PROPOSTA DE APLICAÇÃO DA ANÁLISE DE CUSTOS EM MICRO E PEQUENAS EMPRESAS INDUSTRIAIS COM ÊNFASE EM DIAGNÓSTICO FINANCEIRO PARA CONCESSÃO DE CRÉDITO



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Transcrição:

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS PRISCILA JUSTUS HAMAD PROPOSTA DE APLICAÇÃO DA ANÁLISE DE CUSTOS EM MICRO E PEQUENAS EMPRESAS INDUSTRIAIS COM ÊNFASE EM DIAGNÓSTICO FINANCEIRO PARA CONCESSÃO DE CRÉDITO JOINVILLE SC BRASIL 2012

2 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS PRISCILA JUSTUS HAMAD PROPOSTA DE APLICAÇÃO DA ANÁLISE DE CUSTOS EM MICRO E PEQUENAS EMPRESAS INDUSTRIAIS COM ÊNFASE EM DIAGNÓSTICO FINANCEIRO PARA CONCESSÃO DE CRÉDITO Trabalho de Graduação apresentado à Universidade do Estado de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Engenheira de Produção e Sistemas. Orientador: Prof. José Oliveira da Silva, Dr. JOINVILLE SC BRASIL 2012

3 PRISCILA JUSTUS HAMAD PROPOSTA DE APLICAÇÃO DA ANÁLISE DE CUSTOS EM MICRO E PEQUENAS EMPRESAS INDUSTRIAIS COM ÊNFASE EM DIAGNÓSTICO FINANCEIRO PARA CONCESSÃO DE CRÉDITO Trabalho de Graduação aprovado como requisito parcial para a obtenção do título de Engenheira do curso de Engenharia de Produção e Sistemas da Universidade do Estado de Santa Catarina. Banca Examinadora: Orientador: Prof. José Oliveira da Silva, Dr. Membro: Prof. Nilson Campos, Me. Membro: Prof. Lírio Nesi Filho, Dr. Joinville (SC), 15 de Junho de 2012

4 Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás passar, para atravessar o rio da vida ninguém, exceto tu, só tu. Existem, por certo, atalhos sem números, e pontes, e semideuses que se oferecerão para levar-te além do rio; mas isso te custaria a tua própria pessoa; tu te hipotecarias e te perderias. Existe no mundo um único caminho por onde só tu podes passar. Onde leva? Não perguntes, segue-o. Nietzsche

5 AGRADECIMENTOS Agradeço a meus pais pelo suporte, apoio, por acreditarem em mim sempre e pelos sacrifícios feitos em meu benefício. Ao meu namorado, pela compreensão e pelo incentivo para ser sempre o melhor que podemos ser. Aos queridos amigos feitos nessa jornada na faculdade, obrigada pelo companheirismo e pelos momentos que guardarei para vida na memória. De forma especial, obrigada aos professores da universidade que ao longo dos anos agregaram valor a minha trajetória acadêmica e pessoal. Aos colegas de trabalho, pela compreensão e aprendizado que me proporcionaram. A todos, muito obrigada!

6 PRISCILA JUSTUS HAMAD APLICAÇÃO DA ANÁLISE DE CUSTOS EM MICRO E PEQUENAS EMPRESAS INDUSTRIAIS COM ÊNFASE EM DIAGNÓSTICO FINANCEIRO PARA CONCESSÃO DE CRÉDITO RESUMO O ambiente no qual as micro e pequenas empresas industriais nacionais se encontram inseridas está cada vez mais competitivo e essas empresas em muitos casos necessitam de aportes financeiros provenientes de instituições financeiras para garantir a manutenção de suas vantagens estratégicas. Com o posicionamento atual do governo federal de democratização do crédito e estimulo à baixa das taxas de juros as instituições financeiras, enfrentam o desafio de conceder mais, com as mesmas equipes, para atender uma demanda cada vez maior e mais exigência, com o mesmo cuidado na concessão e enfrentando uma concorrência, também, cada vez mais acirrada. O objetivo geral desse trabalho é a aplicação do conjunto de procedimentos de análise de Custo-Volume-Lucro para o diagnóstico da situação financeira de uma empresa industrial proponente de uma linha de crédito. A metodologia do trabalho se baseia em uma pesquisa bibliográfica, coleta, análise de dados, e interpretação dos resultados obtidos sob o ponto de vista da análise da concessão de crédito. Foram analisados dados de faturamento, custos e produção de um período de seis meses e, depois de aplicados os conceitos propostos, a análise gerou informações de grande relevância na análise da concessão de crédito. PALAVRAS-CHAVE: Gerenciamento de custos. Diagnóstico financeiro. Análise de crédito.

7 LISTA DE EQUAÇÕES Equação 1 - Custo unitário... 22 Equação 2 Margem de contribuição bruta... 25 Equação 3 Margem de contribuição líquida... 26 Equação 4 - Cálculo da Razão de Contribuição... 26 Equação 5 - Cálculo do Ponto de Equilíbrio... 27 Equação 6 - Margem de segurança em quantidade... 28 Equação 7 - Margem de segurança monetária... 28 Equação 8 - Margem de segurança percentual... 28

8 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Classificação de custos, adaptada de Souza e Clemente (2011)... 22 Figura 2 - Representação gráfica do ponto de equilíbrio... 27 Figura 3 - Organograma do fluxo da produção... 32 Figura 4 - Relação Custo-Volume-Lucro... 43 Figura 5 Relação Produção/Faturamento X Ponto de Equilíbrio... 45

9 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Resumo das classificações de custos... 21 Tabela 2 - Componentes do preço de acordo com o administrador... 34 Tabela 3 - Análise atual da capacidade de pagamento mensal... 35 Tabela 4 - Gastos fixos... 37 Tabela 5 - Gastos variáveisl... 37 Tabela 6 - Relação da média mensal do faturamento e da produção... 38 Tabela 7 - Custos variáveis... 39 Tabela 8 - Custo variável unitário... 39 Tabela 9 - Margem de contribuição unitária bruta... 39 Tabela 10 - Despesas variáveis... 40 Tabela 11 - Despesa variável unitária... 40 Tabela 12 - Margem de contribuição unitária líquida... 40 Tabela 13 - Razão de contribuição... 41 Tabela 14 - Ponto de equilíbrio da empresa... 41

