Pulmonary infection associated with mechanical ventilation as quality indicator of safety in health

Documentos relacionados
Pneumonia associada à ventilação mecânica como indicador de qualidade e segurança em saúde

INSTRUÇÕES MULTIPROFISSIONAIS ESPECÍFICAS: Prevenção de Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica Bundle da PAV

COLONIZAÇÃO BACTERIANA NA CAVIDADE BUCAL POR PATÓGENOS CAUSADORES DA PNEUMONIA ASSOCIADA À

ESTUDO DE IMPACTO DOS PROTOCOLOS DA ODONTOLOGIA HOSPITALAR SOBRE AS CAUSAS DE ALTAS DAS INTERNAÇÕES DAS UTI s DO HOSPITAL REGIONAL DE ARAGUAINA TO.

PNEUMONIA ASSOCIADA À VENTILAÇÃO MECÂNICA PAV IMPORTÂNCIA, PREVENÇÃO CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS E NOTIFICAÇÃO

Segurança do Paciente: Visão do Hospital Israelita Albert Einstein. Antonio Capone Neto Gerente Médico de Segurança do Paciente

INTRODUÇÃO METODOLOGIA

RESUMO DOS 120 ANOS DA EEAP BUNDLE DE PREVENÇÃO DA PNEUMONIA ASSOCIADA À VENTILAÇÃO MECÂNICA: O QUE SABEM OS ENFERMEIROS A ESSE RESPEITO?

Detecção precoce de sepse e segurança do paciente. O que fazer? Flavia Machado

TÍTULO: PERFIL DE SENSIBILIDADE AOS ANTIMICROBIANOS DE BACTÉRIAS MULTIRRESISTENTES ENCONTRADAS EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA ONCOLÓGICA

Pacotes de medidas: como avançar? Pneumonia associada à Ventilação Mecânica

QUALIDADE E SEGURANÇA NA GESTÃO EM SAÚDE: PREVENÇÃO E CONTROLE DA INFECÇÃO URINÁRIA RELACIONADA AO USO DE DISPOSITIVOS

Secretaria Estadual de Saúde Secretaria Executiva de Atenção à Saúde Diretoria Geral de Modernização e Monitoramento de Atenção à Saúde

Informativo da Coordenação Estadual de Controle de Infecção Hospitalar

I CURSO DE CONDUTAS MÉDICAS NAS INTERCORRÊNCIAS EM PACIENTES INTERNADOS

Ana Fernanda Yamazaki Centrone Enfermeira Centro de Oncologia e Hematologia Hospital Albert Einstein

Programas de vigilância das IACS. Margarida Câmara

PROTOCOLO MÉDICO CRITÉRIOS DE ADMISSÃO E DE ALTA DA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA ADULTO. Área: Médica Versão: 1ª

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO LABORATÓRIO DE ANÁLISE DO TRABALHO

Resultados Assistenciais Compartilhando resultados e experiências do HIAE Controle de infecção hospitalar

TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DAS QUEDAS EM CRIANÇAS INTERNADAS EM HOSPITAL PEDIÁTRICO

Programa de uso racional de antimicrobianos

PROTOCOLOS ISGH PNEUMONIA ASSOCIADA À VENTILAÇÃO MECÂNICA ADULTO

Enfa Loriane Konkewicz Comissão de Controle de Infecção Hospital de Clínicas de Porto Alegre

CARTILHA SEGURANÇA DO PACIENTE. Como você pode contribuir para que a saúde e segurança do paciente não seja colocada em risco na sua instituição?

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DO PACIENTE IDOSO INTERNADO EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA

A Repercussão dos indicadores de Qualidade na Saúde para o desempenho em OPS

SEGURANÇA DO PACIENTE: ATUALIZAÇÃO

As Multifaces da Prevenção de PAV

CLOREXIDINA. Preparações ALCOÓLICA DEGERMANTE AQUOSA 2 % 0,2 % 0,12 % 1% AQUOSA 4 % DEGERMANTE 0,5 % ALCOÓLICA

O PROGRAMA DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR E SUA IMPLEMENTAÇÃO. Ana Lucia Senna Médica Infectologista HIAS Infecto Consultoria Fundação do Câncer

Apresentação. Componentes essenciais para programas de prevenção e controle de Infecções Relacionadas a Assistência a Saúde (IRAS)

GERENCIAMENTO DE LEITOS E GERENCIAMENTO DE LEITOS E PROTOCOLOS. Luiz Soares

A IMPORTÂNCIA DA EQUIPE ODONTOLÓGICA NO AMBIENTE HOSPITALAR THE IMPORTANCE OF THE DENTAL TEAM IN THE HOSPITAL ENVIRONMENT

