XXV Encontro Nac. de Eng. de Produção Porto Alegre, RS, Brasil, 29 out a 01 de nov de 2005



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Transcrição:

Aplicação de ferramentas de simulação no curso de MBA Gestão de Operações da Fundação Carlos Alberto Vanzolini: O ponto de vista discente Marcelo Armelin Pinheiro (USP/FCAV MBA GO T2) marcelo.pinheiro@pernambucanas.com.br Plínio Soares de Camargo Junior (USP/FCAV MBA GO T2) camargojr@uol.com.br Leonardo Chwif (USP/FCAV) leochwif@usp.br Este artigo trata da utilização de ferramentas de simulação empresarial aplicadas a disciplinas de gestão de operações, como forma de consolidar o conhecimento pela prática dos conceitos em ambiente competitivo mais próximo da realidade empresarial. Este artigo ainda apresentará as principais ferramentas de simulação utilizadas no programa de MBA Gestão de Operações da Fundação Vanzolini e os resultados das impressões do ponto de vista dos alunos sobre a aplicação destas ferramentas avaliadas em forma de questionário. Palavras chave: Ferramentas de Simulação; Ensino via Simulação; Gestão de Operações. 1. Introdução A metodologia de ensino em gestão de operações no Brasil não foge à regra geral observada no universo acadêmico, ou seja, o modelo centrado no professor como transmissor de conteúdo e conhecimento. Neste modelo, o papel do aluno fica restrito à recepção deste conjunto de informações, atuando como reagente num processo linear de aprendizado (CHWIF e BARRETTO, 2004). Muitas instituições de ensino superior e de pós-graduação preocupadas com o processo de melhoria contínua, vêm buscando lançar mão de recursos humanos e de tecnologia em seus cursos, com o objetivo de oferecer maior qualidade percebida pelo corpo discente. Uma das ferramentas que conquista espaço e importância nestes cursos é a simulação computacional. A aplicação deste recurso em ambiente de ensino é tema do artigo aqui apresentado. Este trabalho sugere a utilização de um modelo de simulador, como forma de facilitar o ensino do conhecimento sobre Gestão de Operações, que compreende fornecedores, processos, produto, logística, rotinas administrativas básicas, formação de preço e o mercado consumidor de maneira supradisciplinar, acompanhando todo o desenvolvimento do curso, qualificando ainda mais a retenção do conteúdo programático e permanecendo este alinhado com os conceitos e as definições estratégicas de cada instituição. 2. Aquisição de Conhecimento, Simulação e o Ensino via Simulação O processo de aprendizagem refere-se à aquisição de conhecimento e habilidades somado ao de memória à retenção desses conhecimentos. Gavira (2003) em sua obra, relaciona conhecimento a dados e informação. Define dados como registros estruturados de transações e os considera matéria prima para a criação da informação. Também define informação como dados dotados de relevância e propósito tendo como objetivo modificar o modo de como se vê algo, exercendo influência sobre um julgamento e comportamento. O significado ou interpretação agregado ao dado se transforma em informação e a mesma operação agregada, a informação se transforma em conhecimento. Esta transformação ocorre através de quatro questões: Comparação de que forma as informações relativas a esta situação se relacionam com outras situações conhecidas? Conseqüências que implicações estas informações trazem para as decisões e tomadas de ação? Conexões quais as relações deste novo conhecimento com o conhecimento já acumulado? Conversação o que outras pessoas pensam da informação? ENEGEP 2005 ABEPRO 5533