10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 12 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA... 15 2.1 INTRODUÇÃO À ANÁLISE DE CUSTOS... 15 2.1.1 Objetivos da Análise de Custos... 16 2.1.2 Fundamentos da Análise de Custos... 17 2.2 CONCEITOS E DEFINIÇÕES... 17 2.2.1 Gasto... 18 2.2.2 Desembolso... 18 2.2.3 Custos versus Despesas... 18 2.2.4 Despesa... 19 2.2.5 Custo... 19 2.2.7 Investimento... 20 2.2.8 Lucro... 20 2.2.9 Perda... 20 2.2.10 Desperdício... 21 2.3 CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS... 21 2.3.1 Quanto à Tomada de Decisão... 22 2.3.2 Quanto à Identificação... 22 2.3.3 Quanto ao Volume de Produção... 23 2.4 SISTEMAS DE CUSTOS... 23 2.4.1 Princípios e Métodos de Custeio... 23 2.4.2 O Custeio Variável... 24 2.5 ANÁLISE CUSTO/VOLUME/LUCRO... 25 2.5.1 Margem de Contribuição... 25 2.5.2 Ponto de Equilíbrio... 27 2.5.3. Margens de Segurança... 28 3 METODOLOGIA... 29 3.1 A QUESTÃO DA PESQUISA... 29 3.2 O TIPO DE PESQUISA E A METODOLOGIA UTILIZADA... 29 3.3 COLETA E ANÁLISE DE DADOS... 29 3.4 AMOSTRAGEM... 30 3.5 LIMITAÇÕES... 30

11 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO... 31 4.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA... 31 4.1.1 O Processo Produtivo... 32 4.1.2 A Situação Atual da Análise de Custos na Empresa... 33 4.2 A ANÁLISE DE CRÉDITO ATUAL... 34 4.3 PROPOSTA DE SITUAÇÃO FUTURA... 35 4.3.1 Princípio de Custeio... 36 4.3.2 Apuração dos Gastos Fixos da Empresa... 36 4.3.3 Apuração dos Gastos Variáveis... 36 4.3.4 Cálculo da Margem de Contribuição... 38 4.3.5 Cálculo da Razão de Contribuição... 40 4.3.6 Cálculo do Ponto de Equilíbrio... 41 4.3.7. Cálculo da Margem de Segurança... 42 4.3.8. Resultados sob o Ponto de Vista da Análise para Concessão de Crédito... 42 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 46 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 48

12 1 INTRODUÇÃO As instituições financeiras que trabalham com concessão de crédito à pessoa jurídica, em particular as quais atendem especificamente às micro e pequenas empresas industriais, convivem com o questionamento de como, através do histórico financeiro e de custos de uma micro ou pequena indústria, é possível verificar a capacidade do proponente de se manter no mercado e arcar com as despesas de um empréstimo. A participação do Brasil em mercados com acordo de comércio e a diminuição de barreiras à entrada de vários produtos importados no mercado interno contribuem para que o ambiente no qual as micro e pequenas empresas nacionais se encontram inseridas fique cada vez mais competitivo. O posicionamento atual do governo federal, neste contexto, é o da democratização do crédito, estimulando a baixa das taxas de juros e facilitando a concessão. Para as instituições financeiras, esse cenário representa tanto desafios quanto oportunidades. As oportunidades são evidentes, o acesso ao crédito facilitado e barato aumenta o volume de negócios. A ocorrência de inadimplência e o aumento na demanda, no entanto, oferecem o desafio de, com a mesma equipe, menor margem de lucro e em maior quantidade, conceder crédito de forma a mitigar o risco de não obter o retorno do valor emprestado. Diante da disparidade entre o que o ambiente empresarial altamente competitivo atual exige e o comportamento dos empreendedores, existe a necessidade de se conseguir diagnosticar a situação financeira de uma micro ou pequena empresa industrial. Tanto para que o empresário possa ter consciência da saúde financeira de seu negócio, quanto para que uma instituição financeira tenha um indicador da capacidade que a empresa proponente ao crédito tem de permanecer no mercado e arcar com novos investimentos, mitigando assim o risco de uma eventual inadimplência. Dessa forma, os recursos da instituição financeira podem ser aplicados com o objetivo efetivo de fomentar o crescimento sustentável da economia, através do financiamento de investimentos viáveis e que possam gerar mais empregos. Diante desta situação, foram observadas, para o presente estudo, duas partes desse cenário. Uma agência bancária, de porte médio, de uma instituição financeira nacional agente de políticas públicas e parceira estratégica do Estado nacional e uma empresa de pequeno porte do ramo da confecção de malhas, que produz acabamentos para camisas e uniformes escolares. Ambas localizadas na cidade de Joinville, Santa Catarina.

13 Para confecção do presente trabalho foram efetuadas pesquisas bibliográficas nas áreas de gerenciamento e análise de custos, com ênfase na margem de contribuição e ponto de equilíbrio, coleta e análise de dados tanto na empresa do ramo da confecção de malhas e da agência bancária, aplicação da metodologia estudada na fundamentação teórica e discussão dos resultados. O objetivo geral desse trabalho é demonstrar a aplicação do conjunto de procedimentos de análise de custo-volume-lucro para o diagnóstico da situação financeira de uma empresa industrial proponente de uma linha de crédito. Esse trabalho possui como objetivos específicos: Efetuar a coleta de dados referente aos custos e faturamento da empresa analisada; Analisar as informações obtidas através dos conceitos de gerenciamento de custos; Interpretar os resultados no diagnóstico financeiro de uma empresa proponente de crédito. Esse estudo trabalha com a hipótese de que é possível aplicar os conceitos de análise de custo-volume-lucro como ferramentas para a concessão de crédito qualificado para uma instituição financeira que precisa, devido a uma demanda maior que a capacidade de atendimento, minimizar a possibilidade de inadimplência através de uma análise mais aprofundada da capacidade de pagamento da empresa proponente. O primeiro capítulo do trabalho é composto pela introdução que descreve o tema, a definição do problema, os objetivos gerais e específicos, a justificativa e a delimitação do trabalho. O segundo capítulo é constituído pela fundamentação teórica, que será utilizada para o desenvolvimento do trabalho, embasamento para a tomada de decisões e conhecimento para a resolução do problema. O terceiro capítulo demonstra a metodologia utilizada para a coleta e análise dos dados, com o objetivo de demonstrar o procedimento adotado para a elaboração do estudo. O quarto capítulo inicia com a apresentação da empresa em estudo, a descrição do processo produtivo e a situação atual da análise de custos. Segue com a descrição da análise da capacidade de pagamento atualmente utilizada pela instituição de crédito objeto do estudo.

