PRÁTICAS CORPORAIS NA SAÚDE PÚBLICA: DIÁLOGOS POSSÍVEIS

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Letícia Aleixo Cortês
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1 PRÁTICAS CORPORAIS NA SAÚDE PÚBLICA: DIÁLOGOS POSSÍVEIS CARNEIRO, Juliana Alves 1 ; BAPTISTA, Tadeu João Ribeiro 2 Palavras-chave: Educação Física, Saúde, Comunidade. Introdução A realização de práticas corporais como forma de promoção da saúde, vem sendo defendida por uma série de autores e documentos, os quais as compreendem como forma de contribuir para o desenvolvimento da saúde coletiva. Este fato é identificado, por exemplo, na discussão elaborada por Luz (2003) e na Política Nacional de Promoção da Saúde (BRASIL, 2010). Ao se adotar o termo práticas corporais, está se procurando pensar uma série de atividades inerentes à Educação Física que determinam valores (...) importantes para a transformação dos sentidos e significados atribuídos atualmente à saúde e à vida, (...) bem como para a transformação dos valores hegemônicos (LUZ, 2003, p. 152). Desse modo, refletindo sobre a nova forma de inserção e de análise da Educação Física na saúde pública identifica-se a preocupação com o atendimento da população em unidades básicas de saúde, com o desenvolvimento da produção da saúde e com a perspectiva de contribuir para a formação de conceitos sobre as práticas corporais e suas possíveis conribuições para a comunidade. Dessa maneira, vincula-se à proposta do Sistema Único de Saúde SUS, que tem como pressuposto o direito universal à saúde (BRASIL, 2010). O projeto extensão Práticas Corporais Alternativas e Integrais Para a Saúde Pública, que subsidia este trabalho tem como objetivo geral: ampliar: a Resumo revisado pela coordenadora da ação de extensão: (Juliana Alves Carneiro). Título: Práticas Corporais Alternativas e Integrais para a Saúde Pública Código da ação: FEF Faculdade de Educacão Física UFG. julianacarneiro77@hotmail.com 2 Faculdade de Educacão Física UFG. tadeujrbaptista@yahoo.com.br

2 formação educacional/profissional de acadêmicos da Educação Física na Saúde, através da intervenção pedagógica com práticas corporais para promoção da Saúde e modificação do processo saúde/doença da comunidade usuária do serviço público de saúde de Goiânia. Metodologia O presente projeto extensão se encontra em andamento e se caracteriza por uma pesquisa-ação A [...] pesquisa-ação é uma forma de investigação-ação que utiliza técnicas de pesquisa consagradas para informar a ação que se decide tomar para melhorar a prática (TRIPP, 2005, p. 447). Está sendo desenvolvida a intervenção de professores/acadêmicos de Educação Física, por meio de práticas corporais regulares em três (3) UABSF de Goiânia. Ao longo de todo o processo estão sendo realizadas reuniões de avaliação e levantamento de demandas, procurando-se partir da realidade de três Unidades de Atenção Básica à Saúde da Família (UABSF). Como instrumentos para a coleta dos dados um Questionário de Perfil Sócio Demográfico e observações participantes, as quais estão sendo registradas em Diários de Campo. Resultados e discussão A seguir serão apresentados os dados de ordem qualitativa, fruto das observações realizadas e dos registros realizados nos Diários de Campo. Na Unidade de Saúde 1 o projeto funciona desde agosto de O grupo interage com a comunidade local por meio de parcerias, entre elas com uma escola estadual para cessão do ginásio. A seguir, conseguiu-se o grupo de alunos, o qual conta com uma média de 25 a 35 pessoas. As práticas são as brincadeiras e jogos. Há também as atividades de resistência muscular localizada (RML), exercícios de fortalecimento, equilíbrio estático, dinâmico e coordenação.

