GESTÃO ESCOLAR: A ESCOLA COMO UM ESPAÇO DE EXERCÍCIO DA DEMOCRACIA

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Transcrição:

GESTÃO ESCOLAR: A ESCOLA COMO UM ESPAÇO DE EXERCÍCIO DA DEMOCRACIA Resumo Maria Nilza Batista Luz1 - UERN Francisca de Fátima Araújo Oliveira2 - UERN Eixo Temático: Políticas Públicas e Gestão da Educação Agência Financiadora: Não contou com financiamento Esse trabalho é resultante da pesquisa do mestrado em educação onde se encontra em fase inicial, nele abordaremos algumas considerações sobre a atuação do conselho escolar na gestão da escola, apresentamos nossa pergunta de partida: a escola é um espaço de exercício da democracia que busca oferecer contribuições significativas, implicando assim, na participação de todos os sujeitos envolvidos nos processos decisórios? Desse modo o nosso objetivo de pesquisa é analisar a contribuição do conselho escolar para a democratização da gestão nesse sentido, a metodologia empregada nesse trabalho será entrevista semiestruturada que será realizada com a equipe gestora e os representantes do conselho escolar, será também realizada a analise documental. Algumas reflexões que propomos traçar ao longo dessa construção serão norteadas pelo referencial teórico baseado em: Marques (2007), Veiga (2004), Werle (2003), Paro (2000), Libâneo (2004); Bravo (2011), diante de tais discussões referenciadas percebemos que a democratização dos espaços escolares acontece principalmente na articulação de todas as instancias em prol a implementação da gestão democrática, pois o trabalho em equipe, visando alcançar objetivos que são compartilhados por todos contribui assim para a melhoria da qualidade do ensino ofertada pela escola. É através da contribuição de todos os segmentos que a gestão escolar democrática irá acontecer. Percebemos dessa maneira, que um dos grandes problemas a serem enfrentados para a efetivação de uma gestão democrática se configura na ausência de parceria entre os membros que constituem a escola e as famílias. Enfim, a democracia será instalada nas instituições de ensino através da democratização dos processos educativos, da mudança nas relações desenvolvidas no interior da escola a fim de propiciar a participação dos sujeitos, assim como a construção de mecanismos (conselho escolar, reunião de pais), que favoreçam assim o exercício da democracia. Palavras-chave: Gestão democrática. Participação. Conselho-escolar. 1 Graduada em Geografia, pela Universidade Estadual do Rio Grande do Norte UERN; Especialização em Gestão Ambiental pela Faculdade Integrada de Patos- FIP; Mestranda em Educação pelo POSEDUC da UERN (Turma 2016); pesquisadora na Linha de Pesquisa Políticas da Educação.Email: nilzaaluzzz@gmail.com 2Doutora em Educação: História, Política, Sociedade pela Pontifícia Universidade católica de São (2010). Professora do mestrado em educação POSEDUC da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Email: brenovinicius@gmail.com ISSN 2176-1396

24013 Introdução A gestão democrática do ensino público como um dos princípios em que deve se basear a Educação Nacional, neste contexto, determinou-se, dentre as incumbências dos sistemas públicos, que estes devem definir as normas da gestão democrática do ensino básico, promovendo alguns princípios da gestão democrática da educação pública, procurando garantir a participação dos profissionais da educação na participação da elaboração do projeto pedagógico da escola, e da participação da comunidade escolar e local em conselhos escolares ou similares. Asseguraram, também, que os referidos sistemas devem garantir às suas unidades escolares progressivos graus de autonomia pedagógica, administrativa e financeira, deliberações que expressaram modos concebidos para que se viabilizasse o princípio da gestão democrática da educação básica (BRASIL, 1996). Este trabalho está em andamento é fruto do projeto de pesquisa do mestrado em educação ao qual ainda encontra-se em fase inicial, a pesquisa será desenvolvida nas escolas que compõe os Núcleos Municipais de Educação Rural, no município de Mossoró-RN, onde serão observados os processos de participação da comunidade escolar nos órgãos colegiados, e se os referidos núcleos contemplam em suas funcionalidades a promoção da gestão democrática? Para esta pesquisa optamos por realizar uma abordagem qualitativa na perspectiva das possibilidades de se realizar pesquisa: documental, e entrevista semiestruturada buscando estratégias de pesquisa que compreenda um método que abrange abordagens especifica de coletas e analise de dados. Numa perspectiva de colaboração durante a pesquisa, iremos entrevistar o gestor, o supervisor escolar, e o presidente do conselho escolar procurando compreender como acontece a gestão administrativa, com enfoque nos conselhos escolares. A nossa analise consistirá no levantamento de informações a respeito da gestão escolar, entendendo que é importante destacar que a democratização da gestão é algo mais abrangente que envolve todos os componentes da comunidade escolar. Serão observados aspectos referentes às práticas democráticas desenvolvidas através do gestor como atuação dos mesmos no contexto escolar, os discursos e os saberes, tomando como base a importância das ações da gestão participativa nas escolas que compõem os núcleos de educação rural. A pesquisa tem como objetivo analisar a contribuição do conselho escolar para a democratização da gestão. Analisaremos a luz do levantamento bibliográfico, e do referencial teórico autores como: Marques (2007); Paro (2006); Libâneo (2004); Bravo (2011), Veiga

