A abordagem por tarefas ao ensino-aprendizagem do Inglês Uma experiência de micro-avaliação do impacto das tasks nos alunos

Documentos relacionados
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DOCENTE

REFERENTES E LEMENTOS CONSTITUTIVOS C RITÉRIOS I NDICADORES. Oferta formativa. . Projecto de Auto-avaliação da Escola Secundária de Alberto Sampaio

PADRÕES de DESEMPENHO DOCENTE

Plano de Trabalho. Ano lectivo 2010/2011

Portfolio: uma ferramenta pedagógica

CAPÍTULO 5 PLANO DE FORMAÇÃO

Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares

AVALIAÇÃO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL

Universidade do Minho Instituto de Educação e Psicologia. Carlos Borromeo Soares

ACOMPANHAMENTO DA AÇÃO EDUCATIVA RELATÓRIO DA 2ª INTERVENÇÃO

Parte I FUNDAMENTAÇÃO DO ESTUDO 8. Capítulo um Educação e supervisão da formação 9

AVALIAÇÃO DO CURSO DE LÍNGUA GESTUAL PORTUGUESA

ANEXO II RELATÓRIO DE AUTO AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DOS DOCENTES DO IPS

Índice. Capítulo I Introdução 1. Capítulo II O professor 17. Objectivo e questões do estudo 2. O contexto do estudo 9

Acção n.º 41 Oficina de Escrita (Criativa) Modalidade: Oficina de Formação; Destinatários: Docentes dos grupos 110, 200, 210, 220 e 300

ANO LECTIVO 2008/2009 1º ANO. As Propostas de Formação

Pág. INTRODUÇÃO Problema e questões de investigação. 1 Pertinência e significado da investigação.. 2 Organização e apresentação da investigação.

GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO DO INGLÊS NO 1.º e 2.º CICLOS DO ENSINO BÁSICO

RELATÓRIO DE AUTO-AVALIAÇÃO Professor

Análise de Conteúdo do Relatório Síntese do Agrupamento de Escolas de Mira

Instrumento de Registo (Artigo 10º, ponto 1 1 e 2 do Decreto Regulamentar n.º 2/2010)

Projecto RISE Roma Inclusive School Experiences

Proposta I. Blocos Objectivos Questões Práticas de sala de aula 1.Identificar estratégias

CONSELHO CIENTÍFICO PEDAGÓGICO DA FORMAÇÃO CONTÍNUA APRESENTAÇÃO DE ACÇÃO DE FORMAÇÃO NAS MODALIDADES DE CURSO, MÓDULO E SEMINÁRIO

Universidade do Minho Instituto de Educação e Psicologia. Isabel Cristina Alves Silva

Anexo 1 Calendário das sessões de recolha de dados

INSTITUTO POLITÉCNICO DE SANTARÉM ANEXO II AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DO PESSOAL DOCENTE RELATÓRIO DE AUTO AVALIAÇÃO. Identificação do avaliado

Agrupamento de Escolas da Zona Urbana da Figueira da Foz PLANO DE MELHORIA B I B L I O T E C A E S C O L A R D R. J O Ã O D E B A R R O S

O FEEDBACK ESCRITO: COMO UTILIZAR OS NOSSOS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DE FORMA FORMATIVA E REGULADORA

Projeto Mais Sucesso Escolar. Plano de Trabalho. Ano lectivo 2011/ Indicação dos anos de escolaridade, turmas e disciplinas a contratualizar

Efeitos a produzir: Mudança de práticas, procedimentos ou materiais didáticos OBJETIVOS GERAIS:

Reunião de Rede LVT Fevereiro de Equipa Regional de Lisboa e Vale do Tejo

Pareceres CCISP e MCIES Análise comparativa

GUIÃO PARA A ELABORAÇÃO DE UM PORTEFÓLIO

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Agrupamento de Escolas de Ovar Escola Secundária com 3º CEB José Macedo Fragateiro Departamento de Línguas

Leitura sobre rodas. Projecto ao abrigo do Apoio a Bibliotecas Escolares do Ensino Secundário, da Fundação Calouste Gulbenkian

GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO DO INGLÊS NO 1.º e 2.º CICLOS DE ENSINO BÁSICO

Desafios ao Desenvolvimento Profissional: do trabalho colaborativo ao nível da escola a um grupo sobre escrita ÍNDICE GERAL