14 Ainda neste capítulo são apresentados os dados coletados, a análise dos mesmos e a aplicação dos conceitos de custo sob o ponto de vista da concessão de crédito. Na sequencia, são feitas as considerações finais, demonstrando os objetivos alcançados e o balanço da aplicabilidade do estudo. Por fim, são apresentadas as referências utilizadas para a realização do presente estudo.

15 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Neste capítulo, são apresentados os conceitos de gerenciamento de custos que podem fornecer informações úteis no diagnóstico financeiro de empresas proponentes a uma linha de crédito. Lima, Egito e Silva (2004) concluem que o ambiente corporativo estabelecido pelo aprimoramento dos mercados internacionais tem forçado as empresas a se adequarem a esta nova realidade. [...] Este ambiente gerou também a necessidade de ferramentas gerenciais adequadas para uma tomada de decisão eficaz, com o conhecimento de custos ganhando mais importância nesse contexto. O conhecimento relativo aos custos é importante, dentre outras coisas, para o entendimento dos recursos consumidos nas operações das organizações. Além disso, também pode ser usado como um medidor de desempenho econômico, facilitando a tomada de decisão. 2.1 INTRODUÇÃO À ANÁLISE DE CUSTOS Segundo Bornia (2010), com o aparecimento das empresas industriais durante a Revolução Industrial, para determinar os custos dos produtos fabricados, surgiu o conceito da contabilidade de custos. Para o autor, após a Revolução Industrial, quando o setor industrial começou efetivamente a se desenvolver, o cálculo dos custos dos produtos fabricados foi ficando mais complexo, uma vez que envolviam a utilização de vários insumos (materiais, mão de obra, itens prontos, equipamentos, energia) e a análise dos custos começou a ser mais utilizada, inicialmente voltada à avaliação de inventários. Com o aumento da complexidade dos sistemas produtivos, devido ao crescimento das empresas, as informações fornecidas pela contabilidade de custos se mostraram potencialmente úteis ao planejamento gerencial, não mais se limitando à determinação contábil do resultado do período. A análise dos custos é apontada como uma ferramenta da gerência de uma empresa que pode ser usada basicamente de com dois objetivos. O primeiro é auxiliando no controle, indicando problemas ou situações não previstas através de comparações com padrões e orçamentos. O segundo é no

16 fornecimento de informações úteis para subsidiar diversos processos decisórios importantes à administração das empresas. A tomada de decisões para maximizar a criação de valor para a empresa fazendo uso de estratégias competitivas, segundo Souza e Clemente (2011), cabe ao gestor. A empresa é apontada como a entidade que congrega os agentes responsáveis pelas ações cujo objetivo é aumento da riqueza, ou seja, ela é o lócus de crescimento do capital. Assim, para ser um empreendimento atrativo em uma perspectiva de longo prazo, mantendo o investidor e também para atrair novos investidores, a empresa precisa remunerar o capital aplicado, além de mostrar perspectivas de remuneração futura. A capacidade da empresa de gerar lucros é apontada por impactar diretamente na expectativa de retorno do investimento do empreendimento. 2.1.1 Objetivos da Análise de Custos Para Megliorini (2007), os custos são determinados para que se atinjam os objetivos relacionados à determinação do lucro, ao controle das operações e à tomada de decisões. Além desses objetivos, as informações geradas pela contabilidade de custos subsidiam a determinação dos custos dos insumos aplicados na produção; a determinação dos custos das diversas áreas que compõem a empresa; as políticas de redução dos custos dos insumos aplicados na produção ou das diversas áreas que compõem a empresa; o controle das operações e das atividades; a administração, auxiliando-a na tomada de decisões ou na solução de problemas especiais; as políticas de redução de desperdício de material, tempo ocioso, entre outros, e na elaboração de orçamentos. A contabilidade de custos é indicada como ferramenta que auxilia na solução de problemas relacionados ao preço de venda; à contribuição de cada produto ou linha de produtos para o lucro da empresa; ao preço mínimo de determinado produto em situações especiais; ao nível mínimo de atividades exigido para que o negócio passe a ser viável; ao gerenciamento dos custos e a diversos problemas específicos.

17 2.1.2 Fundamentos da Análise de Custos Segundo Padoveze (2006), de forma geral, custos podem ser definidos como sendo a mensuração econômica dos recursos (produtos, serviços e direitos) adquiridos para a obtenção e a venda dos produtos e serviços da empresa. Simplificando, o custo é o valor pago por alguma coisa. Segundo Padoveze (2000) citando o Novo Dicionário da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, custo é a quantia pela qual se adquiriu algo; valor em dinheiro. Custo vem do verbo custar que, segundo o mesmo autor, é ter determinado preço ou valor; ser adquirido por certo preço ou valor. De acordo com Megliorini (2007), os custos de uma empresa resultam da combinação de diversos fatores, entre os quais: a capacitação tecnológica e produtiva relativa a processos, produtos e gestão; o nível de atualização da estrutura operacional e gerencial; e a qualificação da mão de obra. De modo geral, reflete nos custos uma série de variáveis, tanto internas como externas. Entre as variáveis internas estão o modo de operar, os comportamentos e as atitudes. Entre as variáveis externas incluem-se o nível de demanda e os preços dos insumos. [...] Para o autor, uma empresa apura seus custos com vistas ao atendimento de exigências legais quanto à apuração de resultados de suas atividades e avaliação de estoques e ao conhecimento dos custos para a tomada de decisões corretas e o exercício de controles. Para atender às exigências legais, a empresa precisa adequar seus métodos de apuração de custos aos princípios contábeis e estar em conformidade com as normas e as legislações vigentes. Já para a tomada de decisões, podem ser empregados quaisquer métodos de custeio capazes de fornecer informações que atendam às necessidades gerenciais da empresa. 2.2 CONCEITOS E DEFINIÇÕES Para Padoveze (2006) palavras como custo, despesa, consumo, gasto, dispêndio são bastante utilizadas como sinônimos. Segundo o autor, a príncipio, não há problema nisso, pois no dia-a-dia, tais termos tendem a expressar as mesmas coisas. É indicado como conveniente, no entanto, fazer uma distinção técnica entre os principais termos para esclarecer os significados em sua utilização neste trabalho. Muitas das terminologias nasceram das

