Capítulo 114 Método de Snyder

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Transcrição:

Capítulo 114 Método de Snyder 114-1

Capítulo 114- Método de Snyder 114.1 Introdução Segundo prof. dr. Victor M. Ponce, o método de Snyder foi o primeiro hidrograma unitário sintético que foi feito no mundo em 1938 por F.F. Snyder. O método de Snyder foi feito para bacias muito grandes e foi baseado nas bacias das montanhas dos Apalaches nos Estados Unidos. Chow, 1988 sugere que o Método de Snyder é para bacias de 30km 2 a 30.000km 2. McCuen, 1998 recomenda a calibração dos coeficientes. Quando não temos medidas para calibrar a bacia, é recomendado que se use uma bacia perto ou similar de onde são conhecidos os coeficientes. 114.2 Hidrograma unitário sintético de Snyder Conforme McCuen, 1998 o método de Snyder prevê as seguintes equações: t L = 0,75.Ct. ( L. L CA ) 0,3 Ct= coeficiente empírico de armazenamento na bacia e varia de 1,35 a 1,65 com média 1,5 para unidades SI. L= comprimento to talvegue (km) L CA = comprimento do centro da bacia no ponto perto do talvegue até a seção de controle (km) Cuidado: Ponce, 1989 ressalta que Ct depende da unidade adotada. t L = 0,75.Ct. ( L. L CA ) 0,3 A duração padrão do escoamento superficial é achada empiricamente pela equação: t d = t L /5,5 t d = duração padrão (h) Os valores ajustados de t La para outras durações de chuva excedente pode ser obtido por: t La = t L + 0,25 (t da -t d ) 114-2

t da = duração alternativa do hidrograma unitário (h) t d = duração padrão (h) t La = valor ajustado (h) O tempo de pico tp é achado da seguinte maneira: tp= t La + 0,5 t da tp= tempo de pico (h) t d = duração padrão (h) t La = valor ajustado (h) A vazão de pico Qp será: Qp = 2,75 x C P x A/ t La Qp= vazão de pico (m 3 /s/cm) Cp= coeficiente empírico entre 0,56 a 0,69 conforme Ponce, 1989. Uehara para bacias rurais em São Paulo achou Cp=0,67. O SCS usa Cp=0,75. Nota: os valores Cp e Ct são parametros regionais que devem ser calibrados ou obtidos em bacias simulares que possuam medições; A= área da bacia (km 2 ) Ponce, 1989 recomenda expressamente que os coeficientes Ct e Cp são determinadados em base regional. Para desenhar o hidrograma unitário sintético, Snyder criou dois parametros W 50 e W 75 que representam a largura do hidrograma unitário sintético para vazões 50% do pico e 75% do pico. Conforme Porto et al, 1999 teremos: W 50 = 2,14 (A/Qp) 1,08 W 75 = 1,22 (A/Qp) 1,08 A= área da bacia (km 2 ) Qp= vazão de pico (m 3 /s/m) W 50 = largura do hidrograma unitário para 50% da vazão de pico em horas W 75 = largura do hidrograma unitário para 75% da vazão de pico em horas 114-3

Como regra prática as larguras W 50 e W 75 são proporcionais para cada lado do pico de vazão na razão de 1:3, sendo o trecho menor no lado esquerdo do hidrograma unitário sintético. Conforme Porto et al, 1999 o tempo base é determinado pela equação: tb=11,2. A/Qp W 75-1,5 W 50 tb= tempo base (dias) A chuva excedente é considerada de 1cm, que deve ser multiplicado pelos valores obtidos no hidrograma unitário sintético. Porto, recomenda que quando a bacia é grande usamos os 7 pontos para traçar o hidrograma, mas quando a bacia é pequena usamos somente 3 pontos. 114-4

Para se desenhar o hidrograma unitario pelo método de Snyder temos que usar os sete pontos: Tabela 114.1- Localização dos sete pontos para traçar o hidrograma unitario pelo método de Snyder Ponto Abcissa Ordenada 1 0 0 2 t La (1/3)W 50 0,5Qp 3 t La (1/3)W 75 0,75Qp 4 t La Qp 5 t La + (2/3)W 75 0,75Qp 6 t La + (2/3)W 50 0,50Qp 7 tb 0 114.4 Equações de chuvas intensas Deverá ser usada a equação de chuvas intensas local, 114.5 Hietograma de chuva Usamos o hietograma de Huff. 114.6 Chuva excedente pelo numero da curva CN Praticamente todos os métodos usam para calcular a chuva excedente o número da curva CN 114-5