Prevenção das IACS Ponto da Situação Paulo André Fernandes, Maria Goreti Silva, Ana Paula Cruz, José Artur Paiva

CCIH Núcleo de Segurança. Camila Barcia

AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO SOBRE PREVENÇÃO DE QUEDAS DOS PARTICIPANTES DE UM CURSO DE SEGURANÇA DO PACIENTE: USO DE QUESTIONÁRIO PRÉ E PÓS-TESTE

Juliana Araújo Torres. Enfermeira do Serviço de Epidemiologia

EDUCAÇÃO EM SERVIÇO: FERRAMENTA TECNOLÓGICA UTILIZADA COMO ESTRATÉGIA PARA PREVENÇÃO DE INFECÇÃO INTRAVASCULAR

Palavras-chave: Enfermagem; Segurança do Paciente; Enfermagem em Emergência.

Metas de Segurança do Paciente A importância do Médico

Indicadores Estratégicos

Construindo um caminho seguro para a assistência do paciente

EXIJA QUALIDADE NA SAÚDE

Pneumonia Associada ao Tubo Traqueal PAT?

Desenvolvimento da Habilidade na Resolução de Problemas por meio do Uso das Ferramentas da Qualidade no Serviço de Enfermagem. Ana Carolina G.

Métodos estatísticos em epidemiologia: algumas observações sobre pesquisa cĺınica

EXIJA QUALIDADE NA SAÚDE

PARA P ARA Q UE FAZE F R? 3

INDICADORES FARMACOEPIDEMIOLÓGICOS DO USO DE ANTIMICROBIANOS DE AMPLO ESPECTRO EM UM HOSPITAL PRIVADO

DRG:CASES MARCELO T. CARNIELO

Informativo da Coordenação Estadual de Controle de Infecção Hospitalar

Dr. Renato Couto Camila Silveira Daniele Guedes Juliana Fantini Luna Consenza Viviane Gerken

A segurança do paciente na Farmacovigilância. Zenith Rosa Silvino

Indicadores de Segurança do Paciente Medicamentos

DESCRITOR: bundle, prevenção, pneumonia associada a ventilação mecânica Página: 1/7 Revisão: Emissão: Indexação: 1. INTRODUÇÃO

Treinamento META 5 Reduzir o risco de infecção associada aos cuidados de saúde Inovações e melhorias

Fórum de Qualidade e Segurança em Anestesia Apresentação de Casos: Hospital Ernesto Dornelles

Paciente Certo no Lugar Certo Gestão de Fluxo no Hospital. Mara Lílian Soares Nasrala

11. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 1

Superintendência de Gestão, Planejamento e Finanças Gerência de Contratos e Convênios ANEXO II METAS DE PRODUÇÃO

Unidades de AVC. Carlos Batista. Neurologista Fellow em pesquisa em Neurologia Vascular Hospital de Clínicas de Porto Alegre

Categoria: Gestão do Atendimento e Segurança do Paciente Subcategoria: Classe 2. Viviane R Buffon Diretora Clínica

REF.: PESQUISA DE MERCADO RESULTADO **LEVANTAMENTO DE INDICADORES ASSISTENCIAIS E GERENCIAIS**

1. DIVULGAÇÃO DA CARTA DOS DIREITOS DOS USUÁRIOS DO SUS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DO PET URGÊNCIA E EMERGÊNCIA NO HOSPITAL GERAL CLÉRISTON ANDRADE

PROGRAMA DE DISCIPLINA VERSÃO CURRICULAR: 2014/2 PERÍODO: - DEPARTAMENTO: ENB

Monitoramento do Processo. Indicadores. Consultor: Gabriela Barbosa

O papel da enfermagem na prevenção da seleção e disseminação de microrganismos resistentes aos antimicrobianos

METAS DE SEGURANÇA DO PACIENTE: USO SEGURO DE MEDICAMENTOS NA FARMÁCIA DE UMA INSTITUIÇÃO HOSPITALAR 1

EMPRESA INCUBADA AVALIAÇÃO DO PROGRAMA DE GESTÃO DA PERFORMANCE EM SAÚDE EM UM HOSPITAL DE GRANDE PORTE EM SÃO PAULO SP, BRASIL

O BANNER DEVERÁ SER FIXADO NO HORÁRIO ESTABELECIDO, AGUARDAR AVALIAÇÃO E RETIRADO AO FINAL DO HORÁRIO INFORMADO.

