AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO



Documentos relacionados
MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS Procuradoria-Geral de Justiça

MI 4208 MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Responsável (CPF): Nelson Monteiro da Rocha ( )

Da competência privativa da União para legislar sobre seguros

por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

RESPOSTA A QUESTÃO DE ORDEM SOBRE A INCLUSÃO DE MATÉRIA ESTRANHA À MEDIDA PROVISÓRIA EM PROJETO DE LEI DE CONVERSÃO ENVIADO À APRECIAÇÃO DO SENADO

N o 8683/2014-AsJConst/SAJ/PGR

Supremo Tribunal Federal

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR PROCURADOR GERAL DA REPÚBLICA

Competência dos Entes Federativos na Legislação Ambiental

Supremo Tribunal Federal

EXMA. SRA. PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO TOCANTINS

ARTIGO: Efeitos (subjetivos e objetivos) do controle de

CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

20/03/2014 PLENÁRIO : MIN. MARCO AURÉLIO

DECISÃO. Relatório. Tem-se do voto condutor do julgado recorrido:

Modelo esquemático de ação direta de inconstitucionalidade genérica EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Da competência privativa da União

Prof. Cristiano Lopes

DECISÃO. Relatório. 2. A decisão impugnada tem o teor seguinte:

AULA 10 CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO BRASIL

CONTROLE CONCENTRADO

QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO PELO BANCO CENTRAL

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

N o /2015-AsJConst/SAJ/PGR

Controle de Constitucionalidade de normas pré-constitucionais

1. Do conjunto normativo que disciplina a criação de sindicatos e a filiação dos servidores públicos

ADI, ADC, ADO e ADPF. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (Med. Liminar) Brasília, 27 de maio de :23

Egrégio Supremo Tribunal Federal:

Supremo Tribunal Federal

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE REDAÇÃO PROJETO DE LEI Nº 35, DE 1999

Ainda a mesma legislação prevê no artigo 34, as atribuições dos Conselhos Regionais de Engenharia, entre outras:

ATOS DO PODER EXECUTIVO. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso VI, alínea a, da Constituição,

ESCOLA DE FORMAÇÃO 2007 ESTUDO DIRIGIDO. Liberdade de profissão

MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS

MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS

VOTO PROCESSO TC 2257/2013 PROTOCOLO TC 2013/128970

DESPACHO CFM n.º 435/2013

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA TRIBUNAL DE JUSTIÇA Tribunal Pleno 5ª Av. do CAB, nº Centro - CEP: Salvador/BA ACÓRDÃO

Supremo Tribunal Federal

Controlar a constitucionalidade de lei ou ato normativo significa:

ICMS: Guerra Fiscal e a Zona Franca de Manaus. Carlos Alberto de Moraes Ramos Filho

Supremo Tribunal Federal

RELATÓRIO O SR. DESEMBARGADOR FEDERAL PAULO ROBERTO DE OLIVEIRA LIMA (RELATOR):

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

MED. CAUT. EM AÇÃO CAUTELAR SÃO PAULO RELATOR

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E CIDADANIA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO, DIGNISSÍMO RELATOR

NA IMPORTAÇÃO POR NÃO CONTRIBUINTE DO IMPOSTO ESTADUAL APÓS A EMENDA CONSTITUCIONAL N. 33 DE , CONTINUA NÃO INCIDINDO O ICMS.

Supremo Tribunal Federal

MINISTÉRIO PÚBLICO DO CEARÁ PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA

ACÓRDÃO. PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO AMAZONAS Gabinete do Desembargador RAFAEL DE ARAÚJO ROMANO TRIBUNAL PLENO

REF: EXERCÍCIO DO DIREITO DE GREVE DOCENTES EM ESTÁGIO PROBATÓRIO, SUBSTITUTOS E VISITANTES ANÁLISE JURÍDICA.

Antonio Henrique Lindemberg. 1 - Assinale a assertiva correta:

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA Nº 001/2013

Supremo Tribunal Federal

PARECER PGFN/CRJ/Nº 2126 /2011

CÂMARA DOS DEPUTADOS

CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL. (Do Deputado Robério Negreiros) ~1.. ::J ".,,.",

PARECER CREMEC nº 31/ /09/2008

EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ.

