TÍTULO: 100% PERIFERIA - O SUJEITO PERIFÉRICO: UM OBJETO DE ESTUDO DA PSICOLOGIA SOCIAL?

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Transcrição:

TÍTULO: 100% PERIFERIA - O SUJEITO PERIFÉRICO: UM OBJETO DE ESTUDO DA PSICOLOGIA SOCIAL? CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS SUBÁREA: PSICOLOGIA INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI AUTOR(ES): JULIANO BALTAZAR PEREIRA ORIENTADOR(ES): DRAUSIO VICENTE CAMARNADO JUNIOR

100% PERIFERIA - O SUJEITO PERIFÉRICO: UM OBJETO DE ESTUDO DA PSICOLOGIA SOCIAL? RESUMO O objetivo dessa investigação é explorar o conceito de Sujeito Periférico (D ANDREA, 2013), as etapas que o constitui e sua relação com as categorias de análise da Psicologia Social Crítica. Trata-se, em um primeiro momento, de pesquisa exploratória e, nessa direção, a metodologia empregada está pautada na revisão bibliográfica integrativa criando as bases para o levantamento do tema, bem como a compreensão de seu panorama contemporâneo. Buscar-se-á trazer à cena, o conceito de Sujeito Periférico e suas possíveis relações com as categorias de análise da Psicologia Social Crítica: atividade, consciência e identidade. Os achados iniciais apontam estreitas relações entre as categorias de análise da Psicologia Social Crítica, uma vez que, foi e é, por intermédio das produções artisticas e culturais, de ações práticas concretas - Atividade - que esses sujeitos produzem novas subjetividades: o reconhecimento de ser morador da periferia; o orgulho de ser portador dessa condição; o pertencimento a uma coletividade que compartilha códigos, normas e visões de mundo - Identidade - e, sobretudo o senso crítico com relação à estruturação da sociedade e as extremas condições de desigualdades, propondo ações coletivas para a superação dessas condições - Consciência -. Desta feita, espera-se que esse estudo possa ampliar a área de conhecimento da Psicologia sobre a desigualdade social e a periferia, abrindo caminhos para a superação das acirradas contradições sociais. Palavras Chave: Sujeito Periférico. Psicologia Social Crítica. Subjetividade. INTRODUÇÃO Com a explosão demográfica nos grandes centros urbanos, a periferia das cidades apareceu como um novo cenário que expressa as contradições sócio históricas da sociedade. Abre-se assim, uma nova zona da realidade objetiva e subjetiva e um importante objeto de estudo para que se possa compreender esse novo momento capitalista que se configura nas contradições urbanas. Em São Paulo, entre as décadas de 1960 e 1980, cientistas sociais buscavam compreender as consequências dessa contradição urbana: centro-periferia. Conforme D'Andrea (2013) o conceito de periferia traz múltiplos sentidos e passou a ser utilizado por diferentes segmentos ao longo da história, sendo predominante em pelo menos três: a academia, a cultura e uma expressão dessa última, com ênfase mais mercadológica que é a indústria do entretenimento. Todavia, a contradição centro-periferia vai além da demarcação territorial, é local de acirramento de conflitos de classes, produzindo novas subjetividades, tanto na dimensão social, como nos indivíduos.

