PIRACICABA 2013 CONSELHEIROS MUNICIPAIS DE PIRACICABA: PERFIL E PERCEPÇÃO

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Transcrição:

PIRACICABA 2013 CONSELHEIROS MUNICIPAIS DE PIRACICABA: PERFIL E PERCEPÇÃO 1

Realização: Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (IMAFLORA) Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP) Autoria: Renato Pellegrini Morgado Luís Fernando Iozzi Beitum Paulo Eduardo Moruzzi Marques Revisão gramatical: Cimara Pereira Prada Apoio: Fundação Caterpillar Pró-reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP Edição: 4 Talentos Propaganda Ficha catalográfica: Alberto Kirilauskas Juliana Monti Roberto Hoffmann Palmieiri Conselhos Municipais de Piracicaba: Perfil e Percepção / Renato Pellegrini Morgado, Luís Fernando Iozzi Beitum, Paulo Eduardo Moruzzi Marques, Alberto Kirilauskas, Juliana Monti, Roberto Hoffmann Palmieiri - Piracicaba, SP: Imaflora, 2012. 27p. Crédito fotos: Comdema, Cmdca, Comcult, Cmas, Flávia Silva Perez. O Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola) é uma organização brasileira, sem fins lucrativos, criada em 1995 para promover a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais e para gerar benefícios sociais nos setores florestal e agrícola. Conselho Diretor: Adalberto Veríssimo André Villas-Bôas Célia Cruz Maria Zulmira de Souza Sérgio A. P. Esteves Tasso Rezende de Azevedo Ricardo Abramovay Conselho Consultivo: Marcelo Paixão Marilena Lazzarini Mário Mantovani Fábio Albuquerque Rubens Ramos Mendonça Secretaria Executiva: Maurício Voivodic Eduardo Trevisan Gonçalves Conselho Fiscal: Adauto Tadeu Basílio Erika Bechara Rubens Mazon Comunicação: Priscila Mantelatto Jaqueline Lourenço Beatriz Borghesi Fátima Nunes Estrada Chico Mendes, 185 Caixa postal 411 Cep: 13400-970 Piracicaba SP Brasil Tel/Fax: (19) 3429.0800 imaflora@imaflora.org.br www.imaflora.org.br 1. Conselhos Municipais. 2. Piracicaba. Para democratizar ainda mais a difusão dos conteúdos publicados no Imaflora, as publicações estão sob a licença da Creative Commons (www.creativecommons.org.br), que flexibiliza a questão da propriedade intelectual. Na prática essa licença libera os textos para reprodução e utilização da obra com alguns critérios: apenas em casos em que o fim não seja comercial, citada a fonte original (inclusive o autor do texto) e, no caso de obras derivadas, a obrigatoriedade de licenciá-las também em Creative Commons. Essa licença não vale para fotos e ilustrações, que permanecem em copyright. Você pode: Copiar, distribuir, exibir e executar a obra; Criar obras derivadas. Sob as seguintes condições: Atribuição. Você deve dar crédito ao autor original, da forma especificada pelo autor ou licenciante. Reitor: Prof. Dr. João Grandino Rodas Vice-Reitor: Prof. Dr. Hélio Nogueira da Cruz Pró-reitora de Cultura e Extensão Universitária Prof a Dr a Maria Arminda do Nascimento Arruda Diretor Prof. Dr. José Vicente Caixeta Filho Vice-Diretora Prof a Dr a Marisa Aparecida Bismara Regitano d Arce Uso Não-Comercial. Você não pode utilizar esta obra com finalidades comerciais. Compartilhamento pela mesma Licença. Se você alterar, transformar, ou criar outra obra com base nesta, você somente poderá distribuir a obra resultante sob uma licença idêntica a esta. Av. Pádua Dias, 11 Cep: 13418-900 Piracicaba SP - Brasil Tel (19) 3429-4100 www.esalq.usp.br 2

Realização Apoio 3

IMAFLORA ESALQ-USP Renato Pellegrini Morgado Luis Fernando Iozzi Beitum Roberto Hoffmann Palmieri Prof. Dr. Paulo Eduardo Moruzzi Marques Alberto Kirilauskas Juliana Monti 4

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 06 2. PESQUISA 08 3. RESULTADOS 3.1 PERFIL SOCIOECONÔMICO DOS CONSELHEIROS 10 3.2 PARTICIPAÇÃO NO CONSELHO 13 3.3 RELAÇÃO DO CONSELHEIRO COM SUA ENTIDADE 16 3.4 PERCEPÇÃO SOBRE OS CONSELHOS E SOBRE A GESTÃO PARTICIPATIVA 18 3.5 DEMANDAS DE CAPACITAÇÃO 22 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 23 5. AGRADECIMENTOS 25 6. ANEXO 26 5