24014 (2004), Werle (2003), Paro (2000), para melhor compreender como se dá a efetivação da participação nos espaços escolares, a construção da autonomia, suas representações no processo de democratização da gestão, tendo como norte, pensar a gestão participativa da escola, visto que a bibliografia atual, como as demais pesquisas voltadas para a gestão educacional propõe uma nova forma de participação do conselho escolar nos processos participativos da gestão escolar. Assim afirma Werle, sobre os conselhos escolares: Na dinâmica real,...os conselhos escolares adquirem vida e forma material nas articulações relacionais entre os atores sociais que os compõem; na forma como pais, alunos, professores, funcionários e Direção apropriam-se do espaço do conselho, enquanto o constroem, de maneira dinâmica e conflitiva, utilizando-se, neste processo, de seus saberes... Portanto, o conselho escolar é um processo e um produto de uma construção coletiva, cotidiana e particular de cada escola. (WERLE, 2003, p. 102). Para pesquisa será necessário à colaboração de pais, alunos e toda a comunidade escolar como forma de identificar os desafios e possibilidades da democratização da gestão aqui observada como organização democrática em que a colaboração do conselho escolar promova princípios de igualdade entre os membros de um grupo, o ato de participação da comunidade escolar como espaço para discussões sobre cidadania e democracia. Mediante essa perspectiva entendemos que o conceito de escola como organização democrática, é adotado para aquela que finalmente fizer articulação entre teoria democrática e gestão escolar (MARQUES, 2007). A gestão democrática como sendo algo que requer mudanças estruturais e organizacionais, necessita acima de tudo de mudanças de paradigmas, para tentar entender a gestão dos sistemas de ensino, constitui-se essencialmente, com um processo de articulação para o desenvolvimento e efetivação do conselho escolar como órgão colegiado e participativo das tomadas de decisões tendo como suporte o projeto político-pedagógico das escolas que deve ser um instrumento de ação dentro do cotidiano escolar servindo como norte para os encaminhamentos decisórios da escola. Algumas considerações sobre a gestão democrática e qualidade nas escolas, como podemos perceber ganham cada vez mais força as ações em defesa da participação da comunidade escolar nas decisões sobre a vida da escola. Cada vez mais a gestão da escola deve ocorrer de forma descentralizada, com a participação efetiva dos conselhos escolares, sugerindo, propondo, fiscalizando a aplicação de recursos financeiros, construindo junto com a direção o projeto político-pedagógico da escola, discutindo a avaliação escolar e a estrutura curricular, buscando estreitar os vínculos sociais

