Análise da mortalidade infantil no Ceará: Evolução de 1996 a 2011

Documentos relacionados
DESCRIÇÃO DA MORTALIDADE INFANTIL EM PELOTAS A INTRODUÇÃO

PALAVRAS-CHAVE Morte Fetal. Indicadores de Saúde. Assistência Perinatal. Epidemiologia.

Mortalidade de zero a cinco anos em Uberlândia nos anos de 2000, 2005 e 2009

DESIGUALDADES SOCIAIS E MORTALIDADE INFANTIL NA POPULAÇÃO INDÍGENA, MATO GROSSO DO SUL. Renata PalópoliPícoli

LEVANTAMENTO DAS CAUSAS DE MORTE NEONATAL EM UM HOSPITAL DA REGIÃO DO VALE DO IVAÍ PR.

PERFIL DOS ÓBITOS FETAIS E ÓBITOS NEONATAIS PRECOCES NA REGIÃO DE SAÚDE DE LAGUNA ( )

TÍTULO: ANÁLISE DA SÉRIE HISTÓRICA DA MORTALIDADE INFANTIL NA BAIXADA SANTISTA ENTRE 1998 A 2013

Unidade: Medidas de Frequência de Doenças e Indicadores de Saúde em Epidemiologia. Unidade I:

4. NATALIDADE E MORTALIDADE INFANTIL

Sumário da Aula. Saúde Coletiva e Ambiental. Aula 10 Indicadores de Saúde: mortalidade e gravidade. Prof. Ricardo Mattos 03/09/2009 UNIG, 2009.

INDICADOR DE MORTALIDADE ESTATISTICAS VITAIS SISTEMA DE INFORMAÇÃO PRINCIPAIS INDICADORES

Mortalidade Infantil: Afecções do Período Perinatal

Marianne Saldanha Nery. Wladimir Lopes

ENFERMAGEM NA ATENÇÃO BÁSICA

10º FÓRUM DE EXTENSÃO E CULTURA DA UEM

MORTALIDADE INFANTIL NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO. Child Mortality in Rio de Janeiro City

Coordenação de Epidemiologia e Informação

COMPORTAMENTO TEMPORAL DA MORTALIDADE NEONATAL PRECOCE EM SERGIPE DE : um estudo descritivo RESUMO

Perfil dos nascidos vivos de mães residentes na área programática 2.2 no Município do Rio de Janeiro

PERFIL DAS MÃES DE RECÉM-NASCIDOS PREMATUROS DO HOSPITAL MATERNO INFANTIL DA CIDADE DE APUCARANA

J. Health Biol Sci. 2016; 4(2):82-87 doi: / jhbs.v4i2.659.p

PERFIL DE INTERNAÇÕES POR CONDIÇÕES SENSÍVEIS A ATENÇÃO PRIMÁRIA (ICSAP) EM MENORES DE UM ANO

EPIDEMIOLOGIA. Profª Ms. Karla Prado de Souza Cruvinel

ANÁLISE DA MORTALIDADE DE NEONATOS EM UMA UTI NEONATAL DE UM HOSPITAL DO VALE DO PARAÍBA

GEP NEWS, Maceió, V.2, n.2, p , abr./jun. 2018

A taxa ou coeficiente de mortalidade representa a intensidade com que os óbitos por uma determinada doença ocorrem em dada população.

PRÁ-SABER: Informações de Interesse à Saúde SINASC Porto Alegre Equipe de Vigilância de Eventos Vitais, Doenças e Agravos não Transmissíveis

ARTIGO ORIGINAL ISSN Revista de Ciências Médicas e Biológicas. Prematuridade e assistência pré-natal em Salvador

Sara Teles de Menezes 1 Edna Maria de Rezende 2 Eunice Francisca Martins 3 Lenice de Castro Mendes Villela 4 ARTIGOS ORIGINAIS / ORIGINAL ARTICLES

IDADE GESTACIONAL, ESTADO NUTRICIONAL E GANHO DE PESO DURANTE A GESTAÇÃO DE PARTURIENTES DO HOSPITAL SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE PELOTAS RS

ISSN ÁREA TEMÁTICA: (marque uma das opções)

TÍTULO: PERFIL SÓCIO DEMOGRÁFICO E EPIDEMIOLÓGICO DO COEFICIENTE DE MORTALIDADE INFANTIL DA REGIÃO DA BAIXADA SANTISTA ENTRE OS ANOS DE 1998 A 2013

MORTALIDADE EM IDOSOS POR DOENÇAS E AGRAVOS NÃO- TRANSMISSÍVEIS (DANTS) NO BRASIL: UMA ANÁLISE TEMPORAL

INDICADORES DE SAÚDE I

INDICADORES DE MORTALIDADE

Baixo peso ao nascer em duas coortes de base populacional no Sul do Brasil. Low birthweight in two population-based cohorts in southern Brazil

Insumos para estimativa da taxa de mortalidade prematura: a qualidade da informação sobre causa básica do óbito no SIM