É interessante observar três pontos na relação conhecimento e informação (Nonaka & Takeuchi 1997): a) Conhecimento, ao contrário da informação, diz respeito a crenças e compromissos, é função de uma atitude, perspectiva ou intenção específica; b) Conhecimento, ao contrário da informação, está relacionado à ação; c) Conhecimento, como a informação, diz respeito ao significado. A aquisição do conhecimento está relacionada ao desenvolvimento de novos conceitos e métodos e à identificação de idéias, habilidades e relacionamentos. Segundo Nanaka & Takeuchi (1997), o estudo tradicional dos fundamentos filosóficos do conhecimento, derivase da separação do sujeito e do objeto; As pessoas como sujeitos da percepção, adquirem conhecimento através da análise dos objetos externos. Sob este ponto de vista, o conhecimento é uma adequação do sujeito ao objeto, o sujeito tem seus meios de conhecimento e o objeto se revela para ele conforme tais meios. Já Polanyi (1996) classifica o conhecimento em: Tácito quando é pessoal, informal e específico ao contexto. Assim, difícil de ser formulado, visualizado e comunicado. E por ser pessoal é enraizado na experiência individual e envolve cresças pessoais, intuição, emoções, perspectivas e valores; Explícito ou codificado quando se refere àquele transmissível em linguagem formal e sistemática. Pode ser facilmente comunicado e compartilhado de várias formas como textos, palestras, fórmulas, teorias, além de poder ser processado e armazenado eletronicamente. Estas classificações são convertidas em cada situação e em um ambiente de simulação, faz-se necessário inicialmente converter conhecimento tácito em explícito, expresso na forma de modelos, metáforas, analogias, conceitos ou hipóteses. Simultaneamente, converter conhecimento explícito em tácito representa o aprender fazendo, ou seja, simulando. Até aqui entendemos como adquirimos conhecimento e onde entra a simulação neste processo, entretanto é importante entender o que é a ferramenta de simulação e como interagimos com ele. Law & Kelton (1991) define simulação como uma técnica usada por computadores para imitar, ou simular as operações ou processos de várias espécies do mundo real. Harrel (1992) define como um método de experimentação que faz uso de um modelo detalhado do sistema real para determinar como este irá responder a mudanças em sua estrutura, no ambiente ou em considerações colocadas a respeito do mesmo. Banks (1999) comenta que ela é uma técnica indispensável na solução de muitos problemas, sendo usada para descrever e analisar o comportamento de um sistema real, além de responder perguntas sobre este processo. Os eventos de uma simulação podem ser discretos, no qual o estado do sistema muda de acordo com o número finito de mudanças no tempo ou o evento é contínuo no qual o estado do sistema muda continuamente no tempo. A simulação de eventos discretos começa a partir de uma definição matemática e lógica de como o estado do sistema irá mudar no tempo. As variáveis de estado são estabelecidas para coletar as estatísticas sobre o desempenho do sistema. Um modelo de simulação, além de sua finalidade inicial (de análise de sistemas) pode possuir finalidade didática. Neste caso estes podem ser utilizados na aplicação e sistematização de conceitos aprendidos durante as aulas expositivas (CHWIF e BARRETO, 2003). ENEGEP 2005 ABEPRO 5534

O ensino em MBA também é focado em cases onde o objetivo é trazer para o ambiente de sala de aula um exemplo real e a aquisição de conhecimento se solidifica a medida em que se compreende o sistema real. Podemos fazer um paralelo com os simuladores e os cases pois ambos tem o mesmo objetivo, aprender com um modelo aplicado (que teoricamente é cópia muito próxima do sistema real e portanto, facilmente manipulado para gerar os cases para aprendizado). 3. Apresentação do Programa de Gestão de Operações da Fundação Vanzolini O programa apresentado e ministrado abrange a cadeia em que uma operação está inserida e de seus processos que afetam produtos ou serviços. O conteúdo dos 6 diferentes módulos, sendo cada módulo composto de várias disciplinas. Os principais módulos são: MBA - Módulo Base, TTO (Trabalho, Tecnologia e Organização), GOL(Gestão de Operações e Logística), GTI (Gestão da Tecnologia da Informação), Q&P (Qualidade e Produto) e EPEF (Economia da Produção e Engenharia Financeira). Todos os módulos foram extensos e complexos do ponto de vista de sua aplicação, uma vez que cada disciplina utilizou-se de diferentes metodologias de ensino e assim, dificultando o processo de aquisição deste conhecimento. Entretanto, uma das propostas do curso é criar um ambiente competitivo por diferenciação no gerenciamento das operações e, para tal, todos os temas devem estar alinhados a este propósito. A solução para integrar os diversos temas apresentados é a utilização de simulações as quais são apresentadas no próximo item. 4. Modelos de Simulação Utilizados no Programa: Beer Game, Politron e Mac Game A simulação é o meio mais rápido de levar as pessoas uma compreensão mais ampla de um problema ou sistema. Torna-se ferramenta indispensável em ambientes onde a quantidade de variáveis impossibilita prever sem auxílio de ferramenta computacional, todas as melhores opções. O curso de MBA Gestão de Operações Produtos e Serviços da Fundação Vanzolini utiliza três ferramentas de simulação incorporadas ao curso. Em especial, o interesse ao uso destas ferramentas trouxe reflexos na assimilação do conteúdo programático do módulo GOL (Gestão de Operações e Serviços). A seguir, comentaremos brevemente os simuladores Beer Game, Politron e o Mac Game aplicados neste módulo. O Beer Game ou Jogo da Cerveja é um exercício que estimula a participação simulando uma cadeia de suprimentos (Fabricante > Distribuidor > Atacadista > Varejista). Neste exercício o aluno conhece na prática a dinâmica da gestão de estoques ao longo da cadeia. Cada grupo de aluno é um elo da cadeia e o objetivo é fazer os pedidos ao elo anterior de modo a ter um estoque adequado com a demanda. A figura 1 ilustra a visão geral do jogo. Neste caso optouse pela aplicação do jogo em formato de tabuleiro (simulação não computacional), mas também há versões computacionais. Figura 1 Formação de uma cadeia de suprimentos, representada no Beer Game ENEGEP 2005 ABEPRO 5535

