MASTOCITOMA EM UM CANINO E A EXPERIÊNCIA COM A FITOTERAPIA CHINESA COMO TRATAMENTO ADJUVANTE 1

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Transcrição:

MASTOCITOMA EM UM CANINO E A EXPERIÊNCIA COM A FITOTERAPIA CHINESA COMO TRATAMENTO ADJUVANTE 1 Anaísa Fuhrmann Brudna 2, Ana Cláudia Tourrucoo 3, Cristiane Beck 4, Cristiane Elise Teichmann 5. 1 Relato de caso acompanhado durante Estágio Clinico I do curso de Medicina Veterinária da UNIJUÍ 2 Acadêmica do curso de Medicina Veterinária da UNIJUÍ, anaisafb@hotmail.com 3 Médica Veterinária na Clínica Chiquivet Especialidades Veterinárias em Caxias do Sul, chiquivet@chiquivet.com.br 4 Professora orientadora, Doutora em Medicina Veterinária do DEAg UNIJUÍ, cristiane.beck@unijui.edu.br 5 Professora orientadora, Mestre de Medicina Veterinária do DEAg UNIJUÍ, cristiane.teichmann@unijui.edu.br Introdução A expectativa média de vida dos cães aumentou devido ao fato de os proprietários cuidarem mais dos animais, prevenindo doenças através de vacinação e fornecendo dietas mais equilibradas. Entretanto, doenças que antes não eram diagnosticadas, como as neoplasias, hoje são bem frequentes na rotina clínica (NAKAJIMA, 2010). O mastocitoma representa aproximadamente de 7% a 20% das neoplasias (GRAHAM, 2008), sendo a segunda, que mais acomete os cães, depois dos tumores de mama (DE NARDI, 2002). Os mastócitos são células hematopoiéticas do tecido conjuntivo originadas de células primitivas da medula óssea, que tem, como principal função, mediar respostas inflamatórias perante antígenos exógenos. Quando são ativados, liberam histamina, heparina, proteases e outros mediadores dos grânulos citoplasmáticos pré-formados (KRANGEL e MADEWELL, 2008). O mastocitoma caracteriza-se pela proliferação anormal de mastócitos, e, geralmente, os cutâneos são massas dérmicas firmes, circunscritas, elevadas e eritematosas, muitas vezes com alopecia e ulceração (KRANGEL e MADEWELL, 2008). A etiologia do mastocitoma canino ainda é desconhecida, podendo estar associado com a inflamação crônica (THAMM et al., 2007), ou a etiologia viral (GRAHAM, 2008). O comportamento biológico do mastocitoma é avaliado de acordo com a taxa de crescimento, sinais sistêmicos, localização do tumor, estádio clínico e grau histopatológico (NEVES et al., 2012). O método de diagnóstico está associado ao histórico, exame físico, citologia de neoplasia, radiografia, ultrassonografia e histopatologia, pois são exames importantes para o estadiamento do mastocitoma, além de hemograma completo e perfil bioquímico para avaliar o estado geral do animal, sendo que é muito importante essa determinação para definir o prognóstico e protocolo terapêutico a ser usado (GRAHAM, 2008). Segundo Patnaik et al(1984) o mastocitoma pode ser classificado em grau I, II e III, sendo que para essa definição considera-se características de diferenciação e arranjos celulares, e também onde o tumor esta inserido, ou seja, tumores de grau I estão associados à derme, tumores de grau II atingem tecido dérmico e subcutâneo, e por fim, o grau III, que está inserido no subcutâneo e tecidos mais profundos. A Medicina Chinesa (MTC) tem como base o reconhecimento das leis fundamentais que governam o funcionamento do organismo e a interação com o ambiente, segundo os ciclos da natureza,

procura aplicar esta abordagem tanto ao tratamento das doenças quanto á manutenção da saúde através de diversos métodos (CHOY, 2011). Na China antiga os médicos estudavam o mundo e seu redor, então tomaram conhecimento, pela percepção, sobre as conexões entre as forças maiores da natureza e o sistema específico de órgãos internos. A partir desses estudos, desenvolveram a teoria dos cinco elementos, sendo eles: a Terra (estômago/baço e pâncreas), o Metal (pulmão e intestino grosso), a Água (rins e bexiga), a Madeira (fígado e vesícula biliar) e o Fogo (coração e pericárdio, intestino delgado). Uma vez que um desses elementos é afetado os órgãos são atingidos, e, o