INDICADORES DE SAÚDE I

Alta Mortalidade Perinatal

Epidemiologia Analítica

INDICADORES SOCIAIS (AULA 3)

Agenda de pesquisa em Saúde Materna e Perinatal

ENFERMAGEM EPIDEMIOLOGIA E VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA. Aula 7. Profª. Tatianeda Silva Campos

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. Lidiane de Oliveira Carvalho

Recém-nascido de termo com baixo peso

Amanda Camilo Silva Lemos *

PREVALÊNCIA DE BAIXO PESO E PESO INSUFICIENTE AO NASCER EM CRIANÇAS DO PROGRAMA DE PUERICULTURA DE 4 UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DE PELOTAS/RS

SUMÁRIO. 1 INTRODUÇÃO... OS 1.1 Magnitude da Mortalidade Neonatal Justificativa... 08

ALEITAMENTO MATERNO DO PREMATURO EM UMA UNIDADE NEONATAL DA REGIÃO NORDESTE

Foto: Alejandra Martins Em apenas 35% das cidades a totalidade das crianças de 0 a 6 anos estão imunizadas (vacinadas) contra sarampo e DTP.

MORTALIDADE INFANTIL NO PIAUÍ: reflexos das desigualdades sociais e iniquidades em saúde. Jorge Otavio Maia Barreto 1 Inez Sampaio Nery

APLICAÇÃO DE UMA CURVA DE GANHO DE PESO PARA GESTANTES

REGISTO NACIONAL DE AN MALIAS CONGÉNITAS O RENAC Resumo

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE GESTANTES ATENDIDAS NOS ESF DO MUNICÍPIO DE SÃO LUDGERO NO ANO DE 2007

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE ANOMALIAS CONGÊNITAS: UM ESTUDO DA MACRORREGIÃO SUL DO ESTADO DE SANTA CATARINA

MORTALIDADE INFANTIL NO BRASIL: TENDÊNCIAS E DESIGUALDADES

AVALIAÇÃO DO ATENDIMENTO PRÉ-NATAL NUMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE COM ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF): COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS APÓS INTERVENÇÃO

ÓBITOS DE IDOSOS POR DEMÊNCIAS NA REGIÃO NORDESTE DO BRASIL: PANORAMA DE UMA DÉCADA

Causas de morte em idosos no Brasil *

INTERNAÇÕES HOSPITALARES DE IDOSOS POR PROBLEMAS PROSTÁTICOS NO CEARÁ NO PERÍODO

Indicadores de saúde Morbidade e mortalidade

REDE MÃE PARANAENSE: ANÁLISE COMPARATIVA DA MORTALIDADE MATERNO INFANTIL ENTRE ESTADO E MUNICÍPIO

DISSERTAÇÃO Mestrado

Como morrem os brasileiros: caracterização e distribuição geográfica dos óbitos no 2000, 2005 e 2009

aula 6: quantificação de eventos em saúde

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS E FORMAÇÃO INTEGRADA ESPECIALIZAÇÃO EM FISIOTERAPIA PEDIÁTRICA E NEONATAL

PROJETO DE EXTENSÃO CEPP: INDICE CONTRASTIVO ENTRE PARTO CESÁREA E PARTO NORMAL

Caracterização de recém nascidos em unidade de terapia intensiva de um hospital de ensino

Sífilis Congênita no Recife

Via de parto e risco para mortalidade neonatal em Goiânia no ano de 2000 Obstetric delivery and risk of neonatal mortality in Goiânia in 2000, Brazil

PRÁ-SABER: Informações de Interesse à Saúde SINASC Porto Alegre Equipe de Vigilância de Eventos Vitais, Doenças e Agravos não Transmissíveis

Perfil da mortalidade neonatal no município de Ubá/MG, Brasil ( )

Agravos prevalentes à saúde da. gestante. Profa. Dra. Carla Marins Silva

Panorama da Saúde Materna no Estado do Pará

Amanda Camilo Silva Lemos* Arianne de Almeida Rocha**

RS Texto de Referência 5. Situação da Saúde no RS 1

Mortalidade infantil: Uma análise do município de Imaculada na Paraíba entre os anos de 2005 e Resumo:

ÓBITOS DE PREMATUROS NO MUNICÍPIO DE OSASCO, ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL *

Vigilância = vigiar= olhar= observar= conhecer.

ESTRATÉGIAS PARA AMPLIAÇÃO DO ACESSO DAS CRIANÇAS AOS SERVIÇOS DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Caracterização dos Óbitos Investigados em 2003 pelo Comitê de Prevenção do Óbito Infantil e Perinatal em Belo Horizonte

TÍTULO: A RELAÇÃO DO PESO AO NASCER COM O ESTADO NUTRICIONAL ATUAL DE CRIANÇAS DE 8 AS 10 ANOS NO MUNICÍPIO DE MOGI MIRIM/SP

EVOLUÇÃO DA MORTALIDADE INFANTIL POR CAUSAS EVITÁVEIS NO BRASIL, : UMA CONTRIBUIÇÃO PARA AVALIAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE.

