Impasses e perspectivas da construção do SUS no momento atual

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Transcrição:

Impasses e perspectivas da construção do SUS no momento atual Desafios para a consolidação de um sistema nacional de saúde universal, público, equitativo, de qualidade Ligia Giovanella Ensp/Fiocruz giovanel@ensp.fiocruz.br

Apresenta nosso sistema de saúde com seus fundamentos, história, desenvolvimento e desafios atuais 35 capítulos, segunda edição Desafios para consolidação da Saúde e do acesso a serviços de saúde como direito social universal da cidadania regulada à cidadania universal Subfinanciamento crônico do SUS Desigualdades regionais e sociais na situação de saúde e no acesso Predomínio da prestação privada nos setores hospitalar e de diagnose e terapia - legado da medicina previdenciária Fragmentação da rede assistencial Base social de apoio: movimento sanitário baixa vinculação com movimentos sociais mais gerais; segmentação da proteção

Sucessos do SUS 25 anos Universalização da possibilidade de acesso e ampliação de cobertura de atenção à saúde (básica, especializada e de alta complexidade) a amplas camadas da população até então excluídas de cuidado sanitário (<50% para 75%?) Democratização e inovações de arquitetura institucional de participação social rede de conselhos municipais, estaduais e nacional de saúde Descentralização com nova institucionalidade setorial e criação de infra-estrutura capilarizada de gerência e atenção à saúde com responsabilização dos 5.560 municípios Novos atores e mecanismos e instâncias de pactuação entre gestores CIT, CIB, CIR institucionalidade setorial modelar efeito de difusão para outras políticas sociais assistência social Inovações assistenciais saúde da família, saúde mental, saúde bucal Melhoria na situação de saúde e redução das persistentes desigualdades regionais (DSS)

Redução desigualdades regionais 1990 RR NE/S =2,7 2011 RR NE/S =1,7 Taxa da Mortalidade Infantil. Brasil e regiões. 1990, 2000 e 2011* DIFERENÇA 1990-2011 (%) DIFERENÇA 2000-2011 (%) 1990 2000 2010 2011* Brasil 47,1 26,6 16,2 15,3-67,5-42,3 Norte 45,9 33,2 21,8 20,9-54,5-37,2 Nordeste 75,8 38,4 20,1 18,5-75,6-51,8 Sudeste 32,6 19,6 13,1 12,5-61,5-35,9 Sul 28,3 16,9 11,3 10,9-61,5-35,6 Centro-Oeste 34,3 21,8 15,9 15,6-54,6-28,5 * 2011 é projeção Fonte: SIM CGIAE/DASIS/SVS/MS Extraído de Ministério da Saúde Jarbas Barbosa da Silva Jr, 2012

Desafios para a consolidação do SUS universal, público, equitativo, de qualidade Subfinanciamento crônico do SUS Os recursos públicos alocados em saúde no Brasil são extremamente baixos, considerada nossa riqueza nacional e a obrigação constitucional de garantia ao direito universal à atenção à saúde. Temos condições econômicas para dobrar nossos gastos públicos em saúde, nossa riqueza nacional nos permite. Gastos públicos em saúde: 3,8% PIB Participação do gasto público no total de gastos em saúde = 42% Este é o principal indicador da elevada privatização do sistema de saúde brasileiro Países europeus que alcançaram a universalidade com proteção pública tem gastos públicos de 7%, 8%, 9% do PIB e os gastos públicos correspondem entre 73% e 85% dos gastos totais em saúde

Países 2009 Gasto público % gasto total em saúde Seguros sociais de saúde Gasto total em saúde % PIB 2009 Gasto público em saúde % PIB Cobertura pública % total de pop Alemanha 76,9 11,6 8,9 89,6 Áustria 77,7 11,0 8,5 98,0 Bélgica 75,1 10,9 8,2 99,0 França 77,9 11,8 9,2 99,9 Serviços nacionais de saúde Dinamarca 85,0 11,5 9,8 100,0 Espanha 73,6 9,5 7,0 99,5 Itália 77,9 9,5 7,4 100,0 Noruega 84,1 9,6 8,1 100,0 Portugal 65,1 10,1 7,0 100,0 Reino Unido 84,1 9,8 8,2 100,0 Suécia 81,5 10,0 8,2 100,0

