contatos e elaborado projetos para pleitearem verbas públicas a fim de viabilizarem um Centro de Referência no Atendimento de Autismo e outros Transtornos do Desenvolvimento. O objetivo do Centro será o de oferecer atendimento aos pais no contra turno escolar, promovendo o desenvolvimento das crianças e o atendimento em diversas especialidades. Ainda no mesmo an, a AAGD promoveu o primeiro Seminário de Autismo com o tema: Aprendendo com uma mente visual em um mundo auditivo, participaram do evento profissionais e acadêmicos de Dourados, Campo Grande e de outros municípios da região. No primeiro semestre de 2011 a prefeitura desta cidade solicitou a coordenadora do GEAPPA a oferta de um curso de formação continuada para as professoras e coordenadoras de uma escola que atende cinco alunos com autismo. O curso ocorreu em cinco encontros mensais com duração de duas horas nos quais foram discutidos temas relacionados à educação especial e inclusão de alunos com necessidades especiais, bem como práticas pedagógicas voltadas para o atendimento da criança autistas, como, por exemplo, adequação do ambiente escolar (sala de aula), adequação de material pedagógico para o atendimento dessa clientela, entre outros. No segundo semestre do mesmo ano a secretaria de educação solicitou ao grupo a oferta de uma formação voltada apenas para o atendimento de crianças autistas, assim só participariam das formações aquelas professoras que tiverem crianças identificadas com o transtorno. Desta forma, acompanham hoje a formação oferecida pelo grupo, educadoras do ensino infantil e fundamental das escolas municipais de Dourados, assim como os demais integrante do GEAPPA. As formações foram iniciadas no mês de setembro deste ano, a primeira palestra foi ministrada pelo neurologista integrante do grupo, a qual foi intitulada Introdução ao funcionamento orgânico da criança autista onde foram discutidas as principais características do funcionamento do sistema nervoso central desta criança e as disfunções presentes neste sistema, as quais prejudicam o desenvolvimento da linguagem, da interação social, da aquisição de aprendizagem, entre outros. Ainda foi proposta a idéia de se montar um pronto socorro onde serão atendidos os casos mais graves de acordo com as queixas trazidas pelas professoras, esse casos serão ouvidos pelos profissionais do grupo, como o neurologista, 2310

psicólogas e fonoaudiólogas, os quais darão suporte as professoras de modo mais eficiente no sentido de promover uma intervenção imediata com a criança. Neste primeiro encontro foram solicitadas duas tarefas para as professoras entregarem no próximo encontro, a primeira tarefa consiste na descrição das dificuldades da professora em trabalhar com a criança autista, estas dificuldades podem estar relacionadas tanto a questões pedagógicas quanto a questões sobre o controle do comportamento da criança. A segunda tarefa consiste na formulação de tópico das principais características comportamentais desta criança, ou seja, a professora vai apresentar em tópicos os comportamentos específicos freqüentemente emitidos pela criança, como por exemplo, hiperatividade, gestos repetitivos, agressão, ente outros. Participaram do primeiro encontro quarenta e três pessoas, as quais estão divididas entre profissionais da saúde, educadores, psicólogas, mestrandos do curso de pós-graduação da Universidade Federal da Grande Dourados e estudantes de psicologia desta mesma universidade. Conclusão A promoção de formação continuada possibilita ao educador refletir sobre suas práticas pedagógicas e a adequação destas para o atendimento da criança com necessidades educacionais especiais, no sentido de melhor promover a inclusão e permanência com sucesso desta criança na escola. Neste município ainda não existe um centro de referência para o atendimento de crianças autistas, neste sentido o grupo GEAPPA em conjunto com a AAGD, tenta suprir as necessidades de pais e professores no trabalho com a criança autista. No entanto o grupo não pode suprir todas as demandas que o município apresenta, muitas pesquisas têm mostrado que há uma grande necessidade de estudos mais aprofundados, tratamentos e intervenções mais específicas junto à criança com o transtorno do espectro autístico, para que o desenvolvimento ocorra de forma integral e que seja estimulado precocemente. Daí surge a necessidade de se pensar em um centro de referência, o qual possa em parceria com a escola, promover serviços de intervenção, apoio pedagógico ao professor, esclarecimento de dúvidas a respeito do tratamento e diagnóstico da criança junto aos pais, principalmente nos casos em que o transtorno se apresentar na sua forma mais grave, além de se tornar um campo de atuação do profissional de psicologia, o qual poderá prestar serviços de orientação, planejamento pedagógico junto ao professor, esclarecimentos sobre a melhor maneira de se estruturar o ambiente escolar e familiar de uma criança autista, ou seja promover intervenções educacionais e comportamentais junto aos pais e educadores. Tendo em vista a importância da formação continuada para professores, apoio aos pais, ampliação de conhecimentos e de áreas específicas a acadêmicos e a outros profissionais, que o GEAPPA tende a promover a extensão universitária, atendendo os que estão na academia, os que já passaram por ela e a comunidade em geral. Sendo assim a oferta de programas de formação continuada se constitui um novo campo de atuação para o profissional de psicologia dentro da comunidade escolar, esta atuação deve ser vista como uma prática fundamental para a construção de um ensino mais flexível para o atendimento de todas as demandas que a escola apresenta. Assim o campo da educação se constitui para o psicólogo um campo rico na construção de um novo olhar sobre a atuação do 2311