1. INTRODUÇÃO Com o processo de redemocratização do Brasil, diferentes setores da sociedade passaram a demandar maior abertura à participação na gestão pública que fosse além do processo de escolha periódica dos membros do Executivo e do Legislativo. Nesse contexto, criaramse, por lei, os conselhos de políticas públicas, órgãos compostos por representantes da sociedade civil e do poder público, que constituem importantes espaços de participação e de controle social sobre a gestão das políticas públicas. Os conselhos existem nos níveis municipal, estadual e federal e podem ter competência deliberativa, ou seja, o poder de decidir sobre determinados aspectos das políticas públicas, como a destinação de recursos e a aprovação de contas, ou ter competência consultiva, sob a qual propõem ações e políticas que podem ser, ou não, implementadas pelo Executivo, ou pelo Legislativo. Suas responsabilidades variam de acordo com as normas que os criam, mas, de forma geral, possuem o papel de acompanhar, formular, propor e fiscalizar a política pública de determinada área. Ao lado das conferências, das audiências públicas e do orçamento participativo, são os principais espaços institucionais, criados para a participação da sociedade na gestão pública. Assim como as diversas instituições do sistema político brasileiro, os conselhos não são espaços consolidados. Os desafios e as dificuldades que enfrentam devem ser permanentemente discutidos e trabalhados, para que possam tornar-se efetivos espaços de participação. Em Piracicaba/SP, existem mais de 20 conselhos municipais, que atuam em diferentes áreas e políticas públicas (saúde, educação, assistência social, meio ambiente etc.). Para que possamos aprimorar o funcionamento dos mesmos é fundamental compreendermos suas dinâmicas, fragilidades e pontos fortes. Apesar da quantidade significativa de conselhos e de sua importância para a gestão do município, não contávamos com um diagnóstico amplo sobre a dinâmica e o perfil dos conselhos e de seus conselheiros. Foi com o objetivo de contribuir com a geração dessas informações, que a ESALQ/USP e o Imaflora, com apoio da Fundação Caterpillar e da Pró-Reitoria de Extensão Universitária da Universidade de São Paulo (USP), juntaram esforços e realizaram uma ampla pesquisa sobre os conselhos do município. Os resultados dessa pesquisa são apresentados neste relatório, Conselheiros Municipais: Perfil e Percepção, que evidencia as diferentes características e visões dos conselheiros e no relatório Diagnóstico dos Conselhos Municipais de Piracicaba 1, que traz aspectos da gestão e do funcionamento dos conselhos. A partir das informações preliminares desses dois relatórios, algumas ações já foram implementadas, por meio do projeto Fortalecimento dos Conselhos Municipais de Piracicaba, realizado pela ESALQ/ USP, pela Prefeitura Municipal e pelo Imaflora, contando também com o apoio da Fundação Caterpillar e da Pró-Reitoria de Extensão Universitária da Universidade de São Paulo (USP). No dia 02 de 6

junho de 2012, realizou-se o I Encontro Municipal de Conselheiros de Piracicaba e, entre junho e julho, o Curso de Formação Continuada para Conselheiros. Já em setembro do mesmo ano, lançou-se o Portal dos Conselhos Municipais de Piracicaba (www.conselhos.piracicaba. sp.gov.br), espaço virtual de comunicação dos conselhos com seus membros e com a sociedade. As informações e as análises apresentadas nesses dois documentos buscam fornecer subsídios para uma maior compreensão sobre os conselhos de Piracicaba, permitindo a realização de ações do poder público e da sociedade civil para o fortalecimento dos mesmos. Como citado, algumas ações já ocorreram, mas, sem dúvida, muitas outras fazem-se necessárias para consolidarmos os conselhos como instrumentos de gestão participativa e contribuirmos, assim, para intensificar a prática democrática em nosso município. clique aqui e acesse o 1 relatório diagnóstico dos conselhos municipais de piracicaba 7

