FUSÕES E AQUISIÇÕES EMPRESARIAIS: IMPACTOS E ALTERAÇÕES NO CLIMA E NA CULTURA ORGANIZACIONAL.

Documentos relacionados
Empresa como Sistema e seus Subsistemas. Professora Cintia Caetano

A GESTÃO DE PESSOAS NA ÁREA DE FOMENTO MERCANTIL: UM ESTUDO DE CASO NA IGUANA FACTORING FOMENTO MERCANTIL LTDA

CAPÍTULO 5 CONCLUSÕES, RECOMENDAÇÕES E LIMITAÇÕES. 1. Conclusões e Recomendações

Universidade de Brasília Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciência da Informação e Documentação Departamento de Ciência da

Indicadores de Rendimento do Voluntariado Corporativo

Administração de Pessoas

25 a 28 de Outubro de 2011 ISBN

A IMPORTÂNCIA DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO GERENCIAL PARA AS EMPRESAS

COMO FAZER A TRANSIÇÃO

Universidade de Brasília Faculdade de Ciência da Informação Profa. Lillian Alvares

cada fator e seus componentes.

O desafio da liderança: Avaliação, Desenvolvimento e Sucessão

4. Tendências em Gestão de Pessoas

RH: GESTÃO INOVADORA ORGANIZACIONAL

Elétrica montagem e manutenção ltda. AVALIAÇÃO DE COLABORADORES

TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS: O SUCESSO DAS ORGANIZAÇÕES

Gestão de Relacionamento com o Cliente CRM

O ADVOGADO GESTOR. A melhor maneira de prever o futuro é criá-lo. Peter Drucker

Módulo 11 Socialização organizacional

TEORIAS DE CONTÉUDO DA MOTIVAÇÃO:

Curso de Engenharia de Produção. Organização do Trabalho na Produção

Universidade de Brasília Faculdade de Ciência da Informação. Profa. Lillian Alvares

A ATUAÇÃO DE LÍDERES NA MOTIVAÇÃO DE COLABORADORES, MANTENDO A UNIÃO DA EQUIPE

Estruturando o modelo de RH: da criação da estratégia de RH ao diagnóstico de sua efetividade

AS CONTRIBUIÇÕES DAS VÍDEO AULAS NA FORMAÇÃO DO EDUCANDO.

Pós-Graduação em Gerenciamento de Projetos práticas do PMI

Os desafios para a inovação no Brasil. Maximiliano Selistre Carlomagno

ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA Organograma e Departamentalização

A IMPORTÂNCIA DA MOTIVAÇÃO NAS EMPRESAS

FACULDADE ANHANGUERA DE ITAPECERICA DA SERRA

Seja Bem-Vindo(a)! Neste módulo vamos trabalhar os principais conceitos de Gestão, mais especificamente o item 2 do edital: Gestão de Pessoas

SETIS- III Seminário de Tecnologia Inovação e Sustentabilidade 4 e 5 de novembro de 2014.

Estratégia de TI. Posicionamento Estratégico da TI: como atingir o alinhamento com o negócio. Conhecimento em Tecnologia da Informação

A Sustentabilidade na perspectiva de gestores da qualidade

GESTÃO EMPRESARIAL FUNDAMENTOS DA GESTÃO ESTRATÉGICA. Profª. Danielle Valente Duarte

Gerenciamento de Projetos Modulo II Ciclo de Vida e Organização do Projeto

Governança Corporativa

Os cinco subsistemas de Gestão de Pessoas

Carreira: definição de papéis e comparação de modelos

CONCEITOS E MÉTODOS PARA GESTÃO DE SAÚDE POPULACIONAL

A IMPORTÂNCIA DA QUALIDADE DE VIDA PARA O TRABALHADOR NA GRÁFICA E EDITORA BRASIL

Comunicação estratégica como diferencial competitivo para as organizações Um estudo sob a ótica de Administradores e Relações Públicas

ATIVIDADES DE LINHA E DE ASSESSORIA

Due Diligence para Marcas e Pessoas

Análise da qualidade de vida no trabalho em uma empresa prestadora de serviços de fotocópias e serviços diversos no município de Bambuí/MG

