PERFIL DE INTERNAÇÕES POR CONDIÇÕES SENSÍVEIS A ATENÇÃO PRIMÁRIA (ICSAP) EM MENORES DE UM ANO
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1 PERFIL DE INTERNAÇÕES POR CONDIÇÕES SENSÍVEIS A ATENÇÃO PRIMÁRIA (ICSAP) EM MENORES DE UM ANO Caroline Winck Sotti 1 Scaleti Vanessa Brisch Beatriz Rosana Gonçalves de Oliveira Toso RESUMO: Introdução: Internações por Condições Sensíveis a Atenção Primária (ICSAP) são as hospitalizações que podem ser eventualmente reduzidas e/ou evitadas se forem correta e efetivamente diagnosticadas e tratadas na atenção básica, ou seja, se a atenção primária à saúde (APS) for resolutiva. Dessa forma, o percentual de ICSAP é considerado um indicador de qualidade da atenção à saúde. Objetivo: Identificar junto ao banco de dados DATASUS a morbidade hospitalar em crianças menores de um ano de idade, por grupo de causas, no período de janeiro a dezembro de Metodologia: Pesquisa avaliativa dos modelos de atenção em saúde dos serviços de APS no cuidado à saúde da criança, utilizando uma investigação com abordagem quantitativa, com a identificação das causas de hospitalização no período de um ano no banco de dados do DATASUS. Esses dados serão obtidos do sistema de Informação de Hospitalizações SIH/SUS, dados secundários obtidos do sistema operacional de mesmo nome junto ao Ministério da Saúde. Resultados: Obtenção de subsídios para guiar as estratégias de planejamento e execução de ações no âmbito da APS para as crianças, no município do estudo, para reduzir as ICSAP para essa faixa etária. PALAVRAS CHAVE: Morbidade; Causas evitáveis; Criança; Atenção primária em saúde. INTRODUÇÃO A avaliação do impacto da atenção primária sobre a saúde da população pode ser feito a partir do monitoramento das internações hospitalares por condições sensíveis à atenção ambulatorial, iniciativa que vem se desenvolvendo nos últimos anos em vários países e também no Brasil (ELIAS; MAGAJEWSKI, 2008). A proporção de internações hospitalares consideradas evitáveis, a partir de uma assistência oportuna e adequada na atenção primária, representa um importante marcador de resultado da qualidade dos cuidados de saúde nesse nível de atenção. Desenvo lvido no final dos anos 1980 nos Estados Unidos, esse indicador tem sido utilizado para avaliar acessibilidade e efetividade do cuidado primário (FERNANDES et al, 2009). De acordo com Elias; Magajewski (2008, p. 636) ICSAP são: 1 UNIOESTE Cascavel. karol_sotti@hotmail.com 1
2 As hospitalizações que podem ser eventualmente reduzidas e/ou evitadas se forem correta e efetivamente diagnosticadas e tratadas no nível ambulatorial, ou seja, se a atenção primária à saúde for resolutiva. Nesse sentido, assumimos o percentual de ICSAAs como um indicador de qualidade da atenção à saúde. Em síntese, a magnitude das internações hospitalares por algumas causas selecionadas reflete a qualidade da atenção ou as linhas de cuidado oferecidas à população, avaliando elementos de estrutura e processo das unidades de saúde e equipes de saúde associadas com essa atenção. Estudar as causas de internação hospitalar em crianças no Brasil pode nos auxiliar a compreender o perfil de adoecimento nessa faixa etária e a elaborar planos de atenção à saúde que previnam o agravamento das doenças a fim de que a hospitalização seja evitada. A ideia é que a resolutividade da atenção primária à saúde deve se refletir na diminuição das internações hospitalares por um grupo de causas específicas. As hospitalizações por causas sensíveis à atenção primária são um indicador indireto da efetividade do sistema de saúde, nessa instância de atenção, pressupondo que as internações decorrentes destas doenças não receberam atenção de saúde efetiva em momento oportuno, levando a um agravamento da condição clínica que exigiu a hospitalização (OLIVEIRA et al, 2010). Utilizar a hospitalização de crianças somente quando uma determinada doença não pode ser tratada ao nível da atenção primária em saúde deve ser o objetivo das equipes de saúde nos mais variados serviços em função dos inúmeros estudos já realizados apontando as consequências da hospitalização para as crianças (OLIVEIRA et al, 2010). OBJETIVO Identificar junto ao banco de dados DATASUS a morbidade hospitalar em crianças menores de um ano de idade, por grupo de causas, no período de janeiro a dezembro de PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Pesquisa avaliativa dos modelos de atenção em saúde dos serviços de APS no cuidado à saúde da criança, utilizando uma investigação com abordagem quantitativa, com a identificação das causas de hospitalização no período de um ano no banco de dados do DATASUS. Esses dados foram obtidos do sistema de Informação de Hospitalizações SIH/SUS, dados secundários do sistema operacional de mesmo nome junto ao Ministério da Saúde. 2