2. PESQUISA Esta pesquisa buscou compreender diferentes aspectos do perfil dos conselheiros municipais de Piracicaba, da sua atuação, da sua percepção sobre o funcionamento dos conselhos, da sua relação com as entidades que representam e das suas demandas por capacitação. Em conjunto com a pesquisa Diagnóstico dos Conselhos Municipais de Piracicaba, buscou-se apresentar um panorama que permita compreender melhor diferentes aspectos das dinâmicas desses importantes espaços de participação, bem como de seus membros. Para a definição dos conselhos a serem analisados, foi realizada uma pesquisa na legislação municipal, por meio do SIAVE, sistema de legislação da Câmara de Vereadores (http://siave.camarapiracicaba. sp.gov.br/). A pesquisa encontrou o registro de 51 conselhos municipais. A partir dessa lista, foram selecionados 23 conselhos 1 que atuam com políticas públicas setoriais (Ex., educação, saúde, cultura). Destes conselhos, foram excluídos aqueles que não estavam ativos no momento da pesquisa (habitação, mobilidade e juventude) ou que não possuíam membros da sociedade civil em sua composição (segurança). Além disso, não foi possível aplicar os questionários com os membros do Conselho Municipal de Turismo. Dessa forma, foram pesquisados 18 conselhos municipais que seguem nomeados no quadro ao lado: CONSELAM - Conselho Municipal de Esportes, Lazer e Atividades Motoras; CMCT - Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia de Piracicaba; Conselho da Cidade; CODEPAC - Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Piracicaba; Conselho do Orçamento Participativo; COMCULT - Conselho Municipal de Cultura; COMDEMA - Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente; CME - Conselho Municipal de Educação; COMDER - Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural; COMEDIC - Conselho Municipal de Expansão e Desenvolvimento Industrial e Comercial; CMAS - Conselho Municipal de Assistência Social; CMDCA - Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente; COMAD- Conselho Municipal sobre Álcool e outras Drogas; COMSEA - Conselho Municipal de Segurança Alimentar; COMDEF - Conselho Municipal de Proteção, Direitos e Desenvolvimento da Pessoa com Deficiência; CMS - Conselho Municipal de Saúde; CMI - Conselho Municipal do Idoso; COEMPREGO - Comissão Municipal de Emprego 2 8 1 Não foram analisados conselhos de políticas públicas específicas (Ex. Conselho de Inspeção Sanitária), de fundos municipais (Ex. Conselho Diretor do Fundo de apoio à Cultura) e de autarquias ou centros (Ex. Conselho Deliberativo Estratégico do Instituto de Pesquisas e Planejamento de Piracicaba). 2 Apesar de ser uma Comissão o Coemprego funciona como um conselho de políticas públicas, dado que possui a participação da sociedade e reúne-se periodicamente para discussão de políticas públicas. Em função disso, e dada a relevância do tema Emprego, o mesmo foi incluído na pesquisa.

Para o levantamento das informações, aplicaram-se questionários, com perguntas abertas e fechadas 3, a 129 conselheiros da sociedade civil e do poder público. Os questionários foram aplicados, predominantemente, durante as reuniões dos conselhos 4 entre o segundo semestre de 2011 e o primeiro de 2012. Dos conselheiros que responderam ao questionário, 69% eram membros da sociedade civil, 28% do poder público e 3% não identificaram o setor ao qual pertenciam. Os resultados da pesquisa são apresentados em cinco seções: 1) Perfil socioeconômico dos conselheiros; 2) Participação do conselheiro no conselho; 3) Relação entre o conselheiro e sua entidade; 4) Percepção sobre o conselho e a gestão participativa e 5) Demandas de capacitação. Ao final do documento, são realizadas considerações, com análises dos resultados e algumas propostas para o aprimoramento dos conselhos. 3 Perguntas fechadas são aquelas que apresentam uma lista de opções previamente definidas. Perguntas abertas são aquelas que permitem, ao entrevistado, responder livremente, sem opções apresentadas no questionário. 9 4 O fato de os questionários terem sido aplicados durante as reuniões dos conselhos marca uma limitação da pesquisa. Tal modelo de aplicação não levantou as opiniões e o perfil dos conselheiros que, apesar de nomeados, não participam das reuniões e de parte dos conselheiros que não são assíduos a elas. Dessa forma, eventuais avaliações diferentes desses grupos sobre o funcionamento do conselho, a relação com o poder público e as dificuldades em participar do conselho não foram captadas.

3. RESULTADOS 3.1 PERFIL SOCIOECONÔMICO DOS CONSELHEIROS O perfil socioeconômico dos conselheiros municipais foi elaborado por meio do levantamento de informações sobre idade, sexo, cor ou raça, renda familiar e escolaridade. apenas 9%. Já as pessoas acima de 70 são 8% da população do município e apenas 4% entre os conselheiros. Gráfico 1- Faixa etária dos Conselheiros Municipais e da População de Piracicaba As informações foram comparadas às do Censo 2010 do IBGE, o que nos permite compreender se as características socioeconômicas dos conselheiros municipais correspondem às da população de Piracicaba como um todo. Conselheiros Municipais 35% População de Piracicaba Os dados apontam a existência de um equilíbrio de gênero nos conselhos: os homens representaram 53% e as mulheres, 47%. Apesar desse equilíbrio, a proporção de mulheres nos conselhos é um pouco menor do que a levantada pelo Censo 2010, que constatou uma população feminina de 51% no município. A faixa etária de maior concentração entre os conselheiros fica entre 40 e 49 (35%), seguida pelo grupo de 30 a 39 (20%). Quando comparamos a idade dos conselheiros à distribuição etária da população de Piracicaba com mais de 17, nota-se a existência de uma sub-representação, nos conselhos, de jovens e de pessoas com mais de 70. Em Piracicaba, 28% da população possui entre 18 e 29 e a representação dessa faixa etária nos conselhos é de 0% 18 ou 19 4% 9% 24% 20 a 29 20% 20% 19% 30 a 39 Fonte: Dados da Pesquisa e Censo 2010 do IBGE 40 a 49 19% 15% 50 a 59 13% 9% 60 a 69 4% 8% 70 ou mais 10