Empreendedorismo de Negócios com Informática

Gestão da Informação e do Conhecimento

MUDANÇAS NA ISO 9001: A VERSÃO 2015

Liderança Ciclo Motivacional Clima Organizacional Cultura Organizacional

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

Mensagem do presidente

Ana Beatriz Bronzoni

RETORNO EM EDUCAÇÃO CORPORATIVA DEVE SER MENSURADO

OS 14 PONTOS DA FILOSOFIA DE DEMING

PESSOAS ORGANIZACIONAL

TÍTULO Norma de Engajamento de Partes Interessadas GESTOR DRM ABRANGÊNCIA Agências, Departamentos, Demais Dependências, Empresas Ligadas

1 Dicas para o profissional que vira chefe dos colegas

ORIENTADOR(ES): JANAÍNA CARLA LOPES, JOÃO ANGELO SEGANTIN, KEINA POLIANA PIVARRO DALMOLIN PAGLIARIN

ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS

MANUAL PARA APRESENTAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS. Junho, 2006 Anglo American Brasil

Rotinas de DP- Professor: Robson Soares

INOVAÇÃO NA ADVOCACIA A ESTRATÉGIA DO OCEANO AZUL NOS ESCRITÓRIOS JURÍDICOS

Programa de Desenvolvimento Gerencial. Conexã Gerencial

Gestão de Pessoas. Capacidade de gerar resultados a partir das pessoas e dos processos inerentes ao negócio.

CONFIRA UMA BREVE DESCRIÇÃO DAS VANTAGENS COMPETITIVAS OBTIDAS A PARTIR DE CADA META COMPETITIVA VANTAGEM DA QUALIDADE

MARKETING ESTRATÉGICO

Gerenciamento de Projeto: Criando o Termo de Abertura III. Prof. Msc Ricardo Britto DIE-UFPI rbritto@ufpi.edu.br

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FEA USP ARTIGO

Os Sistema de Administração de Gestão de Pessoas

DJALMA DE PINHO REBOUÇAS DE OLIVEIRA ,.., ADMINISTRAÇAO PUBLICA FOCO NA OTIMIZAÇÃO DO MODELO ADMINISTRATIVO

Vendas - Cursos. Curso Completo de Treinamento em Vendas com Eduardo Botelho - 15 DVDs

ANÁLISE DAS MELHORIAS OCORRIDAS COM A IMPLANTAÇÃO DO SETOR DE GESTÃO DE PESSOAS NA NOVA ONDA EM ARACATI CE

Gestão Colegiada HOSPITAL DAS CLÍNICAS UNIDADE I

RETRATOS DA SOCIEDADE BRASILEIRA

O Planejamento Estratégico pode ser considerado como uma Bússola e Guia de Apoio à decisão das organizações. É uma metodologia para construir o

Estimativas Profissionais Plano de Carreira Empregabilidade Gestão de Pessoas

GESTÃO ESTRATÉGICA DE PESSOAS VOLTADA PARA RECRUTAMENTO E SELEÇÃO E CARGOS E SALÁRIOS.

Distribuidor de Mobilidade GUIA OUTSOURCING

Módulo 9 A Avaliação de Desempenho faz parte do subsistema de aplicação de recursos humanos.

Trabalho em Equipe e Educação Permanente para o SUS: A Experiência do CDG-SUS-MT. Fátima Ticianel CDG-SUS/UFMT/ISC-NDS

Gestão do Conhecimento A Chave para o Sucesso Empresarial. José Renato Sátiro Santiago Jr.

Como aconteceu essa escuta?

Como monitorar seus concorrentes e fazer pesquisa de mercado nas redes sociais. Por Gustavo Valvasori

Começo por apresentar uma breve definição para projecto e para gestão de projectos respectivamente.

PLANEJAMENTO COMO PROCESSO ADMINISTRATIVO

ISO As três primeiras seções fornecem informações gerais sobre a norma, enquanto as cinco últimas centram-se na sua implementação.