Nº /2015 ASJCIV/SAJ/PGR

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

PREFEITURA MUNICIPAL DE NEPOMUCENO

Supremo Tribunal Federal

Comentário a Acórdão do Supremo Tribunal Federal sobre o princípio da Inafastabilidade da Prestação Jurisdicional

Superior Tribunal de Justiça

AD/4733/MS - Relator Ministro Gilmar Mendes

: MIN. GILMAR MENDES - FEBRATEL

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO DESPACHO

Supremo Tribunal Federal

CÂMARA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE PROCURADORIA PARECER PRÉVIO

A APOSENTADORIA ESPECIAL PARA MEMBROS DO MAGISTÉRIO

Supremo Tribunal Federal

III CONGRESSO BRASILEIRO DE DIREITO TRIBUTÁRIO ATUAL IBDT/AJUFE/FDUSP-DEF. Tributação Mundial

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA TRIBUNAL DE JUSTIÇA Tribunal Pleno

PARECER PGFN/CRJ/Nº 2113 /2011

Embora regularmente notificada, fl.67, a reclamada não apresentou contrarrazões, conforme certificado à fl. 68.

11/04/2013 PLENÁRIO : MIN. DIAS TOFFOLI SUL GRANDE DO SUL EMENTA

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E CIDADANIA. PROJETO DE LEI N o 1.024, DE 2003 (Apenso PL nº 2.156, de 2003)

Supremo Tribunal Federal

LEI Nº /14 ADICIONAL DE PERICULOSIDADE EMPREGADOS QUE UTILIZAM MOTOCICLETA PARA TRABALHAR PASSAM A TER DIREITO AO ADICIONAL.

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

Egrégio Supremo Tribunal Federal,

CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO PRAÇA DA REPÚBLICA, 53 - FONE CEP FAX Nº

Inscrição de Pessoas Jurídicas no Conselho que Terceirizam Serviços de Fonoaudiologia. Consulta

PROVIMENTO Nº 116 DE 14 DE JULHO DE 1997

Em revisão 15/05/2013 PLENÁRIO AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE ACRE VOTO

O veto total se impõe, posto que, invade competências privativas da União, isto é, legislar sobre Direito Civil e, também, sobre trânsito.

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador MARCELO CRIVELLA

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL XVII EXAME DE ORDEM UNIFICADO

Transcrição:

Procuradoria-Geral de Justiça EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS A PROCURADORA-GERAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS, no uso das atribuições que lhe são conferidas pela Constituição da República e pela Lei Complementar 75, de 20 de maio de 1993, artigos 6.º, inciso I, e 158, e com fundamento no artigo 8º da Lei 11.697, de 13 de junho de 2008, e na Lei 9.868, de 10 de novembro de 1999, vem à presença de Vossa Excelência, ajuizar, perante o Conselho Especial desse Egrégio Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, a presente AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE contra a Lei distrital 4.890, de 13 de julho de 2012, publicada no Diário Oficial do Distrito Federal em 30 de julho de 2012, em face do artigo 14, da Lei Orgânica do Distrito Federal, promulgada em 8 de junho de 1993. Página 1 de 7

I. Do dispositivo legal impugnado: contrariedade à norma de competência fixada na LODF A Lei 4.890, de 13/7/2012, segundo sua ementa, dispõe sobre a obrigatoriedade de utilização de coletes infláveis de proteção airbags para motociclista. Assim dispõe a referida Lei distrital: LEI Nº 4.890, DE 13 DE JULHO DE 2012 (Autoria do Projeto: Deputado Patrício) Dispõe sobre a obrigatoriedade de utilização de coletes infláveis de proteção airbags para motociclista. O PRESIDENTE DA CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL promulga, nos termos do 6º do art. 74 da Lei Orgânica do Distrito Federal, a seguinte Lei, oriunda de Projeto vetado pelo Governador do Distrito Federal e mantido pela Câmara Legislativa do Distrito Federal: Art. 1º As empresas prestadoras de serviços que utilizam motocicletas como veículo ficam obrigadas a disponibilizar coletes infláveis de proteção airbags aos condutores das motocicletas. Art. 2º Das empresas será cobrado o valor de R$500,00 (quinhentos reais) por infração a esta Lei. Art. 3º Os condutores flagrados em horário de trabalho infringindo esta Lei serão solidários com as empresas prestadoras dos serviços quanto à multa de que trata o art. 2º. Art. 4º Revogam-se as disposições em contrário. Brasília, 24 de julho de 2012 124º da República e 53º de Brasília DEPUTADO DR. MICHEL Vice-Presidente no exercício da Presidência Vale destacar que o projeto de lei que ensejou a edição da Lei acima transcrita foi originalmente vetado pelo Governador do Distrito Federal, dada a sua patente inconstitucionalidade. Isso porque a Constituição da República expressamente prevê a competência privativa da União para legislar sobre Direito do Trabalho, trânsito e condições para o exercício de profissões, como se observa, respectivamente, nos incisos I, XI e XVI do art. 22 da Carta Política. Confira-se o texto constitucional (grifos nossos): Página 2 de 7