Em relação à cor ou à raça, a pesquisa utilizou as mesmas categorias consideradas pelo IBGE e também se constatou uma subrepresentação de pretos e de pardos nos conselhos. No município, Gráfico 2 - Cor ou Raça dos Conselheiros Municipais e da População de Piracicaba Conselheiros Municipais 87% 72% População de Piracicaba os pretos e os pardos representam, respectivamente, 6% e 21% da população, enquanto, nos conselhos, 4% e 5%. Já os brancos e os amarelos representam 72% e 1% da população e são, respectivamente, 87% e 4% dos entrevistados. A escolaridade dos conselheiros é significativamente alta: 70% possuem ensino superior completo, enquanto, 42% entre eles, mestrado ou doutorado. Outro exemplo de sub-representação é a proporção de pessoas com mais de 17 sem instrução ou com o fundamental incompleto: 36% no município e apenas 3% nos conselhos. Veja os dados completos na tabela a seguir: tabela 1 - escolaridade dos conselheiros municipais e da população de piracicaba Escolaridade Sem instrução e fundamental incompleto Conselheiros Municipais População de Piracicaba 5 3% 36% 4 % 1% 5% 21% 4% 6% Fundamental completo e médio incompleto 5% 19% Médio completo e superior incompleto 22% 31% Superior completo 70% 14% Amarela Branca Parda Preta Fonte: Dados da Pesquisa e Censo 2010 do IBGE Fonte: Dados da Pesquisa e Censo 2010 do IBGE 5 Foi considerada a escolaridade da população do município com mais de 17. 11

Em relação ao rendimento médio per capita, predominou a faixa de mais de cinco salários mínimos (26% dos conselheiros), seguida pela de três a cinco salários (25%). O rendimento per capita dos conselheiros também é mais alto do que o da população do município: enquanto 51% dos conselheiros possuem, como rendimento per capita, mais de três salários, apenas 18% da população recebe o mesmo. No outro extremo, apenas 1% dos entrevistados afirmou possuir renda menor que meio salário mínimo per capita, enquanto, de acordo com o Censo 2010, 13% das famílias do município recebiam essa renda. O quadro completo pode ser observado ao lado. Gráfico 3 - Renda per capita dos Conselheiros Municipais e da População de Piracicaba Conselheiros Municipais População de Piracicaba 32% 25% 24% 23% 19% 26% 13% 0% 5% 1% 8% 6% 10% 8% até 1/4 do salário mínimo de 1/4 a 1/2 salário mínimo de 1/2 a 1 salário mínimo de 1 a 2 salários mínimo de 2 a 3 salários mínimo de 3 a 5 salários mínimo mais que 5 salários mínimos Fonte: Dados da Pesquisa e Censo 2010 do IBGE 12

3.2 PARTICIPAÇÃO NO CONSELHO A participação dos conselheiros nos conselhos foi captada a partir de diferentes aspectos, como: o tempo em que é conselheiro; a participação em outros conselhos; o tempo de dedicação; a participação na definição de pautas e as dificuldades para a participação. Há um predomínio de novos conselheiros, dado que 59% deles estão, no máximo, há dois nos conselhos. São conselheiros em primeiro mandato, já que dois é o tempo mínimo de duração dos mandatos da maioria dos conselhos analisados. Já 23% dos conselheiros estão há três ou quatro no conselho, enquanto 18%, há cinco ou mais. A participação declarada em mais de um conselho é significativa, 34%, o que pode sinalizar a dificuldade de o poder público e/ou de a sociedade civil disporem de pessoas em número suficiente para ocupar os cargos de conselheiro. Gráfico 4 - Tempo de conselho dos Conselheiros Municipais de Piracicaba 25% menos que 1 ano 17% 17% 1 ano 2 Fonte: Dados da Pesquisa 13% 3 10% 4 3% 5 6 5% 2% 2% 2% 2% 2% 7 8 9 10 menos que 10 13

Sobre a dedicação de tempo aos conselhos, predominaram as duas horas semanais (68% dos entrevistados), o que aponta que a maioria dos conselheiros participa das reuniões e de atividades pontuais; 26% deles dedicam-se de três a seis horas por semana, enquanto 6%, sete ou mais horas. Gráfico 5 - Tempo de dedicação semanal dos Conselheiros Municipais de Piracicaba 31% 37% Já em relação à participação dos conselheiros na definição das pautas das reuniões, 11% afirmaram sugerir pautas sempre, 16% frequentemente, 38% às vezes, 23% raramente e 12% nunca. Sobre a existência de dificuldades para a participação no conselho, 65% afirmaram ter alguma, enquanto 35%, nenhuma. Do primeiro grupo, 53% 6 identificaram a falta de tempo para dedicar-se às atividades do conselho como a maior dificuldade, enquanto 21%, a incompatibilidade do horário da reunião do conselho com suas demais atividades profissionais e pessoais, 8%, a dificuldade de transporte, 7%, a falta de capacitação para o exercício da função e 24%, outras dificuldades, como a baixa organização dos conselhos, a baixa participação dos conselheiros e a dificuldade na relação com o poder público. 20% 6% 3% 1% 2% menos que 1 hora entre 1 e 2 horas entre 3 e 4 horas entre 5 e 6 horas de 7 e 8 horas entre 9 e 10 horas mais que 10 horas Fonte: Dados da Pesquisa. 6 A soma das porcentagens é maior que 100%, pois algumas respostas foram relacionadas a mais de uma categoria. 14