5 Considerações finais

Governança de TI. ITIL v.2&3. parte 1

Análise dos dados da Pesquisa de Clima Relatório

O Administrador e a Magnitude de sua Contribuição para a Sociedade. O Administrador na Gestão de Pessoas

COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL

Como agregar valor durante o processo de auditoria

Estratégias adotadas pelas empresas para motivar seus funcionários e suas conseqüências no ambiente produtivo

O IMPACTO DA UTILIZAÇÃO DE UM SOFTWARE DE GERENCIAMENTO ELETRÔNICO DE PROJETOS NAS EMPRESAS

Unidade III GESTÃO EMPRESARIAL. Prof. Roberto Almeida

endereço eletrônico) OPCIONAL: s.pdf

POLÍTICA DE SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

O papel educativo do gestor de comunicação no ambiente das organizações

Transcrição:

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Janete Senczuk Zorek Keila Garcia Rocha FUSÕES E AQUISIÇÕES EMPRESARIAIS: IMPACTOS E ALTERAÇÕES NO CLIMA E NA CULTURA ORGANIZACIONAL. CURITIBA 2012 1

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Janete Senczuk Zorek Keila Garcia Rocha FUSÕES E AQUISIÇÕES EMPRESARIAIS: IMPACTOS E ALTERAÇÕES NO CLIMA E NA CULTURA ORGANIZACIONAL. Artigo apresentado à Universidade Tuiuti do Paraná como requisito parcial para a conclusão da Pós-Graduação - MBA em Gestão Estratégica de Pessoas. Orientador: Prof. MSc. Ubiracir Mazanek de Almeida CURITIBA 2012 2

RESUMO O seguinte artigo tem o objetivo de averiguar possíveis impactos e alterações no Clima e na Cultura Organizacional de empresas que passam por fusões e aquisições. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica e uma pesquisa de campo, através de entrevistas com 30 funcionários da empresa Arauco do Brasil S/A. O Questionário consta de 10 perguntas de múltipla escolha sendo abordadas questões referentes aos impactos causados no quadro de colaboradores após o anúncio da fusão (anúncio, benefícios, aceitação). Palavras-chave: fusão; aquisição, cultura e clima organizacional. 3

INTRODUÇÃO De acordo com Luz (2003), com a abertura da economia brasileira em meados dos anos 90, e com a entrada de produtos e empresas estrangeiras no Brasil, as empresas brasileiras passaram a conviver com o aumento da concorrência e para isso adotaram uma postura mais estratégica, onde optaram por reduzir o quadro de funcionários, preferindo a terceirização, privatizações, fusões e aquisições, dentre outras. Com essas estratégias, Luz (2003) comenta que a empresa vem aumentando as demissões e acabam gerando uma reação por parte dos empregados, eles tem agido com indiferença e não mais vestem a camisa da empresa, a tendência é que os trabalhadores permaneçam menos tempo nas empresas. Com as privatizações, fusões, aquisições, as empresas acabam tendo seus quadros reduzidos, demitindo funcionários que acabam vendo seus sonhos de estabilidade no emprego desaparecer. Muitos se adaptam rapidamente as novas regras, já outros acabam tendo resistência em se adaptar e a aceitar as novas condições, procedimentos e metodologia de trabalho. O que antes era resolvido em uma conversa informal, agora precisa ser documentado por e-mail e dependendo do tema necessita da autorização e aprovação de alguns superiores. Neste momento começam os conflitos e a resistência a este novo ambiente de trabalho, e assim o clima da organização é afetado, conforme cita Luz (2003): Toda vez que uma empresa é comprada, ou quando se funde com outra, instala-se um clima de insegurança, entre os funcionários, geralmente, as consequências dessas operações são a demissão de muitos trabalhadores e um profundo impacto na cultura da organização, pela imposição dos valores e das crenças da empresa dominante. 4