3 A população do estudo para busca dos documentos online foi composta de crianças até um ano, hospitalizadas em instituições públicas, no período de um ano, anterior a coleta de dados, compreendidos os meses de janeiro a dezembro de A partir da seleção no Sistema de Informações Hospitalares do SUS - SIH/SUS dos códigos referidos na lista brasileira de condições sensíveis a atenção primária, foi gerado um arquivo de definição (DEF) para tabulação das causas sensíveis, utilizando o aplicativo Tabwin - Versão desenvolvido pelo DATASUS/MS. Os dados foram analisados por estatística descritiva, comparando-se os achados com a literatura disponível. RESULTADOS Tabela 1 - Principais causas de morbidade hospitalar para os Estados da região Sul do Brasil em menores de um ano de idade no ano de 2012, segundo a Lista de Morbidade CID 10 Doenças do Afecções Doenças Estado aparelho originadas no Infecciosas e TOTAL respiratório período perinatal parasitárias Paraná ,24% 45,23% 10,51% 38,01% Santa Catarina Rio Grande do Sul TOTAL 43,43% ,58% ,10% FONTE: Banco de dados TabWin (DATASUS, 2014). 43,74% ,56% ,08% 12,82% ,84% ,81% 18,90% ,07% Em menores de um ano, tanto o grupo de doenças originadas no período perinatal, quanto às doenças respiratórias, são responsáveis, em média, por 45% das hospitalizações dessas crianças, cada uma, independente do estado da região sul. 3
4 Tabela 2 Cidades do Paraná com maiores índices de ICSAP em crianças menores de um ano de idade no ano de 2012 Cidade Número de Internações Curitiba 7692 Londrina 2165 Campo Largo 1629 Cascavel 1578 Maringá 1346 São José dos Pinhais 878 Ponta Grossa 866 Toledo 835 Foz do Iguaçu 691 Guarapuava 691 FONTE: Banco de dados TabWin (DATASUS, 2014). Em relação ao percentual da população, a capital paranaense aparece como o município do estado com maior taxa de ICSAP, seguida de Londrina, sua segunda cidade em tamanho populacional. Destaca-se que Cascavel aparece como a quarta cidade em números absolutos de ICSAP, sem, contudo ter o mesmo correspondente populacional. Tabela 3 - Principais causas de morbidade hospitalar na Cidade de Cascavel - PR em menores de um ano de idade no ano de 2012, de acordo com o sexo, segundo a Lista de Morbidade CID 10 Morbidade Masculino Feminino TOTAL Afecções originadas no período perinatal ,39% ,60% ,91% Doenças do aparelho respiratório ,17% 42,82 31,74% Doenças infecciosas e parasitárias Sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e laboratoriais Doenças do aparelho genitourinário TOTAL FONTE: Banco de dados TabWin (DATASUS, 2014). 60,44% 66 55,46% 26 46,42% ,80% 39,55% 53 44,53% 30 53,57% ,20% 9,68% 119 8,60% 56 4,04%
5 Quanto à distribuição da ocorrência de ICSAPs relacionada ao sexo, percebe-se um predomínio em crianças menores de um ano do sexo masculino em todos os grupos, com exceção dos problemas geniturinários. DISCUSSÃO De acordo com pesquisa realizada por Barreto et al (2012) no Piauí, as causas de internação mais frequentes em menores de 1 ano entre os anos de 2000 e 2010, foram as doenças do aparelho respiratório, seguidas das doenças infecciosas e parasitárias e afecções perinatais. Para a região Sul de acordo com os dados coletados as principais causas de internação em menores de um ano foram as doenças do aparelho respiratório com (45,10%) das internações, seguidas das afecções perinatais com (42,08%) e doenças infecciosas e parasitárias 9004 (12,81%) Para corroborar com nossa pesquisa outro estudo realizado por Oliveira et al (2012) no Rio Grande do Sul mostrou o perfil encontrado para hospitalizações como: predominância de internações de menores de um ano (42%), do sexo masculino (49,6%), por causas respiratórias (49,6%). Este resultado também foi observado no levantamento realizado no Banco de Dados do DATASUS para o município de Cascavel-Pr, no qual, para a faixa etária de crianças de zero a quatro anos de idade, o total de internações no ano de 2012 foi de 2634, sendo que destas 1578 (59,90%) foram em crianças menores de um ano de idade, com predominância do sexo masculino 744 (53,80%) e com a causa de maiores hospitalizações sendo as afecções originadas no período perinatal 635 (45,91%). CONCLUSÃO Desta forma observamos que as principais ICSAPs são semelhantes em todo o território nacional, sendo as causas respiratórias, infecciosas e parasitária e afecções do período perinatal as que mais acometem as crianças menores de um ano de idade. 5
6 REFERÊNCIAS BARRETO, J. O. M.; NERY, I. S.; COSTA, M. S. C. Estratégia Saúde da Família e internações hospitalares em menores de 5 anos no Piauí, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 28, n. 3, p , mar., DATASUS. Departamento de Informática do SUS. Disponível em: Acesso em: 28 de março de ELIAS, E.; MAGAJEWSKI, F. A Atenção Primária à Saúde no sul de Santa Catarina: uma análise das internações por condições sensíveis à atenção ambulatorial, no período de 1999 a Rev. Bras. Epidemiol, v. 11, n. 4, p , FERNANDES, V. B. L.; CALDEIRA, A. P.; FARIA, A. A. et al. Internações sensíveis na atenção primária como indicador de avaliação da Estratégia Saúde da Família. Rev. Saúde Pública, v. 43, n. 6, p , OLIVEIRA, B. R. G.; VIERA, C. S.; COLLET, N. et al. Causas de hospitalização no SUS de crianças de zero a quatro anos no Brasil. Rev. Brasileira Epidemiol, v. 13, n. 2, p , OLIVEIRA, B. R. G.; VIERA, C. S.; FURTADO, M. C. C.; et al. Perfil de morbidade de crianças hospitalizadas em um hospital público: implicações para a Enfermagem. Rev. Brasileira de Enfermagem, Brasília v. 65, n. 4, p , jul./ago.,
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