COMITÊ MUNICIPAL DE ESTUDOS E PREVENÇÃO DAS MORTES MATERNAS DE PORTO ALEGRE (CMEPMM) Relatório da Mortalidade Materna de Porto Alegre 2007

Perfil dos nascimentos dos residentes de cachoeirinha, nos anos de 2013 e 2014

Fatores de risco para mortalidade neonatal em um município na região sul

Evolução Temporal e Geográfica da Mortalidade Infantil em Sergipe,

B O L E T I M EPIDEMIOLÓGICO SÍFILIS ano I nº 01

Palavras-chave: mortalidade perinatal, risco atribuível, peso e evitabilidade.

ANÁLISE DA MORTALIDADE E DISTRIBUIÇÃO DE NEOPLASIA CUTÂNEA EM SERGIPE NO PERIODO DE 2010 A 2015 RESUMO

PERCEPÇÕES DE ENFERMEIROS SOBRE O IMPACTO DA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA NO INDICADOR DE MORTALIDADE INFANTIL EM RIO GRANDE

FACULDADE INTEGRADA DE PERNAMBUCO CAMPUS SAÚDE CURSO BACHARELADO EM ENFERMAGEM

ANÁLISE DOS DADOS DE MORTALIDADE DE 2001

RELATO DE MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS DETECTADAS NO PRÉ NATAL DE GESTANTES EM ACOMPANHAMENTO NO HC DE GOIÂNIA

MORTALIDADE INFANTIL POR CAUSAS EVITÁVEIS NAS MESORREGIÕES DA PARAÍBA NO PERÍODO DE 2004 A 2014

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE MEDICINA SOCIAL ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA

Pró-Reitoria Acadêmica Escola de Saúde e Medicina Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia

CIR LITORAL NORTE. Possui 4 municípios: Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba

ANEXO 1 ALGUNS INDICADORES MAIS UTILIZADOS EM SAÚDE PÚBLICA

C.15 Taxa de mortalidade específica por afecções originadas no período perinatal

Transcrição:

Hesly Martins Pereira Lima 1 Maxsuênia Queiroz Medeiros 1 Francisco Herlânio Costa Carvalho 1 Carlos Henrique Morais de Alencar 1 Analysis of infant mortality in Ceará: Evolution from 1996 to 2011 Análise da mortalidade infantil no Ceará: Evolução de 1996 a 2011 ABSTRACT Introduction: Infant mortality is a major health indicator for assessing the quality of life of a population, their level of development and access to health services. One of the health goals set out for Brazil in 2015, as proposed by the United Nations Millennium Development Goals, is to reduce infant mortality rate, especially early neonatal mortality. Objective: To describe the epidemiology of infant mortality in Ceara between 1996 and 2011. Methods: A descriptive study of evolution of mortality, with variables drawn from Datasus/ Brazilian Ministry of Health database. Results: For the 16 year period selected, the following numbers were found: 21,865 (45 %) of early neonatal deaths, 6,906 of late neonatal deaths (14.2%), and 19,771 (40.8 %) of post-neonatal deaths in the state of Ceará. There was a slow decline in the values of the mortality rate and a higher prevalence of deaths in newborns at 28-36 weeks of gestation. Decreases were more pronounced for some causes of death, particularly infectious diseases, accompanied by smaller reductions in neonatal deaths and increased preterm births. The causes of death were the most prevalent in the perinatal period and in congenital malformations. Males accounted for the highest absolute number of deaths. A predominance of infant deaths was found in the group of mothers aged 20-24 years, followed by adolescent mothers. Conclusion: This study points to the need for further research on magnitude, trends and factors associated with perinatal mortality, in order to design implement effective health policies targeted at this population. Keywords Infant Mortality, Epidemilogy, Infanty Mortality Rate. RESUMO Introdução: A mortalidade infantil consiste em um dos principais indicadores de saúde, que permite avaliar a qualidade de vida de uma população, tendo como base seu nível de desenvolvimento e o acesso aos serviços de saúde. Uma das metas do Brasil até 2015, proposta pelos objetivos de desenvolvimento do milênio, é a redução da taxa de mortalidade infantil, sobretudo da mortalidade neonatal precoce, que está estreitamente ligada a problemas na atenção à saúde da gestante e do recém-nascido. Objetivo: Descrever o perfil epidemiológico dos óbitos infantis no Ceará entre 1996 e 2011. Métodos: Estudo descritivo, de evolução temporal, com variáveis retiradas do banco de dados do DATASUS/Ministério da Saúde. Resultados: Durante os 16 anos estudados foram registrados 21.865 (45%) óbitos neonatais precoces, 6.906 (14,2%) neonatais tardios e 19.771 (40,8%) no período pós-neonatal no estado do Ceará. Observou-se um declínio lento nos valores do coeficiente de mortalidade e maior prevalência de óbitos em recém-nascidos com 28 a 36 semanas de gestação. Decréscimos mais pronunciados foram observados para algumas causas de morte, particularmente as doenças infecciosas, acompanhados por reduções menores nos óbitos neonatais e pelo aumento da ocorrência de nascimentos pré-termo. As causas de óbito mais prevalentes foram as originadas no período perinatal e as malformações congênitas. O sexo com maior número absoluto de óbitos foi o masculino. Percebeu-se um predomínio de óbitos infantis no grupo de mães com faixa etária 20 a 24 anos, seguido das mães adolescentes. Conclusão: Com o estudo foi possível perceber a necessidade de realização de pesquisas relacionadas à magnitude, tendência e fatores associados à mortalidade perinatal, para que seja possível a criação de novas políticas de saúde e uma melhor organização da rede de atenção a saúde materna e infantil. Palavras-chave Mortalidade Infantil, Epidemiologia, Coeficiente de Mortalidade Infantil. 1 Universidade de Federal do Ceará, Fortaleza/CE, Brasil 58 Rev. Bras. Pesq. Saúde, Vitória, 16(3): 58-65, jul-set, 2014