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; [ ] XI - trânsito e transporte; [ ] XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões; O parâmetro de controle de constitucionalidade, na presente ação, guarda necessariamente relação com o diploma normativo que possui status de Constituição local, isto é, a Lei Orgânica do Distrito Federal. Nessa senda, a LODF traz preceito cujo sentido e alcance normativo reclama justamente a apreciação da Constituição Federal. Com efeito, assim estabelece o art. 14 da LODF: CAPÍTULO III DA COMPETÊNCIA DO DISTRITO FEDERAL Art. 14. Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios, cabendo-lhe exercer, em seu território, todas as competências que não lhe sejam vedadas pela Constituição Federal. A Lei distrital objeto desta representação fixa a obrigatoriedade de as empresas prestadoras de serviço fornecerem equipamento específico coletes infláveis aos seus motociclistas. O diploma legal estabelece a sanção para o descumprimento do preceito multa administrativa e, seguidamente, a responsabilização solidária dos condutores flagrados sem o referido equipamento. Tem-se, assim, que a norma distrital, além de tocar tema atinente ao trânsito, ainda estabeleceu obrigatoriedade de equipamento de proteção individual (EPI) e, por conseguinte, estabeleceu regras atinentes ao Direito do Trabalho e a condições para o exercício da profissão, tudo em patente invasão de competência privativa da União. Página 3 de 7

Vale lembrar que o tema atinente aos equipamentos de proteção individual são objeto de seção específica da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), como se nota da redação dos arts. 166 e 167 1. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é remansosa a respeito da inconstitucionalidade de diplomas estaduais que versem sobre Direito do Trabalho, condições para o exercício de profissão e também sobre trânsito. 2 1 Vale registrar a redação dos artigos da CLT: Art. 166 - A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos empregados. Art. 167 - O equipamento de proteção só poderá ser posto à venda ou utilizado com a indicação do Certificado de Aprovação do Ministério do Trabalho. 2 É o que se observa, a título ilustrativo, dos arestos a seguir ementados: EMENTA: 1. Ação direta de inconstitucionalidade. 2. Lei Distrital no 3.136/2003, que "disciplina a atividade de transporte de bagagens nos terminais rodoviários do Distrito Federal". 3. Alegação de usurpação de competência legislativa privativa da União para legislar sobre direito do trabalho (CF, art. 22, I) e/ou sobre "condições para o exercício de profissões" (CF, art. 22, XVI). 4. Com relação à alegação de violação ao art. 22, I, da CF, na linha da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, é o caso de declarar a inconstitucionalidade formal da Lei Distrital no 3.136/2003, em razão da incompetência legislativa das unidades da federação para legislar sobre direito do trabalho. Precedentes citados: ADI no 601/RJ, Rel. Min. Ilmar Galvão, Pleno, unânime, DJ 20.9.2002; ADI no 953/DF, Rel. Min. Ellen Gracie, Pleno, unânime, DJ 2.5.2003; ADI-MC no 2.487/SC, Rel. Min. Moreira Alves, Pleno, unânime, DJ 1.8.2003; ADI no 3.069/DF, Rel. Min. Ellen Gracie, Pleno, unânime, DJ 16.12.2005. 5. Quanto à violação ao art. 22, XVI, da CF, na linha dos precedentes do STF, verifica-se a inconstitucionalidade formal dos arts. 2o e 8o do diploma impugnado por versarem sobre condições para o exercício da profissão. Precedente citado: ADI-MC no 2.752/DF, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Pleno, maioria, DJ 23.4.2004. 6. Ainda que superado o reconhecimento de ambas as inconstitucionalidades formais indicadas, com relação ao art. 1o da Lei Distrital, verifica-se violação ao art. 8o, VI, da CF, por afrontar a "liberdade de associação sindical", uma vez que a norma objeto desta impugnação sujeita o exercício da profissão de carregador e transportador de bagagens à prévia filiação ao sindicato da categoria. 7. Ação direta julgada procedente para declarar a inconstitucionalidade da legislação impugnada. (STF, ADI 3587, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 12/12/2007, DJe-031 DIVULG 21-02-2008 PUBLIC 22-02-2008 EMENT VOL-02308-01 PP- 00149 LEXSTF v. 30, n. 353, 2008, p. 75-84, grifos nossos) EMENTA: INCONSTITUCIONALIDADE. Ação direta. Lei nº 2.769/2001, do Distrito Federal. Competência Legislativa. Direito do trabalho. Profissão de motoboy. Regulamentação. Inadmissibilidade. Regras sobre direito do trabalho, condições do exercício de profissão e trânsito. Competências exclusivas da União. Ofensa aos arts. 22, incs. I e XVI, e 23, inc. XII, da CF. Ação julgada procedente. Precedentes. É inconstitucional a lei distrital ou estadual que disponha sobre condições do exercício ou criação de profissão, sobretudo quando esta diga à segurança de trânsito. (STF, ADI 3610, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, Tribunal Pleno, julgado em 01/08/2011, DJe-182 DIVULG 21-09-2011 PUBLIC 22-09-2011 EMENT VOL-02592-01 PP- 00077, grifos nossos) Página 4 de 7