Gráfico 6 - Dificuldades dos conselheiros para participar dos Conselheiros Municipais de Piracicaba Quadro 1 - Dificuldades para a participação nos Conselhos Municipais de Piracicaba 53% Falta de tempo Fonte: Dados da Pesquisa. 21% Horário das reuniões 8% 7% Transporte Falta de capacitação Outros Para ilustrar esse tópico, no quadro a seguir, transcrevem-se algumas respostas dos conselheiros: 24% Falta de Tempo Fora os encontros mensais (reuniões) quase não tenho disponibilidade para participação em horário de trabalho. Disponibilidade de tempo para análise aprofundada da pauta. Mesmo havendo horários alternados das reuniões, a agenda do meu trabalho muitas vezes não permite a participação. Horário da Reunião Conciliar horários das reuniões. O melhor horário é o comercial, durante o expediente de trabalho da entidade que represento. Locomoção, pois sou cadeirante. Transporte, apenas isso. Transporte Capacitação Acredito que o mais importante neste momento é mesmo a capacitação, pois nos dará embasamento para uma melhor atuação. Conhecimento mais profundo do tema. Outros Definição de plano de metas para atividades dos conselheiros no conselho. Falta de participação efetiva dos conselheiros. Fonte: Dados da Pesquisa. 15

3.3 RELAÇÃO DO CONSELHEIRO COM SUA ENTIDADE Nesta seção, apresentam-se informações sobre a relação dos conselheiros com as entidades que representam e destas com os conselhos, com o conselho. Levantaram-se alguns aspectos, tais como a discussão das pautas com as entidades, o apoio recebido para participar do conselho e a contribuição da entidade para o fortalecimento do conselho. A discussão da pauta com a entidade representada é de fundamental importância, pois o conselho deve expressar as visões e os posicionamentos das diferentes instituições e setores da sociedade e do poder público, relacionados a determinada política pública. Um conselho municipal deve ser a expressão dessa diversidade de entidades/setores, e não da participação e dos posicionamentos individuais de seus membros. Em relação a esse aspecto, 24% dos entrevistados afirmaram que sempre discutem as pautas dos conselhos em sua entidade e 35% fazem isso frequentemente. Por outro lado, 25% o fazem às vezes, 13% raramente e 3% nunca o fazem. A principal forma de discussão das pautas, segundo os conselheiros, são as conversas informais (58%), seguida de reuniões com os responsáveis da entidade (39%), como diretores e presidentes de entidades da sociedade civil e secretários municipais. Uma menor parte realiza essas discussões em reuniões plenárias da entidade (21%), por meio de relatórios (9%) e nas assembleias da entidade (6%) 7. Outro aspecto importante é o apoio e as condições que as entidades proporcionam para que seus integrantes participem das atividades dos conselhos. A forma de apoio recebido mais citada 8 pelos conselheiros é a liberação do horário de trabalho, sem a necessidade de compensação do tempo dedicado (49%). Alguns conselheiros afirmaram que recebem apoio no transporte para as reuniões (6%), que são remunerados pelas horas dedicadas ao conselho (4%), que são liberados do horário de trabalho com necessidade de compensação (4%) e que recebem apoio na alimentação (1%). No entanto, 37% afirmaram não receber qualquer tipo de apoio da entidade para sua participação no conselho. Tal porcentagem demonstra que parte significativa dos conselheiros depende dos próprios esforços e recursos para a participação, o que pode, em certos casos, dificultar ou desestimular a sua dedicação aos conselhos. Também pode ser interpretado como um indicativo que é um compromisso mais pessoal desse conselheiro do que propriamente de sua instituição ou setor que representa. 7 A soma das respostas é maior que 100%, pois um conselheiro pode citar mais de um tipo de discussão da pauta com sua entidade. 8 A soma das respostas é maior que 100%, pois um conselheiro pode citar mais de um tipo de apoio. 16

tabela 2 - Apoio recebido pelos conselheiros para a participação nos Conselhos Municipais de Piracicaba Apoio recebido pelos conselheiros para a participação nos Conselhos Municipais de Piracicaba % É liberado nas horas de trabalho sem precisar compensar 49% Nenhum 37% Transporte 6% É liberado nas horas de trabalho, mas tem que compensar o tempo dedicado 4% É remunerado pelas horas dedicadas ao conselho 4% Outro 4% Alimentação 1% Diária 0% Fonte: Dados da Pesquisa. Sobre a contribuição de suas respectivas entidades para o fortalecimento dos conselhos, há uma percepção positiva por parte dos conselheiros. Para 20% dos entrevistados, essa contribuição é muito grande, enquanto para 51%, grande. Já 24% consideraram a contribuição pequena e 5% muito pequena. 17