BIBLIOTECAS ESCOLARES AUTO-AVALIAÇÃO BIBLIOTECA ESCOLAR DE MARRAZES 2009/2010

GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO DO INGLÊS NO 1.º e 2.º CICLOS DO ENSINO BÁSICO

EduLabs O Projeto AGIRE - objetivos, balanço e expectativas. Lúcia Pombo

O trabalho de projecto e a relação dos alunos com a Matemática

PLANO DE ACÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR DO AGRUPAMENTO DE ESCOLAS MOSTEIRO E CÁVADO 2009/2013

Hola, qué tal?!... Iniciação básica de espanhol. PROFESSORA CRISTINA SIMÕES SENA ANOS LETIVO º e 4 anos

Avaliação do desempenho do docente -2011/2012

SUPERVISÃO PEDAGÓGICA

A Educação para os Media em Portugal

AVALIAÇÃO DO CURSO DE TEATRO E EDUCAÇÃO

GUIÃO ORIENTADOR PARA O RESPONSÁVEL PELO GRUPO/TURMA DE ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCATIVAS INDIVIDUAIS

Avaliação de Desempenho Docente

Equipa de Avaliação Interna: Isabel M. Menezes Pinto - coordenadora docente. Alexandre Ribeiro - docente. Joaquina Dias - docente

ENSINO DA PRONÚNCIA: a Altura de Vogal

FORMULÁRIO E RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DO PESSOAL DOCENTE

O PORTFOLIO E A AVALIAÇÃO DAS APRENDIZAGENS. Ana Cláudia Cohen Coelho Ana Paula Ferreira Rodrigues

GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO DO INGLÊS NO 1.º e 2.º CICLOS DO ENSINO BÁSICO

Relatório Reflexivo. Oficina de Formação

EPDRS. Plano de Ações de Melhoria Ano letivo 2015/16

DESIGNAÇÃO DA ACÇÃO DE FORMAÇÃO A Aprendizagem da Matemática através da Resolução de Problemas Acção 28 / 2009

Palavras chave: trabalho colaborativo, desenvolvimento profissional, articulação curricular, tarefas de investigação e exploração.

Avaliação Externa das Escolas

Programa Nacional de Ensino do Português (PNEP) 1.º Ciclo do Ensino Básico

Uma investigação reflexiva sobre uma abordagem de ensino-aprendizagem baseada em gêneros discursivos: o caso de turma 601

ESCOLA SECUNDÁRIA DR. FR ANCISCO FERNANDES LOPES BIBLIOTECA ESCOLAR PLANO DE ACÇÃO

alunos, especialmente em aulas de leitura em língua estrangeira, uma vez que, de acordo com Allwright & Bailey (1991):

Ano Lectivo 2007/08. Agrupº. Escolas Padre Vítor Melícias

CRITÉRIOS GERAIS de AVALIAÇÃO na EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR

Terceiro Ciclo da Avaliação Externa das Escolas. Campos de análise Referentes Indicadores

CAI RELATÓRIO DE AUTO-AVALIAÇÃO AGRUPAMENTO DE ESCOLAS MOSTEIRO E CÁVADO

Educar para a Cidadania Contributo da Geografia Escolar

AVALIAÇÃO DAS BE e a MUDANÇA A ORGANIZACIONAL: Papel do CREM/BE no desenvolvimento curricular.

Observe! Vai ver que encontra.

ACOMPANHAMENTO DA AÇÃO EDUCATIVA RELATÓRIO DA 2ª INTERVENÇÃO

Acção n.º 12 A Metodologia Kodály na Educação Musical do Ensino Básico

Escola Superior de Educação (ESE)

Flexibilidade Curricular: operacionalização de equipas educativas e de ação educativa interdisciplinar. Sónia Alves

Escola Secundária com 3º Ciclo D. Manuel I de Beja

Critérios de Avaliação dos CEF Curso de Operador Informático 2012/2013

Anexo 1. Fichas A1 e A2 do Plano de Actividades

THINKING OVER B-LEARNING STRATEGY: THE MIPO MODEL APPROACH

Conselho Pedagógico Ano Letivo 2018/2019 Plano de formação docente Orientações pedagógicas com base no Projeto Educativo

GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO DO INGLÊS NO 1.º e 2.º CICLOS DO ENSINO BÁSICO

Agrupamento Vertical de Escolas Ramalho Ortigão

PLANO DE AÇÃO DO AGRUPAMENTO /2016

Percursos e práticas para uma escola inclusiva ÍNDICE GERAL. Ìndice de Gravuras... vi. Ìndice de Anexos... vii INTRODUÇÂO... 1

Ao pessoal docente e não docente da Escola André de Gouveia, pela disponibilidade e simpatia demonstradas ao longo do ano.