INTRODUÇÃO A mortalidade infantil consiste em um dos principais indicadores de saúde, uma vez que permite avaliar a qualidade de vida de uma população, tendo como base seu nível de desenvolvimento e o acesso aos serviços de saúde 1. Nas últimas três décadas, o Brasil passou por diversas mudanças em termos de desenvolvimento socioeconômico, urbanização, atenção médica e na cobertura de atenção a saúde da população 1. O Brasil é signatário dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), compromisso proposto às nações pela Organização Mundial da Saúde no ano 2000². A redução da taxa de mortalidade infantil (TMI) até o ano 2015 é uma das metas propostas pelos ODM, depende essencialmente da redução do componente neonatal precoce, atualmente responsável por mais da metade dos óbitos de crianças brasileiras no primeiro ano de vida e estreitamente ligado a problemas na atenção à saúde da gestante e do recém-nascido³. O monitoramento da mortalidade infantil e de seus fatores de risco é demasiadamente relevante para a identificação de possíveis impactos de mudanças sociais e econômicas e dos progressos referentes à cobertura e a qualidade dos serviços de saúde. A compreensão dos fatores de risco dos óbitos em crianças menores de um ano, possibilita destacar elementos determinantes, identificando grupos expostos a diferentes fatores e situações e ainda, relacionando as necessidades de saúde de cada subgrupo populacional, o que leva à uma adequada intervenção 4. Em virtude da melhoria da atenção neonatal, com maior sobrevida dos recém-nascidos morfologicamente normais, a contribuição das malformações congênitas para o coeficiente de mortalidade infantil vem aumentando progressivamente 5. Um estudo sobre a mortalidade infantil realizado em cinco capitais brasileiras (Belém, Recife, Guarulhos, Porto Alegre e Goiânia) constatou uma maior mortalidade em Belém e a menor em Porto Alegre. O mesmo ressaltou ainda, a importância das condições socioeconômica e da assistência pública à saúde da gestante e do recém-nascido como determinantes para a mortalidade infantil, uma vez que são fatores passíveis de mudança garantidas por políticas públicas de qualidade e um crescimento social da população 6. O estado do Ceará se destacou nacionalmente e internacionalmente pela luta contra a mortalidade infantil, recebendo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) o Prêmio Maurice Pate em 1993, por suas realizações na redução da mortalidade infantil e da desnutrição de crianças 7. Mesmo em meio à pobreza, doenças infecciosas e exclusão social 8-9, o coeficiente de mortalidade infantil reduziu drasticamente de 166/1.000 nascidos vivos no final de 1960 10 para 16,2 em 2007 11. O objetivo deste estudo é descrever a tendência temporal e as variações anuais da mortalidade infantil geral e seus componentes no estado do Ceará entre os anos de 1996 a 2011. MÉTODOS Estudo de tendência temporal onde os dados foram provenientes do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), disponibilizados pelo DATASUS/Ministério da Saúde em seu sítio eletrônico, acessados em março de 2013. As variáveis da Declaração de Óbito (DO) selecionadas foram: idade da mãe (anos), causa do óbito segundo a Classificação Internacional de Doenças - CID10, sexo, duração da gestação em semanas, tipo de parto e peso ao nascer. Foram calculados os coeficientes de mortalidade infantil, de mortalidade neonatal precoce, neonatal tardio e pós-neonatal para cada ano. O coeficiente de mortalidade infantil (CMI) é calculado pelo número de óbitos de menores de um ano de idade, por mil nascidos vivos, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado. Esse indicador estima o risco de morte dos nascidos vivos durante o seu primeiro ano de vida, refletindo, de uma maneira geral, as condições de desenvolvimento socioeconômico e infra-estrutura ambiental, bem como o acesso e a qualidade dos recursos disponíveis para atenção à saúde materna e da população infantil 12. O coeficiente de mortalidade neonatal precoce é estimado pelo número de óbitos com menos de 7 dias de vida, enquanto o neonatal tardio refere-se ao número de óbitos de crianças entre 7 a 27 dias completos de vida, e Rev. Bras. Pesq. Saúde, Vitória, 16(3): 58-65, jul-set, 2014 59