3.4 PERCEPÇÃO SOBRE OS CONSELHOS E SOBRE A GESTÃO PARTICIPATIVA Nesta seção, apresentam-se diferentes aspectos da percepção dos conselheiros sobre a atuação e o funcionamento dos conselhos e sobre a relação entre eles, o poder público e a gestão participativa. Sobre os desafios e as questões para um melhor funcionamento dos conselhos, 93% entendem que eles existem, enquanto 7%, que o seu conselho funciona de forma plena, sem necessidade de aprimoramentos. Para os que apontaram desafios e questões que demandam avanços 9, 25% entendem que um deles é o aprimoramento da relação com o poder público. O principal aspecto identificado foi a necessidade de que o poder público considere as propostas dos conselhos no processo de construção das políticas públicas. Outra questão com os mesmos 25% de citações foi a necessidade de uma maior aproximação e da interlocução mais ampla do conselho com a sociedade. As principais dimensões estão relacionadas a uma maior participação da sociedade nas atividades do conselho, buscando-se, assim, um maior reconhecimento e a tomada de decisões alinhada aos anseios da população. Outro aspecto citado foi o aprimoramento da comunicação do conselho com a sociedade. Para 15% dos conselheiros entrevistados, um dos desafios é aprimorar a organização interna do conselho e o planejamento de suas atividades. Os mesmos 15% apontaram a falta de capacitação dos conselheiros como dificuldade a enfrentar A necessidade de maior participação e dedicação mais ampla dos conselheiros foi apontada por 14% dos entrevistados. Na sequência, apareceram a falta de interação com outros conselhos, entidades e áreas afins (7%) e a importância de intensificar a representatividade das entidades e dos membros do conselho (7%). Outras respostas receberam 18% de citações. Foram classificadas, nessa categoria, diferentes respostas, tais como a relação entre os conselheiros e a efetivação de instrumentos específicos em determinados conselhos. 9 A soma das respostas é maior que 100%, pois tratou-se de uma pergunta aberta, na qual cada resposta pode citar mais de uma categoria. 18

Gráfico 7 - questões e desafios para o melhor funcionamento dos conselhos municipais de piracicaba Quadro 2 - Questões e Desafios para o melhor funcionamento dos Conselhos Municipais de Piracicaba Interlocução com a sociedade Relação com o Poder Público Organização e planejamento Fonte: Dados da Pesquisa. Falta de capacitação Participação dos conselheiros Representatividade de entidades e conselheiros Interação com outros conselhos/ entidades Outros 7% 7% Para ilustrar esse tópico, no quadro ao lado, transcrevem-se algumas respostas dos conselheiros: 14% 15% 15% 18% 25% 25% Aproximação e interlocução com a sociedade Aproximar a comunidade para que as demandas do conselho estejam em consonância com as reais necessidades da população. Maior divulgação da função e do trabalho do conselho para a população. O maior desafio é o conselho ser reconhecido pela sociedade. Relação com o Poder Público Que o tempo doado em debates, pesquisas, estudos seja respeitado pelo Poder Executivo, que deve buscar incorporar as deliberações que sejam positivas ao bem comum. Conseguir influenciar as decisões políticas. Apoio político do poder público. Organização e planejamento do conselho Resolução dos conflitos internos para que as pautas possam ser mais dinâmicas e com bom resultado. Ter planejamento estratégico Capacitação dos conselheiros Acredito que um desafio muito importante é a discussão e capacitação quanto à função e à atuação dos membros. Capacitação permanente dos conselhos. Participação e dedicação dos conselheiros Conseguir a participação efetiva de todos os conselheiros. Maior disponibilidade, tanto de carga horária quanto de comprometimento dos conselheiros. Representatividade das entidades e dos membros do conselho Melhorar a forma como seus conselheiros representam suas instituições, seus grupos, suas bases. Necessita desenvolver mecanismos de participação de um maior número de representantes Interação com outros conselhos, entidades e áreas afins Aproximarmo-nos dos outros conselhos, sobretudo do de educação. Interlocução com a área da saúde e transporte. Fonte: Dados da Pesquisa. 19