Training Course. DESTINATÁRIOS Este curso destina-se a todos os colaboradores que pretendam desenvolver competências interpessoais.

ÍNDICE. 1- Introdução Dificuldades de Aprendizagem Definição Características associadas 14

CAPÍTULO I. 1. INTRODUÇÃO 1.1. contextualização geral da investigação identificação do problema hipóteses de investigação

Direção Geral de Estabelecimentos Escolares - DSRN AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE PÓVOA DE LANHOSO

O MODELO DE ATENDIMENTO À DIVERSIDADE (MAD) E SISTEMAS EDUCACIONAIS INCLUSIVOS DE APOIO A ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS.

Lista de teses na área da avaliação

UM ESTUDO DAS POSSIBILIDADES PARA MELHORAR OS RESULTADOS DE ANÁLISE MATEMÁTICA I PARA ENGENHARIA DE POLÍMEROS

MODELO DE AUTO-AVALIAÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR - INSTRUMENTO PEDAGÓGICO DE MELHORIA CONTÍNUA

AUTO-AVALIAÇÃO DO AGRUPAMENTO SEGUNDO O MODELO CAF AUTO-AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO AGRUPAMENTO

Seminário. Democratização da Náutica: Dinâmicas Regionais e Internacionais

Programa Nacional de Ensino do Português (PNEP) 1.º Ciclo do Ensino Básico

Se quer saber, porque não pergunta?

ACEF/1213/14207 Relatório final da CAE

PARTE TEÓRICA ESTUDOS TEÓRICOS

Transcrição:

A abordagem por tarefas ao ensino-aprendizagem do Inglês Uma experiência de micro-avaliação do impacto das tasks nos alunos Margarida Castro, Filomena Vasconcelos e Margarida Maia Micro-and macro-evaluations can play a major role in helping to propagate teaching with tasks. So, too, can teacher training. (R. Ellis, 2003: 337) Porquê a micro-avaliação das tasks? De acordo com os paradigmas actuais e as propostas europeias e nacionais para o ensino aprendizagem da Língua Inglesa, a abordagem por tarefas apresenta-se como uma das mais adequadas para promover o falante plurilingue e pluricultural e o aluno autónomo. Assim, esta abordagem tem vindo a ser implementada desde há vários anos no contexto da formação inicial e, mais recentemente, no âmbito da formação contínua de professores de Língua Inglesa na Universidade dos Açores. 1 O recurso a esta abordagem na formação de professores visa promover em simultâneo a autonomia do aluno - através da negociação de aspectos da task, da auto-avaliação e da articulação de competências de comunicação em língua com competências de aprendizagem em quase todas as actividades - e a autonomia do professor - através do desenvolvimento de várias competências e atitudes do professor reflexivo, didacta e colaborativo, de entre as quais se destacam as de avaliação e investigação. Ao longo deste processo de implementação da abordagem por tarefas, a questão da avaliação do impacto das tasks nas aprendizagens dos alunos tem vindo a tornar-se cada vez mais central, por várias razões: em primeiro lugar, pela sua natureza enquanto tarefas comunicativas visando a consecução de um produto final tangível que é um acto de comunicação complexo, as tasks planificadas visam o desenvolvimento de competências e estratégias muito diversificadas de comunicação e de aprendizagem; esta multiplicidade de saberes exige diversidade de técnicas e instrumentos de recolha de evidências de aprendizagem. Em segundo lugar, o papel central atribuído numa abordagem por tarefas ao aluno - considerado responsável pela sua própria aprendizagem e pela monitorização da mesma num processo de crescente autonomização determina a diversificação de intervenientes na avaliação. Estes dois aspectos tornam as tarefas de avaliação mais difíceis para os professores. Em terceiro lugar, ao supervisor colocam-se duas questões: como ajudar os professores a melhorar as suas competências de avaliação e investigação e como recolher dados acerca do impacto da abordagem por tarefas nas aprendizagens dos alunos? Os 1 Para uma análise das propostas e recursos para a operacionalização da abordagem por tarefas no âmbito dos Currículos do Ensino Básico e do Ensino Secundário cf. Castro (2003, 2006).