24015 com a comunidade local, trazendo os pais de alunos para além das discussões administrativos, como também, sobretudo para participarem como cidadãos das deliberações da escola. As discussões sobre o Projeto Político Pedagógico não deve ser entendido como um documento acabado, mas sim, em construção, tendo em vista, que com o passar dos tempos algumas práticas precisam ser revistas e modificadas, pois a cada ano surgem diferentes necessidades (VEIGA, 2004). Em resumo, o PPP da escola é como uma das principais ferramentas de colaboração para a efetivação da gestão democrática que não poderá ocorrer diretamente, enquanto os gestores não se conscientizarem da importância desse órgão colegiado para sociedade e esta não estiver aberta para discussões sobre a democratização da gestão, que não é um ato tão simples mais, sobretudo complexo quanto a sua consolidação. É possível ter o máximo controle sobre as pessoas da organização, determinar normas rígidas, supervisionar, fiscalizar. Entretanto, nada será eficaz quanto o espírito de colaboração e a iniciativa daqueles que acreditam no trabalho proposto e, se a eles forem permitidos espaço e oportunidade de demonstrar seus conhecimentos e aptidões, sentir-se-ão parte da estrutura organizacional, (BRAVO, 2011, p. 49). Considerando a constante evolução da sociedade nos aspectos referentes à democratização da educação, cabe ao gestor articular espaços de discussão com os dos demais segmentos da comunidade escolar, na busca de ações cada vez mais participativas. Assim o ato de gerir não se restringe em arcar com as atividades burocráticas e as decisões finais e sua concretização, mas sim está apto a compartilhar decisões, sobretudo com a atuação do conselho escolar e aceitar sugestões, além de promover o bom desempenho e relações com as atividades desenvolvidas na escola. Salientamos que a real função do gestor vai alem de gerir de acordo com princípios democratizantes, articulando as responsabilidades que lhe são inerentes entre os demais membros que formam a equipe escolar, mais também contribuindo assim para uma gestão de qualidade (aquela em que exige o investimento em educação, requalificação, formação e capacitação daqueles que formam o quadro da educação), entre tantos outros aspectos, como o que aponta: A escola não faz falta um chefe, ou um burocrata; a escola faz falta um colaborador, alguém que embora tenha atribuições, compromissos e responsabilidades diante do estado, não esteja atrelado ao seu poder e colocado acima dos demais (PARO, 2006).

24016 Desenvolvimento Nota-se que na sociedade atual, existem meios democráticos, mas nem sempre representam realmente as nossas concepções e objetivos, entendendo democracia, como uma construção contínua que se dá através de práticas articulatórias nos diferentes espaços sociais (MARQUES, 2007), sendo que vivenciar a democracia é algo demorado, e que exige uma articulação entre os sujeitos participantes desse processo, não existe, pois um modelo de democracia pronto acabado, já pré-estabelecido, sendo necessária a ação institucionalizada de práticas democráticas nas mais variadas relações dos sujeitos sociais. Para efetivar a democracia no espaço escolar, é necessário que consideremos a cultura escolar, pois a construção de relações democráticas pode se dá de forma diferenciada, dessa forma as escolas não devem ser entendidas como instituições uniformes (MARQUES, 2007), pois cada escola constrói valores e criam realidades organizacionais e educativas diferentes que vão se modificando de acordo com o contexto individual de cada uma delas, cada escola tem a sua maneira de agir, apresentando assim especificidades que fazem com que cada instituição educativa apresente características inerentes, que a diferencia e a identifica. A essa compreensão de múltiplas possibilidades heterogeneidade, de gratuidade e de inclusão, espaço público de aprendizagem de comportamentos democráticos, envolvendo tolerância, cooperação e respeito mútuo, em que todas as questões referentes à gestão escolar são tratadas (WERLE, 2003, p. 16). Nessa perspectiva será necessária uma abordagem individualizada de cada contexto para uma observação mais detalhada das práticas de atuação do conselho escolar na gestão democrática desses espaços escolares. Entendendo como um instrumento norteador das práticas educativas no chão da escola, o PPP. não deve ser entendido como um documento acabado, mas sim, em construção, tendo em vista, que com o passar dos tempos algumas práticas precisam ser revistas e modificadas, pois a cada ano surgem diferentes necessidades (VEIGA, 2004). Nesse processo de reestruturação e reconstrução do documento o conselho escolar tem papel fundamental, pois deve esta participando ativamente dessas discussões em torno da reformulação do projeto pedagógico da escola, nessa conjuntura a figura do gestor escolar também se apresenta como condutor nesse processo de democracia instalado no âmbito da escola onde estreita suas relações com a comunidade escolar. A postura do gestor com implantação de práticas democráticas e participativas trás para a instituição escolar a importância da coletividade, da participação da organização de