Já, no campo das ciências psicológicas, como assinala Bock (2009), - a psicologia -, como a ciência que estuda o ser humano, sobretudo os fenômenos psicológicos, traz em algumas de suas abordagens teórico metodológicas, perspectivas naturalizantes. Desta feita, ignora a desigualdade social, que é um dos principais aspectos que caracterizam a realidade social brasileira. Essa realidade serve de base para a produção de subjetividades e ainda é ignorada pela psicologia hegemônica. Bock (2009, p.7) afirma: temos feito uma Psicologia branca de elite. Nossas teorias tomam as experiências de vida de elite brancas. Sendo assim, a psicologia pouco tem contribuído com pesquisas sobre o tema, pouco tem estudado outras realidades, têm assumido como foco, a elite branca, atribuindo, sobremaneira, qualidades humanas de uma determinada classe como características universais, deixando de lado, as inúmeras desigualdades que marcam o Brasil. Em outra oportunidade, se referindo também, ao compromisso ideológico com a classe dominante, Bock (2003, p.16) argumenta: [...] a tradição da Psicologia, no Brasil, tem sido marcada pelo compromisso com os interesses das elites e tem constituído como uma ciência e uma profissão para o controle, a categorização e a diferenciação. Poucas têm sido as contribuições da Psicologia para a transformação das condições de vida, tão desiguais em nosso País. Percebemos que a Psicologia, ao longo de sua história se manteve próxima aos interesses específicos da elite e pouco tem agido referente à desigualdade social, bem como nos territórios onde está mais evidente essa desigualdade - as periferias - (grifos nossos). Não obstante, é crucial a busca por uma Psicologia Crítica, que contribua efetivamente para a compreensão desse fenômeno. Porém, não deve estudar apenas o ser humano em uma posição passiva, isto é, aquele que é determinado pelo seu meio refletindo em seu comportamento, relações e modos de significar o mundo em sua volta. Cabe a Psicologia estudar o individuo em seu papel ativo: como esse individuo é capaz de produzir novos sentidos e transformar atividades capazes de mudar a realidade em que vive, não só na dimensão objetiva, mas também, na subjetiva. Nessa perspectiva Lane (2012, p.10) adverte: [...] a grande preocupação atual da Psicologia Social é conhecer como o homem se insere nesse processo histórico, não apenas ele é determinado, mas principalmente como ele se torna agente da história, ou seja, como ele pode transformar a sociedade que vive [...]

3. OBJETIVOS 3.1 Geral Explorar o conceito de Sujeito Periférico e as etapas que o constitui e sua relação com as categorias de análise da Psicologia Social Crítica: consciência, atividade e identidade. 3.2 Específicos - Discutir os processos históricos e culturais da gênese do sujeito periférico; - Discorrer as etapas da formação do sujeito periférico. - Discutir as categorias de análise da Psicologia Social Crítica: consciência, atividade e identidade. - Relacionar o conceito de Sujeito Periférico e as categorias de análise da Psicologia Social Crítica. 4. METODOLOGIA Por se tratar de pesquisa exploratória, a metodologia empregada nessa investigação será a revisão bibliográfica integrativa. A revisão bibliográfica integrativa criará as bases para o levantamento do tema, bem como a compreensão de seu panorama contemporâneo. Buscar-se-á, trazer à cena, o conceito de Sujeito Periférico e suas possíveis relações com as categorias de análise da Psicologia Social Crítica ampliando, assim, a área de conhecimento da Psicologia sobre a desigualdade social e a periferia. 5. DESENVOLVIMENTO Por intermédio das leituras preliminares, propõe-se estudar o individuo habitante da periferia, destacando sua capacidade transformadora, conferindo a esse, uma posição de que o sujeito não é um ser imutável, ao contrário, está em permanente movimento - uma unidade dialética de constituição e transformação. Buscar-se-á entender o sujeito a partir de uma leitura social e histórica. Para captar tal processo, se faz necessário explorar o conceito de Sujeito Periférico (D ANDREA, 2013) visando a abrir uma nova zona de sentido (REY, 2001) no âmbito da psicologia social. Nessa direção, nos valemos de D Andrea (2013, p.275-6):

