EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA PARA SURDOS. Acessibilidade de plataformas virtuais de aprendizagem

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA PARA SURDOS Acessibilidade de plataformas virtuais de aprendizagem

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Elaborado por Sônia Magalhães Bibliotecária CRB9/1191 Editora e Livraria Appris Ltda. Rua General Aristides Athayde Jr., 1027 Bigorrilho Curitiba/PR CEP: 80710-520 Tel: (41) 3203-3108 - (41) 3030-4570 http://www.editoraappris.com.br/ Printed in Brazil Impresso no Brasil

Marcelo Lúcio Correia de Amorim Fernando Fonseca de Souza Alex Sandro Gomes EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA PARA SURDOS Acessibilidade de plataformas virtuais de aprendizagem Curitiba - PR 2016

Editora Appris Ltda. 1ª Edição - Copyright 2016 dos autores Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda. Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98. Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores. Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010. EDITORIAL COMITÊ EDITORIAL ASSESSORIA EDITORIAL COORDENAÇÃO - ARTE E PRODUÇÃO DIAGRAMAÇÃO FICHA TÉCNICA CAPA REVISÃO WEB DESIGNER GERENTE COMERCIAL LIVRARIAS E EVENTOS ADMINISTRATIVO Augusto V. de A. Coelho Marli Caetano Sara C. de Andrade Coelho Andréa Barbosa Gouveia - Ad hoc. Edmeire C. Pereira - Ad hoc. Iraneide da Silva - Ad hoc. Jacques de Lima Ferreira - Ad hoc. Marilda Aparecida Behrens - Ad hoc. Bruna Fernanda Martins Adriana Polyanna V. R. da Cruz Thamires Santos Ana Celise Ribeiro da Silva Carlos Eduardo H. Pereira Eliane de Andrade Estevão Misael Milene Salles Selma Maria Fernandes do Valle

À Comunidade Surda!

PREFÁCIO Existem muitas tecnologias que visam ajudar o desenvolvimento do ser humano. Estas estão tão presentes em nosso cotidiano que muitas vezes não conseguimos perceber a sua importância social, especialmente se considerarmos o dia a dia das pessoas com necessidades específicas. Essa miopia, infelizmente, não nos permite ver claramente as necessidades particulares desses indivíduos, que encontram nestas ferramentas um apoio para realizar coisas que fazemos corriqueiramente, como compreensão e produção de conteúdo. Neste contexto, o desenvolvimento de interfaces gráficas acessíveis é um tema que tem muita relevância social, tecnologia e acadêmica, pois envolve muitos desafios nessas três áreas. Falar sobre esses desafios e apontar direções para superá-los não é uma atividade trivial. Neste livro, de forma clara e objetiva, Marcelo Amorim apresenta um rico material, o qual versa sobre pontos como: i) a experiência de surdos com a linguagem e com a tecnologia da web; ii) os principais desafios relacionados à navegação e ajuda contextual na experiência de surdos; e iii) a proposição e avaliação de estilos de interação para tornar mais eficiente as tarefas de navegação e interpretação de ajuda contextual para usuários surdos em sistemas para gestão de aprendizado (do inglês, Learning Management System ou LMS). Vale destacar que todos estes pontos são abordados de forma leve, mas com o rigor que se espera de uma obra.

Em resumo, o livro contém um conjunto expressivo de informações e que visa levar o leitor a fazer uma reflexão sobre acessibilidade em interfaces gráficas de plataformas LMS para usuários surdos. Boa leitura! Robson Fidalgo Professor e Coordenador do Núcleo de Tecnologia Assistiva de Pernambuco Universidade Federal de Pernambuco

APRESENTAÇÃO Com o uso das tecnologias, as pessoas ganham um espaço no qual podem romper as barreiras e reduzir os problemas de comunicação, porque além de ter um lugar para expor suas ideias, tais recursos melhoram a capacidade de expressar seus pensamentos. A comunicação torna-as mais descontraídas e participativas, facilitando o processo de sociabilidade e consequentemente a sua inclusão na sociedade. A audição é um sentido importante e sua ausência pode provocar sérias dificuldades no desenvolvimento individual-social. Porém, se as peculiaridades dos surdos forem respeitadas, e se lhes for oferecida educação que respeite sua condição, podem se desenvolver perfeitamente. Dentro desse contexto, é necessário considerar a importância da língua de sinais para a educação e desenvolvimento do surdo, por ser esta sua primeira língua, sua língua natural. É por meio de sinais que o surdo pode se comunicar, compreendendo com mais facilidade o mundo e participando da comunidade em que vive. Um dos grandes problemas enfrentado pelos surdos é não poder se expressar pela escrita de sua própria língua, a de sinais. Por isso, precisam fazer uso de sua segunda língua, a língua oral, para escrever, o que é muito difícil para eles, pois o código escrito de uma língua oral está fundado em um foneticismo, grafia baseada nos sons, o que dificulta o seu aprendizado. Essa aquisição é extremamente dolorosa, pois, para o surdo, a escrita de