Apesar das diferentes questões apontadas, de forma geral, os conselheiros entrevistados possuem uma avaliação positiva da atuação e do funcionamento dos conselhos dos quais participam. Foi observado que 31% percebem a atuação e o funcionamento como muito bons, enquanto 60% como bons. Apenas 5% avaliam como ruins e 3%, como muito ruins. Há uma forte percepção de que, nos conselhos, são discutidos temas relevantes para o município e para as políticas públicas aos quais se relacionam. Constatou-se que 49% dos conselheiros consideraram as pautas e as decisões do conselho muito importantes, enquanto 48%, importantes. Apenas 3% consideraram-nas como pouco importantes e nenhum, como nada importantes. Em relação à contribuição dos conselhos para a efetivação das políticas públicas das áreas nas quais atuam, 70% compreendem-na de forma positiva, afirmando que essa contribuição é muito grande (27%) ou grande (43%). Porém, nesse caso, é significativo o fato de que 30% dos conselheiros compreenderem como pequena (26%) ou muito pequena (4%) essa contribuição. A avaliação sobre a infraestrutura, o apoio administrativo e os demais recursos existentes para o funcionamento dos conselhos também foi positiva: 24% dos conselheiros classificaram tais recursos como muito bons, enquanto 62%, como bons. Já 13% classificaram-nos como ruins e 1%, muito ruins. A comunicação entre os conselheiros também foi avaliada de forma positiva: 20% consideraram-na como muito boa, enquanto 62%, boa. Já 14%, consideraram ruim, 2%, muito ruim e 2%, que não existe. Já em relação à comunicação entre o conselho e a população, há uma significativa parcela dos entrevistados que a avaliaram de forma negativa: 32% consideraram ruim, 6%, muito ruim e 6%, inexistente, o que aponta um aspecto a aprimorar na gestão dos conselhos. Porém ainda predominou uma avaliação positiva, pois 49% consideraram como muito boa e 8%, boa essa comunicação. A percepção sobre a relação entre o conselho e o poder público foi captada através de três dimensões: acesso às informações, respeito às decisões do conselho, apresentação do orçamento público pela prefeitura. Sobre o fornecimento das informações necessárias ao funcionamento do conselho, 44% dos entrevistados afirmaram que a Secretaria Municipal correspondente ao conselho as fornece sempre, enquanto 38%, frequentemente, 16%, às vezes e 2%, raramente. Em relação ao respeito às decisões do conselho pela Secretaria da área, 48% afirmaram que sempre são acatadas, 25%, frequentemente, 24%, às vezes, 2%, raramente e 1%, nunca. 20

O Orçamento Público é um dos principais instrumentos de planejamento e definição das prioridades das políticas públicas do município. Dessa forma, é fundamental que os conselhos e seus membros participem da formulação do orçamento da área na qual atuam. Para 45% dos entrevistados, a Prefeitura tem apresentado o orçamento e que o conselho debate em suas reuniões; já para 35%, isso não ocorre, enquanto, para 20%, ocorre parcialmente. Gráfico 8 - Apresentação pela prefeitura e discussão do orçamento público pelos conselhos municipais de Piracicaba 20% SIM 45% PARCIALMENTE NÃO 35% 21

3.5 DEMANDAS DA CAPACITAÇÃO A pesquisa apontou a alta demanda dos entrevistados por atividades de capacitação. Foi observado que 87% sentem a necessidade de aprimorar seus conhecimentos e suas habilidades, enquanto 88% manifestam interesse na realização de cursos de capacitação. Se, por um lado, 62% dos conselheiros já participaram de alguma atividade de capacitação, por outro, 38% exercem suas funções sem nenhum tipo de formação específica. 10, 11 A tabela ao lado demonstra os temas que, segundo os conselheiros, se devem priorizar em processos de capacitação. Os temas mais citados foram o Papel dos Conselhos e Papel dos Conselheiros, demonstrando que a principal questão a trabalhar, junto aos conselheiros, é justamente a função que desempenham e os espaços de que participam. tabela 3 - Temas de Capacitação para Conselheiros Municipais Temas (%) Papel dos Conselhos 69% Papel dos Conselheiros 62% Transparência Pública 48% Orçamento Público 42% Papel do Ministério Público 40% Democracia Participativa 32% Controle Social 30% Negociação de Conflitos 27% Funcionamento da Câmara de Vereadores 23% Estrutura do Estado 16% Outros 11% Fonte: Dados da Pesquisa. 10 A soma das respostas é maior que 100%, pois um conselheiro pode citar mais de um tema. 11 Os resultados dessa questão orientaram os conteúdos do I Curso de Formação Continuada para Conselheiros Municipais de Piracicaba, realizado entre junho e julho de 2012, e podem contribuir para a realização de outras ações de capacitação de conselheiros. 22