organismo entra em desequilíbrio. Das técnicas para o reequilíbrio, uma delas é a fitoterapia, a qual consiste no tratamento através de plantas que vem da China (SCHWARTZ, 2008). O princípio básico da fitoterapia é recuperar o equilíbrio Yin e Yang (as duas forças opostas do universo que estão em constante mutação). Estas forças percorrem e nutrem o organismo através de canais de energia chamados Meridianos. Essa área vem crescendo ultimamente, porem é algo demorado para ter aceitação já que não existe uma padronização de tratamento por contar com a interferência individual de cada organismo (SCHWARTZ, 2008). O presente trabalho tem como objetivo relatar o caso clínico de um canino diagnosticado com mastocitoma grau I, que teve como tratamento adjuvante o uso de fitoterápicos. Metodologia Foi atendido um animal da espécie canina, fêmea, sem raça definida, pesando 9,2 kg, de sete anos de idade, na Clínica Chiquivet Especialidades Veterinárias em Caxias do Sul - RS, diagnosticado através de citologia aspirativa com agulha fina (CAAF) com mastocitoma de grau I, que veio para o procedimento cirúrgico de nodulectomia. O animal já tinha realizado consultas anteriormente, sendo a primeira seis meses antes do procedimento cirúrgico, onde o proprietário relatou que a mais ou menos seis meses havia notado nódulos, um na região escapular do lado direito, e o outro nódulo, na região vulvar, e que ambos apresentava rápido crescimento. Esses nódulos foram avaliados, sendo que o encontrado na região escapular apresentava tamanho de 6x7 mm, e o nódulo da região vulvar era um pouco menor. Diante disso foi realizado o exame de punção aspirativa por agulha fina e encaminhado o material para exame citológico. Além desse, foram solicitados outros exames como eletrocardiograma, ultrassonografia, radiografia e exame de sangue com o intuito de avaliar o estado geral do animal ou a presença de metástases, já que a suspeita clínica era de neoplasia. A consulta seguinte foi realizada onze dias depois, sendo que foi indicado o uso de fitoterapia chinesa. Os fitoterápicos indicados foram: Kang Ai Ling, Xiao Huo luo Dan, Wu Wey Xiao Do Yin, Shen Tong Ju yi Tang; Os quais tem como posologia um sachê, com setenta gramas de pó fitoterápico, dividido em duas vezes ao dia, todos os dias, por período indeterminado. Os quatro tipos de sachês podem ser colocados em um mesmo recipiente e dissolvidos em água morna. Foi indicado, ao proprietário, colocar no alimento do animal, após o pó ser dissolvido, pois essa indicação tem sucesso na ingestão total. Mensalmente o animal era trazido para avaliação, e notava-se que os nódulos tumorais estavam estabilizados quando se tratava do tamanho. Porém, na quinta consulta de acompanhamento, notouse aumento de tamanho (14x13mm) no nódulo localizado região escapular. Então foi indicada a

cirurgia, para a remoção do nódulo tumoral e também, o uso de prednisona 2 mg/kg uma vez ao dia, durante vinte dias. Vinte e um dias depois da última consulta foi realizado o procedimento cirúrgico e coletado o material que foi encaminhado para o exame histopatológico, o qual confirmou mastocitoma de grau I. O animal continuou usando a fitoterapia, por mais trinta dias, depois do procedimento cirúrgico. Resultados e Discussão No câncer, a fitoterapia chinesa é escolhida visando o princípio terapêutico de eliminar a Tan (mucosidades úmidas), ou seja, eliminar acúmulos materiais ainda no estado líquido como, por exemplo, exsudatos e coleções de líquidos inflamatórios (CHOY, 2011). As ervas usadas no tratamento deste animal foram Kang Ai Ling, Xiao Huo luo Dan, Wu Wey Xiao Do Yin, Shen Tong Ju yi Tang, sendo que essas quatro formulações agem de forma especifica no organismo, porem com a mesma intenção, que seria estabelecer equilíbrio se tratando do corpo e mente deste animal (FÓRMULAS, 2012). A fórmula Kang Ai Ling, que tem como tradução Fórmula miraculosa para resistir ao câncer, associa os conceitos científicos da etiopatogenia