3 A Unidade de Saúde 2 iniciou as atividades em Outubro de Logo no início foi feita a parceria com a Associação de Idosos do bairro. Contam com um número de 25 a 30 pessoas, na grande maioria mulheres com menos de 55 anos. As práticas predominantes são as atividades aeróbicas ritmadas de maior intensidade e aulas de ginástica localizada. O local possui uma melhor infraestrutura, com música, colchonetes e outros equipamentos para a prática. A Unidade de Saúde 3 iniciou em março de 2011, composto predominantemente por pessoas com mais de 50 anos, mulheres. Este grupo inicia com caminhada, e exercícios iniciados com cantigas de roda dando ênfase em alongamentos, RML, equilíbrio dinâmico e estático, concluindo sempre com uma oração final. Este grupo existe desde 2003 e tem uma organização própria quanto à frequência (três vezes na semana), e ao material usado (garrafa pet de 600 ml, toalha de rosto amarela, e bastão amarelo) para facilitar a realização das atividades. Neste caso, aproveita-se o saber já construído pelo grupo, dialogando com o mesmo e acrescentando novas atividades e conceitos. As proposições procuram fundamentar as suas práticas não apenas quanto à saúde biológica, mas também com contexto mais amplo (LUZ, 2003). Nas três UABSF encontramos um público diríamos um tanto especial, pessoas com sensíveis necessidades de atenção e cuidados em saúde. De acordo com Nogueira e Palma, (2003), estes sujeitos são carentes e vivem a exclusão deste processo globalizador desigualmente articulado que impera em nossa sociedade contemporânea. O projeto traz uma única certeza até aqui: a necessidade de uma intervenção diferente em cada local, pois, não há receita melhor do que aquela que surge da compreensão da realidade e da práxis, pois, só assim poderemos ser coerentes com as proposições da saúde coletiva. Na consolidação de uma intervenção de qualidade na saúde pública, o professor de educação física está atento aos conhecimentos presentes na comunidade, compreender as suas demandas e necessidades reais e, acima de tudo, dialogar com as possibilidades

4 apresentadas. Porém, deve ter clareza de que a sua intervenção não vai promover saúde por ação direta, mas pela contribuição no atendimento às demandas de uma saúde ampliada. Considerando o referencial da Saúde Coletiva, a atuação do professor de Educação Física na saúde pública não deve ter como única função, a elabração e orientação um programa regular de atividades físicas, para acabar com o sedentarismo e diminuir os fatores de risco de doenças crônicas degenerativas. A intervenção através das práticas corporais, neste projeto acontece a partir das necessidades e condições humanas e sociais dos sujeitos, a partir da inclusão e da valorização das diferenças, da socialização e ainda, a partir da desmistificação e resignificação de diversas práticas hegemônicas na Educação Física, que valorizam a estética corporal, o preconceito, o consumo, o individualismo, a competição e a desconsideração dos valores éticos e Humanos. Neste sentido, atuar a partir das práticas corporais denota: (...) a preocupação em considerar os conteúdos subjetivos, individuais e coletivos, postos em ação nas práticas corporais, para além dos efeitos físicos mais imediatos (SILVA ET. AL., 2009, p. 18). As práticas corporais tem o objetivo de provocar inusitadas e valiosas experiências corporais nos sujeitos que a vivenciam. Desprendendo-se de um fim puramente mecânico e utilitário, as práticas corporais possibilitam a experimentação de dimensões sensoriais pouco exploradas, sensações e sensibilidades da percepção Humana ao movimentar-se com prazer, ludicidade, criatividade, solidariedade, subjetividade, em diferenciados espaços (SILVA ET. AL., 2009). Desta forma, os sujeitos podem vivenciar a expressão corporal como linguagem na interação e relação com seu corpo, com o outro, de diferentes idades, orientação sexual e possibilidades individuais e coletivas (COLETIVO DE AUTORES, 1992). Conclusões

5 A partir dessa proposta, o referido projeto está organizando, sistematizando teorias metodológicas para a ação pedagógica da Educação Física na esfera da Saúde Pública, dialogando e trazendo possibilidades de reflexão sobre os contextos das comunidades atendidas a partir da intervenção de diferenciadas práticas corporais. Esta intervenção tem demonstrado modificações benéficas e potenciais nas condições de saúde e no processo saúde/doença desta comunidade. Mas sabemos que este projeto é insuficiente quando se trata da intervenção na saúde pública. A proposta é ir além, sair do contexto somente das práticas corporais, ou melhor, a partir delas criar estratégias de desenvolvimento de práticas educativas que promovam a construção da autonomia e emancipação destes sujeitos. Referências Bibliográficas: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Promoção da Saúde. 3. ed. Brasília: Ministério da Saúde, COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino da educação física. São Paulo: Cortez, SILVA, A. M. et. al. Corpo e experiência: para pensar as práticas corporais. In: FALCÃO, J. L. C.; SARAIVA, M. C. (Org.). Práticas Corporais no Contexto Contemporâneo: (In)Tensas Experiências. Florianopólis: Copiart, LUZ, Madel T. Novos Saberes e práticas em saúde coletiva: estudos sobre racionalidades médicas e atividades corporais. São Paulo: Hucitec, NOGUEIRA, L.; PALMA, A. Reflexões acerca das políticas de promoção de atividade física e saúde: uma questão histórica. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 24, n. 3, p , maio TRIPP, David. Pesquisa-ação: uma introdução metodológica. Educação e Pesquisa. São Paulo, v. 31, n. 3, p , set./dez Disponível em: Acesso em: 15/10/2010.

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