Desafios para a consolidação do SUS universal, público, equitativo, de qualidade Subfinanciamento crônico Nossa capacidade de arrecadação fiscal cresceu. 1990 = 29,6% do PIB; em 2010 = 34,3% do PIB Nossa carga tributária é razoável, diferente da média para a América Latina que é baixa Carga tributária 2009 Reino Unido = 40% PIB Alemanha = 45% PIB Espanha = 35% PIB EU 17 = 45% PIB 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% Tributação progressiva: IR 5% 0% 36,3 9,3 11,7 15,3 40,6 11,4 12,7 16,5 UE 31% ind 26,4 6,8 4,6 15,0 OCDE (30) Unión Europea (15) Estados Unidos Sudeste asiático (6) América Latina (19) Carga tributaria directa Carga tributaria indirecta Carga seguridad social 0,8 7,2 7,0 AL 15,0 17,5 Extraído de Sojo, 2008 - Cebes 3,0 9,7 55% ind 4,7

Subfinanciamento crônico do SUS Redução da participação federal no financiamento da saúde Gastos públicos em saúde crescem entre 2002 e 2010 = 80%; gastos federais crescem 52% e diminuem sua participação no PIB Participação das esferas governamentais gastos públicos saúde Esfera Receita total disponível % Gasto público saúde % Gasto público saúde % PIB 2009 1990 2010 2000 2010 Federal 56,3 73 44,7 1,73 1,69 Estadual 25,2 15 26,7 0,54 1,01 Municipal 18,5 12 28,6 0,62 1,08 Total 100 100 100 2,89 3,77 Fonte: Porto, Ugá, Piola, 2012 Fonte: Porto, Ugá, Piola, 2012

Escolhas políticas de destinação de recursos: elevado superávit primário Orçamento da União 2013 R$ 2,2 trilhões 46% despesas financeiras juros e amortizações Extraído de Paim, 2011

Desafios para a consolidação do SUS universal, público, equitativo, de qualidade Os recursos públicos alocados em saúde no Brasil são extremamente baixos também quando comparados com países latino-americanos Gastos públicos com saúde per capita US$ ajustados ppp em 2010 (OMS, 2013) Argentina = 851 US$ ppp Brasil = 474 US$ ppp (55% gastos da Argentina) Uruguai = 740 US$ ppp

Desafios para a consolidação do SUS universal, público, equitativo, de qualidade Desigualdades em saúde regionais e sociais Na situação de saúde No acesso a serviços de saúde Mortalidade infantil: SC= 11,2; Amapá 25,4; RR de 2,3 (2010) Proporção de pessoas segundo auto-avaliação ruim e muito ruim do estado de saúde e utilização de serviços nos 15 dias que antecederam a entrevista por classe de rendimento familiar. Brasil 2008 25,0% 20,0% Índice de Gini Brasil 2002 = 0,572; 2012 = 0,508 Espanha = 0,34 (2009) Alemanha = 0,29 (2009) Argentina = 0,439 (2010) Uruguai = 0,421 (2010 15,0% 10,0% 5,0%,0% Auto Avaliação Ruim ou Muito Ruim Usou Serviço de Saúde Fonte: Travassos e Castro, 2012 capítulo 6

% MORTALIDADE PROPORCIONAL POR GRUPO DE CAUSAS NO BRASIL, 1930-2009 100 90 80 70 60 50 40 30 20 cardiovasculares Externas 10 0 Neoplasias Infecciosas 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2009 ANO INFECCIOSAS NEOPLASIA EXTERNAS CARDIOVASC OUTRAS Desafios epidemiológicos doenças crônicas: requer nova abordagem modelos assistenciais Capítulo 5. Ribeiro e Barata, 2012