Adoção de CDS no Hospital Digital. Dr. Claudio Giulliano Alves da Costa MD, MSc, CPHIMS Diretor da FOLKS Consultoria

EXIJA QUALIDADE NA SAÚDE. Reunião do Grupo de Indicadores de Enfermagem do Núcleo de Apoio à Gestão Hospitalar NAGEH

Gerenciamento de Risco em Centro Obstetrico

Como evitar queixas e processos em Obstetrícia? Álvaro Nonato de Souza Hospital Aliança Hospital Santo Amaro

Filipe Piastrelli Médico infectologista Serviço de controle de infecção hospitalar Hospital Alemão Oswaldo Cruz Hospital Estadual de Sapopemba

QUALIFICAÇÃO DA REDE HOSPITALAR UNIMED VITÓRIA

Prevenção de Infecção de Corrente Sanguínea: o que há de novo? Vera Lúcia Borrasca Coord. Segurança Assistencial Hospital Sírio Libanês

HOSPITAL HOSPITAL NÍVEL I HOSPITAL NÍVEL II HOSPITAL NÍVEL III. Estrutura e hotelaria de acordo com as diretrizes do Controle de Infecção;

Introdução RESUMO. 92 N. 2, Novembro/2011 CCIH, 2 UTI, 3 CTI

QUALISS RN 405/ jul.2016

CIRURGIA SEGURA Enf. Daniella Honorio

O Custo do Mau Controle do Diabetes para a Saúde Pública

APÊNDICE B PLANO DE SEGURANÇA DO PACIENTE (PSP) - PLANO OPERACIONAL 1.IDENTIFICAR CORRETAMENTE O PACIENTE

DRG BRASIL IAG Saúde - MG

Evolução da Cultura de Segurança do Paciente: uma análise linear e comparativa com os Hospitais Americanos

Declaração de possíveis conflitos de interesses

ANAIS DA 4ª MOSTRA DE TRABALHOS EM SAÚDE PÚBLICA 29 e 30 de novembro de 2010 Unioeste Campus de Cascavel ISSN

Controle da Qualidade Hospitalar. Controle da Qualidade Hospitalar. Controle da Qualidade Hospitalar. Benchmarking. Controle da Qualidade Hospitalar

Programa Segurança em Alta: um modelo de apoio à qualidade assistencial hospitalar

CARACTERIZAÇÃO DE LESÕES DE PELE EM UM CENTRO DE TRATAMENTO INTENSIVO ADULTO DE UM HOSPITAL PRIVADO

Recursos Próprios 2013

PROGRAMA DE PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÕES ASSOCIADAS AOS CUIDADOS DE SAÚDE - PCI NORMA Nº 709

Universidade Federal da Bahia Faculdade de Medicina

SEGURANÇA DO PACIENTE E DO TRABALHADOR DE SAÚDE

Avila ACT 1, Sartori J 2, Bello VA 3

Farmácia Clínica e uso racional de antimicrobianos

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA ISC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA INFECÇÃO HOSPITALAR EM NEONATOLOGIA:

Joint Comission International - JCI

Redução da Taxa de LPP em pacientes internados no HMMD

Transcrição:

Revista Pneumonia associada Médica à ventilação de Minas mecânica Gerais como indicador de qualidade e segurança em saúde 1 Artigo Original Pneumonia associada à ventilação mecânica como indicador de qualidade e segurança em saúde Pulmonary infection associated with mechanical ventilation as quality indicator of safety in health Sérgio Antônio Pulzi Júnior 1, Renato Ribeiro Nogueira Ferraz 2, Milton Soibelmann Lapchick 3 RESUMO Introdução: Atualmente, o uso exclusivo do indicador de resultado em pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) pode ser considerado controverso, por não expressar a real qualidade e segurança dos serviços prestados em saúde. Assim, pretende-se fazer a análise do indicador de resultado concomitante à análise do indicador de processo de um protocolo de prevenção da PAV (Bundle). Métodos: Estudo retrospectivo, descritivo e comparativo. Na análise do indicador de resultado foi comparada a densidade de incidência de PAV e a taxa de utilização da ventilação mecânica (VM), antes e após a implantação do Bundle, por meio do teste t pareado. Para a análise de processo, foi avaliado o percentual de aderência aos itens do Bundle. Finalmente, buscou-se estabelecer uma análise crítica entre ambos os indicadores estudados. Resultados: A adesão aos componentes do Bundle se mostrou inferior ao esperado: decúbito elevado = 62%; higiene oral = 58%; despertar diário = 34%. Apesar disso, ocorreu redução significativa na mediana da densidade de incidência de PAV (2011 = 17,86; 2012 = 11,95; 2013 = 5,88) e na mediana da taxa de utilização de VM (2011 = 75%; 2012 = 63%; 2013 = 56%). Conclusões: Seria possível questionar que instituições com diferentes níveis de qualidade e segurança na assistência apresentem indicador de resultado em PAV semelhantes. Sugere-se que a análise concomitante de processo é relevante neste cenário e para este tipo de análise. A interpretação exclusiva de indicador de resultado pode ser equivocada e não representar o real modelo de entrega de serviços em saúde. Palavras-chave: Gestão em saúde; Unidade de terapia intensiva; Pneumonia; Gestão da qualidade. 1 Hospital São Luiz Gonzaga; São Paulo - SP, Brasil.; Universidade Nove de Julho UNINOVE, Programa de Mestrado Profissional em Administração - Gestão em Sistemas de Saúde-PMPA-GSS. São Paulo, SP - Brasil. 2 UNINOVE, Programa de Mestrado Profissional em Administração - Gestão em Sistemas de Saúde.São Paulo, SP - Brasil. 3 Núcleo Municipal de Controle de Infecção Hospitalar da Coordenadoria de Vigilância em Saúde COVISA. São Paulo, SP - Brasil. Instituição: Universidade Nove de Julho UNINOVE, São Paulo, SP - Brasil. * Autor Correspondente: Renato Ribeiro Nogueira Ferraz E-mail: renatobio@hotmail.com Recebido em: 27/06/2015. Aprovado em: 03/03/2016. DOI: http://dx.doi.org/10.5935/2238-3182.20160076