Luz (2003) cita ainda que um artigo publicado na Folha de São Paulo em 03-10-99 relata que na ultima metade dos anos 90, o numero de aquisições de empresas brasileiras por empresas estrangeiras cresceu 196,25%. Segundo a PriceWaterhouse & Coopers, 772 empresas brasileiras, sem incluir incorporações, acordos e associações, foram adquiridas pelo capital estrangeiro. Essas fusões, privatizações, aquisições e alianças vêm misturando culturas que muitas vezes podem ter valores conflitantes e pode-se observar o resultado dessas estratégias corporativas no nível de satisfação dos funcionários no ambiente de trabalho. Luz (2003) relata que se pode observar uma enorme insegurança e desconfiança em relação à permanência dos funcionários no emprego. Consequentemente o clima acaba sendo afetado por estas mudanças e os gestores e empresários estão cada vez mais atentos, principalmente a área de Recursos Humanos, onde um de seus compromissos é assegurar um clima propício a realização dos objetivos da empresa e dos funcionários. Segundo Caroline Faria, Portal Infoescola, o clima organizacional pode ser medido, também, através da percepção e alguns sintomas : quando o clima é bom, existe alegria no ambiente de trabalho, aplicação e surgimento de idéias novas, os funcionários se sentem confiáveis, engajados, e predominam atitudes positivas; já quando o clima é ruim, existe tensão, rivalidades, desinteresse, erros constantes, desobediência às ordens, falta de comunicação, alto índice de absenteísmo, greves, desperdício de materiais e alta rotatividade de funcionários. 5

DESENVOLVIMENTO Mas afinal, o que é Clima e Cultura Organizacional? Para Champion, in Luz (2003), Clima Organizacional podem ser consideradas como sendo as impressões gerais ou percepções dos empregados em relação ao seu ambiente de trabalho. O clima organizacional reflete o comportamento organizacional, ou seja, seus valores ou atitudes que afetam a maneira pela qual as pessoas ou grupos se relacionam no ambiente de trabalho. Segundo o RH Portal A definição mais usada de Clima Organizacional é a de um conjunto de propriedades mensuráveis do ambiente de trabalho percebido, direta ou indiretamente pelos indivíduos que vivem e trabalham neste ambiente e que influencia a motivação e o comportamento dessas pessoas. Clima Organizacional é o indicador de satisfação dos membros de uma empresa, em relação a diferentes aspectos da cultura ou realidade aparente da organização, tais como: políticas de RH, modelo de gestão, processo de comunicação, valorização profissional e identificação com a empresa. Segundo o RH Portal, A cultura organizacional ou cultura corporativa é o conjunto de hábitos e crenças estabelecidos através de normas, valores, atitudes e expectativas que são compartilhadas por todos os membros da organização. Em outras palavras, a cultura organizacional representa as normas informais e não escritas que orientam o comportamento dos membros de uma organização no dia-a-dia e que direcionam suas ações para o alcance dos objetivos organizacionais. No fundo, é a cultura que define a missão e provoca o nascimento e o estabelecimento dos objetivos da organização. A cultura precisa ser alinhada juntamente com outros aspectos das decisões e ações da organização como planejamento, organização, direção e controle para que se possa melhor conhecer a organização. Para Benjamin Schneider, in Luz (2003), Clima e Cultura são complementares, pois o clima é o modo como a organização indica aos funcionários 6

o que considera importante para a eficácia da organização. Também Roberto Coda, citado pelo mesmo autor, diz que clima é o indicador do grau de satisfação dos funcionários em diferente aspecto da cultura organizacional, como por exemplo, as políticas de RH, missão da empresa, comunicação, valorização do profissional, etc. De acordo com Chiavenato, in: Luz (2003), clima organizacional constitui o meio interno de uma organização, pois é o ambiente humano dentro do qual as pessoas realizam seus trabalhos. Constitui a qualidade ou propriedade do ambiente organizacional que é percebida ou experimentada pelos participantes da empresa e que influencia seu comportamento. Ainda referenciando Luz (2003), podemos observar que para diferentes autores, alguns conceitos se complementam: a) b) c) Satisfação dos funcionários: relacionando o clima ao grau de satisfação das pessoas que trabalham na organização; Percepção dos funcionários: sobre diferentes aspectos da empresa que possam influenciá-lo positiva ou negativamente. Se percebem positivamente o clima tende a ser bom, ao contrário, o clima tende a ser ruim; Cultura Organizacional: citado por alguns autores como sendo semelhantes. Isso porque a cultura influencia o clima de uma empresa. Segundo Chiavenato (1999), a cultura organizacional é o conjunto de hábitos e crenças estabelecidos através de normas, valores, atitudes e expectativas compartilhadas por todos os membros da organização. Refere-se ao sistema compartilhado que distingue a empresa das demais. O modo institucionalizado de pensar e agir. A cultura organizacional representa as percepções dos dirigentes e funcionários. Cultura da organização, para Luz (2003), influencia o comportamento dos funcionários, impactando no cotidiano da organização através de suas decisões, atribuições, formas de recompensas, e punições, estilo de liderança, a comunicação dentre outros. Ou seja, acaba reforçando o comportamento de seus integrantes, 7