18 necessidades contábeis, legais e fiscais e, por isso, têm um significado importante e podem ser mantidas para o escopo gerencial de custos. 2.2.1 Gasto Wernke (2004) utiliza o termo para definir as transações financeiras nas quais a empresa utiliza recursos ou assume uma dívida, em troca da obtenção de algum bem ou serviço. Indicado como um conceito abrangente e pode englobar os demais itens. É usado por Padoveze (2006) para definir todas as ocorrências de pagamentos ou de recebimentos de ativos, custos ou despesas. Significam receber os serviços e os produtos para consumo em todo o processo operacional, bem como os pagamentos efetuados e os recebimentos de ativos. 2.2.2 Desembolso Para Bruni e Famá (2010b), os desembolsos consistem no pagamento do bem ou serviço, independente de quando o produto ou serviço foi ou será consumido. 2.2.3 Custos versus Despesas Esses dois termos são os mais frequentemente utilizados como sinônimos, mas no contexto da análise de custos, podem ser empregados diferentemente. De acordo com Bruni e Famá (2010b), os custos vão para as prateleiras, sendo armazenados nos estoques. Já as despesas estão associadas ao período, não repercutindo diretamente na elaboração dos produtos ou serviços prestados. Para Padoveze (2006) a grande diferenciação conceitual entre custos e despesas decorre da separação primária entre empresas industriais e comerciais, e que foi adotada universalmente pela contabilidade societária e fiscal, com enfoque básico de custear os estoques de produção. A diferenciação dentre os dois termos decorre, provavelmente, da origem da contabilidade custos: a contabilidade financeira que era inicialmente usada em

19 empresas comerciais e na qual os custos relacionavam-se com as mercadorias vendidas, enquanto as despesas identificavam-se com a empresa. Ao se empregar a mesma linha de pensamento em empresas industriais, por isso, o custo de fabricação ficou identificado com as atividades fabris e as despesas continuaram relacionadas com as atividades destinadas à administração da empresa em geral, à parte comercial e à financeira. Segundo BORNIA (2010), A diferenciação entre custos de fabricação e despesas é especialmente importante na contabilidade financeira, uma vez que os custos são incorporados aos produtos (estoques), enquanto as despesas são lançadas diretamente na Demonstração do Resultado do Exercício. Na análise gerencial de custos, no entanto, essa diferenciação não é tão relevante, pois o gestor deve dispensar o mesmo tratamento a ambos no que se refere, por exemplo, à eficiência nas atividades de fabricação, da mesma forma que o faz em relação ao setor administrativo. 2.2.4 Despesa Segundo Bruni e Famá (2010), a despesa se refere a gastos administrativos ou com vendas e incidência de juros (despesas financeiras). Sendo assim, possuem característica não fabril, integrando a Demonstração de Resultado do período em que incorrem. Para Souza e Clemente (2011), elas estão associadas ao valor dos bens e serviços não diretamente relacionados com a produção de outros bens ou serviços, como honorários da diretoria, salários da administração, propaganda e publicidade, comissões de vendedores, material de escritório, entre outros. É importante, no entanto, não subestimar as despesas por esses gastos não estarem diretamente relacionados com a produção de outros bens ou serviços, pois para algumas empresas as despesas, principalmente as comerciais, são mais significativas do que os custos de produção. 2.2.5 Custo De acordo com Bruni e Famá (2010), os custos estão diretamente relacionados ao processo de produção de bens ou serviços. Diz-se que os custos vão para as prateleiras: enquanto os produtos ficam estocados, os custos são ativados, destacados na conta Estoques

20 do Balanço Patrimonial, e não na Demonstração de Resultado. Somente farão parte do cálculo do lucro ou prejuízo quando de sua venda, sendo incorporados, então, à Demonstração do Resultado e confrontados com as receitas de vendas. 2.2.7 Investimento Para Padoveze (2006) são os gastos efetuados em ativos ou despesas e custos que serão imobilizados ou diferidos e que irão beneficiar a empresa em períodos futuros. Segundo Wernke (2004) é o valor dos insumos adquiridos pela empresa não utilizados no período, os quais poderão ser empregados no futuro. Na ocasião da compra, a empresa desembolsa recursos com o objetivo de obter um retorno futuro na forma de produtos fabricados. De acordo com Souza e Clemente (2011) os investimentos podem ser vistos como todo aporte de capital necessário para que a empresa se mantenha competitiva ou para aumentar a sua rentabilidade. Levando em consideração que o objetivo da empresa é maximizar o fluxo de lucros presentes e futuros, a expectativa sobre esse fluxo de lucros manterá os atuais investidores e atrairá novos investimentos. 2.2.8 Lucro Souza e Clemente (2011) definem lucro como o indicador da eficiência dos gestores de fazer o capital dos proprietários crescerem e perpetuar sua fonte de remuneração. De forma geral, o lucro de determinado período é tudo o que se pode tirar da empresa de tal forma que, ao final do período, ela esteja em situação idêntica à que estava no início. 2.2.9 Perda Segundo Padoveze (2006), é o resultado de situações desfavoráveis imprevistas, situações excepcionais que fogem à normalidade. Não são considerados operacionais e não fazem parte dos custos de fabricação dos produtos.

21 Para Bornia (2010), muitas vezes designa o trabalho que aumenta os gastos e não agrega valor ao produto, o gasto não eficiente. 2.2.10 Desperdício Bornia (2010) considera desperdício um conceito mais amplo do que o anterior por abranger, além das perdas anormais, as ineficiências normais do processo. É o esforço econômico que não agrega valor ao produto da empresa e nem serve para suportar diretamente o trabalho efetivo. 2.3 CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS Bornia (2010) indica que a primeira distinção a ser feita é entre os custos totais e os custos unitários. O custo total é o montante despendido no período para se fabricarem todos os produtos, enquanto que o custo unitário é o custo para se fabricar uma unidade do produto. A equação 1 exemplifica esse conceito. Custos unitário = custo total produção (1) Entre as diversas classificações de custos existentes, as de maior aplicabilidade gerencial são as que segregam os custos conforme a tomada de decisão, identificação e volume de produção. A Tabela 1 exemplifica esse conceito: 1- Resumo das classificações de custos Classificação Categorias Quanto à tomada de decisão Relevante Não relevante Quanto à identificação Direto Indireto Quanto ao volume produzido Variáveis Fixos Bornia (2010)

