A moeda-mercadoria. A moeda era uma mercadoria que tinha uma utilidade específica e, ao mesmo tempo, desempenhava as funções da moeda.



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Transcrição:

Evolução da moeda

A moeda-mercadoria A moeda era uma mercadoria que tinha uma utilidade específica e, ao mesmo tempo, desempenhava as funções da moeda. O sal, o chá, o tabaco, o peixe seco, conchas, metais preciosos são algumas das mercadorias que desempenharam a função de moeda-mercadoria, em diferentes coletividades e em diferentes momentos. A sua aceitação, mais ou menos generalizada, resultava do valor que lhe era atribuído pelas suas características específicas.

A moeda metálica Surge quando os metais (ouro, prata, ferro, bronze, etc.) são transformados em pequenas peças, em geral circulares, em que eram cunhados o símbolo de quem a emitia (rei, imperador, senhor feudal, etc.) e o seu valor (cunhagem). O valor inscrito na moeda correspondia ao valor do metal de que era feita, isto é, o valor facial era igual ao valor metálico. A sua aceitação generalizada devia-se ao valor intrínseco dos metais que a constituiam.

A moeda de papel - representativa Surge quando os comerciantes começam a depositar a moeda metálica em locais (cambistas, ourives), que mais tarde se transformam em bancos, recebendo documentos comprovativos do valor depositado. Com o tempo, são estes documentos que começam a circular, para efetuar os pagamentos, mantendo-se as moedas de ouro ou prata nos bancos.

Moeda de papel representativa - características Do exposto conclui-se que: era emitida pelos bancos; o valor da moeda de papel em circulação era idêntico ao valor em metal precioso existente no banco; a moeda de papel era convertível, isto é, os titulares da moeda de papel podiam exigir ao banco a sua conversão em ouro. tinha aceitação generalizada porque era convertível.

Moeda de papel - fiduciária Com o tempo, os banqueiros verificaram que os detentores de moeda de papel, em geral, não a convertiam em ouro. O que se verificava era que se havia alguns levantamentos, estes eram compensados por depósitos. Com base nesta constatação, concediam empréstimos em moeda de papel, colocando, assim, em circulação um valor em papel muito superior ao do ouro depositado. O ouro depositado servia como reserva para fazer face aos possíveis levantamentos de alguns detentores de moeda de papel.

Moeda de papel - fiduciária Este sistema tinha vantagens: O banqueiro ganhava porque obtinha juros resultantes da concessão de empréstimos. Os agentes económicos que recorriam ao crédito podiam fazer investimentos, que de outra forma não seriam possíveis. Passou a ser possível pagar juros aos depositantes, a fim de captar depósitos. Mas tinha também desvantagens: Se os detentores de moeda de papel, numa situação de desconfiança no sistema, resolvessem converter o papel em ouro (e isso aconteceu), não haveria ouro para todos.

Moeda de papel fiduciária: características Era emitida pelos bancos. O valor da moeda de papel em circulação era muito superior ao valor das reservas de ouro do sistema bancário. Era convertível. Tinha aceitação generalizada porque era convertível.

Moeda de papel: papel-moeda Em consequência das situações de bancarrota inerentes ao sistema anterior e que ocorreram muitas vezes, o Estado teve de intervir criando o papel-moeda.

Características do papel-moeda É emitida pelo Estado (Banco Central). É inconvertível. É uma moeda de curso forçado, ou seja, é de aceitação generalizada porque o Estado obriga, por lei, a que todos a aceitem como meio de pagamento.

Moeda escritural ou bancária Atualmente existe um outro tipo de moeda - a moeda escritural. Este tipo de moeda pode ser movimentada por cheque ou cartão de crédito, entre outros instrumentos. Assim, se X fizer um pagamento a Y utilizando um cheque de 500 euros e Y o depositar na sua conta à ordem, o banco debita 500 euros no depósito à ordem de X e credita 500 euros no depósito à ordem de Y. O pagamento foi efetuado sem intervenção de papelmoeda. A moeda, neste caso, foi o movimento contabilístico efetuado nos depósitos à ordem de X e de Y, ficando X com menos 500 euros e Y com mais 500 euros.

Moeda escritural ou bancária Suponhamos agora que A tem um depósito à ordem de 600 euros num determinado banco. B tem, no mesmo banco, um depósito à ordem de 0 euros. A paga 1000 euros a B, utilizando um cartão de crédito. O banco debitará 1000 euros a A que ficará com um saldo negativo de 400 euros e B com um saldo positivo de 1000 euros. Repara que o valor da moeda que circulou foi de 1000 euros, quando no banco apenas existia um depósito de 600 euros. O banco criou moeda escritural e o valor desta em circulação é superior ao valor da reserva em papel-moeda existente no sistema bancário.

Características da moeda escritural É criada pelos bancos. Tem como suporte os movimentos contabilísticos que os bancos efetuam nos depósitos à ordem dos seus clientes, através de instrumentos como cheques, cartões de débito, cartões de crédito, transferências bancárias, etc. Os seus detentores podem convertê-la em papelmoeda nos bancos. O valor da moeda escritural em circulação é muito superior ao valor das reservas em papelmoeda que o sistema bancário detém.

Tipos de moeda atualmente em circulação Moeda divisionária ou de trocos é a moeda metálica que circula nos nossos dias. É de salientar que a moeda metálica atual tem um valor facial superior ao valor metálico, ao contrário do que acontecia no passado em que estes valores eram iguais. Papel-moeda. Moeda escritural ou bancária a que representa atualmente maior valor.

Exercício 1. Considera os vários tipos de moeda que foram surgindo até aos nossos dias e explica a razão da aceitação generalizada de cada um deles. 2. Comenta a afirmação: um dos aspetos fundamentais da evolução da moeda consiste na sua desmaterialização progressiva. 3. Em casa, elabora um quadro-síntese das características dos vários tipos de moeda.