psicólogo na escola. É por meio da formação continuada que o professor conseguirá refletir sobre suas práticas de ensino e suas relações com o aluno, a capacitação do educador, no sentido de mobilizar seus conhecimentos para novas práticas educativas, facilita articular um ensino capaz de se moldar a realidade da criança, assim o professor pode se tornar um agente de reflexão do crescente fazer pedagógico inclusivo, de modo que se estabeleça uma cultura para o desenvolvimento e trabalho de práticas e políticas sob o olhar da educação inclusiva, para que de fato possa se construir a tão sonhada escola para todos. Inclusão não implica apenas em inserir o aluno em sala de aula, sem se preocupar com o reconhecimento de suas necessidades, vai além da aplicação mecanizada dos conteúdos pedagógicos, de fato, implica na atitude do educador em reconhecer as diferenças e particularidades dos seus alunos, e por meio desse reconhecimento procurar respeitar e aceitar o próximo diante de suas limitações oferecendo-lhe um ensino de qualidade onde todas as habilidades inerentes ao ser humano possam ser trabalhadas e desenvolvidas. Referencias BALLONE, G. J., Autismo Infantil, in. Psiq Web, Psiquiatria Geral, Internet, Disponível em: <http://virtualpsy.locaweb.com.br/index.php?sec=19&art=20> 2004, acesso em 2 de setembro de 2011. BRASIL, MEC, Secretaria da Educação Especial. Política Nacional de Educação especial na perspectiva da Educação Inclusiva. Revista de Educação Especial. Brasília: SEESP/MEC, 2008.. Secretaria da Educação Especial. Diretrizes nacionais para a educação especial na educação básica. SEESP, 2001. BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Direito à educação: subsídios para a gestão dos sistemas educacionais orientações gerais e marcos legais. Brasília: MEC/SEESP, 2006. DSM-IV. Manual de diagnóstico e estatística de transtornos mentais. American Psychiatric Association. 4ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas; 1995. GONDIM, S. M. G. Grupos Focais como técnica de Investigação Qualitativa: Desafios Metodológicos. Paidéia, vol 12, no. 24, p. 149-161, 2003. MARTINS, M. F. A. ; SILVA, D. A ; OLIVEIRA, A. P. ; OLIVEIRA JÚNIOR, J. A.. Programa de formação continuada para educadores da Educação Infantil em Dourados/MS: Avaliação do desempenho no módulo 2 (Síndrome de Angelman). In: IV Congresso Brasileiro de Educação Especial e VI Encontro Nacional dos Participantes da Educação Especial. São Carlos SP. Editora Sao Carlos, 2010. OLIVEIRA, A. P. ; MARTINS, M. F. A. ; SILVA, D. A. A parceria escola: família e a educação da criança autista na perspectiva da educação inclusiva. In: 1º Encontro de Ensino 2312

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