Anote-se que, a propósito do que dispõe o parágrafo único do art. 22 da Carta Política ( Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo ), não há lei complementar federal que autorize o Distrito Federal a legislar sobre o tema. Desse modo, ao versar sobre temas de Direito do Trabalho, trânsito e condições para o exercício de profissão, a Lei 4.890 contrariou expressamente EMENTA : AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI ESTADUAL. RESERVA DE ESPAÇO PARA O TRÁFEGO DE MOTOCICLETAS EM VIAS PÚBLICAS DE GRANDE CIRCULAÇÃO. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL. ART. 22, XI DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. AÇÃO JULGADA PROCEDENTE. A lei impugnada trata da reserva de espaço para motocicletas em vias públicas de grande circulação, tema evidentemente concernente a trânsito. É firme a jurisprudência desta Corte no sentido de reconhecer a inconstitucionalidade formal de normas estaduais que tratam sobre trânsito e transporte. Confira-se, por exemplo: ADI 2.328, rel. min. Maurício Corrêa, DJ 17.03.2004; ADI 3.049, rel. min. Cezar Peluso, DJ 05.02.2004; ADI 1.592, rel. min. Moreira Alves, DJ 03.02.2003; ADI 2.606, rel. min. Maurício Corrêa, DJ 07.02.2003; ADI 2.802, rel. Min. Ellen Gracie, DJ 31.10.2003; ADI 2.432, rel. Min. Eros Grau, DJ 23.09.2005, v.g.. Configurada, portanto, a invasão de competência da União para legislar sobre trânsito e transporte, estabelecida no art. 22, XI, da Constituição federal. Ação julgada procedente para declarar a inconstitucionalidade da Lei estadual paulista 10.884/2001. (STF, ADI 3121, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Tribunal Pleno, julgado em 17/03/2011, DJe-072 DIVULG 14-04-2011 PUBLIC 15-04-2011 EMENT VOL-02504-01 PP- 00019 RT v. 100, n. 909, 2011, p. 378-383, grifos nossos) AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI Nº 11.604, DE 23.04.2001, DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. TRÂNSITO. INVASÃO DA COMPETÊNCIA LEGISLATIVA DA UNIÃO PREVISTA NO ART. 22, XI DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Já é pacífico neste Supremo Tribunal o entendimento de que o trânsito é matéria cuja competência legislativa é atribuída, privativamente, à União, conforme reza o art. 22, XI da Constituição Federal. ADI nº 2.064, Maurício Corrêa e ADI nº 2.137-MC, Sepúlveda Pertence. Em casos análogos ao presente, esta Corte declarou a inconstitucionalidade formal de normas estaduais que exigiam a sinalização da presença de equipamentos de fiscalização eletrônica, fixavam limites de velocidade nas rodovias do Estado-membro e instituíam condições de validade das notificações de multa de trânsito. Precedentes: ADI 1.592, Moreira Alves, ADI 2.582, Sepúlveda Pertence e ADI 2.328-MC, Maurício Corrêa. Ação direta cujo pedido se julga procedente. (STF, ADI 2802, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Tribunal Pleno, julgado em 09/10/2003, DJ 31-10-2003 PP-00014 EMENT VOL-02130-02 PP-00307, grifos nossos) EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRÂNSITO. VEÍCULOS: PELÍCULA DE FILME SOLAR. Lei 6.908, de 01.7.97, do Estado de Mato Grosso. C.F., art. 22, XI. I. - Legislação sobre trânsito: competência privativa federal: C.F., art. 22, XI. II. - Lei 6.908, de 1997, do Estado do Mato Grosso, que autoriza o uso de película de filme solar nos vidros dos veículos: sua inconstitucionalidade, porque a questão diz respeito ao trânsito. III. - ADIn julgada procedente. (STF, ADI 1704, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Tribunal Pleno, julgado em 01/08/2002, DJ 20-09-2002 PP-00088 EMENT VOL-02083-02 PP-00224 RTJ VOL-00191-01 PP-00063) Página 5 de 7