O Politron é uma ferramenta de simulação que trabalha o conhecimento de MRP através de um estudo de mercado onde várias empresas competem entre si e tomam decisões sobre a quantidade de produtos a ser fabricado e sobre política de preços e mão de obra. O Politron foi aplicado em modelo semipresencial por 10 semanas. Neste período houve três aulas presenciais: a primeira na instrução inicial, outra após a 3ª rodada de decisões e uma última após a 10ª rodada para avaliação de resultados e premiação (vide figura 2). Fonte : www.salaviva.com.br Figura 2 Planilhas de trabalho do Simulador Politron O Mac game é uma simulação cujo principal propósito é mostrar aos estudantes como interagem custos e receitas num ambiente de fast food. O objetivo do jogo é tomar decisões de modo a maximizar o lucro após um período de uma semana de operação. O Mac Game que é baseado no simulador de eventos discretos Simul8 está ilustrado na figura 3. Fonte : www.simulate.com Figura 3 Tela principal do Simulador Mac Game Entre os três tipos de simulações há similaridades e diferenças. São similares em seu propósito: mostrar um modelo hipotético capaz de apresentar um exemplo de sistema real e a dinâmica apresentada estabelece aquisição de conhecimento. São diferentes em sua concepção e aplicação. Entretanto se complementam na abordagem de cadeia ou formação de cadeia de abastecimento, na capacidade de gerar e atender aos clientes sob o ponto de vista da administração da produção e das estratégias produtivas e de mercado e na capacidade de atender aos clientes no ponto de vista de previsibilidade e gestão de estoques/custos. Como todos estes pontos de vista se interagem numa empresa que deve pertencer a uma cadeia de ENEGEP 2005 ABEPRO 5536

abastecimento, com os simuladores deve-se ser capaz de produzir e atuar estrategicamente na cadeia e principalmente deve-se saber prever e gerir seus custos gerando valor para os clientes, sua empresa e seus principais fornecedores, garantindo assim o lucro de toda a cadeia e assim, a longevidade da sua organização. 5. Resultados da Aplicação da Simulação do ponto de vista do corpo discente Como parte da avaliação da utilização das ferramentas de simulação, foi aplicada uma pesquisa de opinião para os alunos da turma dois do curso de Gestão de Operações da Fundação Carlos Alberto Vanzolini. Esta pesquisa foi composta por quatro partes que pretendiam avaliar a percepção de valor que a utilização das ferramentas de simulação trouxe para cada um no curso. Foram consideradas as respostas obtidas que significam 80% da turma, excluídos os autores do artigo que foram alunos desta turma. Dois terços da amostra consideram a utilização de ferramentas de simulação como fator contribuinte para melhorar a assimilação do conteúdo do programa. Alguns valores percebidos como conseqüência da utilização de ferramentas de simulação foram avaliados. São eles: Maior envolvimento com a matéria; Maior quantidade de conteúdo assimilado; Utilização de outros conhecimentos; Mais dedicação à matéria; Maior interação com o grupo; Maior quantidade de trabalho; Visão mais abrangente do tema; Maior motivação pessoal. Os valores percebidos com maior intensidade foram pela ordem: Maior interação com o grupo de trabalho e maior envolvimento com a matéria estudada. Os valores menos citados foram: Utilização de outros conhecimentos acessórios ao tema, maior motivação e maior quantidade de trabalho. A figura 4 exemplifica o resultado dos valores acima citados. Na seqüência do questionário, foram abordados alguns dos critérios que a Fundação Vanzolini adota para avaliação das disciplinas do curso. Adaptando estes critérios para a avaliação específica da utilização das ferramentas aplicadas no curso, temos: Freqüência de utilização dos simuladores, Tempo de interação com os simuladores, Integração entre teoria e prática, Utilização prática de conhecimentos adquiridos e Resultado atingido. A avaliação destes critérios era obrigatória, diferentemente da parte anterior que foi avaliada somente quando o determinado valor foi percebido pelo cliente, neste caso o aluno. O resultado está ilustrado na figura 5. ENEGEP 2005 ABEPRO 5537

Em relação ao uso de simulação, quais valores foram percebidos como valor adicionado ao método tradicional de ensino? Visão abrangente Motivação Envolvimento 14 12 10 8 6 4 2 0 Conteúdo Outros conhecimentos Mais trabalho Dedicação Fonte : autores Interação Figura 4 Gráfico radar de valores percebidos 100% 80% 60% 40% 20% Opinião sobre envolvimento com as ferramentas de simulação. 0% Frequência Tempo de interação Teoria X Prática Utilização prática Resultados Ruim Bom Ótimo Fonte: autores Figura 5 Gráfico em colunas de avaliação dos valores percebidos. A quarta parte questionou sobre o incremento da utilização das ferramentas de simulação no curso estudado. A grande maioria dos alunos (87%) acha que a sua utilização poderia ser mantida ou ampliada. A figura 6 ilustra a distribuição dos alunos quanto o desejo sobre a utilização da simulação. ENEGEP 2005 ABEPRO 5538