24017 todos os atores escolares trabalharem em torno de um único objetivo apresentado por Libâneo como: se o objetivo da escola é estabelecer formas democráticas, é necessário que primeiramente se construa práticas de gestão e tomadas de decisões participativas e transparentes (LIBÂNEO, 2004). É preciso que todos que fazem parte da comunidade escolar trabalhem em conjunto e em prol de objetivos e esses devem ser compartilhados por todos. Para que a gestão democrática realmente aconteça é preciso à mobilização de alguns mecanismos, tais como a participação dos pais, alunos, professores, coordenadores e gestores na escola, a participação do conselho escolar para que juntos, façam a administração da escola. Podemos observar que na realidade da escola pública, a implementação de suas ações e concretização das mesmas, é um processo que necessita ser revisto, pois a democracia só se efetiva por atos e relações que se dão no nível da realidade concreta (PARO, 2000). Sendo assim, compreendemos por gestão democrática, aquela voltada para a coletividade, o compartilhamento de decisões, participativa, isto é, aquela que objetiva a participação de toda comunidade escolar principalmente o conselho escolar nas tomada decisões pertinente a escolar. Nesse contexto a participação do conselho escolar não deve se restringir apenas ao campo escolar, a mesma deve considerar seu papel na sociedade, ou seja, assegurar um processo de sistematização com algumas relações sociais, isto é, a participação da comunidade e demais sujeitos que compõem a educação sem estarem diretamente ligados ao funcionamento da escola. Esclarecendo que o papel da escola é primordial para o exercício da democracia, dentro do contexto escolar é preciso que compreendamos o processo de gestão democrática que é vivenciado pelo conselho escolar pelos gestores e pela escola. Corrobora que a democracia é uma construção continua e contingente e que se dá através de práticas articulatórias (MARQUES, 2007), entendendo que a democracia é o exercício da liberdade de expressão dos sujeitos, e da participação de forma articulada dos mesmos nos processos desenvolvidos pelas instancias escolares, que considera a autonomia como algo imprescindível para o exercício da gestão democrática: Um modelo de gestão democráticoparticipativa tem na autonomia um dos seus mais importantes princípios, implicando a livre escolha de objetivos e processos de trabalho e a construção conjunta do ambiente de trabalho (LIBÂNEO 2004, p.102).

24018 Uma escola democrática precisa construir a capacidade de unir forças e opiniões para buscar soluções e resolver problemas em prol do bem comum, enxergando possibilidades e variáveis que alguém sozinho é incapaz de encontrar, concordando dessa forma que a gestão democrática é uma gestão de autoridade compartilhada. Pois o processo de tomadas de decisões democráticas na escola envolveria a participação de sujeitos conscientes, responsáveis e livres, que interfeririam nas decisões tomadas. (MARQUES, 2007). Aqui a participação é entendida, como um dos principais caminhos para o exercício da Gestão democrática, e que mecanismos que possam contribuir com esses processos e tornar a escola um espaço mais democrático no processo de tomadas de decisões (conselho escolar, caixa escolar e a representação de pais e alunos inseridos no contexto de decisões da escola), que deve ser implantado na escola pra que essa opção de gestão se efetive. Considerações finais Todos os que fazem parte da escola (gestores, coordenadores, professores, pais, alunos e comunidade local) realmente estejam comprometidos com a escola, que procurem juntos soluções para problemas que se apresentarem que o gestor não seja o único responsável pela administração assim como o professor um único responsável pelo pedagógico. Dessa forma a democracia pode ser exercida através de vários mecanismos de participação entre eles esta o conselho escolar, órgão colegiado que é formado por todos os seguimentos da comunidade escolar, buscando auxiliar a gestão nos processos decisórios das escolas. Compreendemos que a busca por uma gestão democrática envolve muitos elementos necessário, ao compartilhamento de obrigações, trabalho em equipe, tomadas de decisões em conjunto, assim como a participação de todos nos processos desenvolvidos pela escola. Nessa perspectiva a escola assume o papel de conscientizar e mobilizar a sociedade em torno de objetivos que devem ser partilhados e buscados mediante a participação, procurando garantir que assim como as atividades que são desenvolvidas pela escola os processos constituintes administrativos se dêem de maneira democrática.

24019 REFERÊNCIAS BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB Lei nº 9394/96. Brasília, 1996 BRAVO, Ismal. Promovendo Mudanças e Inovações. In:.Gestão educacional no contexto municipal. Campinas, São Paulo: Editora Alínea, 2011. Cap 4, p. 105-155. LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão Escolar Teoria e Prática. Goiânia: Ed. Alternativa, 5ª edição, 2004. MARQUES, Luciana Rosa. A descentralização da gestão escolar e a formação de uma cultura democrática nas escolas públicas. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2007. PARO, Vitor Henrique. Administração Escolar- Introdução Crítica 9. ed. São Paulo: cortez, 2000. PARO, Vitor Henrique. Gestão Democrática da Escola Pública. 5. ed. São Paulo: Ed. Xamã, 2006. VEIGA, Ilma Passos A. (org.). Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível. Campinas: SP. Papirus, 2004. WERLE, Flávia Obino Corrêa. Conselhos escolares: implicações na gestão da Escola Básica. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.