determinando o que deve ser seguido ou evitado. Ela da á organização um modo particular de ser. Paulo C. Moura citado por Luz (2003), cita que Cultura Organizacional pode ser entendida como um conjunto de valores, normas e princípios sedimentados na vida organizacional, criando uma maneira peculiar de como procede àquela empresa. A Cultura pode ser aprendida, transmitida e partilhada. Chiavenato (1999) reforça que a cultura organizacional pode ser forte ou fraca. Quando os valores são compartilhados intensamente pela maioria dos funcionários é forte. A cultura representa o universo simbólico da organização e proporciona um referencial de padrões de desempenho entre os funcionarios, influenciando-os. Ela exprime a identidade da organização, é construída ao longo do tempo, aprendida, transmitida e partilhada entre os membros da organização. Alguns aspectos da cultura da organização são facilmente percebidos enquanto outros são de difícil percepção. Alguns aspectos ocultos podem ser sentimentos, atitudes, valores, interações informais, estes são os mais difíceis de compreender. Luz (2003) cita que entre clima e cultura organizacional há uma relação de causalidade, onde a cultura é a causa e o clima é consequência. Portanto as empresas devem ouvir seus funcionários através do RH, pois faz parte de sua missão proporcionar um bom clima na organização, tornando a mão de obra satisfeita e motivada. O desempenho de cada funcionário, segundo Luz (2003) é consequência de sua competência e capacitação para a atividade que realiza, também da motivação que possui para esta realização. Com estas aquisições, fusões e alianças que estão misturando as culturas empresariais, muitas vezes conflitantes, acabam contribuindo para o desgaste do clima organizacional. De acordo com Barrett (1998), é necessário avaliar a compatibilidade cultural e questões de integração de organizações envolvidas em fusões ou incorporações. Uma pesquisa realizada em trezentas grandes fusões nos últimos dez anos, realizada por Mercer Management Consulting, baseada em Nova York, mostrou que 8

nos três anos seguintes às transações, 57% das empresas que participaram das fusões ficaram para trás em termos de rendimentos. O índice de fracassos em longo prazo pode ser ainda maior. Os principais motivos da decepção com as fusões são a falta de estratégia de integração e as dificuldades em unir duas diferentes culturas corporativas. Pode-se haver problema em unir sistemas, contas, relatórios, mas o de maior relevância é o problema de integração de culturas. Segundo Barrett (1998), fusões que ocorrem entre empresas com valores e níveis de consciência semelhantes, tem maior chance de dar certo. Em seguida as empresas com cultura de nível mais alto que assumem o controle de culturas de nível mais baixo. Nestas situações os benefícios da mudança para uma cultura de nível mais alto serão atrativos para a maioria dos funcionários, mas poderão causar angústia nos gestores que operam em níveis inferiores de consciência, e que acham difícil chegar a um acordo sobre a participação dos funcionários. Com treinamentos e desenvolvimentos alguns gestores podem ser capazes de mudar para uma cultura mais elevada. Outros não conseguirão e acabarão por deixar a empresa. Drucker (2002) afirma que mudar a cultura corporativa tornou-se o último modismo em administração. O problema é como mudar, a que velocidade, e quais as suas consequências. Durante o processo de transição é necessário manter os colaboradores informados sobre as modificações que irão ocorrer e como todo o processo será conduzido, visando assim reduzir as conversas de corredor mostrando a realidade das mudanças, desta forma todos começam a conhecer a nova empresa. Durante o processo de fusão, muitas vezes as empresas não tem o cuidado com a cultura organizacional e este pode ser o fator de maior importância para o sucesso destas transições. Para Dias (2003), o clima organizacional está ligado diretamente com a Cultura Organizacional e as modificações culturais (como uma aquisição) geram expectativas ou as vezes insatisfação, reduzindo assim indicadores de clima organizacional. Quando falamos em mudança, muitos acabam demonstrando resistência, pois sabem que modificações irão ocorrer, sendo assim a empresa não será a 9