22 2.3.1 Quanto à Tomada de Decisão Segundo Bornia (2010), custos relevantes são aqueles que se alteram dependendo da decisão tomada e custos não relevantes são os que independem da decisão tomada. Assim os custos realmente importantes como subsídio à tomada de decisão são os relevantes, os outros não precisam ser considerados. Essa classificação é feita considerando-se uma única decisão a ser tomada, sendo válida apenas para aquela decisão. 2.3.2 Quanto à Identificação Souza e Clemente (2011), a classificação de uma espécie de custos em direto ou indireto depende da forma de utilização do recurso, isto é, depende do processo de produção. A Figura 1 exemplifica como os custos diretos são os gastos facilmente apropriáveis às unidades produzidas, ou seja, são aqueles que podem ser identificados como pertencentes a este ou àquele produto. Figura 1 - Classificação de custos, adaptada de Souza e Clemente (2011)

23 De acordo com MEGLIORINI (2007), a regra básica para essa classificação é: se for possível identificar a quantidade do elemento de custo aplicada no produto, o custo será direto. Se não for possível identificar essa quantidade, o custo será indireto. 2.3.3 Quanto ao Volume de Produção Souza e Clemente (2011) classificam os custos em relação ao volume de produção como fixos ou variáveis. Custos variáveis são todos os custos que variam proporcionalmente ao nível de atividade. Esses custos dependem do nível de atividades (volume produzido ou volume vendido) por período. Nessa categoria estão incluídos os materiais diretos, os materiais auxiliares, as utilidades (energia, vapor, insumos de processo entre outros). Se a mão de obra direta for remunerada em função do tempo (semana, quinzena, mês) e não em função do volume produzido, então deve ser considerada como custo fixo. São considerados fixos todos os custos que periodicamente oneram a empresa independentemente do nível de atividade. 2.4 SISTEMAS DE CUSTOS 2.4.1 Princípios e Métodos de Custeio Bornia (2010) indica que a análise de um sistema de custos pode ser efetuada sob dois pontos de vista. No primeiro se observa se o tipo de informação gerada é adequado às necessidades da empresa e quais as informações importantes que deveriam ser fornecidas. Essa discussão está intimamente relacionada com os objetivos do sistema, pois a relevância das informações depende de sua finalidade. Assim o que é importante para uma decisão pode não ser válido para outra. A análise do sistema, sob este enfoque, é chamada pelo autor de princípio de custeio. A outra visão no estudo do sistema diz respeito à parte operacional do sistema, ou seja, a como os dados são processados para a obtenção das informações. Segundo Bornia (2010), de modo geral, o cálculo dos custos se dá através da divisão dos custos associados a cada produto pelas quantidades produzidas. A classificação dos custos em diretos e indiretos é importante para tanto, uma vez que a análise dos custos diretos é

24 simples, enquanto que os indiretos demandam procedimentos mais complexos. A alocação dos custos aos produtos é feita através de métodos de custeio. Antes de se alocar os custos aos produtos, no entanto, é necessário analisar qual é a parcela desses custos que deve ser considerada. A diferenciação dos custos em fixos e variáveis e a separação dos desperdícios da parcela ideal dos custos são utilizadas para a identificação dos princípios de custeio. Os princípios de custeio, em geral, estão fortemente relacionados com os próprios objetivos da análise dos custos, que podem ser a avaliação de estoques, o auxílio ao controle e o auxílio à tomada de decisões. Um dos objetivos de um sistema de custos apontado por Bornia (2010), é o auxilio à tomada de decisões, quando as informações geradas pelo sistema de custos são utilizadas para apoiar o processo decisório da empresa. As mesmas informações que auxiliam o controle podem propiciar importante ajuda para o processo de planejamento da empresa. Além disso, decisões como terceirização de itens e compra de equipamentos, entre inúmeras outras, encontram grande apoio em informações de custos. 2.4.2 O Custeio Variável Para Megliorini (2007), enquanto o custeio por absorção é estruturado para atender às disposições legais, por exemplo, o custeio variável é estruturado para atender à administração da empresa. Através dele, obtém-se a margem de contribuição de cada produto, linha de produtos, clientes, entre outros, o que permite aos gestores utilizá-la como ferramenta no processo decisório. Esse método inclui ações como: Identificar os produtos que contribuem mais para a lucratividade da empresa Determinar os produtos que podem ter suas vendas incentivadas ou reduzidas e aqueles que podem ser excluídos da linha de produção; Identificar os produtos que proporcionam maior rentabilidade quando existem fatores que limitam a produção (gargalos), permitindo o uso mais racional desses fatores; Definir o preço dos produtos em condições especiais, por exemplo, para ocupar eventual capacidade ociosa; Decidir entre comprar e fabricar; Determinar o nível mínimo de atividades para que o negócio passe a ser rentável;

25 Definir, em uma negociação com o cliente, o limite de desconto permitido. De acordo com o custeio variável, os custos fixos não são apropriados aos produtos. Vários motivos contribuem para isso, entre eles o fato de os custos fixos serem mais necessários para manter a estrutura da produção do que os custos decorrentes dos produtos em fabricação. Por esse método de custeio, os produtos receberão somente os custos decorrentes da produção, isto é, os custos variáveis. Os custos fixos, por não serem absorvidos pela produção, serão tratados como custos do período, indo diretamente para o resultado do exercício. 2.5 ANÁLISE CUSTO/VOLUME/LUCRO Bornia (2010) defende que na utilização dos custos para auxílio à tomada de decisões, a previsão ou o planejamento do lucro da empresa é ponto importante. Um conjunto de procedimentos, denominados análise de custo-volume-lucro, determina a influência no lucro provocada por alterações nas quantidades vendidas e nos custos. Na verdade, os fundamentos da análise de custo-volume-lucro estão intimamente relacionados ao uso de sistemas de custos para auxílio às tomadas de decisões de curto prazo, característica do custeio variável. 2.5.1 Margem de Contribuição Para Megliorini (2007), os produtos, ao serem fabricados, geram custos variáveis. Depois, ao serem comercializados, geram certas despesas, também variáveis, como comissões, fretes, seguros, entre outros. Assim, há custos e despesas que ocorrem em virtude da produção e da venda: são os custos e as despesas variáveis. Segundo Bornia (2010), a análise de Custo/Volume/Lucro está intimamente relacionada com os conceitos de margem de contribuição unitária, ou contribuição marginal, e razão de contribuição. Na verdade, quase todas as aplicações de custos para decisões de curto prazo embasam-se nesses conceitos. A margem de contribuição é definida como o montante da receita diminuído dos custos variáveis.