o pós-neonatal aos óbitos de menores de 28 a 364 dias completos de vida, todos expresso por mil nascidos vivos, em determinado local e período¹³.a análise da tendência da mortalidade foi realizada pela representação gráfica com regressão linear simples pelas modificações a cada ano durante a série histórica. Por tratar-se de estudo com dados secundários acessíveis ao público e sem identificação dos indivíduos, houve dispensa da submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa. RESULTADOS Durante os 16 anos avaliados foram constatados 21.865 (45%) óbitos em recém-nascidos de zero a seis dias de vida, 6.906 (14,2%) na faixa etária de sete a vinte e sete dias e 19.771 (40,8%) em crianças com vinte e oito dias a um ano de idade. No ano de 1996 houve 4.375 óbitos até um ano de vida e 117.264 nascidos vivos no Ceará (CMI = 37,3/1.000 NV), já em 2011 houve 1.750 óbitos com 128.592 nascimentos (CMI = 13,6/1.000 NV), uma redução de 63,5% (r2=92,7; p=0,000). Entretanto, essa queda não foi uniforme entre as classificações, em 1996 o coeficiente neonatal precoce foi de 14,2 e em 2011 de 7,2, queda de 49,7% (r 2 =75,1%; p=0,000). Para a mortalidade neonatal tardia a queda foi de 52,3%, reduzindo de 4,6 em 1996 para 2,2 em 2011 (r 2 =81,8%; p=0,000) já para a mortalidade pós-neonatal a queda foi de 77% com valores que variaram de 18,5 para 4,2 óbitos por 1000 nascidos vivos (r 2 =90,2%; p=0,000) (Figuras 1 e 2). A maior freqüência de óbitos ocorreu em recém nascidos entre 37 e 42 semanas de gestação (48,8%), seguido de gestações concluídas entre 28 e 36 semanas (27,3%). Observou-se ao longo dos anos uma prevalência das causas relacionadas a afecções originadas no período perinatal, o que corrobora com a representatividade do coeficiente de mortalidade neonatal precoce. Já a segunda causa mais freqüente dos últimos 11 anos refere-se às malformações congênitas (Figura 3). Figura 1 - Tendência da mortalidade infantil por faixa etária, Ceará - 1996 a 2011. 20,00 18,00 16,00 14,00 12,00 10,00 8,00 6,00 4,00 2,00 - R²= 0,7515 R²= 0,9017 R²= 0,8182 Neonatal precoce Neonatal tardio Pós-neonatal 60 Rev. Bras. Pesq. Saúde, Vitória, 16(3): 58-65, jul-set, 2014

Figura 2 - Variação do coeficiente de mortalidade infantil por faixa etária em relação ao ano anterior - Ceará, 1996 a 2011. 40 30 20 10 % 0-10 -20-30 -40 Neonatal precoce Neonatal tardia Pós-neonatal Figura 3 - Proporção de óbitos infantis segundo causas CID-10, Ceará - 1996 a 2011. 70,0 60,0 50,0 % 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 Algumas afecções originais no período perinatal Malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas Doenças do aparelho respiratório Algumas doenças infecciosas e parasitárias Sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos de laboratório não classificados em outra parte Outra causas Rev. Bras. Pesq. Saúde, Vitória, 16(3): 58-65, jul-set, 2014 61

As crianças do sexo masculino apresentaram 56,2 do total de óbitos e também apresentaram maior proporção de nascimentos. Observou-se um predomínio de óbitos infantis cujas idades maternas se encontravam na faixa etária de 20 a 29 anos (46%), seguido da faixa etária de 10 a 19 anos (25,9%) e 30 a 39 anos (23,1%). As freqüências de nascimentos para essas faixas etárias foram, respectivamente: 52,7%, 22,6% e 22,1%. Foi possível constatar uma prevalência de 74% dos óbitos infantis com parto por via vaginal. A proporção de nascimentos por via de parto vaginal foi de 65,5% entretanto verifica-se aumento das proporções de óbitos em gestações que culminaram em parto cesáreo ao longo da série histórica. Diante disso, observou-se um crescimento proporcional do tipo de parto cesáreo ao longo do tempo com crescimento de 76,5% (p=0,00) (Figura 4). Figura 4 Tendência dos óbitos infantis por tipo de parto, Ceará - 1996 a 2011. 90 80 70 60 50 R²= 0,7649 40 30 20 10 0 Vaginal Cesário Verificou-se que a faixa de peso ao nascer abaixo de 1,5Kg contribuiu proporcionalmente com apenas com 0,9% dos nascimentos, mas com 31% dos óbitos do período. A faixa de peso entre 1,5 e 2,5Kg contribui com 6,1% dos nascimentos e 26% dos óbitos. A faixa de 2,5 a 3Kg com 19,8% dos nascimentos e 14,4% dos óbitos e, o peso ao nascer superior a 3Kg com 73,2% dos nascimentos e 28,6% dos óbitos. A prevalência de óbitos abaixo de 2,5Kg foi de 57% e 7% de bebês nascem com esse peso. Observou-se que gestações terminadas com idade gestacional abaixo de 28 semanas contribuíram proporcionalmente com 0,4% dos nascimentos mas com 15% dos óbitos do período. A faixa de 28 a 36 semanas contribui com 5,1% dos nascimentos e 40,1% dos óbitos. A faixa de 37 a 41 semanas com 90,7% dos nascimentos e 42,1% dos óbitos e, o quando a gestação foi finalizada com 42 ou mais de semanas gestacionais com 3,8% dos nascimentos e 2,8% dos óbitos. A prevalência de óbitos abaixo de 37 semanas foi 65,1% quando nasceram 5,5% de bebês prematuros. A taxa de prematuridade variou pouco ao longo do período, com tendência crescente e contínua. DISCUSSÃO Historicamente, uma maior atenção a saúde da criança, devese ao fato da mesma refletir diretamente as condições de vida da população bem como a qualidade da atenção prestada. 62 Rev. Bras. Pesq. Saúde, Vitória, 16(3): 58-65, jul-set, 2014