Desafios para a consolidação do SUS universal, público, equitativo, de qualidade Predomínio da prestação privada nos setores hospitalar e de diagnose e terapia - legado da medicina previdenciária Leitos - 1988: 77% privados; 2009: 65% privados (Capítulo 18) Espanha 83% ; RU 94% leitos públicos 3.019 tomógrafos: 87% privados; 38% disponíveis para o SUS 52% TC SUS privadas 73% RS SUS privadas 94% TRS SUS - privada (2010 Capítulo 17) 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Privado Público 1976 1980 1984 1988 1992 2002 2005 2009 Ano 1976 Ano 1980 Ano 1984 Ano 1988 Ano 1992 Ano 2002 Ano 2005 Ano 2009 Total 443.888 509.168 538.721 527.196 544.357 471.171 443.210 431.996 Público 119.062 122.741 127.537 120.776 135.080 146.319 148.966 152.892 Privado 324.826 386.427 411.184 406.420 409.277 324.852 294.244 279.104 Fonte: Brasil, 2010.

Desafios para a consolidação do SUS universal, público, equitativo, de qualidade Fragmentação da rede de atenção do SUS Descentralização atomizadora para 5.560 municípios: dificuldades para organização de sistemas para além das fronteiras municipais Insuficiente governança dos estados no SUS estadual lento processo de regionalização: apenas 5 estados avaliados como com institucionalidade avançado ; 13 intermediária e 5 incipiente (capítulo 27) Inexistência de planejamento ascendente das necessidades de atenção desde as regiões de saúde Insuficiente integração entre atenção básica, atenção especializada e hospitalar com baixa coordenação do cuidado fundamental na resposta ao crescente desafio das doenças crônicas (capítulo 16 APS)

Desafios para a consolidação do SUS universal, público, equitativo, de qualidade Ampliação da base social de apoio: movimento sanitário insuficiente articulação com movimentos sociais mais gerais e trabalhadores organizados construção da cidadania universal em saúde; parte dos que defendem o SUS não são usuários do SUS dubiedade da política nacional de apoio ao SUS universal - subsídios públicos à cobertura por seguros privados promove a segmentação da proteção à saúde; reduzindo a disposição da classe média para pagamentos de impostos Cidadania universal: Todos se beneficiam, todos são dependentes e todos se sentem obrigados a contribuir Construção de valores de solidariedade social: estamos todos no mesmo barco responsabilização coletiva pela garantia de uma vida digna A cultura cívica é a base da cidadania Processo contínuo...a cidadania é uma construção política recriada a cada momento histórico de uma sociedade (Fleury e Assis, 2012, capítulo 1)

Desenvolver sistemas regionais modelo de SUS universal real com cobertura de 100% da população com SF e rede hierarquizada garantindo acesso oportuno e contínuo - monitorada Desafios para a consolidação do SUS universal, público, equitativo, de qualidade Como enfrentar os desafios? O que defender? Denunciar o subfinanciamento e tensionar permanentemente por aumento progressivo substantivo de recursos para o SUS abolição progressiva de subsídios fiscais à saúde privada Política nacional de atenção especializada: serviços integrados nas redes regionais e coordenados pela atenção básica com definição de garantias explícitas de cuidados e tempos de espera Planejamento nacional ascendente, desde as 435 regiões de saúde e Colegiados Intergestores Regionais, que defina necessidades de oferta de atenção por estado conforme as necessidades e oriente o financiamento de investimentos e gastos correntes em saúde. Fortalecimento de secretarias técnicas das CIR Linha de financiamento do BNDES para infraestrutura em saúde para serviços contemplados no planejamento regional (somente)

Desafios para a consolidação do SUS universal, público, equitativo, de qualidade A ampliação da base de apoio e a sustentabilidade do SUS depende da garantia de acesso oportuno e melhoria da qualidade da atenção Momento atual com clamor das ruas por serviços públicos de qualidade Saúde + 10 projeto de lei de iniciativa popular propõe a destinação de 10% da receita bruta da União para o SUS Oportunidade política - governo federal ampliar os gastos públicos com saúde

Referências Giovanella L, Escorel S, Lobato LVC, Noronha JC, Carvalho AI, org. Políticas e Sistema de Saúde no Brasil. 2ª edição revista e ampliada. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 2012. The Lancet. Health in Brazil, 2011. Disponível em: http://www.thelancet.com/series/health-in-brazil