Mais um ano de transição

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Transcrição:

Mais um ano de transição Boas perspectivas de crescimento nos países emergentes, estagnação na Europa Ocidental, recuperação lenta nos Estados Unidos e avanço das montadoras alemãs e asiáticas devem caracterizar panorama global do setor automotivo em 2013 4 KPMG Business Magazine

Enquanto a indústria automobilística enfrenta grandes riscos de aumento da capacidade ociosa em mercados maduros como Japão, Estados Unidos e Espanha, as chances de crescimento continuam muito mais positivas nos BRIC e em outros países emergentes. E as montadoras de origem alemã Volkswagen e BMW, seguidas pela Toyota e por outros gigantes asiáticos deverão ser os grandes destaques de 2013. Estas são algumas das conclusões da 14ª edição do KPMG s Global Automotive Survey, que ainda indicou a queda do interesse do setor no desenvolvimento do carro elétrico embora aumentem as apostas em veículos híbridos e em tecnologias de redução dos gastos com combustíveis. O Global Automotive Survey 2013 contou com a participação de 200 executivos de 31 países, representando todos os elos da cadeia automobilística. As conclusões indicam que 2013 será mais um ano de transição na indústria automobilística, caracterizado pela continuidade da crise ou estagnação nas economias mais maduras e por boas perspectivas nas economias emergentes, que nem sempre se confirmam, avalia Charles Krieck, sócio líder na área de Industrial Markets da KPMG no Brasil. O levantamento indica que a metade dos executivos consultados enxergam riscos de aumento da capacidade ociosa em centros produtivos tradicionais como Japão, Alemanha, Estados Unidos, Coreia do Sul, Espanha e França. Quanto às economias em desenvolvimento, embora a maior parte dos participantes da pesquisa continue acreditando no potencial dos BRIC e de outros países emergentes, as previsões variam muito quando se trata de prazos. Apenas 11% dos executivos que participaram da pesquisa, por exemplo, consideram que a China se transformará em um exportador importante de veículos no prazo de um a dois anos. Em 2012 essa porcentagem era de 32%. E enquanto 22% dos participantes consideram que a Índia é, hoje, um exportador importante (contra apenas 2% no ano anterior), somente 29% dizem que o país continuará ocupando posição relevante do mercado global em um prazo de seis a nove anos (eram 43% em 2012). Quanto à Rússia, só 14% das respostas apontam o país como exportador de um número significativo de veículos KPMG Business Magazine 5

em um prazo de dez anos. E o Brasil aparece como um mercado menos imprevisível: 37% dos executivos dizem que o país será um exportador de destaque em prazo de três a cinco anos, diante de 35% das respostas no ano anterior. Quatro em cada dez executivos consideram que o Sudeste Asiático e a Europa Oriental oferecem as melhores oportunidades para que os BRIC aumentem sua participação no mercado automobilístico mundial. E a Europa Oriental e o México são vistos como as grandes portas de entrada para os produtos desses países, respectivamente rumo aos megamercados da União Europeia e dos Estados Unidos. Mercados maduros e economias emergentes também apresentam grandes diferenças quando se trata dos segmentos da indústria com melhores perspectivas. Enquanto 66% dos executivos que tomaram parte da pesquisa da KPMG International afirmam que haverá um aumento da demanda por SUVs (utilitários esportivos de grande porte) nos BRIC e demais economias em desenvolvimento, 58% consideram que os carros básicos e compactos deverão ser o destaque do ano nos mercados tradicionais Estados Unidos, Europa Ocidental e Japão. Impacto das regulamentações nos BRIC 6 KPMG Business Magazine

Potencial de exportação dos mercados emergentes Grandes marcas A Volkswagen lidera as indicações dos executivos com relação às perspectivas de aumento do market share, a exemplo do que relatava a pesquisa do ano anterior. Nada menos que 81% dos participantes do KPMG s Global Automotive Survey consideram que a montadora alemã viverá um crescimento de sua participação no mercado global. Em seguida vêm a BMW, também de origem alemã, a BAIC chinesa, a Toyota, a Hyundai/KIA, da Coreia do Sul e as também chinesas SAIC e SAW. A primeira gigante norteamericana a aparecer na pesquisa como candidata a um aumento no market share é a Ford, apenas em 14º lugar. O desenvolvimento de novos produtos e tecnologias é visto por 88% dos participantes como a estratégia mais eficiente para a conquista de market share no período 2013-2018, secundada pela busca por novos mercados (81%). As parcerias ganharam força como estratégia de crescimento tanto para a indústria automotiva dos Estados Unidos, Europa Ocidental e Japão (80% das respostas) como para os BRIC (79%). Observa-se, em relação ao Survey de 2012, uma notável mudança de expectativa em relação ao poder de fogo das montadoras instaladas nos BRIC. No ano passado, a pesquisa indicava que 60% dos participantes acreditavam nas parcerias como principal motor do crescimento, enquanto 71% apostavam no crescimento orgânico. Na mão oposta, naquele mesmo ano, 61% dos participantes consideravam o crescimento orgânico como a principal fonte de avanço para as indústrias dos BRIC. Na pesquisa de 2013 essa margem saltou para 79%. KPMG Business Magazine 7

Combustíveis mais eficientes Charles Krieck, da KPMG no Brasil, também observa que uma das grandes novidades do Global Automotive Survey 2013, quando comparado com a edição do ano anterior, se refere aos fatores que influenciam na decisão de compra do cliente. O consumidor está mais exigente face à economia de combustíveis, muito provavelmente por conta da crise e da necessidade de controlar melhor os gastos, diz. De acordo com a pesquisa, para 92% dos executivos consultados a economia de combustíveis é decisiva no momento da escolha uma alta importante em relação aos 75% de 2012. Em segundo lugar, diz a pesquisa, vêm as inovações destinadas a ampliar a segurança dos passageiros (78% ante 64% do ano passado), seguidas pelo conforto e ergonomia (77%) e pelo respeito ao meio ambiente (71%). Os executivos que responderam à pesquisa da KPMG International afirmam que o maior desafio da indústria automobilística em 2013 será crescer nos mercados emergentes (86%). O segundo maior desafio é avançar no desenvolvimento das baterias para automóveis elétricos, seguido pela redução do tamanho e o aumento da eficiência dos motores a combustão interna (73% das indicações). Por fim, os executivos apontaram como a maior prioridade de suas empresas em termos de investimento a redução do tamanho dos motores de combustão interna, seguida pelo desenvolvimento dos motores híbridos. A pesquisa de baterias de maior duração, associada à implantação dos carros elétricos, aparece em quarto lugar na lista de prioridades de investimento. A verdade é que, diante do desenvolvimento dos motores híbridos e da grande variedade de combustíveis alternativos à disposição no mercado, o carro elétrico se transformou em uma opção muito cara e difícil de implementar, diz Charles Krieck. Aparentemente, os principais policy makers da indústria automobilística mundial não acreditam mais no desenvolvimento de uma produção em massa de veículos elétricos em curto ou mesmo em médio prazo, conclui. 8 KPMG Business Magazine