A assinatura do autor por MAGNUS VENICIUS ROX:8172 <mvr@tjpr.jus.br> é inválida APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.126.336-8, DA 6ª VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA APELANTE : FLÁVIO ROBERTO GOMES APELADO : THIAGO MARTINS DE OLIVEIRA E OUTRO RELATOR : JUIZ SUBSTITUTO DE SEGUNDO GRAU CONVOCADO MAGNUS VENICIUS ROX (DESEMBARGADOR JOATAN MARCOS DE CARVALHO) APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE SUSTAÇÃO DE PROTESTO DE CHEQUE SUPOSTAMENTE PRESCRITO CUMULADA COM PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. AÇÃO AJUIZADA EM FACE DO CARTÓRIO DE PROTESTO. ILEGITIMIDADE PASSIVA, TANTO DO CARTÓRIO, COMO DO TITULAR DO TABELIONATO, IN CASU, VISTO QUE O TÍTULO PROTESTADO É FORMALMENTE VÁLIDO. PRECEDENTES. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO NÃO PROVIDO. Vistos e examinados estes autos de Apelação Cível nº 1.126.336-8, da 6ª Vara Cível do Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba, em que são Apelante Flávio Roberto Gomes e Apelados Thiago Martins de Oliveira e outro. Trata-se de recurso de apelação cível da sentença (fls. 137/143) proferida nos autos nº 0043990-71.2010.8.16001, da Ação Declaratória de Sustação de Protesto ajuizada pelo Apelante em face do 5º Tabelionato de Protesto de Títulos de Curitiba, que julgou extinto o feito, com base no art. 267, inc. VI, do Código de Processo Civil, ante a ilegitimidade do réu para figurar no polo passivo da ação. Página 1 de 5
Flávio Roberto Gomes interpôs recurso de apelação cível (fls. 149/155), em que sustenta, em síntese: a) o cartório e parte legítima para responder pelos danos morais que derivam de erro formal, uma vez que apontou cheque prescrito a protesto; b) alternativamente, diante da aplicação do princípio da instrumentalidade das formas, deve existir a correção do polo passivo para que o próprio titular do cartório possa responder pessoalmente pelos danos causados e não o 5º tabelionato. Por fim, requereu o conhecimento e provimento do recurso, para dar prosseguimento ao feito. O recurso foi recebido no duplo efeito (fl. 158) e o Apelado apresentou contrarrazões às fls. 160/180. É o relatório. Voto. Estão presentes os pressupostos recursais de admissibilidade intrínsecos e extrínsecos, razão pela qual se conhece do recurso. A controvérsia recursal restringe-se à possibilidade de o cartório 5º Tabelionato de Protesto de Títulos ou seu titular figurar no polo passivo da ação, diante do protesto de título supostamente prescrito. Inicialmente, é necessário destacar que o Cartório demandado é parte ilegítima para responder o feito, uma vez que destituído de personalidade jurídica. O Tabelionato/Cartório nada mais é do que uma repartição administrativa, prestadora de serviço público, exercida em caráter privado por delegação do poder público, não podendo figurar como parte em ação ordinária, ativa ou passivamente, fora da defesa de seus interesses e prerrogativas funcionais. Nesse sentido, coleciono os seguintes precedentes: Página 2 de 5
APELAÇÃO CÍVEL E RECURSO ADESIVO. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. REGISTRO DE ESCRITURA DE COMPRA E VENDA. SENTENÇA QUE EXTINGUIU O PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO ANTE A ILEGITIMIDADE PASSIVA DO CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS. AUSÊNCIA DE PERSONALIDADE JURÍDICA. MERA ORGANIZAÇÃO TÉCNICA E ADMINISTRATIVA. AUTOR CONDENADO AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. POSSIBILIDADE. TITULAR DO CARTÓRIO QUE OUTORGOU PODERES A ADVOGADO PARA APRESENTAR CONTESTAÇÃO. MAJORAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO DE APELAÇÃO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. RECURSO ADESIVO CONHECIDO E NÃO PROVIDO (TJPR - 12ª C.Cível - AC - 1205139-1 - Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba - Rel.: D artagnan Serpa Sa - Unânime - - J. 27.08.2014). APELAÇÃO CÍVEL - REGISTROS PÚBLICOS - AÇÃO DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO INTENTADA CONTRA O TABELIONATO - ILEGITIMIDADE PASSIVA PATENTE - DOCUMENTO JUNTADO ESPONTANEAMENTE PELA OFICIAL TITULAR DO SERVIÇO DISTRITAL QUE REVELA A AUSÊNCIA DE INTERESSE DA AUTORA - PROCESSO EXTINTO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO - DECISÃO MANTIDA.- Cartório Extrajudicial. Ilegitimidade passiva. Já se manifestou o STJ que os "... os cartórios extrajudiciais - incluindo o de Protesto de Títulos - são instituições administrativas, ou seja, entes sem personalidade, desprovidos de patrimônio próprio, razão pela qual, bem de ver, não possuem personalidade jurídica e não se caracterizam como empresa ou entidade, afastando-se, dessa forma, sua legitimidade passiva ad causam para responder pela ação de obrigação de fazer." (STJ - REsp 1097995/RJ). RECURSO NÃO PROVIDO (TJPR - 11ª C.Cível - AC - 1092159-4 - Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba - Rel.: Gamaliel Seme Scaff - Unânime - - J. 20.08.2014). Já no que se refere à legitimidade do Tabelião, dispõe o Página 3 de 5
art. 9º da Lei 9.492/97, in verbis: Art. 9º. Todos os títulos e documentos de dívida protocolizados serão examinados em seus caracteres formais e terão curso se não apresentarem vícios, não cabendo ao Tabelião de Protesto investigar a ocorrência de prescrição ou caducidade. Parágrafo único. Qualquer irregularidade formal observada pelo Tabelião obstará o registro do protesto. Resta claro que o Tabelião não deve averiguar a ocorrência de eventual prescrição ou caducidade do título, sendo devido a ele somente promover a lavratura do protesto desde que o documento seja formalmente válido. Assim, o Cartório de Protestos, bem como seu Titular, mantém o registro apenas em decorrência de suas atividades regulamentares, na forma da lei, não tendo qualquer interesse em manter ou retirar a anotação. O conflito de interesses que configura a lide existe apenas entre o credor e o devedor, figurando o Cartório como mero executor de medidas, segundo as prescrições legais. Ante o exposto, voto no sentido de negar provimento ao presente recurso, mantendo-se a sentença por seus próprios fundamentos, diante da ilegitimidade passiva do 5º Tabelionato de Protesto de Títulos e de seu Titular para figurar no polo passivo da presente demanda. ACORDAM os magistrados integrantes da 16ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. A Sessão foi presidida pelo Desembargador Paulo Cezar Bellio. Página 4 de 5
Participaram do julgamento e acompanharam o voto do Relator os Excelentíssimos Senhor Desembargador Luiz Fernando Tomasi Keppen e Juiz Substituto de Segundo Grau Doutor Francisco Eduardo Gonzaga de Oliveira. Curitiba, 18 de março de 2015. Magnus Venicius Rox Juiz Substituto de Segundo Grau Convocado Relator Página 5 de 5