uma língua falada passa a ser uma união de símbolos sem significados. Para um domínio da escrita é preciso um conhecimento da língua falada, o que para eles não pode acontecer de maneira natural. Por este motivo, eles ficam limitados, muitas vezes, de realizar produções escritas (SKLIAR, 2001). Quanto à leitura, apresentam compreensão reduzida mesmo após muitos anos de escolaridade. Segundo Perlin (2001), ser surdo é pertencer a um mundo de experiência visual e não auditiva. A cultura ouvinte é construída com base no sentido da audição, até mesmo no que tem de visual, como a escrita. Esta, devido ao seu caráter visual, é extremamente importante para o surdo, embora evidencie esforços demasiados para ler e escrever, pois tem disponível apenas a escrita da língua oral. Outra grande restrição enfrentada pela comunidade surda é o fato de sua comunicação se estabelecer quase que exclusivamente de forma presencial, entre interlocutores, um diante do outro. Isso ocorre porque os surdos raramente e com muita dificuldade podem valer-se da escrita das línguas orais como forma de comunicação. Por essa razão, é extremamente importante que a sociedade e a comunidade científica, em particular, busquem formas de incluir os surdos no convívio social e escolar, pelo desenvolvimento de ferramentas, com abordagem bilíngue que respeite sua língua e cultura. Através das novas tecnologias, consegue- -se resgatar uma nova forma de aprender e, como aliadas no processo educativo, torna-se possível que os professores atuem como mediadores, cujo papel fundamental é facilitar a aprendizagem, atuando como orientador e estimulador do processo de ensino-aprendizagem do aluno surdo. A web proporciona formas de comunicação que permitem acesso à informação com possibilidades sem precedentes, qualquer usuário pode ser emissor e receptor de informação, no nível mundial, em qualquer momento.

A Educação a Distância vem surgindo nos últimos anos como uma das mais importantes ferramentas de difusão do conhecimento e de democratização da informação. A EAD cumpre muito bem seu papel de educar, reduzir as dificuldades impostas pelas distâncias, facilitar a vida do aluno e disseminar o ensino aos cantos mais remotos do planeta, sendo uma iniciativa válida e que deve ser experimentada (HANSEN, 2003). O desenvolvimento das atuais tecnologias virtuais possibilita o contato em tempo real e localidades com grande número de pessoas espalhadas pelo mundo. Estas novas salas de aula apresentam características peculiares, como a possibilidade de contato virtual com um amplo número de colegas, com os quais os estudantes podem trocar experiências e ideias numa quantidade superior em relação aos que estudam de forma presencial, em sua própria região, além de permitir o acesso a um quadro bastante extenso de professores e instrutores (BRASIL, 2005). Segundo o inciso II do artigo nº 13 do Decreto nº. 5.622, os projetos pedagógicos de cursos e programas na modalidade EAD deverão conter o atendimento apropriado a estudantes com necessidades especiais (BRASIL, 2005b). O Decreto nº. 5.296 de 02 de dezembro de 2004, no seu artigo 24, enfatiza claramente a acessibilidade ao afirmar que [...] os estabelecimentos de ensino de qualquer nível, etapa ou modalidade, públicos ou privados, proporcionarão condições de acesso e utilização de todos os seus ambientes ou compartimentos para pessoas portadoras de deficiência [...] (BRASIL, 2004, s.p.). Entretanto, observa-se que muitos estabelecimentos ainda não cumprem essas leis em sua totalidade e por isso os acadêmicos com deficiência ainda têm dificuldades para ingressar nas Instituições de Ensino Superior (IES) na modalidade regular, buscando então, cursos de graduação na modalidade EAD (HANSEN, 2003). Pela EAD, pessoas portadoras de deficiência têm a possibilidade de adquirir uma formação no ensino superior com como-