2 Pneumonia associada à ventilação mecânica como indicador de qualidade e segurança em saúde ABSTRACT Introduction: The exclusive use of outcome indicators in ventilatorassociated pneumonia (VAP) can be considered controversial, because it cannot express the actual healthcare quality and safety. Thus, it intended to make the analysis of the outcome indicator in the same time window analysis of the process indicator of a protocol for the prevention of VAP (Bundle). Methods: It is a retrospective, descriptive and comparative study. To analyze the outcome indicator was compared the incidence of VAP and the rate of use of mechanical ventilation (MV), before and after the implementation of the Bundle, using paired t test. To analyze the process was evaluated the percentage of adherence to the Bundle s items. Finally, it intended to establish a critical analysis of both indicators studied. Results: The adherence to the Bundle s items showed lower than expected: semi recumbent positioning = 62%; oral hygiene = 58%; daily interruption of sedative infusions = 34%. Nevertheless, a significant reduction occurred in the median of the incidence of VAP (2011 = 17.86, 2012 = 11.95, 2013 = 5.88) and in the median of the utilization rate of VM (2011 = 75%, 2012 = 63%, 2013 = 56%). Conclusions: It s possible to question why institutions with different levels of quality and safety in care can show similar outcome indicators in VAP. It is suggested that simultaneous process analysis is relevant in this scenario and for this type of analysis. An exclusive interpretation of outcome indicators can be misleading and may do not represent the actual model of delivering healthcare services. Keywords: Health management; Intensive care units; Pneumonia; Quality management. Introdução Melhorar a qualidade e segurança da assistência à saúde de pacientes hospitalizados é um assunto de atual relevância mundial. Grandes esforços dos gestores em saúde estão sendo mobilizados neste campo para que suas instituições tenham resultados clínicos melhores, mantenham o equilíbrio financeiro de suas operações e alcancem adequado posicionamento e conceituação no competitivo mercado do setor saúde. A ocorrência de eventos indesejados e relacionados ao processo de atendimento pode afetar diretamente a satisfação do cliente, reduzir a qualidade percebida e implicar em situação desfavorável de financiamento. 1-3 No âmbito da qualidade e segurança na assistência à saúde, em ambiente hospitalar, pode-se dizer que as infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) constituem um ponto de grande importância, pois são eventos que ocorrem por falhas no processo assistencial e que poderiam ser evitados. A ocorrência de IRAS está relacionada com maior mortalidade, aumento de custos e do tempo de internação hospitalar. 4-6 Devido a sua relevância para o sistema de saúde, algumas IRAS, em determinados cenários, são utilizadas como patologias traçadoras da qualidade e segurança da assistência oferecida aos pacientes internados, sobretudo em unidades críticas e fechadas, como a unidade de terapia intensiva (UTI). Entre estas, encontra-se a pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV), que é a mais importante infecção nosocomial adquirida em UTI, ocorre em 9 a 27% dos pacientes em ventilação mecânica (VM) e apresenta mortalidade global de 13%. 7-9 Assim, prevenir a PAV é fundamental. Para tanto, foi desenvolvida uma iniciativa de divulgação e adoção mundial denominada Bundle da PAV. Seus elementos são ações de boas práticas, baseadas em evidências, que determinam um padrão de atendimento e de cuidados em saúde para prevenção da PAV. A eficácia deste processo depende de estrutura mínima e adesão as ações propostas. 10,11 Desde a implantação do Bundle da PAV, vários estudos relacionados à redução de incidência desta infecção foram publicados. A experiência, em geral, demonstra bons resultados, representados fundamentalmente pela queda da densidade de incidência da PAV. Porém, uma análise desta literatura, considerando a PAV como patologia traçadora da qualidade e segurança na assistência, leva ao questionamento da real representatividade do uso isolado deste indicador na mensuração de qualidade. Desta forma, parte dos estudos em qualidade, de aplicação de um Bundle da PAV, possui uma lacuna metodológica, que é a falta de análise concomitante de indicadores de estrutura e de processos. 12,13

