ANÁLISE DA MORTALIDADE E DISTRIBUIÇÃO DE NEOPLASIA CUTÂNEA EM SERGIPE NO PERIODO DE 2010 A 2015 RESUMO

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1 ANÁLISE DA MORTALIDADE E DISTRIBUIÇÃO DE NEOPLASIA CUTÂNEA EM SERGIPE NO PERIODO DE 2010 A 2015 Milena Katrine Andrade Santos (Acadêmica de Enfermagem, Universidade Tiradentes) Emily Santos Costa (Acadêmica de Enfermagem, Universidade Tiradentes)* Rebeca Lira de Oliveira Prado Vieira (Acadêmica de Enfermagem, Universidade Tiradentes) Izaura Gabriela Oliveira Santos (Acadêmica de Enfermagem, Universidade Tiradentes) Marcio Lemos Coutinho (Doutorando em Saúde Coletiva, Universidade Tiradentes) * emilycosta48@hotmail.com RESUMO Os cânceres de pele são muito comuns no Brasil, sendo o excesso de exposição aos raios solares o fator de risco mais importante para o desenvolvimento do mesmo. Diante disso faz-se necessário entender melhor a ocorrência e distribuição da doença e desenvolver ações e programas que favoreçam mudanças de comportamento e melhoria na assistência, sobretudo na detecção precoce de manchas irregulares e lesões de pele. O presente estudo ecológico utiliza dados secundários disponíveis no Departamento de Informática do SUS (DATASUS), com o objetivo de analisar as taxas de mortalidade do câncer de pele em Sergipe de 2010 a Desta maneira, foi possível refletir em que medida as ações realizadas pela Enfermagem podem ser aprimoradas no enfrentamento deste problema de saúde pública. Palavras-chave: Neoplasias cutâneas. Mortalidade. Fatores de risco. Epidemiologia. INTRODUÇÃO Segundo o World Health Organization (2011) o câncer está se tornando um problema cada vez maior para a humanidade, configurando-se como problema de saúde pública. As neoplasias têm crescido em todo o mundo e ocupam a segunda causa de morte na maioria dos países. Em países desenvolvidos, projeta-se que em breve os cânceres ultrapassarão as doenças cardiovasculares (HOYERT., 2011). O câncer de pele é o mais comum no mundo e no Brasil, sendo o melanoma que é classificado como carcinoma basocelular e carcinoma espinocelular os tipos mais frequentes da doença (AMERICAN CANCER SOCIETY, 2016). No Brasil, estimou-se a ocorrência, em 2016, de 3 mil casos novos de melanoma em homens e em mulheres, correspondendo a taxas de 3,03 casos novos a cada 100 mil homens e 2,59 para cada 100 mil mulheres o que pode ser explicado pelo alto índice de raios solares, a falta de consciência do uso de proteção solar, o baixo índice de campanhas de prevenção agregadas com a pouca cultura preventiva da população brasileira (SOUZA et al., 2004; INCA 2015). O estado de Sergipe é marcado por grande diversidade étnica, devido a características intrínsecas ao processo de colonização brasileira e por diferenças climáticas em cada uma de suas regiões, o que pode contribuir para o entendimento da

2 ocorrência e distribuição das taxas de diferentes neoplasias malignas da pele como o melanoma (menos frequente, pior prognostico, e maior taxa de mortalidade) e não melanoma (dividido em carcinoma basocelular e espinocelular, mais frequentes). É válido ressaltar que fatores de risco como idade, gênero, hereditariedade, ocupação e condição socioeconômica também estão diretamente relacionados à neoplasia cutânea. O grau de escolaridade e acesso a informação podem interferir na adoção de medidas de prevenção ou na detecção precoce da doença enquanto que a cor da pele também contribui para a ocorrência de novos casos (IMANICHI et al., 2017). É de suma importância que os indivíduos se atentem para o surgimento de manchas irregulares, mudanças de tonalidades, assimetrias e lesões na pele, acompanhadas ou não de sangramento. Essas ações contribuem a nível individual para prevenção da doença e diagnóstico precoce. Por outro lado é fundamental a produção, sistematização e análise permanente de dados epidemiológicos que permitam compreender o comportamento e tendências da doença para que possam ser formuladas, implantadas e avaliadas ações de saúde voltadas para prevenção e tratamento adequado da doença, principalmente diante dos grupos mais vulneráveis (OLIVEIRA et al., 2016). Nesse sentido, o objetivo deste estudo é analisar as taxas de mortalidade e distribuição do câncer de pele no estado de Sergipe, no período de 2010 a METODOLOGIA Trata-se de um estudo ecológico de caráter quantitativo utilizando dados secundários disponíveis publicamente no site eletrônico do Departamento de Informática do SUS (DATASUS), o que dispensou a apreciação por Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), segundo a resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS) no 466, de 12 de dezembro de Os dados secundários relacionados à mortalidade por Câncer de Pele no Brasil foram organizados por unidade federativa (Sergipe), sexo e idade, para o período entre 2010 a 2015, sendo identificado o número de mortes por ano nessas categorias para o CID 10. A partir dos dados registrados no Instituto Nacional do Câncer foi possível identificar também as Taxas de Mortalidade de Câncer brutas e ajustadas por idade em comparação com as Taxas Padronizadas do Brasil e Mundial. Vale destacar que o INCA