projectos de micro-avaliação das tasks são a estratégia encontrada para tentar responder a estas necessidades e questões em simultâneo. Ao focalizar as dimensões cognitivas e afectivas da aprendizagem, os projectos de micro-avaliação das tasks podem ser adequados à avaliação/ investigação do impacto das tasks implementadas nos alunos. De facto, estes projectos visam avaliar não apenas a aquisição das competências previstas mas também o gosto dos alunos e a sua percepção da utilidade das tasks, dois aspectos considerados importantes para a activação posterior em situação de comunicação autêntica dessas competências, isto é, para a autonomia. O que é a micro-avaliação das tasks? Ao referir a necessidade de uma avaliação interna da abordagem por tarefas, Ellis (2003) constata que existem surpreendentemente poucas avaliações empíricas da mesma. Assim, propõe a realização deste tipo de avaliação cuja finalidade é saber se esta abordagem funciona, isto é, se atinge os seus objectivos em determinados contextos. O autor propõe dois tipos de avaliação interna, a macro-avaliação, que visa avaliar o impacto de um curso completo baseado numa abordagem por tarefas, e a micro-avaliação, que tem por objectivo verificar se uma task resultou com um determinado grupo de alunos e que pode ser usada, igualmente, para identificar limitações no design da task e, assim, encontrar formas de a melhorar. É este tipo último tipo de avaliação que está a ser implementado. Para a micro-avaliação das tasks, o autor propõe o recurso a três tipos de avaliação: a student-based evaluation, que visa recolher informação acerca das opiniões e atitudes dos alunos relativamente à task, através de entrevistas e ou questionários; a response-based evaluation, que tem por objectivo obter dados sobre os resultados obtidos da task (em termos de processo e de produto) em comparação com os resultados previstos, recorrendo, por exemplo, a gravações de momentos da task, à transcrição e à análise da informação e a learning-based evaluation, que visa recolher evidências de aprendizagem da língua, com recurso a um pré-teste e um pós-teste. O autor considera que este último tipo de avaliação pode, por vezes, ser obtido através da análise do discurso resultante da task. Finalmente Ellis (2003: 326) propõe a articulação da micro-avaliação das tarefas com a investigação-acção: task evaluation, when conducted by teachers in their own classrooms, (as in Hogwerf s evaluation), serves as an effective way of conducting action-research. It serves as a way for teachers to become reflective practitioners (Schön 1983). Como se operacionaliza a micro-avaliação das tasks? O desenvolvimento mais recente do projecto de abordagem por tarefas que aqui se refere diz respeito às questões da avaliação das tasks. Para tal, seguiram-se de muito perto as propostas para a micro-avaliação do impacto das tasks nos alunos descritas supra. Trata-se de

promover a avaliação das tasks pelos próprios professores através do recurso à investigaçãoacção, uma estratégia que tem vindo a ser usada desde 1997 na formação inicial e que agora se procura rentabilizar junto de todos aqueles que experimentam as propostas de abordagem por tarefas. Os professores e futuros professores recebem formação inicial em investigaçãoacção: no caso dos alunos-estagiários esta decorre no espaço do seminário pedagógicodidáctico e o projecto é implementado nas suas aulas aquando da planificação e execução das tasks sob a sua responsabilidade; quanto aos restantes professores, a formação tem lugar nas sessões de trabalho do grupo task-based approach no âmbito do GT-PA. No âmbito desta formação, e no que respeita à micro-avaliação das tasks, os professores lêem o texto de Ellis (2003) acerca das diversas formas de avaliação, identificando estas, as suas finalidades e as técnicas e instrumentos de avaliação adequados a cada uma. Seguidamente, analisam o descritivo de um projecto realizado e preenchem uma tabela semelhante à que se apresenta neste artigo em anexo. Depois, esboçam uma simulação de um projecto. Por fim, assistem à apresentação de projectos realizados, incluindo uma reflexão pelos autores dos mesmos acerca das dificuldades encontradas e das formas de as superar. No caso dos alunosestagiários, estes podem escolher entre a realização de projectos de investigação-acção deste ou de outro tipo. Tal como já acontecia antes da adopção dos projectos de micro-avaliação das tasks 2, os projectos são orientados por um guião e vão sendo monitorizados e avaliados pela supervisora/ docente da cadeira de Seminário Pedagógico-Didáctico e reescritos pelos alunos ao longo da sua implementação. Rentabiliza-se todo o trabalho que os alunos-estagiários e os outros professores teriam de desenvolver no âmbito da sua prática: por um lado, a estrutura dos planos de task elaborados apresenta características e instrumentos que facilitam a avaliação dos mesmos através deste tipo de projecto (a indicação dos processos de operacionalização/de aprendizagem ou das estratégias a promover em cada actividade facilita a tomada de decisão acerca dos aspectos a avaliar, sendo que, em muitos casos, esses processos, correspondendo a comportamentos observáveis - como, por exemplo, usa guessing strategies inventa/ cria palavras... - são usados como critérios de avaliação/ investigação). Por outro lado, a maioria dos instrumentos de avaliação usados para a recolha de evidências de aprendizagem é ajustada e rentabilizada para a investigação (por exemplo, o learning diary aplicado habitualmente para saber se os alunos gostaram da tarefa, para estes fazerem o balanço das dificuldades e aprendizagens e darem sugestões para a task seguinte - é utilizado para recolher informação do tipo student-based...). Também a final task é recolhida e avaliada, no caso das tarefas que resultam num registo escrito, ou gravada, transcrita e analisada para recolher evidências de aprendizagem/ dados para a avaliação do tipo response- 2 Cf. Castro e Medeiros (2003) para um descritivo da implementação dos projectos de investigação-acção.