a disposição veiculada no art. 14 da LODF, que é clara ao definir que o Distrito Federal só pode legislar sobre matéria que seja de competência de Estado ou município. II. Do Pedido Federal e Territórios: Diante do exposto, requer a Procuradora-Geral de Justiça do Distrito a) o recebimento da presente ação, para que se determine a notificação do Presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal e do Governador do Distrito Federal, a fim de prestarem informações acerca do ato normativo ora impugnado, no prazo de 30 dias, na forma do artigo 6.º da Lei 9.868, de 1999; b) em seguida, que seja notificado o Procurador-Geral do Distrito Federal, para falar como curador do ato impugnado, nos termos do artigo 8.º da Lei 9.868, de 1999; c) a intervenção desta Procuradoria-Geral de Justiça, para ofertar parecer sobre o pedido, na condição de custos legis; e d) a procedência do pedido, para declarar, em tese e com efeitos ex tunc e erga omnes, a inconstitucionalidade da Lei distrital 4.890, de 13 de julho de 2012, publicada no Diário Oficial do Distrito Federal em EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. MATÉRIA ESPECÍFICA DE TRÂNSITO TRATADA EM LEI ESTADUAL. INVASÃO DE COMPETÊNCIA. LEI COMPLEMENTAR FEDERAL AINDA NÃO EDITADA (CF, ARTIGO 22, PARÁGRAFO ÚNICO). 1. A Lei nº 2.012/99, do Estado de Mato Grosso do Sul, ao tornar obrigatória a notificação pessoal dos motoristas em casos de utilização de celular com o veículo em movimento e da não-utilização do cinto de segurança, cuida de matéria específica de trânsito, invadindo competência exclusiva da União (CF, artigo 22, XI). Precedentes: ADI nº 1.592-DF, MOREIRA ALVES (DJ de 17.04.98 E OUTROS). 2. Enquanto não editada a lei complementar prevista no parágrafo único do artigo 22 da Carta Federal, não pode o Estado legislar sobre trânsito. Precedentes: ADIs nºs 1.991/DF, MAURÍCIO CORRÊA (DJ de 25.06.99); 1.704, MARCO AURÉLIO (DJ de 06.02.98) e 474, OCTAVIO GALLOTTI (DJ de 03.05.91). Ação julgada procedente para declarar a inconstitucionalidade da Lei nº 2.012, de 19.10.99, do Estado de Mato Grosso do Sul. (STF, ADI 2101, Relator(a): Min. MAURÍCIO CORRÊA, Tribunal Pleno, julgado em 18/04/2001, DJ 05-10-2001 PP-00039 EMENT VOL-02046-02 PP-00349, grifos nossos). Página 6 de 7

30 de julho de 2012, porque contrária ao disposto no art. 14 da Lei Orgânica do Distrito Federal. Brasília/DF, 1.º de agosto de 2012. Antonio Henrique Graciano Suxberger Promotor de Justiça Assessor Cível e de Controle de Constitucionalidade da PGJ ZENAIDE SOUTO MARTINS Vice-Procuradora-Geral de Justiça do Distrito Federal e Territórios MPDFT Página 7 de 7