A assistência pré-natal tem merecido destaque crescente e especial na atenção a saúde materno-infantil, que permanece como um campo de intensa preocupação. A assistência pré-natal baseia-se em três planos de atuação: rastreamento das gestantes de alto risco, ações profiláticas especificas para a gestante e o feto e educação em saúde 14. A identificação da grávida de alto risco representa o principal elemento na prevenção da morbimortalidade materna e infantil, demandando acompanhamento especializado. A avaliação da série histórica mostra melhorias nos indicadores da mortalidade infantil no Ceará, em particular nos grupos neonatal tardio e pós-neonatal. Esta redução bastante significativa observada no período pós-neonatal, deve-se a transição nutricional caracterizada pelo desaparecimento do marasmo nutricional e controle das síndromes diarréicas na infância 15. Estas faixas etárias devem ser focadas com mais afinco nas políticas públicas e planejamento nos serviços de saúde dado que o período neonatal imediato em geral reflete a assistência materna e ao parto-nascimento. Ao analisar o coeficiente de mortalidade infantil, constata-se um declínio lento dos seus valores, porém ainda com significância maior do coeficiente de mortalidade neonatal precoce que se deve aos fatores ligados à gestação e ao parto. Pesquisas conduzidas em outras capitais brasileiras também identificaram tendência semelhante de declínio do coeficiente de mortalidade infantil, creditando-se tal fato a melhora na assistência pré-natal, bem como a ampliação da Estratégia Saúde da Família e a implantação da estratégia de vigilância do óbito infantil 16-18. Essa situação reflete as desigualdades sociais do país e de acesso a serviços de saúde em tempo oportuno, com a qualidade e resolutividade necessária¹⁹. Logo, para reduzir essas taxas se faz necessária intervenção nos fatores múltiplos que afetam a mortalidade neonatal que são os fatores sociais, econômicos, de assistência à saúde básica e da alta complexidade para o atendimento ao público materno-infantil 20. A desigualdade sócio-econômica tem sido associada à dificuldade de acesso e pior qualidade de atenção em saúde perinatal. A adequação dos processos assistenciais pode ser avaliada por sua capacidade de interferir e reduzir os riscos de morte neonatal precoce, diretos ou indiretos. Esses processos assistenciais vão desde o atendimento individual até a organização, de forma hierarquizada e regionalizada, da rede de assistência à gestante, ao parto e ao recém-nascido 21. Neste sentido, vale ressaltar a importância para o planejamento de um ambiente de saúde em que todos os requisitos sejam atendidos. Considerando um centro terciário, deve incluir o adequado aconselhamento prévio à gestação, o uso de métodos diagnósticos sofisticados para a investigação, acompanhamento pré-natal em casos selecionados, assistência individualizada ao parto, possibilidade de atenção neonatal específica, além do seguimento psicológico necessário a estas situações. Sem o reconhecimento das características da população assistida, o planejamento da atenção às suas complexas e abrangentes necessidades não será, em sua totalidade, eficaz. O aumento no número de cesarianas no Brasil ocorreu nos anos de 1970, ocasião em que médicos e hospitais recebiam pagamento maior do sistema de seguridade social por parto cirúrgico do que por parto vaginal. Devido a este agravante, em 1980 o pagamento por partos passou a ser igualitário, e em 1998 foi estabelecido pelo Sistema Único de Saúde, um limite de 40% para a proporção de partos por cesarianas que seriam pagos às instituições²². A taxa de partos cesáreos no Ceará se encontra dentro dessa faixa, abaixo de 40%. No entanto, em centros terciários esse número já supera os 50% e em muitas maternidades privadas essa proporção supera facilmente os 90% 18. A literatura destaca que a cesariana aumenta a morbimortalidade materna e do recém nascido, e aumenta substancialmente os gastos assisten-ciais quando comparado ao parto vaginal 23. O peso ao nascer é um importante marcador das condições intrauterinas em que a criança foi submetida durante o período gestacional; também é o fator individual de maior influência na saúde e sobrevivência da criança recém-nascida 24. O encurtamento da gestação (prematuridade) e a restrição do crescimento fetal (desnutrição uterina) são os dois fatores que, associados ou isolados, resultam em nascimentos de recém-nascidos com baixo peso ao nascer 25. As freqüências de prematuridade e de baixo peso ao nascer vêm em lenta, porém progressiva ascensão no Ceará. Fatores esses inegavelmente ligados às taxas de óbitos infantis como podemos identificar na série histórica. Segundo a OMS, o baixo peso ao nascer isoladamente constitui o principal fator correlacionado à morbidade e à mortalidade neonatal e infantil. Portanto, trata-se de um preditor de saúde imediato e futuro do recém-nascido 26. Rev. Bras. Pesq. Saúde, Vitória, 16(3): 58-65, jul-set, 2014 63

