Novas Propostas Pedagógicas ou Abordagens para o Ensino. Profa. Dra. Edna Maura Zuffi Depto. Matemática ICMC- USP

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Transcrição:

Novas Propostas Pedagógicas ou Abordagens para o Ensino Profa. Dra. Edna Maura Zuffi Depto. Matemática ICMC- USP

O que é a educação? Educação Escolar Instrução Ensino Meios e ações Personalidade valores sociais e culturais. Educação

Recordando tendências segundo Luckesi (sócio-histórica ou filosófica): Pedagogias Liberais (escola como redenção): - Tradicional - Renovada progressivista - Renovada não diretiva - tecnicista Progressistas (escola como transformação): - Libertadora - Libertária - Crítico-social dos conteúdos ou histórico-crítica

O que é Ensinar? Pergunta que depende do tempo e de concepções sobre o que é aprender Scheffler: Ensino: atividade intencional, planejada Estimular a curiosidade epistemológica (D. Saviani), para além da curiosidade ingênua Doxa, sofia, episteme Classificação de Misukami: mais psicológica (do ponto de vista cognitivo)

Abordagens Tradicionais: nativismo (primado do sujeito) conhecimento (cumulativo) que se transmite ao sujeito (passivo) fundamentada na prática (modelos anteriores) privilegia o especialista, os modelos e o professor (autoridade exterior) voltado para o programa, os conteúdos mundo: realidade transmitida ao aluno metodologia: confrontação de modelos, aulas expositivas. A classe como um auditório/ o conteúdo vem pronto avaliação: verifica a reprodução do conhecimento passado pelo professor/ provas, exames, chamadas orais, exercícios, etc.

Comportamentalistas behavioristas : núcleo: dimensão técnica objetivos mensuráveis e controláveis influências de empiristas e positivistas lógicos (primado do objeto) contingências do meio o conhecimento é algo do mundo externo, que é descoberto (sujeito passivo, conseqüência do ambiente) a experimentação planejada leva ao conhecimento (o meio pode ser controlado p/ que o sujeito o descubra). ordem na natureza e nos eventos Skinner (cada parte do comportamento seria descritível em termos físicos, como uma função ) modelamento e reforço, através das experiências instrução programada máquinas de aprender mundo como algo pronto, que pode ser manipulado professor: planejar e desenvolver o sistema, de forma a maximizar o desempenho do aluno.

Humanistas: núcleo: dimensão humana relações interpessoais (sujeito e interação) Rogers e Neill ( desenvolvimento sem intervenções) ensino centrado no aluno, com sua personalidade e conduta (autoconceito) professor: facilitador da aprendizagem, que é natural da interação com o meio mundo e realidade: fenômenos subjetivos, produzidos pelo homem diante de si mesmo conhecimento: processo de vir-a-ser da pessoa humana professor: cada um deve desenvolver seu próprio repertório é uma personalidade única, facilitadora da aprendizagem - autonomia do aluno. não são propostas estratégias de ensino estas têm pouca importância Avaliação: desprezo pela padronização; defesa da autoavaliação (do aluno) / critérios internos

Cognitivistas: ênfase nos processos cognitivos e na sua investigação separada dos problemas sociais interacionista (interação sujeito-objeto) Conhecimento como construção contínua - pelo próprio aluno níveis de compreensão (formação de novas estruturas) Piaget (Suíço) epistemologia genética e Bruner (americano) Não há pré-formação, nem endógena, nem exógena interação de ambas (bagagem genética e meio)/ homem e mundo analisados conjuntamente o sujeito como um sistema aberto, em reestruturações sucessivas desequilibrações - assimilação/acomodação métodos: provocar situações que sejam desequilibradoras para o aluno, de forma que se construam progressivamente as noções e operações (aprender por si próprio)/ trabalho em grupo / ambiente desafiador/ pesquisa por parte do aluno/ experiências feitas pelo aluno a escola deve ensinar a observar, primar pela ação real e material, e não pela linguagem professor: organizador das atividades do aluno Avaliação: múltiplos critérios/ contínua

Abordagens Sócio-Culturais: momento sócio-político-cultural, ou momento histórico Paulo Freire (mundialmente conhecido) e Demerval Saviani (pedagogia histórico-crítica) Democratização da cultura/ preocupações com a cultura popular, após II Guerra Interacionistas, mas com ênfase no sujeito como criador do conhecimento, sujeito da própria educação (a Educação deve levar em conta a vocação ontológica do homem, assim como o contexto em que ele vive). A ação educadora deve promover o próprio indivíduo e não tentar ajustá-lo à sociedade. Objetivos de se desenvolver uma consciência crítica. Homem e mundo conjuntamente: o homem cria a cultura e a história / integrado em seu contexto, toma consciência da historicidade A relação professor-aluno é horizontal, e não imposta Avaliação: auto-avaliação e avaliação mútua, por professores e alunos Na Matemática: movimento nessa direção, com a Etnomatemática (Ubiratan D Ambrósio, Ole Skovsmose). Trabalhos mais voltados, até hoje, para a formação escolar básica

Escolanovismo Manifesto dos pioneiros da Educação Nova ênfase nos aspectos didáticos incorpora diretrizes atribuídas a outras Para Misukami, não possui evidências empíricas ou teóricas que a justifiquem como uma outra abordagem.

Bibliografia Freire, P. Pedagogia do Oprimido.Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. Machado, N. Cidadania e Educação. Coleção Ensaios Transversais. São Paulo: Escrituras, 1997. Mizukami, M.G.N. Ensino: as abordagens do processo, E.P.U., São Paulo, 1986. Saviani, D. Escola e Democracia. São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1984.