da doença oncológica, com os conceitos tradicionais energéticos da medicina chinesa. É a base desenvolvida para tratar e prevenir qualquer doença oncológica, independente de fase evolutiva, produzindo assim, um forte efeito anticancerígeno, de maneira que fortaleça e tonifique o organismo (corpo e mente), antagonizando assim os efeitos adversos da quimioterapia e radioterapia (CHOY, 2011). Já as outras ervas fitoterápicas chinesas Xiao Huo luo Dan, Wu Wey Xiao Do Yin e Shen Tong Ju yi Tang, possuem efeitos sobre a musculatura, cuidando da dor e rigidez dos músculos e articulações, ativam a circulação além de eliminar calor e toxinas, inibem a formação de abscessos e refrescam o sangue (FÓRMULAS, 2012). O que para esse canino é necessário já que o mastocitoma é considerado um excesso de calor tóxico. A forma como são usados os fitoterápicos pode variar, desde que o animal faça a ingestão de toda a dose diária recomendada. O uso dos fitoterápicos chineses dissolvidos em água morna e colocados na comida do animal tem alto sucesso, baseado na experiência da clínica Chiquivet Especialidades Veterinárias, mas nada impede de o proprietário fornecer ao animal a fórmula dissolvida em uma seringa, direto na boca do animal. No tratamento desse canino, foi indicado também, o uso de prednisona 2mg/kg/dia nos vinte dias antecedentes a cirurgia. O motivo do uso está associado ao efeito imunomodulador relacionado a esse fármaco, pois os glicocorticoides proporcionam tanto efeito anti-inflamatório quanto imunossupressor, atuando sobre os macrófagos, linfócitos, monócitos e neutrófilos (DAGLI e LUCAS, 2006). Essas características são vistas como vantajosas perante o mastocitoma, porem os glicocorticóides, de maneira geral, apresentam vários efeitos adversos, uma vez que eles interferem no metabolismo geral do organismo. Estes compostos são capazes de reduzir a captação e utilização da glicose e aumentar a gliconeogênese, desencadeando glicemia de rebote, com conseqüente glicosúria, além de aumentar o catabolismo e reduzir o anabolismo protéico (BAVARESCO et al., 2005). A dose da prednisona de 0,5 mg/kg ou 1 mg/kg, por um período de vinte e oito dias, uma vez ao dia, usada isoladamente, tem mostrado bons resultados em mastocitomas de grau I e II (DALECK

et al., 2008). Entretanto de acordo com Krangel (2008), com a dose de prednisona de 2mg/kg/dia, porem com tempo de uso de quatro semanas, a taxa de resposta foi apenas de 20%. Tumores mais anaplásicos tem um índice metastático mais relevante, sendo maior o potencial de se disseminar por outros órgãos e tecidos, produzindo afecções sistêmicas, quando relacionados aos tumores classificados como grau I e II. Os animais com mastocitomas de grau I têm um tempo de sobrevida duas vezes maior que os que apresentarem o tumor de grau II e seis vezes maior que os acometidos com o tumor de grau III (PATNAIK et al., 1984). Quando se trata do caso deste canino, o mastocitoma foi classificado como grau I, porém já eram dois nódulos, isso indica o desequilíbrio descrito pela medicina tradicional chinesa, logo ao usar a fitoterapia associada a uma dose considerada baixa de prednisona, buscou-se o reequilíbrio e os nódulos não aumentaram de tamanho por um período de tempo, o que é bem surpreendente, já que o mastocitoma tem um comportamento imprevisível (GRAHAM, 2008). No caso deste animal, o exame citológico apresentou como resultado, o achado de núcleos irregulares, fragmentação do citoplasma, macronúcleos, anisocitose discreta, grânulos e alterações inflamatórias que sugeriam neoplasia. De acordo com a literatura, as neoplasias que tem células redondas, como no caso do mastocitoma, são facilmente diagnosticadas com o uso do exame citológico, sendo que é comum o encontro de células irregulares, com granulação evidente, o que dificulta a visualização de núcleo e citoplasma (DALECK et al., 2008) o que condiz com o exame relatado deste animal. Mesmo a citologia dando a base de diagnóstico, a