mesma depois de ser vendida, não tem como manter a rotina como se nada houvesse ocorrido. Começam a circular nas dependências da empresa novos funcionários e com isso as pessoas precisam adaptar-se a essa nova realidade. Certamente o clima será afetado de alguma maneira, os funcionários começam a preocupar-se sobre como serão os novos gestores e se permanecerão empregados. 10

PESQUISA A presente pesquisa é um estudo exploratório de natureza quantitativa. Segundo Gil (2002) a pesquisa exploratória tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, destacando-o mais. O público desta pesquisa é formado por 30 de funcionários de uma empresa do ramo madeireiro, localizada na cidade de Curitiba, com unidades em Piên e Araucária. O instrumento utilizado para coleta das informações foi um questionário de 10 questões, sendo de múltipla escolha. 11

RESULTADOS Após a tabulação das respostas obtivemos as informações, conforme apresentadas nos gráficos abaixo: 12

13

Com estes resultados, verifica-se que o clima organizacional é variável e também flexível, podendo ser modificado pelos acontecimentos no ambiente de trabalho. Percebe-se que a forma como foi anunciada a aquisição, para a maioria dos colaboradores foi clara e eficiente, somente 5% dos entrevistados demonstraram que foi confusa. Mesmo a maioria dos entrevistados ter relatado que foi clara a forma do anuncio, ainda assim, houve muita discussão e polêmica entre os colaboradores, o que faz com que reforcemos a importância de a empresa manter os colaboradores informados sobre as modificações que irão ocorrer durante todo o processo de transição, visando assim reduzir as conversas de corredor. Dentre os entrevistados, 75% demonstraram expectativa em relação ás mudanças que iriam ocorrer. Sendo assim, nota-se que a empresa conduziu o anúncio de forma positiva, informando os colaboradores sobre o processo de transição. Segundo Dias (2003), se o clima organizacional percebido pelos funcionários é de insegurança haverá um distanciamento dos funcionários com os objetivos da organização. Se o clima organizacional incentiva o diálogo haverá uma maior proximidade dos subordinados em relação a sua chefia. A questão número 7 aponta que 65% dos colaboradores disseram que o clima organizacional foi de insegurança, mas podemos concluir que esse sentimento é normal quando nos deparamos com grandes mudanças na esfera organizacional, pois os funcionários começam a preocupar-se se permanecerão empregados. Este é o momento da nova empresa começar a disseminar a sua cultura, mostrando o que tem de bom e o que isso trará de benefícios a seus colaboradores. Mesmo com a insegurança demonstrada durante o anúncio da aquisição, 90% dos entrevistados disseram que a aquisição foi vantajosa para eles. A pesquisa também mostra que 30% dos entrevistados ainda não estão totalmente integrados a nova cultura organizacional, pois cada indivíduo tem um modo de reagir diante das mudanças dentro de uma empresa, mais ainda, quando se trata de uma aquisição. Muitos se adaptam rapidamente as novas regras, já outros acabam tendo resistência em se adaptar e a aceitar as mudanças. 14

É preciso levar em conta o impacto que será esta nova administração, como serão recebidos e o choque de cultura que irá ocorrer. Daí a necessidade de priorizar as questões referentes ás pessoas, que muitas vezes não são tratadas com a atenção devida, trazendo desta forma alguns problemas não esperados no momento da aquisição. De modo geral pode-se dizer que a aquisição desta empresa, foi recebida positivamente pelos colaboradores. Certamente existem aspectos que não foram bem aceitos durante todo este processo, mas como mostra a questão número 10 que é referente às mudanças que ocorreram, as alterações realizadas desde a aquisição até o momento são motivadoras para 55% e desafiadoras para 40% dos colaboradores. Somente 5% enxergam as mudanças de forma ameaçadora. 15