based ou, quando comparados estes dados com outros recolhidos antes da intervenção, para a avaliação do tipo learning-based. Ainda, a observação de aulas pelos pares e pela observadora é usada, quando necessário, para recolher dados da observação que podem servir a avaliação do tipo response-based. Que projectos estão a ser desenvolvidos e que perspectivas? No ano lectivo transacto foram realizados seis projectos, um dos quais no ensino secundário, implementado por professoras experientes (ver anexo). Neste ano, encontram-se em fase de conclusão dois projectos no ensino básico e está em fase de implementação um projecto no ensino secundário. No âmbito destes trabalhos, procurou-se avaliar o impacto das tasks em aspectos das competências linguística, de oralidade, de leitura e de escrita, na percepção de utilidade dos mesmos e na relação afectiva dos alunos com estes aspectos e com a abordagem por tarefas. Os resultados são globalmente positivos. A principal dificuldade identificada diz respeito à recolha de dados a nível de pré-teste para a avaliação do tipo learning-based. Apesar de planificada em todos os projectos, esta nem sempre foi implementada, o que limitou os trabalhos aos outros dois tipos de avaliação, como no caso do projecto que se apresenta em anexo1. 3 Porém, esta dificuldade não foi observada nos projectos agora em conclusão. Este é um processo ainda exploratório. Pelas dificuldades acabadas de referir, os resultados obtidos até ao momento valem mais pela sua qualidade acrescida enquanto evidências de aprendizagem do que pelo seu rigor enquanto dados de investigação. No entanto, essa qualidade permite considerar que, uma vez ultrapassadas essas limitações, talvez seja possível investigar com rigor o impacto das tasks nas aprendizagens dos alunos através desta estratégia de micro-avaliação. É esse o propósito a perseguir nos projectos em curso. Referências Bibliográficas Castro, M. (2003). Planos de task. Recursos para a promoção do falante plurilingue e pluricultural e do professor reflexivo. The APPI Journal, 3 (2), 33 42. Castro, M. (2006). A Abordagem por Tarefas ao Ensino-Aprendizagem do Inglês Contributos para o Desenvolvimento Profissional dos Professores. In R. Bizarro & F. Braga (orgs.), Formação de Professores de Línguas Estrangeiras: Reflexões, Estudos e Experiências. Porto: Porto Editora. 3 O projecto aqui apresentado, sofre, ainda, de outras limitações, a saber: relativamente à questão 1, as brochuras são o resultado de trabalho de grupo, pelo que apenas nos dão uma imagem de resultados da escrita colaborativa, e são o produto final obtido após reescrita. Quanto à questão 2, não se pode falar de competência linguística mesmo uso autónomo do saber pelo aluno numa situação de comunicação porquanto o uso avaliado é induzido através de um exercício de gramática (embora se trate de uma tarefa com elevado grau de flexibilidade e abertura); nesta questão, os dados recolhidos referem-se apenas a uma amostra representativa da turma.

Ellis, R. (2003). Task-based Language Learning and Teaching. Oxford: Oxford University Press. Silva, C. & Castro, M. (2003). Formação inicial de professores e construção de saber didáctico. Contributos de um trabalho colaborativo. In C. Mello, A. Silva, C. Lourenço, L. Oliveira, H. Araújo e Sá (orgs.), Didáctica das Línguas e Literaturas em Portugal: contextos de emergência, condições de existência e modos de desenvolvimento. Coimbra: Pé de Página Editores.