No Brasil, Barros et al. analisaram dados de três coortes de nascimentos nos anos de 1982, 1993 e 2004, em Pelotas, Rio Grande do Sul, encontrando pequeno aumento na prevalência de baixo peso ao nascer de 9% para 10% no período estudado 27. Esse fenômeno pôde ser explicado, em parte, pelo sensível aumento das interrupções da gestação por cesariana ou indução do parto. No entanto, a prematuridade aumentou também entre partos vaginais não induzidos, devendo existir outras causas que não puderam ser estabelecidas, sugerindo que o observado em países desenvolvidos também pode ocorrer em regiões mais desenvolvidas economicamente de países em desenvolvimento. Trata-se de análise retrospectiva e de dados secundários que podem facilmente ser subnotificados ou falseados por inabilidade de preenchimento dos dados para alimentação do sistema oficial. No entanto, são esses dados oficiais os responsáveis pelos planejamentos das ações em curto e longo prazo pelo ministério e pelas secretarias de saúde nos estados e municípios. A importância do tema clama para outras avaliações e interpretação desses dados, com estudos prospectivos de várias abordagens metodológicas (quantitativas e qualitativas) para identificarmos os verdadeiros entraves para a inoperância do sistema e/ou dos profissionais de saúde em reduzir essas taxas a limites mais aceitáveis, com garantia da manutenção dessa redução e priorização dos óbitos neonatais precoces. CONCLUSÃO Os coeficientes de mortalidade na infância, no Ceará, decresceram acentuadamente nas ultimas duas décadas. Nesse período, as desigualdades regionais também diminuíram, assim como as disparidades sociais, embora em menor grau. Decréscimos muito pronunciados foram observados para algumas causas de morte particularmente para as doenças infecciosas, mas foram acompanhados por reduções menores nos óbitos neonatais e pelo aumento da ocorrência de nascimentos pré-termo. Os resultados deste estudo chamam maior atenção à prevenção do óbito neonatal precoce e à necessidade de pesquisas relacionadas à magnitude, tendência e fatores associados à mortalidade perinatal, bem como uma melhor compreensão das malformações congênitas, para que seja possível a criação de novas políticas de saúde e uma melhor organização da rede de atenção a saúde materna e infantil. REFERÊNCIAS 1. Basso CG, Neves ET, Silveira A. Associação entre realização de pré-natal e morbidade neonatal. Texto contexto enfermagem. 2012;.21(2):269-276. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Coordenação Geral de Informação e Análise Epidemiológica. Manual de vigilância do óbito infantil e fetal e do comitê de prevenção do óbito infantil e fetal. Brasília: MS; 2009. 3. Brasil. Ministerio da Saúde. Saúde Brasil 2008: 20 anos de Sistema Único de Saude (SUS) no Brasil. Brasilia: Ministerio da Saude; 2009. 4. Hartz ZMA, Champagne F, Leal MC, Contandriopoulos AP. Mortalidade infantil evitável em duas cidades do Nordeste do Brasil: indicador de qualidade do sistema local de saúde. Revista de Saúde Pública. 1996; 30:310-8. 5. Barini R, Stella JH, Ribeiro ST, Luiz FB, Isfer EF, Sanchez RC. Desempenho do ultra-som pré-natal no diagnóstico de cromossomopatias fetais em serviço terciário. Revista Brasileira de Ginecologia Obstetrícia. 2002;24 (2):121-7. 6. Maia LTS, Souza WV, Mendes ACG. Diferenciais nos fatores de risco para a mortalidade infantil em cinco cidades brasileiras: um estudo de caso-controle com base no SIM e no SINASC. Cad de Saúde Pública. 2012;28:2163-2176. 7. Svitone EC, Garfield R, Vasconcelos MI, Craveiro VA. Primary health care lessons from the Northeast of Brazil: the Agentes de Saúde Program. Rev Panam Salud Pública. 2000; 7:293-301. 8. Nations MK, Gomes AMA. Cuidado, cavalo batizado e crítica da conduta profissional pelo paciente-cidadão hospitalizado no Nordeste brasileiro. Cad Saúde Pública. 2007; 23:2103-12. 64 Rev. Bras. Pesq. Saúde, Vitória, 16(3): 58-65, jul-set, 2014