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS As diferentes informações, levantadas pela pesquisa, sobre o perfil e a percepção dos conselheiros municipais de Piracicaba permitem a realização de algumas análises e apontamentos para a melhoria do funcionamento dos conselhos. Se o ideal de representação nos conselhos é que eles reflitam a diversidade da população que representam, os resultados do perfil socioeconômico evidenciaram um aspecto positivo: o equilíbrio na representação de gênero. Tal equilíbrio é fundamental para a democratização dos processos decisórios e não é encontrado em outros espaços de representação política, como é o caso dos Legislativo 12, 13. Por outro lado, os dados evidenciam significativas sub-representações de jovens, idosos, pretos, pardos e pessoas de baixas renda e escolaridade. Dessa forma, é desejável a implementação de ações e de políticas que estimulem a maior inserção desses grupos nos conselhos. A necessidade de capacitação contínua dos conselheiros é outro aspecto que merece destaque, pois se faz essencial para o bom funcionamento dos conselhos, dado que muitos cidadãos que assumem um mandato podem não possuir conhecimentos e habilidades importantes para o exercício da função. Os conselhos não são espaços técnicos, já que buscam representar, além do poder público, os diferentes setores da sociedade civil. Dessa forma, o conselheiro não precisa ser um especialista da área, mas é importante que conheça aspectos da legislação e da estrutura da política pública sobre a qual irá atuar e desenvolva habilidades pessoais para o exercício da função de conselheiro. Já a principal dificuldade apontada pelos conselheiros foi a falta de tempo para sua participação nas atividades dos conselhos. As baixas participação e dedicação também foram apontadas como um dos principais desafios para o funcionamento dos conselhos. Quanto a essas questões, é necessário que as entidades definam e implementem estratégias de apoio aos seus representantes, já que 37% afirmaram 12 Na Câmara de Vereadores de Piracicaba, existe apenas 1 vereadora de 23 cadeiras (4,35% do total). 13 Na Câmara dos Deputados a bancada feminina representa apenas 8,77% do total de 513 vagas (45 deputadas). No Senado a proporção é um pouco maior, mas ainda baixa, 14,81% (12 senadoras, dentre 81 vagas). Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-02-17/pequena-proporcao-de-mulheres-no-congresso-nacional-brasileiro-e-motivo-de-preocupacao-para-onu 23

que não recebem nenhum tipo de apoio à sua participação. Podese debater também a possibilidade de o poder público apoiar a participação dos representantes das entidades da sociedade civil, pois muitas delas podem ter limitações materiais para fornecer esse apoio. Igualmente se demonstra relevante a intensificação do diálogo entre a entidade e seu representante, de modo a tornar toda entidade ciente das atividades do seu representante, assim como de elevar o grau de representatividade do conselheiro a ela ligado. Um tema que precisa ser aprofundado em pesquisas futuras é a relação do poder público com os conselhos municipais. Se, por um lado, em uma questão aberta, essa relação foi apontada como o principal desafio para o aprimoramento dos conselhos, em especial a abertura do poder público às propostas elaboradas por eles, por outro, houve uma avaliação majoritariamente positiva nas questões fechadas sobre o assunto. Essa aparente contradição poderá ser mais bem compreendida por meio de novos e mais aprofundados estudos. Apesar de existir uma percepção positiva dos conselheiros sobre o funcionamento e a atuação dos conselhos 13, diferentes questões foram apontadas como desafios para o aprimoramento desses espaços de participação. Além da relação com o poder público, destacaram-se: a organização e o planejamento dos conselhos, a capacitação dos conselheiros, a representatividade dos participantes e a interação com outros conselhos. Tais temas e questões precisam ser objeto de discussão entre os conselhos municipais, o poder público e a sociedade civil, para que possamos intensificar a atuação dos conselhos e consolidálos como efetivos espaços de gestão compartilhada, que permitam a participação dos cidadãos e o controle social sobre as políticas públicas. 24 13 É importante reforçar que, em função de os questionários terem sido aplicados durante as reuniões dos conselhos, não foi possível levantar as opiniões dos conselheiros que, apesar de nomeados, não participam das reuniões, e de parte dos conselheiros que não são assíduos a elas. Dessa forma, eventuais avaliações diferentes desses grupos sobre o funcionamento do conselho, a relação com o poder público e as dificuldades em participar do conselho não foram captadas.

5. AGRADECIMENTOS Aos conselheiros que, gentilmente, responderam aos questionários, à Fundação Caterpillar e à Pró-Reitoria de Extensão Universitária da Universidade de São Paulo (USP), que proporcionaram as condições materiais para a realização deste diagnóstico e das demais ações de fortalecimento dos conselhos municipais de Piracicaba, e a Thiago Franceschini, servidor do IBGE de Piracicaba, pelo fundamental auxilio na pesquisa sobre os dados do Censo 2010. 25

6. ANEXO - NÚMERO DE CONSELHEIROS PARTICIPANTES DA PESQUISA, POR CONSELHO Conselho Conselheiros Entrevistados CONSELAM - Conselho Municipal de Esportes, Lazer e Atividades Motoras 14 CMCT - Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia de Piracicaba 7 Conselho da Cidade 15 CODEPAC - Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Piracicaba 4 Conselho do Orçamento Participativo 5 COMCULT - Conselho Municipal de Cultura 9 COMDEMA - Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente 11 CME - Conselho Municipal de Educação 5 COMDER - Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural 10 COMEDIC - Conselho Municipal de Expansão e Desenvolvimento Industrial e Comercial 7 CMAS - Conselho Municipal de Assistência Social 8 CMDCA - Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente 5 COMAD- Conselho Municipal sobre Álcool e outras Drogas 3 COMSEA - Conselho Municipal de Segurança Alimentar 1 COMDEF - Conselho Municipal de Proteção, Direitos e Desenvolvimento da Pessoa com Deficiência 10 CMS - Conselho Municipal de Saúde 5 CMI - Conselho Municipal do Idoso 6 COEMPREGO - Comissão Municipal de Emprego 4 Total 129 26

Realização Apoio 27