26 A equação 2 demonstra o cálculo da margem de contribuição bruta, que espelha o potencial de geração de resultados da área industrial antes do ressarcimento dos custos fixos. MCb = PV CV (2) Onde: MCb = margem de contribuição PV = preço de venda CV = custos variáveis A equação 3 demonstra o cálculo da margem de contribuição líquida. MCl = PV (CV DV) (3) Onde: MCl = margem de contribuição líquida PV = preço de venda CV = custos variáveis DV = despesas variáveis Souza e Clemente (2011) defendem que o conceito de Margem de Contribuição Líquida pode ser entendido como o excedente da receita em relação ao custo variável e a despesa variável, teoricamente destinado à formação de um fundo para o pagamento dos custos fixos e das despesas fixas. Segundo os autores, a vantagem da utilização da Margem de Contribuição Líquida é que enquanto o preço de venda e o custo variável não se alterarem ela permanecerá constante, facilitando seu uso para projeções e orçamentação. A margem de contribuição unitária, analogamente, é o preço de venda menos os custos variáveis unitários do produto. A margem de contribuição unitária representa a parcela do preço de venda que resta para a cobertura dos custos e despesas fixos e para a geração do lucro, por produto vendido. A empresa só começa a ter lucro quando a margem de contribuição dos produtos vendidos supera os custos e as despesas fixos do exercício. Bornia (2010) define a razão de contribuição como a margem de contribuição dividida pela receita ou a margem de contribuição unitária dividida pelo preço de venda. Representa igualmente a parte das vendas que cobrirá os custos fixos e originará o lucro, porém em

27 termos percentuais, isto é, representa a parcela com que cada unidade monetária obtida com a venda dos produtos contribuirá para cobrir os custos fixos ou para formar o lucro. A equação 4 demonstra o cálculo da razão de contribuição. Razão de Contribuição = Margem de Contribuição Unitária/Preço (4) 2.5.2 Ponto de Equilíbrio Segundo Souza e Clemente (2011), o ponto de equilíbrio corresponde à quantidade mínima a ser produzida e vendida, em certo período, para que todos os custos operacionais sejam ressarcidos. De dedução algébrica simples, pode ser calculado conforme a Equação 5: PE = Custos e despesas fixos PV unitário ( ) Custos e despesas variáveis unitários PE= Custos e despesas fixos Margem de contribuição unitária (5) Segundo Bornia (2010), a representação gráfica do ponto de equilíbrio é feita inserindo a receita e os custos totais num plano cartesiano, onde a abscissa representa a quantidade vendida: Figura 2 - Representação gráfica do ponto de equilíbrio

28 Onde: Q = ponto de equilíbrio em unidades físicas R = ponto de equilíbrio em unidades monetárias CF = custos fixos p = preço de venda 2.5.3. Margens de Segurança Para Bruni (2010b), as margens de segurança apresentam o quanto a empresa pode perder em vendas, expressas em quantidade ou unidades monetárias, sem ultrapassar para baixo o ponto de equilíbrio. Algebricamente, pode ser expressa como Margem de Segurança em Quantidade, em Unidades Monetárias ou em Percentual. A equação 6 demonstra o cálculo da margem de segurança em unidades de produção, a equação 7 demonstra o cálculo da margem de segurança em unidades monetárias e a equação 8 demonstra o calcula da margem de segurança em percentual: Margem de Segurança (un.) = Vendas (un.) Ponto de Equilíbrio (un.) (6) Margem de Segurança ($) = Vendas ($) Ponto de Equilíbrio ($) (7) Margem de Segurança (%) = [Vendas ($) Ponto de Equilíbrio ($)] /Vendas ($) (8)

29 3 METODOLOGIA A metodologia utilizada foi o estudo de caso e a pesquisa bibliográfica e dentre as técnicas de pesquisa estão o questionário não estruturado com pessoas-chave e a observação. 3.1 A QUESTÃO DA PESQUISA Esse estudo de caso tem por objetivo responder a seguinte pergunta de pesquisa: Como, através do histórico financeiro e de custos de uma empresa, uma agência de uma instituição financeira pode verificar a capacidade do proponente de se manter no mercado e arcar com as despesas de um empréstimo? 3.2 O TIPO DE PESQUISA E A METODOLOGIA UTILIZADA Para confecção do presente trabalho foi efetuada a pesquisa bibliográfica focada no gerenciamento de custos. O estudo de caso foi efetuado objetivando identificar as necessidades de uma instituição financeira que concede crédito à pessoa jurídica de ter uma visão mais confiável da situação financeira de uma micro ou pequena empresa. Os conceitos de ponto de equilíbrio e margem de contribuição, abordados na pesquisa bibliográfica, foram aplicados ao diagnóstico financeiro da empresa do ramo da confecção de malhas, que produz acabamentos, como golas e punhos, para confecções e uniformes escolares. 3.3 COLETA E ANÁLISE DE DADOS Na coleta dos dados, foi efetuada a pesquisa de informações de documentos e relatórios internos da empresa como históricos de vendas, gastos e através de entrevistas e acompanhamento do administrador. Também foi efetuada a observação do sistema produtivo e pesquisa nos arquivos internos nos documentos fiscais da empresa.

30 3.4 AMOSTRAGEM A análise de crédito que é efetuada na agência bancária do estudo é limitada às informações de médias mensais dos últimos seis meses imediatamente anteriores ao da avaliação de crédito dos gastos com fornecedores, serviços de terceiros, despesas de pessoal, despesas administrativas, despesas comerciais e tributárias e despesas gerais, além do faturamento. De forma a melhor se adaptar à realidade de uma agência bancária concessora de crédito à pessoa jurídica, a coleta dos dados na empresa estudada se concentrou no período de novembro de 2011 a abril de 2012. 3.5 LIMITAÇÕES Uma limitação encontrada durante o estudo de caso é a confiabilidade restrita em relação à precisão dos registros históricos feitos pela administração.