Pneumonia associada à ventilação mecânica como indicador de qualidade e segurança em saúde 3 Com foco em gestão da assistência em PAV, parece não ser suficiente medir exclusivamente o indicador de resultado, representado pela incidência da PAV. Deve-se demonstrar como foi modificada a estrutura e o processo assistencial, com o uso de indicadores que sejam capazes de justificar os resultados alcançados e explicar porque a menor incidência de PAV pode ser entendida como um avanço positivo em qualidade e segurança assistencial. 2,14 O entendimento da necessidade de análise de estrutura, processo e resultado, concomitantemente, ocorre devido dois aspectos principais, O primeiro refere-se à PAV. Trata-se de uma patologia de difícil precisão diagnóstica e que possui subjetividade e heterogeneidade na interpretação de seus critérios clínicos definidores, o que gera imperfeição diagnóstica. 12,15,16 O segundo refere-se à qualidade e segurança na assistência, pois não se pode garantir que instituições com estrutura semelhante e com resultados similares de incidência da PAV estão oferecendo assistência de mesmo nível aos seus usuários, se não houver análise de indicadores de processos. 2,14 Assim, a utilização isolada do indicador de incidência da PAV como traçador de qualidade e segurança na assistência em saúde deve ser questionada e sua análise deve ser pautada nos conceitos primordiais de qualidade propostos por Donabedian, os quais abrangem três domínios: estrutura, processo e resultados. A preocupação dos gestores em saúde não deve estar exclusivamente nos resultados finais atingidos (densidade de incidência da PAV), os quais são passíveis de múltiplas interferências. Deve haver análise crítica do processo de entrega de serviços de saúde aos usuários, a fim de lhes proporcionar serviços plenamente seguros e de qualidade. 14,17 O objetivo do estudo é analisar o indicador de resultado (incidência da PAV) concomitante à análise do indicador de processo, adesão aos componentes do Bundle da PAV, procurando correlação entre estes. Procura-se demonstrar como foi modificado o processo assistencial, por meio da adesão ao Bundle de PAV, e se isto foi capaz de justificar os resultados alcançados. Método Historicamente, na UTI adulto do hospital foco do presente trabalho, a densidade de incidência da PAV e a taxa de utilização da VM apresentavam-se acima do referencial externo divulgado pelos órgãos governamentais do Município de São Paulo (Coordenação de Vigilância em Saúde - COVISA). Estas duas informações são utilizadas para estabelecer benchmarking entre as instituições hospitalares deste município e são tomadas internamente como parâmetro institucional na avaliação da qualidade e segurança na assistência à saúde prestada aos pacientes internados na UTI. Com base nestas considerações, foi proposta a implantação do Bundle da PAV, a fim de se aprimorar a prática clínica, melhorar os indicadores assistenciais e possibilitar a oferta de serviços de saúde com melhor qualidade e segurança aos pacientes hospitalizados. Durante a aplicação do Bundle da PAV, um indicador de processo foi utilizado, sendo este a medida percentual de adesão aos seus componentes. Desta forma, buscou-se atender a premissa que para uma melhor e adequada análise da qualidade e segurança em saúde existe a necessidade de se compreender o processo de atendimento, diferentemente do que é feito até o momento em relação aos indicadores assistenciais em PAV. A instituição estudada na presente pesquisa é um hospital geral, secundário, de ensino e voltado ao atendimento de média e alta complexidade. Possui cerca de 170 leitos de internação, sendo nove os leitos de UTI adulto. A UTI deste hospital é predominantemente clínica. Sua equipe multiprofissional é composta por profissionais de enfermagem, fisioterapeutas e médicos. Recebe apoio de farmacêutico, assistente social, psicólogo e do serviço de controle de infecções hospitalares (SCIH). São realizadas 1 a 2 visitas multiprofissionais por dia, pelo menos cinco dias por semana. Há plano terapêutico e de metas. A PAV é diagnosticada e notificada pela SCIH, equipe composta por médicos e enfermeiros especializados. Os critérios utilizados para definição de casos de PAV pela SCIH são aqueles determinados pela COVISA e pelo Programa Nacional de Prevenção Contra as Infecções Hospitalares ANVISA. 18 O Bundle da PAV foi introduzido em janeiro de 2012, sendo composto pelos itens: manutenção do paciente em decúbito elevado, higiene oral com clorexidine aquoso 0,12%, despertar diário, avaliação da medida de pressão de cuff, profilaxia de úlcera gástrica, profilaxia de trombose venosa profunda e higienização das mãos. Estas medidas foram adotadas de acordo com as recomendações internacionais constantes em protocolos assistenciais consagrados. 6,19 A verificação da adesão aos componentes do Bundle da PAV, de janeiro a julho de 2013, foi realizada três vezes ao dia, com o uso de instrumento específico (Anexo 1). O profissional responsável por este monitoramento foi o enfermeiro, o qual podia realizá-lo em qualquer momento do seu turno de trabalho. Um item do Bundle foi considerado realizado quando era devidamente empregado nos três períodos de análise. Itens feitos de forma incompleta ou contraindicados foram considerados como não realizados. Trata-se de um estudo retrospectivo, descritivo e comparativo. Na análise do indicador de resultado foi comparada a densidade de incidência da PAV e a taxa de utilização da VM, antes e após a implantação do Bundle, por meio do teste t pareado. Também foi estabelecida a comparação destes dois indicadores com o seu respectivo referencial externo, apresentado pela COVISA. A influência do Bundle na ocorrência da PAV foi determinada por regressão linear. Na análise de processo foi avaliado o percentual de aderência aos itens do Bundle e buscou-se estabelecer uma análise crítica entre este indicador e o de resultado. Foram utilizados os softwares estatísticos: Microsoft Excel e Action R. Foi adotado como valor de significância estatística p<0,05. O estudo foi aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa Institucional. Resultados A análise descritiva das medianas de densidade de incidência da PAV e da taxa de utilização da VM revelou queda em ambos os indicadores após a introdução do Bundle da PAV, sendo que o referencial externo foi superado no ano de 2013, para a ocorrência de PAV (Tabelas 1 e 2). A redução descrita para ambos os indicadores foi comparada entre os períodos do estudo com o uso do teste t pareado (Tabela 3). Avaliando a influência da variável independente, Bundle da PAV, na variação da ocorrência da PAV, variável dependente, através de teste de regressão linear, identifica-se que a