didade, pois podem estudar em sua própria residência e utilizar tecnologias educacionais para a comunicação. A EAD [...] vem alcançando uma posição de destaque no Brasil, por ser um instrumento de democratização do acesso à informação, principalmente na sua modalidade via web (MOURÃO; MIRANDA, 2008). Existe no Brasil vários estudos em EAD para pessoas deficientes, com ênfase na deficiência auditiva e visual, porém a maioria enfatiza a capacitação de professores nessa área e o desenvolvimento de software que permita o acesso para essas pessoas pela web (HANSEN, 2003). Batista (2004, p. 21) comenta que [...] uma das áreas que mais levanta polêmica em debates sobre a educação inclusiva, especificamente no contexto do ensino superior, é a que envolve alunos surdos porque essas pessoas apresentam dificuldade de comunicação que culminam em dificuldades de compreensão de enunciados e textos, impedindo a interpretação dos mesmos. Para inserir de forma correta as tecnologias no processo educacional, torna-se necessário buscar uma maneira de transformar o ensino instrucionista em um ensino construcionista, uma vez que as TIC podem favorecer a construção de uma aprendizagem contextualizada e potencializar o trabalho e as produções dos educandos. No caso da educação, sobretudo, o recurso é fundamental porque permite à criança superar suas limitações, comunicando e construindo seu conhecimento de forma criativa. Apesar disso, a comunidade surda brasileira ainda é tratada como deficiente, e pouco ou quase nada se tem a lhe oferecer, no que se refere aos novos avanços tecnológicos. O objetivo deste livro é descrever como estilos de interação adequados podem tornar mais eficiente as tarefas de navegação e a interpretação de ajuda contextual para usuários surdos quando em atividade em plataformas de gestão da aprendizagem. O livro descreve os seguintes resultados:

Tornar o ambiente virtual de aprendizagem Amadeus mais acessível para as pessoas surdas, permitindo otimizar o tempo de aprendizado desses usuários; criação e inserção de imagens que permitam ao usuário uma melhor percepção dos objetivos pedagógicos do ambiente, com relação ao acesso aos conteúdos educacionais; e implementar novos recursos visuais na interface de modo a potencializar o uso do sistema na educação de pessoas surdas. O livro está organizado de modo a tornar a concepção desses estilos de interação fácil de ser compreendida, para que sirva de inspiração para designers de ambientes de aprendizagem tornarem esses ambientes adequados para o aprendizado de surdos a distância. O capítulo 1 descreve a relação entre usuários surdos que utilizam tecnologias de educação a distância; o capítulo 2 discute sobre a experiência dos surdos com a tecnologia da web; o capítulo 3 mapeia e apresenta os principais problemas relacionados à ajuda contextual na experiência dos surdos; o capítulo 4 descreve o método de design utilizado no desenvolvimento no processo de concepção; o capítulo 5 apresenta o desenvolvimento do protótipo e discute a avaliação dos resultados; o capítulo 6 apresenta as discussões dos dados e o capítulo 7 apresenta as considerações finais da pesquisa, destacando suas contribuições, limitações e apresentando sugestões de trabalhos futuros.

SUMÁRIO CAPÍTULO 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E SURDOS... 19 CAPÍTULO 2 A COMUNICABILIDADE E A EXPERIÊNCIA DE SURDOS COM A LINGUAGEM E NA WEB... 27 Os surdos...28 Os surdos no Brasil...32 Língua Brasileira de Sinais Libras...33 CAPÍTULO 3 A EXPERIÊNCIA DE SURDOS NA WEB... 37 O usuário surdo da Web...37 Blended Learning...39 Usabilidade...42 As linguagens empregadas e as dificuldades dos surdos no acesso à Web...43 Acessibilidade em ambientes virtuais...45 Soluções de acessibilidade para Web...46 Guidelines...49 Recomendações e Padrões de sistemas web para surdos,...53 Tecnologias Assistivas: Estado da técnica...54 Letras/Libras...56 AILB...58 LibrasNet...59 Sign WebMessage...60 Rybena...61 Pacote SIGN: SignED, SignSIM, SignHTML, SignTALK, SignMAIL, SignWebEdit... 62 Falibras...66 TLIBRAS...67 RybenáTV...68 ProDeaf...69 Análise comparada...71

CAPÍTULO 4 MÉTODO... 73 Contexto do estudo...74 Participantes...74 Etapas de pesquisa...74 Etapa 1: Especificação de requisitos a partir da literatura...75 Etapa 2: Geração de solução...76 Etapa 3: levantamento de requisitos para os problemas identificados...77 Etapa 4: prototipagem...78 Etapa 5: avaliação da solução...79 Análise...81 CAPÍTULO 5 RESULTADOS... 83 Análise de contexto...83 Evolução do protótipo...85 Modelo conceitual do protótipo...85 Estrutura do protótipo acessível...86 Telas do protótipo acessível...87 Especificação básica de tarefas...92 Barra de acessibilidade...92 Páginas Visuais...92 Implementação...92 Ícones...93 Barra de acessibilidade...95 Novas páginas...96 Páginas alteradas... 101 Avaliação do protótipo... 102 Análise qualitativa dos dados... 114 Conclusão... 115 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 119 POSFÁCIO... 123 REFERÊNCIAS... 125