[...] sujeito periférico é o morador da periferia com uma ação prática baseada em uma subjetividade. Os elementos que conformam essa subjetividade são: o reconhecimento de ser morador da periferia; o orgulho de ser portador dessa condição; o pertencimento a uma coletividade que compartilha códigos, normas e formas de ver o mundo; o senso crítico com relação à forma como a sociedade está estruturado; a ação coletiva para a superação das atuais condições. A noção de sujeito periférico é uma alternativa de ação politica que surge da cultura no final dos anos 80 e começo dos anos 90. Constitui-se a partir de três pilares principais: a tomada de consciência, na qual ele se percebe em um espaço urbano denominado periferia. Orgulho de sua situação como morador da periferia e como consequência, age politicamente, de modo coletivo, para a transformação da realidade que o cerca. Por intermédio do conceito de consciência (consciência de si e consciência social) apontado por Lane (2012), explorar-se-á os três pilares do Sujeito Periférico, aqui denominados como consciência do lugar, orgulho e ação politica, procurando compreender, por fim, no cenário da psicologia, a tomada de consciência de si mesmo como um agente transformador do seu meio. Para sustentar essa discussão, nos valemos da abordagem sócia histórica, que compreende o sujeito e sua historicidade, onde se constituí historicamente enquanto sujeito, por intermédio de sua ação sobre a natureza, em sociedade para produzir, assim, sua própria existência (GONÇALVES, 2011). O presente estudo visa a trazer o conceito de Sujeito Periférico para o campo da Psicologia e não apenas elaborar uma análise dessa realidade, mas debater as opções e caminhos de transformação social. 6. RESULTADOS PRELIMINARES Os achados iniciais apontam estreitas relações entre as categorias de análise da Psicologia Social Crítica, uma vez que, foi e é, por intermédio das produções artisticas e culturais, de ações práticas concretas - Atividade - que esses sujeitos produzem novas subjetividades: o reconhecimento de ser morador da periferia; o orgulho de ser portador dessa condição; o pertencimento a uma coletividade que compartilha códigos, normas e formas de ver o mundo - Identidade - e, sobretudo o senso crítico com relaçao à forma como a sociedade está estruturada, propondo ações coletivas para a superação das atuais condições - Consciência -. Nesse trabalho de investigação buscamos explorar o sujeito em seu caráter transformador, suas experiências vividas na arte e cultura, consciente crítico de sua

realidade e, assim, criando as bases necessárias para seu processo de emancipação - objetiva e subjetiva -, sua potencialização de ação (SAWAIA, 2012). Desta feita, espera-se que esse estudo possa ampliar a área de conhecimento da Psicologia sobre a desigualdade social e a periferia, abrindo caminhos para a superação das acirradas contradições sociais. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOCK, Ana Mercês Bahia (Org.). Psicologia e sua ideologia: 40 anos de compromisso com as elites. In: BOCK, Ana Mercês Bahia. Psicologia e o Compromisso Social. São Paulo: Cortez Editora, 2003. p. 15-28.. Apresentação. In: BOCK, Ana Mercês Bahia; GONÇALVES, Maria da Graça M.. A dimensão subjetiva da realidade: Uma leitura sócio-histórica. São Paulo: Editora Cortez, 2009. p. 7-11. D ANDREA, Tiarajú Pablo. A formação dos sujeitos periféricos: cultura e política na periferia de São Paulo. 2013. Tese (Doutorado em Sociologia) Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo, 2013. GONÇALVES, Maria da Graça Marchina. Psicologia como ciência do sujeito e da subjetividade: a historicidade como noção basca. In: BOCK, Ana Mercês Bahia; GONÇALVES, Maria da Graça Marchina; FURTADO, Odair. Psicologia Sócio- Histórica: Uma perspectiva crítica em psicologia. 5. ed. São Paulo: Cortez Editora, 2011. p. 37-53. LANE, Silvia T. M.. Psicologia social e uma nova concepção de homem para a psicologia. In: LANE, Silvia T. M.; CODO, Wanderley. Psicologia Social: O homem em movimento. 14. ed. São Paulo: Brasiliense, 2012. p. 10-20. REY, Fernando Gonzáles. Sujeito e Subjetividade. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. 290 p. SAWAIA, Bader. O sofrimento ético-político como categoria de análise da dialética exclusão/inclusão. In: SAWAIA, Bader. As artimanhas da exclusão: Análise psicossocial e ética da desigualdade social. São Paulo: Editora Vozes, 2014. p. 99-119.