4 Pneumonia associada à ventilação mecânica como indicador de qualidade e segurança em saúde Tabela 1. Mediana da densidade de incidência da pneumonia associada à ventilação mecânica. Local Data 2011 a (Jan Dez) 2012 b (Jan Dez) 2013 b,c (Jan Jul) Hospital 17,86 11,95 5,88 COVISA 9,79 9,73 8,44 a Período anterior ao Bundle (2011). b Período posterior ao Bundle (2012 e 2013). c Período de avaliação da adesão aos itens do Bundle. Tabela 2. Mediana da taxa de utilização da ventilação mecânica. Local Data 2011 a (Jan Dez) 2012 b (Jan Dez) 2013 b,c (Jan Jul) Hospital 74 63 56 COVISA 37 35 34 a Período anterior ao Bundle (2011). b Período posterior ao Bundle (2012 e 2013). c Período de avaliação da adesão aos itens do Bundle. Tabela 3. Comparação entre períodos para a taxa de utilização da ventilação mecânica (Tx-VM) e para a densidade de incidência da pneumonia associada à ventilação mecânica (D-PAV). Parâmetros da Ventilação Mecânica Tx-VM Data 2011-2012 a 2012-2013 a 2011-2013 a t-pareado 1,01 3,03 4,50 p-value b 0,34 0,02 0,004 t-pareado 2,87 2,32 4,37 D-PAV p-value b 0,02 0,06 0,004 a Antes do Bundle = 2011. Após o Bundle = 2012 e 2013. b p-value < 0,05 adoção do Bundle da PAV foi significante a 10% (β = 8,907; F(1,28) = 5,20; p<0,10). Em relação à adesão aos itens do Bundle da PAV, foram avaliados 1.054 pacientes/dia em VM. Nesta análise, que expressa indiretamente como o serviço foi entregue ao cliente, encontrou-se, de forma geral, uma baixa aderência. Isto ocorreu, sobretudo, nas medidas de maior importância para a prevenção da PAV, que são o decúbito elevado (adesão = 62%), a higiene oral com clorexidine 0,12% (adesão = 58%) e o despertar diário (adesão 34%). O item higiene das mãos foi descartado desta análise por se tratar de um processo específico e particular. O item controle da pressão de cuff não foi analisado devido à falta de equipamento específico para sua realização. Discussão Apesar da significativa queda encontrada após a implantação do Bundle da PAV, em sua incidência e na taxa de utilização da VM, pôde-se verificar que a adesão aos itens do Bundle não foi expressiva. A literatura habitualmente demonstrar adesão superior a 90%, em todos os itens, para que resultados semelhantes sejam alcançados. Além disso, não se encontra na literatura estudos com resultados negativos, tanto para redução da PAV como para nível de adesão ao Bundle. 20-23 Assim, surgem os questionamentos em relação à prevenção da PAV e a gestão de seus indicadores: 1 - Seria suficiente monitorar este processo de prevenção utilizando uma única variável de desfecho? 2 - Seria possível, através desta única variável monitorada, afirmar plenamente que o Bundle da PAV melhora a qualidade e segurança dos serviços prestados aos pacientes internados em UTI, garantindo similaridade entre diferentes instituições, quando estas apresentam desfechos semelhantes? 3 - Seria justo e adequado utilizar esta única variável para estabelecer benchmarking entre as instituições hospitalares, bem como nortear questões de financiamento? Possivelmente, as respostas mais adequadas para estas perguntas, à luz dos resultados encontrados e do conhecimento existente: 1 - O monitoramento de um serviço em saúde é mais adequado se houver análise de estrutura, processo e resultado, como proposto por Donabedian; 2 - Provavelmente, a análise apenas de desfecho não permite afirmar que os serviços em saúde foram entregues, comparativamente, com a mesma qualidade e segurança entre instituições, o que poderia ser melhor avaliado pela medição do nível de adesão aos componentes do Bundle (instituições com diferente nível de adesão certamente entregam serviços de diferente qualidade, porém podem alcançar indicadores de resultado semelhantes); 3 - Aparentemente, a monitoração exclusiva de desfecho em PAV não permite estabelecer uma comparação adequada entre instituições, tanto para questões de benchmark como de financiamento. 2,12-14 A intenção deste artigo não é debater a importância do Bundle da PAV. Isto é indiscutível e os benefícios assistenciais aos pacientes são certos, o que é reforçado pelos resultados encontrados neste e em outros estudos. 6,19,20 A intenção é discutir como o processo de atendimento na prevenção da PAV deve ser monitorado, para que os seus indicadores possam ser adequadamente utilizados na comparação entre as instituições com a finalidade de benchmark e financiamento. Os resultados do processo de atendimento da prevenção da PAV devem conter indicadores capazes não somente de avaliar a ocorrência de PAV. Este tipo de análise, dissociada da avaliação de estrutura e de processo, pode resultar em conclusões equivocadas e não garantir que o melhor serviço