9. Gomes AMA, Nations MK, Luz MT. Pisada como pano de chão: experiência de violência hospitalar no Nordeste Brasileiro. Saúde Soc. 2008; 17:61-72. 10. Souza ACT, Cufino E, Perterson KE, Gardner J, Amaral MIV, Ascherio A. Variation in infant mortality rates among municipalities in the state of Ceará, Northeast Brazil: an ecological analysis. Int J Epidemiol. 1999; 28:267-75. 11. Secretaria da Saúde do Governo do Estado do Ceará. Informações em saúde: situação de saúde. Ceará: mortalidade. Disponível em: http://www.saude.ce.gov. br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=157&itemid=211. 12. Pereira MG. Mortalidade. Epidemiologia: Teoria e Prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1995; 126. 13. Medronho, R; Bloch, KV; Luiz, RR; Werneck, GL (Orgs.). Epidemiologia. 2ª Edição. São Paulo: Atheneu; 2009; p.31-82. 14. Hall M, Chng PK. Antenatal care in practice. In: Murray E, Chalmers I, editors. Effectiveness and satisfaction in antenatal care. London:William Heinemann Medical; 1982. p. 60-8. 15. Batista Filho M, Rissin A. A transição nutricional no Brasil: tendências regionais e temporais. Cad saúde pública. 2003; 19(1): 181-91. 16. Santos IS, Matijasevich A, Barros AJD, Albernaz EP, Domingues MR, Valle CJ, et al. Avoidable deaths in the first four years of life among children in the 2004 Pelotas (Brazil) birth cohort study. Cad Saude Publica. 2011; 27(Suppl 2): 185-97. 17. Malta DC, Duarte EC, Escalante JJC, Almeida MF, Sardinha LMV, Macario M, et al. Mortes evitáveis em menores de um ano, Brasil, 1997 a 2006: contribuições para a avaliação de desempenho do Sistema Único de Saúde. Cad Saúde Publica. 2010; 26(3): 481-91. 18. Nascimento SG, Oliveira CM, Sposito V,Ferreira DKS, Bonfim CV. Mortalidade infantil por causas evitáveis em uma cidade do Nordeste do Brasil. Rev. bras. enferm. 2014; 67 (2): 208-212. 19. Goncalves AC, Costa MCN, Braga JU. Análise da distribuição espacial da mortalidade neonatal e de fatores associados, em Salvador, Bahia, Brasil, no período 2000-2006. Cad Saúde Publica 2011; 27(8): 1581-1592. 20. Martins EF, Velasquez-Melendez G. Determinantes da mortalidade neonatal a partir de uma coorte de nascidos vivos, Montes Claros, Minas Gerais, 1997-1999. Rev. Bras. Saúde Mater. Infant.2004; 4(4): 405-412. 21. Lawn JE, Cousens S, Zupan J. 4 million neonatal deaths: When? Where? Why? Lancet.2005; 365: 891-900. 22. Gentile MC. A epidemiologia da cesariana. Rev Bras Hospitais 1971; 3: 29 33. 23. Giglio MRP, Lamounier JA, Morais Neto OL. Via de parto e risco para mortalidade neonatal em Goiânia no ano de 2000. Rev Saúde Pública 2005; 39:350-7. 24. ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD. Promoción del desarrollo fetal optimo. Disponível em: http://www.who.int/nutrition/publications/fetal_dev_ report_es.pdf 25. Franceschini SCC, Priore SE, Pequeno NPFP, Silva DG, Sigulem DM. Fatores de risco para o baixo peso ao nascer em gestantes de baixa renda. Rev Nutr. 2003; 16:171-9. 26. Organização Mundial de Saúde. WHO. The incidence of low birth weigth: a critical review of available information. World Health Stat Ann 1980;33:197-244. 27. Barros FC, Victora CG, Matijasevich A, Santos IS, Horta BL, Silveira MF. Preterm births, low birth weight, and intrauterine growth restriction in three birth cohorts in Southern Brazil: 1982, 1993 and 2004. Cad Saúde Pública 2008; 24 (Suppl 3):S390-8. Correspondência para/reprint request to: Hesly Martins Pereira Lima Rua Professor Costa Mendes, 1608-5ª. andar Departamento de Saúde Comunitária Bairro Rodolfo Teófilo, Fortaleza/CE CEP. 60430-140 Tel.: (85) 3366-8045 E-mail: heslymartinsplima@hotmail.com Recebido em: 30/03/2014 Aceito em: 03/10/2014 Rev. Bras. Pesq. Saúde, Vitória, 16(3): 58-65, jul-set, 2014 65