Exemplo 114.1 McCuen adaptado para unidades SI e hidrograma conforme Porto. Achar o hidrograma unitário baseado no Método de Snyder para uma bacia com 6151 km 2, comprimento do talvegue de 137,6 km, comprimento do centro da bacia até a seção de controle de 65,6km. Adotar Ct=2,0 e Cp=0,5. t L = 0,75x Ct x ( L. L CA ) 0,3 t L = 0,75x2,0x (137,6 x 65,6) 0,3 t L = 23,1h t d = t L /5,5 t d = 23,1/5,5 = 4,2h Adotanto chuva unitária de duração tda=4h, t La = t L + 0,25 (t da -t d ) t La =23,1 + 0,25 (4,0-4,2) = 23,00h tp= t La + 0,5 t da tp= 23 + 0,5 x 4= 25 h Qp = 2,75 x C P x A/ t La Qp = 2,75 x 2,00 x 6151/ 23= 367,62 m 3 /s/cm W 50 = 2,14 (A/Qp) 1,08 W 50 = 2,14 (6151/367,62) 1,08 W 50 = 44,9 h W 75 = 1,22 (A/Qp) 1,08 W 75 = 1,22 (6151/367,62) 1,08 W 75 = 25,6h tb=11,2. A/Qp W 75-1,5 W 50 tb=11,2x6151/367,62 25,6-1,5x44,9=93,2h Figura 114.1- Hidrograma unitário do método de Snyder para a bacia do exemplo sendo o tempo em horas e ordenada em m 3 /s/cm 114-6

Tabela 114.2- Cálculo do método de Snyder Cp= coeficiente empirico entre 0,5 a 0,7. Kokei Cp=0,67 t d = duração padrao (h) t da = duração alternativa do hidrograma unitario (h) t La = valor ajustado (h) tp= tempo de pico (h) Qp= vazão de pico (m 3 /s/cm) tb= tempo base (h) W50 W75 Grafico Abcissa (h) Ordenada (m3/s/cm) Exemplo 114.2- Victor Miguel Ponce Tabela 114.3- Cálculo do método de Snyder 114-7

Cp= coeficiente empirico entre 0,5 a 0,7. Kokei Cp=0,67 t d = duração padrao (h) t da = duração alternativa do hidrograma unitario (h) t La = valor ajustado (h) tp= tempo de pico (h) Qp= vazão de pico (m 3 /s/cm) tb= tempo base (h) W50 W75 Grafico Ordenada (m3/s/cm) Abcissa (h) 114-8

Figura 114.2- Hidrograma unitário do método de Snyder para a bacia do exemplo sendo o tempo em horas e ordenada em m 3 /s/cm 114-9

Exemplo 114.3 Porto Tabela 114.4 Cálculo do método de Snyder Cp= coeficiente empirico entre 0,56 a 0,69. Kokei Cp=0,67 t d = duração padrao (h) t da = duração alternativa do hidrograma unitario (h) t La = valor ajustado (h) tp= tempo de pico (h) Qp= vazão de pico (m 3 /s/cm) tb= tempo base (h) W50 W75 Grafico Abcissa (h) Ordenada (m3/s/cm) 114-10

Figura 114.3- Hidrograma unitário do método de Snyder para a bacia do exemplo sendo o tempo em horas e ordenada em m 3 /s/cm 114-11

114.7 Bibliografia e livros recomendados -CHOW, VEN TE et al. Applied hydrology. McGraw-Hill, 1988, 572 páginas, ISBN 0-07-100174-3. -GUPTA, RAM S. Hydrology and hydraulic systems. 3a ed. Editora Waveland, 896 páginas. ano 2008 ISBN 1-57766-455-8. -MCCUEN, RICHARD H. Hydrology analysis and design, 2ª ed. Prentice Hall, 1998, New Jersey, ISBN 0-13-134958-9. -NICKLOW/BOULOS/MULETA. Comprehensive urban hydrologic modeling handbook for engineers and planners. 376 paginas, ISBN 0-97455689-6-1. Chapter five- Surface runoiff. 2006 -PONCE, VICTOR MIGUEL. Engineering Hydrology- principles and practices. Prentice-Hall, 1989, 640 páginas. -PORTO, RUBEN LALAINA et al. Hidrologia aplicada. PHD-307- EPUSP, 1999. -TUCCI, CARLOS E. M. et al. Drenagem Urbana. ABRH, UFRS Porto Alegre, 1995,428 páginas. ISBN 85-7025-364-8 114-12