Pneumonia associada à ventilação mecânica como indicador de qualidade e segurança em saúde 5 possível esteja sendo entregue ao cliente. Este fato ocorre principalmente em PAV, em que a definição diagnóstica, apesar de possuir critérios bem definidos, possui imprecisões e subjetividade de interpretação. 2,14,15,18 Desta forma, propõem-se, de acordo com outros autores 12,14 uma análise diferenciada deste processo de atendimento, como se segue (Tabela 4). Tabela 4: Indicadores que devem ser considerados na análise de um Bundle da PAV para avaliação de qualidade e segurança em serviços em saúde. Análise de estrutura Condição de saúde e gravidade clínica do paciente Individualização de fatores de risco para PAV Tempo de VM por grupo de pacientes Tempo de internação em UTI Análise de processo Qual critério técnico é utilizado o diagnóstico Qual técnica microbiológica é utilizada no diagnóstico Qual a forma de se interpretar os critérios para suspeita Qual a aderência aos elementos de um protocolo de prevenção Análise de resultado Resistência aos antibióticos ao longo do tempo Qual o consumo de antibióticos da UTI Taxa de mortalidade da UTI As limitações da pesquisa foram: 1 - A avaliação de adesão ao Bundle não foi permanente, ou seja, não ocorreu de forma ininterrupta. Esta foi feita de maneira oportuna e aleatória, três vezes ao dia. No período entre avaliações pode ter havido quebra de protocolo, a qual não pode ser identificada; 2 - O curto período de análise da adesão ao Bundle, que compreendeu apenas 6 meses; 3 - A não avaliação de outros indicadores de estrutura, processo e resultado. Conclusão Pode-se concluir que estudos com foco em gestão em serviços de saúde para a prevenção da PAV, com a análise de estrutura, processo e resultado, precisam ser desenvolvidos para que políticas em saúde possam ser desenvolvidas em relação aos resultados obtidos na prevenção da PAV. Provavelmente, e apenas desta forma, a PAV e seus indicadores poderão ser usados para a determinação de políticas de financiamento e benchmarking entre instituições, bem como ser utilizada como patologia traçadora de qualidade em saúde. Referências 1. Hewson-Conroy KM, Elliott D, Burrell AR. Quality and safety in intensive care-a means to an end is critical. Aust Crit Care. 2010;23(3):109-29. 2. Klompas M, Platt R. Ventilator-associated pneumonia--the wrong quality measure for benchmarking. Ann Intern Med. 2007;147(11):803-5. 3. Pedroso MC, Malik AM. Healthcare value chain: a model for the Brazilian healthcare system. Ciênc Saúde Coletiva. 2012;17(10):2757-72. 4. Eber MR, Laxminarayan R, Perencevich EN, Malani A. Clinical and economic outcomes attributable to health care-associated sepsis and pneumonia. Arch Intern Med. 2010;170(4):347-53. 5. Joseph NM, Sistla S, Dutta TK, Badhe AS, Parija SC. Ventilator-associated pneumonia: a review. Eur J Intern Med. 2010;21(5):360-8. 6. Nair GB, Niederman MS. Nosocomial pneumonia: lessons learned. Crit Care Clin. 2013;29(3):521-46. 7. Barsanti MC, Woeltje KF. Infection prevention in the intensive care unit. Infect Dis Clin North Am. 2009;23(3):703-25. 8. Hunter JD. Ventilator associated pneumonia. Postgrad Med J. 2006;82(965):172-8. 