31 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA O estudo foi desenvolvido junto a uma pequena empresa, estabelecida na Zona Industrial Norte da cidade de Joinville-SC. Sua atividade é a fabricação de acabamentos de malha, como golas e punhos, para confecções e uniformes escolares. Não possui filial e atua no mercado interno. Possui 14 funcionários, sendo um deles um técnico mecânico, responsável pela manutenção do maquinário. A empresa possui dois sócios que se encarregam da área administrativa. O capital social é de R$ 100.000,00 e o faturamento do exercício de 2010 foi de R$ 1.136.123,20. Em 1992, iniciaram as atividades da empresa estudada, cujo objetivo era a representação comercial com a venda de fios têxteis. Em 1998, com a chegada de três teares retilíneos, é que se iniciou a realização dos primeiros trabalhos de tecelagem. Em dezembro de 1999, em sua quarta alteração contratual, a empresa alterou sua atividade principal para indústria e comércio atacadista de malhas. O terreno onde a empresa está instalada é propriedade do sócio administrador. De acordo com a prefeitura, esse terreno encontra-se em área rural. Existe, atualmente, um pedido dos proprietários da área para modificar esse enquadramento e a perspectiva do proprietário é de que isso aconteça em breve. Após tal alteração, o administrador pretende investir na ampliação de sua empresa, construindo um galpão maior, melhor estruturado, que comporte a aquisição de novos equipamentos. Para tal investimento, o empresário irá necessitar de financiamentos, tanto para a construção do novo galpão quanto para a aquisição dos novos equipamentos. Para que os empréstimos que serão pleiteados se enquadrem em linhas de crédito subsidiadas pelo governo (como é o caso de linhas de financiamento que utilizam recursos do BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, como o FINAME ou recursos do FAT Fundo de Amparo ao Trabalhador, como o PROGER Programa de Geração de Emprego e Renda que oferecem taxas de juros abaixo de 1% ao mês) é necessária à apresentação de um plano de negócios que demonstre a capacidade da empresa de arcar com os custos do investimento.

32 Existem profissionais especializados na confecção de planos de negócio que objetivem a aprovação de crédito. Esses profissionais, no entanto, cobram valores não inferiores a 2% do valor do projeto analisado para fazer esse trabalho. Tal valor é, em geral, considerado muito alto para os empresários de micro e pequenas empresas. A demonstração do ponto de equilíbrio da empresa, por meio do custeio variável, oferece à instituição de crédito concessora um panorama da situação financeira do proponente, viabilizando uma concessão de crédito com maior probabilidade de gerar emprego e renda, além de diminuir a probabilidade de uma eventual inadimplência. 4.1.1 O Processo Produtivo Atualmente, a empresa é especializada na industrialização de acessórios que compõem artigos de confecção como golas, punhos, faixas, cós, decotes, entre demais produtos, tendo clientes em vários estados, na área de confecções e produtos de malhas. A estrutura que a empresa possui permite atender a uma grande demanda em quantidade, desenvolvimento e novos produtos e principalmente em qualidade. A empresa recebe a matéria prima do cliente contratante e industrializa os fios na confecção das peças, que são vendidas por Kg. Primeiramente os fios são tecidos para as golas e punhos nos teares. A empresa possui 27 teares, sendo oito simples e 19 duplos das marcas Shima Seiki, Stoll e Matsuya, instalados em uma área de 700m² cedida pelos sócios. As peças são tecidas em grandes faixas contínuas Tecelagem retilínea que são enviadas para a separação. Cada peça é separada da anterior por um fio termodegradável que, no processo de separação por vapor, se desfaz, permitindo a individualização das peças. Essas então são soldadas nas laterais para não desfiarem. A Figura 3 ilustra o caminho da matéria prima pelo processo produtivo. Figura 3 - Organograma do fluxo da produção

33 Os teares que a empresa possui são eletrônicos, com recursos de jacquard e minijaquard, que oferecem flexibilidade para desenvolver e produzir os mais complexos produtos, entre eles, golas personalizadas, intarsia, gola diminuída, jacquard, entre outros. O sistema de controle de qualidade da empresa é reconhecido pelos clientes. Todos os processos são acompanhados para garantir a qualidade desde a entrada da matéria-prima recebida do cliente até a entrega. O objetivo desse acompanhamento é assegurar a confecção de produtos sem defeitos, evitando o retorno de mercadoria e consequentes desgastes desnecessários com os clientes. 4.1.2 A Situação Atual da Análise de Custos na Empresa Para a tomada de decisão a empresa utiliza as informações contidas em tabelas de informações históricas do funcionamento da empresa e as informações do mercado em que atua. Não existe hoje na empresa uma análise dos custos que incorrem na produção. Isso torna essa empresa um exemplo não comum na realidade atual de mercado, uma vez que a mesma existe a mais de 18 anos e com um faturamento que faz com que quase não trabalhe com recursos de terceiros. Para formar o preço que cobra pelo quilograma do produto industrializado, o administrador estabeleceu, através de comparações com empresas concorrentes que seus teares podem cobrar R$ 230,00 por dia de trabalho. Cada unidade de tear (no caso dos teares duplos são consideradas duas unidades) pode industrializar uma média de 50 kg de produto acabado por dia, de acordo com o gestor. Ao preço cobrado, o administrador acresce uma parcela de 10% do custo de industrialização (como o administrador chama o custo em que incorrem seus clientes para utilizar seus teares), referente ao que chama de quebra. Valor que, segundo o empresário é gasto nas trocas de turnos e eventuais pausas na produção. Para cada quilograma de produto acabado, o administrador informou que, através de levantamento efetuado em períodos anteriores ao presente estudo, gasta em média R$ 0,40 em insumos da produção como agulhas para reposição nos teares, lubrificantes, fio de separação, parafinas e etiquetas, por quilograma de produto acabado. A tabela 2 lista os componentes do preço do produto acabado da empresa, de acordo com o administrador da mesma:

34 2 Componentes do preço de acordo com o administrador da empresa Custos de utilização da unidade detecelagem/dia R$ 230,00 Produção de uma unidade de tecelagem kg/dia 50 Custo de industrialização R$ 4,60 Quebra (10% do custo de industrialização) R$ 0,46 Insumos da produção/kg de produto acabado R$ 0,40 TOTAL R$ 5,46 Dessa forma, o administrador da empresa adota a política de preços de que R$ 6,01 é o menor valor ao qual pode chegar em uma negociação para que obtenha um lucro mínimo de 10% em seu processo de industrialização. 4.2 A ANÁLISE DE CRÉDITO ATUAL O sistema (software) de análise de risco de crédito utilizado pela instituição financeira é o responsável por gerar um número sequencial que permite a contratação de uma determinada operação de crédito. Caso a empresa proponente, ou algum de seus sócios, apresentem registro em cadastros restritivos ao crédito, o sistema bloqueia a concessão. Esse sistema também busca as informações de comprometimentos em instituições de crédito, através de pesquisa ao sistema do Banco Central (toda operação de crédito de valor acima de R$ 5.000,00, seja com pessoa física ou jurídica, efetuada no âmbito do Sistema Financeiro Nacional, deve ser informada, pela instituição de crédito ao Banco Central). O valor das amortizações devidas verificadas nesta pesquisa automática é descontado da capacidade de pagamento mensal calculada pelo sistema. Para chegar ao valor da capacidade de pagamento mensal do proponente, após inúmeras avaliações, dos mais diversos tipos de micro e pequenas empresas, verificou-se que o valor liberado para contratação (a capacidade de pagamento mensal) é o resultado da subtração da média mensal dos gastos incorridos na empresa da média do faturamento dos últimos 6 meses da proponente. A tabela 3 ilustra como a instituição financeira chega ao valor da capacidade de pagamento mensal da empresa proponente ao crédito (seja para a contratação de um capital de giro, seja para a contratação de uma linha de investimento, para aquisição de máquinas ou equipamentos, por exemplo):