biópsia é fundamental, já que é ela que indica a classificação tumoral se tratando de parênquima e do estroma da neoplasia (DALECK et al., 2008). O tratamento desse tipo de tumor, geralmente inclui o uso de cirurgia, quimioterapia e radioterapia, ou a combinação desses três procedimentos. Quanto empregada à cirurgia, os mastocitoma requerem margens de segurança amplas, a recomendação é a e excisão em bloco com margem de pelo menos três centímetros em todas as direções, incluindo a região a baixo do tumor (KRANGEL e MADEWELL, 2008). Na cirurgia desse canino, no nódulo presente na região escapular, foi possível retirar as margens de segurança de acordo com a literatura, sem interferir em outras estruturas além do subcutâneo, já que o tumor estava pequeno e não invasivo. Porem, no nódulo da região vulvar, não foi possível fazer a excisão com margem cirúrgica, já que a região de localização não permite grandes margens de segurança. Conclusões O uso de quimioterapia, radioterapia e amplos procedimentos cirúrgicos, tem muito sucesso no tratamento de mastocitoma, no entanto são métodos terapêuticos que implicam em muitos efeitos indesejáveis ao paciente com neoplasias. A fitoterapia foi escolhida como tratamento adjuvante com o intuito de promover o equilíbrio do organismo como um todo, assim, não dando chance do desenvolvimento cancerígeno e outras patologias. No caso desse canino notou-se um perfeito resultado, pois foi eficiente no sentido de reduzir e controlar o tumor, excluindo o uso de doses elevadas de glicocorticoides antes do procedimento cirúrgico. Palavras-Chave: Mastocitoma, Fitoterápicos, Tumor, Cães, Medicina Chinesa. Referências Bibliográficas

BAVARESCO, L.; ERNARDI, A.; BATTASTINI, A. M. O.; Glicocorticóides: Usos Clássicos e Emprego no Tratamento do Cancêr, Infarma, v.17, nº 7/9, 2005. CHOY, P. Journal of Traditional Chinese Medicine Nº 31, 2011, p.03-13. DAGLI, M. L. Z.; LUCAS, S. R. R. Agentes Antineoplásicos. SPINOSA, DE S. H.; GÓRNLAK, L. S.; BERNARDI, M. M.; Farmacologia Aplicada à Medicina Veterinária, 4 ed. São Paulo: Guanabara Koogran S.A, 2006. p. 667-686. DALECK, C. R.; ROCHA, N. S.; FURLANI, J.M.; CESAR. J. R.F. Mastocitoma; In : DALECK, C.R.; DENARDI, A. B.; RODASKI, S.; Oncologia em Cães e Gatos, 1 ed. São Paulo: Rocca, 2008. P. 282-289. DE NARDI, A.B.; RODASKI, S.; SOUSA, R.S.; COSTA, T.A.; MACEDO, T.R.; RODIGHERI, S.M.; RIOS, A.; PIEKARZ, C.H,; Prevalência de neoplasias e modalidades de tratamentos em cães, atendidos no Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná. Archives of Veterinary Science, v. 7, n. 2, p.15-26, 2002. Fórmulas Magistrais Chinesas. Disponível em: < http://www.cefimed.com.br/arquivos_artigos/pdf/cancer.pdf> Acessado em: 18/08/2015. GRAHAM, J.C; Sarcoma de Tecido Mole e Neoplasias de Mastócito; In: NELSON, R. W.; COUTO, C.G; Clínica de Pequenos Animais, 3 ed. São Paulo: Rocca, 2008. p. 306-315. KRANGEL, A. S.; MADEWELL, R. B.; Tumores de Pele; In: ETTINGER, S. J.; FELDMAN, E. C.; Tratado de Medicina Interna Veterinária, 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p. 555-561. 2008. LONDON, C.A.; TRAMM, H.D. Mast cell tumors. In WITHROW, S.J.; MACEVEN, E. G. Small Animal Clinical Oncology, 5 ed,v 1. Missouri: Elsevier, 2013, p. 335. NAKAJIMA, M. N. Síndromes Paraneoplásicas em Pequenos Animais. Monografia-Universidade Botucatu, 2010. NEVES, C. C.; BRACCIALI, C. S.; HATAKA, A.; FELICIANO, M. A. R. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária. Issn: 1679-7353. Ano ix, número 18, janeiro de 2012. PATNAIK, A. K.; EHLER, W. J.; MACEWEN, E. G. Canine Cutaneous Mast Cell Tumors: Morphologic Grading And Survival Time In 83 Dogs. Veterinary Pathology, n. 21, p. 469-474, 1984. SCHWARTZ, C. Quatro patas cinco direções. Um guia de Medicina Chinesa para cães e gatos. São Paulo: Ícone, 2008, p 17-92. TRAMM, D.; VAIL, D. Mast cell tumors. In WITHROW, S.J.; VAIL, D.M. Small Animal Clinical Oncology, 4 ed,. St Louis, Ed Saunders Elsevier, 2007, p. 402-424.