9. Melsen WG, Rovers MM, Groenwold RH, Bergmans DC, Camus C, Bauer TT, et al. Attributable mortality of ventilator-associated pneumonia: a meta-analysis of individual patient data from randomised prevention studies. Lancet Infect Dis. 2013;13(8):665-71. 10. Institute for Healthcare Improvement. 5 Million Lives Campaign. Getting Started Kit. Prevent Ventilator Associated Pneumonia. Cambridge, MA: Institute for Healthcare Improvement; 2008. [citado 2015 Jun 05]. Disponível em: http://www.ihi.org/engage/ initiatives/completed/5millionlivescampaign/pages/default.aspx 11. Rello J, Chastre J, Cornaglia G, Masterton R. A European care bundle for management of ventilator-associated pneumonia. J Crit Care. 2011;26(1):3-10. 12. Halpern NA, Hale KE, Sepkowitz KA, Pastores SM. A world without ventilator-associated pneumonia: time to abandon surveillance and deconstruct the bundle. Crit Care Med. 2012;40(1):267-70. 13. Wip C, Napolitano L. Bundles to prevent ventilator-associated pneumonia: how valuable are they? Curr Opin Infect Dis. 2009;22(2):159-66. 14. Walsh TS, Morris AC, Simpson AJ. Ventilator associated pneumonia: can we ensure that a quality indicator does not become a game of chance? Br J Anaesth. 2013;111(3):333-7. 15. Tejerina E, Esteban A, Fernández-Segoviano P, Frutos-Vivar F, Aramburu J, Ballesteros D, et al. Accuracy of clinical definitions of ventilator-associated pneumonia: comparison with autopsy findings. J Crit Care. 2010;25(1):62-8. 16. Yu VL. Guidelines for hospital-acquired pneumonia and healthcare-associated pneumonia: a vulnerability, a pitfall, and a fatal flaw. Lancet Infect Dis. 2011;11(3):248-52. 17. Fernandes HS, Pulzi Júnior SA, Costa Filho R. Qualidade em terapia intensiva. Rev Bras Clin Med. 2010;8:37-45. 18. Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Gerência de Investigação e Prevenção de Infecções e Eventos Adversos. Critérios diagnósticos - NNIS. Brasília: ANVISA; 2005. 19. Muscedere J, Dodek P, Keenan S, Fowler R, Cook D, Heyland D; VAP Guidelines Committee and the Canadian Critical Care Trials Group. Comprehensive evidence-based clinical practice guidelines for ventilator-associated pneumonia: prevention. J Crit Care. 2008;23(1):126-37.

6 Pneumonia associada à ventilação mecânica como indicador de qualidade e segurança em saúde 20. Bouadma L, Mourvillier B, Deiler V, Le Corre B, Lolom I, Régnier B, et al. A multifaceted program to prevent ventilatorassociated pneumonia: impact on compliance with preventive measures. Crit Care Med. 2010;38(3):789-96. 21. Korah JM, Rumbak MJ, Cancio MR, Solomon DA. Significant Reduction of Ventilator-Associated Pneumonia Rates Associated With the Introduction of a Prevention Protocol and Maintained for 10 Years. ICU Director. 2010;1(3):137-40. 22. Morris AC, Hay AW, Swann DG, Everingham K, McCulloch C, McNulty J, et al. Reducing ventilator-associated pneumonia in intensive care: impact of implementing a care bundle. Crit Care Med. 2011;39(10):2218-24. 23. Resar R, Pronovost P, Haraden C, Simmonds T, Rainey T, Nolan T. Using a bundle approach to improve ventilator care processes and reduce ventilator-associated pneumonia. Jt Comm J Qual Patient Saf. 2005;31(5):243-8.