35 3 Análise atual da capacidade de pagamento Faturamento mensal Despesas de pessoal + encargos Despesas administrativas (pró-labore dos sócios + encargos) Serviços de terceiros (contador, outros honorários profissionais) Despesas comerciais e tributárias (marketing, comissões, IPTU/IPVA) Despesas gerais (água, luz, telefone, combustível, outros) Fornecedores Capacidade de pagamento mensal = x (a + b + c + d + e + f) x a b c d e F Caso a empresa objeto da análise possua parcelamento de impostos, o valor referente a essas amortizações é lançado manualmente a parte no sistema de análise de crédito para que seus valores sejam descontados da capacidade de pagamento mensal. 4.3 PROPOSTA DE SITUAÇÃO FUTURA No cotidiano de uma agência bancária de médio porte, situada na região de Joinville, em Santa Catarina, a realidade é que a demanda, ou a quantidade de empresas que procuram crédito, com a atual política governamental de diminuição das taxas de juros e democratização ao crédito tem aumentado em grande volume. Com a necessidade da mitigação do risco de inadimplência, altamente prejudicial ao resultado de uma agência bancária devido à baixa remuneração, é necessária a qualificação da concessão de crédito. Normativamente, para toda abertura de conta na instituição financeira cuja agência é objeto de estudo, o gerente da carteira de crédito necessita efetuar uma vistita à empresa, mesmo que não haja, por parte da empresa, a intenção da contratação de uma operação de crédito. Tal medida visa evitar crimes de lavagem de dinheiro. A primeira alteração proposta na análise de crédito comercial é o incremento no formulário de visitas que, atualmente, solicita apenas as informações citadas no item 4.2 deste trabalho. Somando-se aos questionamentos de custos atuais, o diagnóstico da situação financeira da proponente é realizado de forma a levantar os gastos fixos e variáveis da

36 empresa objetivando o cálculo da margem de contribuição, da razão de contribuição e do ponto de equilíbrio da empresa. 4.3.1 Princípio de Custeio Conforme abordado na fundamentação teórica, para Megliorini (2007), o princípio do custeio variável é o que melhor se adapta as micro e pequenas empresas por fornecer informações gerenciais para planejamento, controle e tomada decisões a curto prazo, com custo baixo e de simples operacionalização. 4.3.2 Apuração dos Gastos Fixos da Empresa Conforme visto na fundamentação teórica, Souza e Clemente (2011) afirmam se a mão de obra direta for remunerada em função do tempo (semana, quinzena, mês) e não em função do volume produzido, então deve ser considerada como custo fixo. A empresa apresenta essa particularidade. Independente do volume de produção, a folha de pagamento da mão de obra direta não varia. Através de pesquisas nos registros históricos de gastos mantidos pelo administrador da empresa, foram levantados os gastos fixos que incorrem na empresa conforme a tabela 4: 4.3.3 Apuração dos Gastos Variáveis Após a identificação dos custos fixos da empresa, é necessário relacionar os gastos variáveis por unidade de produção. No caso da empresa em estudo, a produção é quantificada em kg. De forma análoga a apuração dos gastos fixos, a média dos gastos variáveis que incorrem na produção dos produtos da empresa, foi obtida através de pesquisa nos registros históricos da empresa, além do acompanhamento e estudo do processo produtivo. A tabela 5 relaciona tais gastos:

37 4 - Gastos fixos GASTOS FIXOS (média últimos 6 meses) CUSTO DESPESA Descrição Valor Descrição Valor Aluguel R$ 5.000,00 MOD R$ 18.104,67 Aluguel Máquinas R$ 5.000,00 IR R$ 126,82 Contador R$ 800,00 GPS R$ 2.273,33 Pró-labore sócio R$ 5.000,00 FGTS R$ 1.570,00 Seguro R$ 1.133,71 Sindicato R$ 220,16 Diarista R$ 300,00 Manutenção R$ 14.950,00 Materiais de escritório R$ 170,00 Materiais de limpeza R$ 170,00 Alimentação (copa) R$ 200,00 Telealarme R$ 400,00 Saúde R$ 815,16 Software (licenças e atualizações) R$ 405,50 Ajorpeme R$ 73,50 Internet R$ 100,00 Outros R$ 200,00 Telefone fixo R$ 200,00 Telefone móvel R$ 170,00 Água R$ 80,00 Total dos Custos Fixos:R$ 37.244,98 Total das Despesas Fixas:R$ 19.084,16 Total dos Gastos Fixos:R$ 56.329,14 5 - Gastos variáveis GASTOS VARIÁVEIS nov/11 dez/11 jan/12 fev/12 mar/12 abr/12 TOTAL MÉDIA (R$) Simples 7196,82 5905,3 4169,18 8591,44 8914,45 11285,22 R$ 46.062,41 7677,07 Fio separação 1225,00 1225,00 1225,00 1225,00 1225,00 1225,00 R$ 7.350,00 1225,00 Frete 1176,00 685,00 508,00 1278,00 1198,00 1225,00 R$ 6.070,00 1011,67 Parafinas 984,00 984,00 984,00 984,00 984,00 984,00 R$ 5.904,00 984,00 Escovinhas 290,00 290,00 290,00 290,00 290,00 290,00 R$ 1.740,00 290,00 Agulhas 1618,00 1618,00 1618,00 1618,00 1618,00 1618,00 R$ 9.708,00 1618,00 Tinta id. Rolos 96,00 96,00 96,00 96,00 96,00 96,00 R$ 576,00 96,00 Etiquetas 82,00 82,00 82,00 82,00 82,00 82,00 R$ 492,00 82,00 Lubrificantes 1386,00 1386,00 1386,00 1386,00 1386,00 1386,00 R$ 8316,00 1386,00 Energia elétrica 5175,00 4276,00 4561,00 1626,00 5439,00 6273,00 R$ 27.350,00 4558,33 TOTAL R$ 113.568,40 18928,07