A utilização de simulação poderia ser: Dim inuída 13% Mantida 6% Ampliada 81% Fonte: autores Figura 6 Gráfico em barras de opinião sobre aplicação de simuladores. A quinta e última parte estimularam os alunos a comentar sobre sua experiência com a utilização dos simuladores aplicados. Esta questão é aberta e embora fosse um item opcional, todos questionários recebidos estavam completos, ou seja, 100% dos respondentes fizeram comentários. A maioria elogia a experiência de trabalho, mas critica a freqüência do uso e o tempo de interação com os simuladores. Sob o meu ponto de vista, estes simuladores proporcionaram um grande estímulo à competitividade, valorização do planejamento, experiência prática de trabalho sob pressão, monitoramento constante de resultados para tomada de decisões, fortalecimento de esforço e envolvimento das equipes. No caso do Politron, acho que faltou carga teórica, o que impossibilitou um melhor desempenho no jogo, pois muitas das possibilidades foram sendo descobertas no desenvolver do jogo. O Beer Game possibilitou maior interação com o grupo, na medida em que foi desenvolvido em sala de aula. 6. Conclusões e Considerações finais Como conclusão do estudo proposto, podemos afirmar: a) A utilização de simuladores depende diretamente do nível de preparação para a sua utilização e da homogeneização do conhecimento a ser explorado pela turma; b) As ferramentas de simulação tendem a oferecer melhor aproveitamento se aplicadas a partir do cumprimento da assimilação dos conceitos básicos dos temas através de metodologia presencial; c) Existe uma forte correlação entre interação e envolvimento com outros alunos e qualidade da assimilação de conteúdo. Neste sentido os simuladores potencializam o aprendizado com vantagens sobre a metodologia linear de aprendizado; d) Alunos percebem a utilização de simuladores como vantagem competitiva, quando oferecido pela Instituição. A aplicação da simulação em Gestão de Operações abre espaço para o ensino semipresencial, resgata o ambiente real de competitividade muito comum entre as empresas e estabelece a necessidade de aplicação dinâmica, agressiva e contínua aos detalhes da sua organização, na visão tática e estratégica no qual se insere. Como o estímulo é evidente, caracteriza-se numa maneira altamente produtiva e qualitativa a ENEGEP 2005 ABEPRO 5539

aplicação de simuladores nesta área, dada sua alta complexidade e grande número de variáveis internas e externas, que muitas vezes por carência de ferramentas, são deixadas de lado em prol de uma suposta simplicidade operacional sem tecnologia ou qualidade de informações com a dinâmica necessária para captar as oportunidades que o mercado sinaliza, coisa cada vez mais rara nos dias atuais. Acreditamos que há ainda muito mais espaço para a utilização de simuladores em ambientes de ensino de operações mesmo porque uma simulação é um das poucas maneiras de experimentar laboratórios vivos de operações em ambientes de sala de aula. Ainda embora não se tenham estudos extensivos, acreditamos também que o ensino via simulação pode trazer uma melhor visão gerencial que poderá ser aplicada no dia a dia das suas empresas pelos alunos. Referências BANKS, J; CARSON, J (1996). Discrete-Event Systems Simulation, Prentice-Hall, Englewood Cliffs. CHWIF, L.; BARRETTO,M.R.P. (2003) Simulation Models as an Aid for the Teaching and Learning Process in Operations Management, Proceedings Of the 2003 Winter Simulation, New Orleans, EUA, p. 1994-2000. CHWIF, L.; BARRETO, MARCOS M.R. P. (2004) Simulation models as na Aid for the Teaching and Learning Process in Engineering Education. Proceedings of the 2004 World Congress on Engineering and Technology Education, São Paulo, 14-17 Março. P.522-526 GAVIRA, MURIEL O. (2003) Simulação Computacional como Ferramenta de Aquisição de Conhecimento. Tese título de Mestre em Engenharia de Produção. Universidade São Paulo, Escola de Engenharia de São Carlos. HARREL, C.; TUMAY, K. (1995) Simulation Made Easy (A Manager s Guide), Engineering & Management Press. LAW, A; KELTON, D. (2001) Simulation Modeling & Analysis, Mc Graw Hill. NONAKA, I. & TAKEUCHI, H. (1997). Criação de conhecimento na empresa: como as empresas japonesas geram a dinâmica da inovação. Rio de Janeiro: Campus. ENEGEP 2005 ABEPRO 5540