CONSIDERAÇÕES FINAIS Conforme citado por Luz (2003), essas fusões, privatizações, aquisições e alianças vêm misturando culturas que muitas vezes podem ter valores conflitantes, que podem ser sentidas e observadas na incerteza e desconfiança em relação à segurança no emprego que os funcionários manifestam, acabando por interferir no clima organizacional e consequentemente nos resultados da empresa. Quando ocorre o processo de fusão de uma empresa, tanto a cultura como o clima organizacional, passam muitas vezes por mudanças. A nova administração precisa agir de forma aberta e franca, pois em função de todas as mudanças que estão ocorrendo, as pessoas ficam aflitas por não saberem o que lhes irá acontecer. Sendo assim, é necessário que todo este processo dentro da empresa seja conduzido de modo que as pessoas não se sintam prejudicadas e assim, contribuam para o sucesso de todos. Organizações não existem sem pessoas, daí a necessidade de priorizar as questões referentes aos colaboradores que muitas vezes não são tratados com a atenção devida, trazendo desta forma alguns percalços não esperados no momento da fusão. Podemos afirmar que o processo de fusão realizado na empresa Arauco do Brasil S/A, foi implantado corretamente, tendo sido realizado de forma clara e transparente. A empresa buscou orientar e informar seus funcionários sobre as mudanças que estavam ocorrendo, divulgando o processo através de sua comunicação interna, tentando evitar boatos ou rumores entre os funcionários. Podemos afirmar também, que o RH da empresa agiu ativamente no sentido de orientar os colaboradores em relação às mudanças organizacionais, onde 53% responderam ter recebido estas orientações. Aqui destacamos alguns pontos de melhorias, para novos processos que a empresa possa vir a passar. 16

Acreditamos que em relação à orientação, o processo não tenha sido completamente eficaz, pois 44% dos colaboradores alegaram não terem recebido orientações do RH. Sugerimos que para outras aquisições e fusões que a empresa possa vir a passar, busque alternativas para garantir que 100% de seus funcionários sejam orientados, pois estando melhores informados e norteados, talvez a expectativa e insegurança diminuam. Outro ponto positivo em relação às mudanças ocorridas nesta fusão, podemos perceber na questão 6, onde 100% dos entrevistados responderam que a aquisição trouxe benefícios e também na questão 8, onde 83% dos entrevistados responderam que trouxe vantagens. Sendo assim, podemos concluir que a aceitação em relação às mudanças ocorridas foi grande, pois somente 17% da população entrevistada informou que as mudanças trouxeram desvantagens. Em relação à nova cultura organizacional, acreditamos que tenha sido bem transmitida e partilhada entre os membros da organização, pois 80% dos entrevistados informaram já estarem totalmente integrados. Este é o indicador que nos mostra o grau de satisfação dos colaboradores desta empresa, estando os mesmos totalmente adaptados às normas, valores, políticas de RH, modelo de gestão, processo de comunicação, dentre outros. Somente 20% responderam que estão parcialmente integrados (3 a 5 anos após a aquisição) 17

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. BARRETT, Richard, Libertando a Alma da Empresa. Como transformar a organização numa entidade viva. São Paulo: Cultrix, 1998. 2. CHIAVENATO, Idalberto, Gestão de Pessoas. O novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 1999. 3. DIAS, R. Cultura Organizacional. Campinas, São Paulo: Alínea, 2003 4. 5. DRUCKER, P.F. O melhor de Peter Drucker: O homem a administração a sociedade. São Paulo: Nobel, 2002 GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4º. ed. São Paulo: Atlas, 2002. 6. JOHANN, S. L. Gestão da Cultura Corporativa: Como as Organizações de Alto Desempenho Gerenciam Sua Cultura Organizacional. São Paulo: Saraiva, 2004. 7. LUZ, Ricardo, Gestão do Clima Organizacional. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2003. 8. http://www.infoescola.com/administracao_/clima-organizacional/, Data da publicação: 11/05/2008 Por Caroline Faria 9. http://www.rhportal.com.br/artigos/wmview.php?idc_cad=582qebocp site acessado em: 08/05/2012 10. http://www.rhportal.com.br/artigos/wmview.php?idc_cad=cjh8hedkz site acessado em: 08/05/2012 18