3 é encarregado das ações de controle de câncer e produz as estatísticas de câncer no país, utilizando-se da Vigilância do Câncer e de Fatores de Risco (incidência, morbidade, mortalidade e fatores de riscos). RESULTADOS Através dos dados analisados e sistematizados na tabela 1, foi possível identificar que entre os anos de 2010 a 2014 houve uma queda acentuada da taxa bruta de casos de mortalidade no estado de Sergipe (de 0,63 para 0,33). Já em 2015 a taxa bruta voltou a aumentar chegando a 0,57%. Ao compararmos as taxas de Sergipe com as taxas brasileiras, percebe-se que o Estado apresenta dados bem próximos da mesma, o que aponta a necessidade de monitoramento dos dados nos próximos anos e investigação dos determinantes. Tabela 1. Taxas de mortalidade por melanoma maligno da pele, brutas e ajustadas por idade, pelas populações mundial e brasileira de 2010, por homens e mulheres, Sergipe entre 2010 e Ano Valor Absoluto Taxa Bruta Taxa Ajustada Taxa Ajustada Brasil ,63 0,68 0, ,53 0,6 0, ,52 0,58 0, ,38 0,4 0, ,33 0,36 0, ,57 0,63 0,66 Fontes: MS/SVS/DASIS/CGIAE/Sistema de Informação sobre Mortalidade - SIM, MP/Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, MS/INCA/Conprev/Divisão de Vigilância. A análise dos dados sistematizados na tabela 2 permite observar o número de óbitos de homens e mulheres de acordo com a faixa etária. A taxa de mortalidade por melanoma de pele no Estado de Sergipe é consideravelmente maior nas pessoas com mais de 20 anos e mais frequente em homens (0,56%) que em mulheres (0,43%). O maior índice de mortes está presente nos indivíduos na faixa etária de anos, no sexo masculino (4,51%), enquanto que nas mulheres o maior índice de mortes concentra-se na faixa etária de anos (1,31%).

4 Tabela 2. Taxas de mortalidade do Melanoma e outras neoplasias malignas da pele, brutas e ajustadas por idade, pelas populações mundial e brasileira de 2010, por homens e mulheres, Sergipe, entre 2010 e FAIXA-ETARIA OBITOS_HOMENS TAXA_ESPECIFICA_HOMENS OBITOS_MULHERES TAXA_ESPECIFICA_MULHERES OBITOS_TODOS TAXA_ESPECIFICA_TODOS 00 a a a a a ,09 2 0,16 3 0,13 30 a ,22 2 0,2 4 0,21 40 a ,24 6 0, ,98 50 a ,5 13 2, ,99 60 a , , ,74 70 a , , ,48 80 ou mais 35 51, , ,4 Idade ignorada Total Taxa Bruta - 1,7-1,42-1,56 Taxa Padrão Mundial - 1,97-1,2-1,54 Taxa Padrão Brasil - 2,25-1,47-1,81 Fontes: MS/SVS/DASIS/CGIAE/Sistema de Informação sobre Mortalidade - SIM, MP/Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, MS/INCA/Conprev/Divisão de Vigilância. CONCLUSÃO Segundo Harford (2009) o câncer gera grande demanda de investimento em políticas de prevenção e assistência, principalmente ao considerar o longo período de exposição a fatores ambientais e individuais de risco, além do envelhecimento populacional. A identificação de fatores de risco e da doença em seu estágio inicial e o encaminhamento ágil e adequado para o atendimento especializado dá à Atenção Básica um caráter essencial para um melhor resultado terapêutico e prognóstico dos casos (BRASIL., 2013). A partir da utilização de dados dos sistemas de informação, foi possível conhecer o cenário local em relação à doença e pensar em que medida as ações realizadas pela Enfermagem no contexto do Sistema Único de Saúde podem ser aprimoradas no enfrentamento da mesma. REFERÊNCIAS AMERICAN CANCER SOCIETY. Skin cancer facts. [Atlanta], Disponível em: < Acesso em: 05 abr BRASIL, Instituto Nacional do Câncer (INCA). Estimativa 2015: Incidência de câncer no Brasil. Disponível em: < Acesso em: 05 abr

5 BRASIL, Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde, Disponível em: < Acesso em: 05 abr BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 357, de 8 de abril de Diário Oficial da União, Brasília, DF, 9 abr Seção 1, p. 41. HARFORD, J. B et al; Session A Group. Planejamento de controle do câncer e monitoramento de sistemas populacionais. Tumori, v. 95, n. 5, p , HOYERT D. L.; XU, J. Q. Deaths: preliminary data for Natl Vital Stat Rep., v. 61, n. 6, p. 1-52, Disponível em: < Acesso em: 03 abr IMANICHI, D. et al. Fatores de risco do câncer de pele não melanoma em idosos no Brasil. Diagn. tratamento, v. 22, n. 1, p. 3 7, OLIVEIRA, M. F. DE et al. Estudo retrospectivo de pacientes diagnosticados com câncer de mama internados em hospital universitário. Revista Brasileira de Mastologia, v. 26, n. 2, p , 1 jun SOUZA, Sonia R. P., FISHER, Frida M, SOUZA, José M. P., Bronzeamento e risco de melanoma cutâneo: revisão da literatura. Revista de Saúde Pública, v. 38, n. 4, São Paulo, ago WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global status report on noncommunicable diseases Geneva: World Health Organization, p. 176, 2011.