Silvicultura 105
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Perspectivas 2017 CRESCIMENTO DO SETOR DE FLORESTAS PLANTADAS E REDUÇÃO DA INSEGURANÇA JURÍDICA SÃO PRINCIPAIS APOSTAS A redução dos investimentos em novos plantios, observada há alguns anos principalmente nas culturas de eucalipto e pinus (figura 1), contradiz o compromisso do Brasil em restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares para o cumprimento do Acordo de Paris (COP 21) ratificado em 2016. Para que esse desafio nacional seja, de fato, uma oportunidade para o silvicultor brasileiro a partir de 2017, há necessidade de investimentos do produtor rural, ampliação das informações e capacitações técnicas que possibilitem o acesso ao crédito. Figura 1. Evolução da área de eucalipto e pinus no Brasil (2005-2015) Área (Hectares) 8.000.000 7.000.000 6.000.000 5.000.000 4.000.000 3.000.000 2.000.000 1.000.000 8,2% 6,0% 3,0% 0,6% 9,0% 4,4% 5,3% 2,3% 2,1% 2,1% 2,5% 6,5% 8,7% 5,0% 3,2% 0,6% 1,6% 1,2% 1,3% 0,5% 10% 5% 0% 5% Variação anual (%) 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 10% Eucalipto Pinus % anual Eucalipto % anual Pinus Fonte: Ibá, 2016. Elaboração CNA. O setor aguarda para 2017 o Plano Nacional de Desenvolvimento de Floresta Plantadas, previsto no Decreto n 0 8.375/2014. Sua execução será de responsabilidade do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a quem compete a coordenação do planejamento, a implementação e a avaliação de suas ações, assim como a promoção de sua integração com as demais políticas e setores da economia. O referido plano terá como conteúdo mínimo realizar o diagnóstico do setor de florestas plantadas, incluindo o inventário florestal, a proposição de cenários com tendências internacionais e macroeconômicas, metas de produção florestal e as respectivas ações para seu alcance. A publicação do plano é imprescindível para o replanejamento do setor para os próximos anos e irá sinalizar, por parte do governo, o compromisso com os acordos internacionais. 107
A soberania do país era o principal argumento do governo por não ter criado solução para a questão da compra de terras por estrangeiros e o incentivo à retomada dos investimentos. O novo governo iniciou a discussão com as entidades que representam o setor florestal e sinaliza para um acordo em breve. Isso irá exigir imediata organização e planejamento dos produtores rurais, para não perderem mercado frente à escala de produção das grandes indústrias que possuem capital estrangeiro e que deverão ficar ainda mais competitivas ao adquirir novas áreas e aumentar a produção. O mercado siderúrgico, grande consumidor de madeira para carvão vegetal e principal termômetro do setor florestal brasileiro, deverá permanecer, ao longo de 2017, dependente da China, maior produtor de aço do mundo. O país asiático, que está enfrentando pedidos de penalidades comerciais para bloquear suas exportações sob a justificativa de exportar aço abaixo do preço previsto, prometeu reduzir a capacidade de produção, de 1,1 bilhão de toneladas, entre 100 milhões e 150 milhões de toneladas ao longo de cinco anos embora ainda não tenha iniciado a redução. Por enquanto, o mercado siderúrgico interno permanece dependente do reaquecimento das indústrias da construção civil, automobilística e de eletrodomésticos. É fundamental que, no próximo ano, haja uma iniciativa ordenada de formulação de ações públicas específicas. O objetivo seria fomentar a utilização de matéria-prima florestal para fins energéticos no Brasil, de forma sustentável, tanto para atender às demandas crescentes do mercado interno quanto para aumentar a nossa participação no comércio internacional desses. Diante das características próprias que englobam o ciclo da atividade, há necessidade de caracterizar o setor como atividade específica para produção de energia. Assim, há a expectativa de realização de leilões públicos específicos para a utilização de cavaco de madeira proveniente das florestas plantadas. A recente adesão da borracha natural à Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum do Mercosul (Letec), cuja alíquota do Imposto de Importação passou de 4% para 14%, criou grande oportunidade de reorganização da cadeia produtiva da heveicultura a partir de 2017, com benefícios a todos os atores (produtores, sangradores e beneficiadores). A inclu são do produto na Letec por um ano atende às reivindicações do segmento e possibilita o reinício das discussões sobre um Plano de Desenvolvimento da Heveicultura Nacional. 108
Balanço 2016 INSEGURANÇA JURÍDICA PREJUDICA INVESTIMENTOS E CELULOSE É DESTAQUE NAS EXPORTAÇÕES Marcado pela queda de preço da madeira de eucalipto, 2016 não foi um ano fácil para o silvicultor brasileiro. Em algumas regiões acompanhadas pelo Projeto Campo Futuro da CNA, o valor pago ao produtor foi inferior a R$ 30/m³, enquanto a expectativa na época do plantio era receber R$ 50/m³. O tímido aumento da área plantada de eucalipto (1,3%) deveu-se aos investimentos das grandes indústrias, principalmente aquelas que abastecem o mercado de celulose. A área plantada de pinus teve retração (-0,5%) em relação ao ano anterior. Semelhantemente, a área plantada das demais culturas, cujo objetivo é principalmente a produção de madeira sólida, teve aumento pouco significativo. O ciclo de produção das florestas exige planejamento antecipado. O produtor florestal já está sem fôlego para permanecer na atividade com os baixos preços da madeira, ocasionado pelo excesso do produto em algumas regiões. Além de novas invasões por movimentos sociais em áreas privadas de empresas do setor florestal, sendo a maior delas no sul da Bahia, a insegurança jurídica, ocasionada pelo impedimento da compra de terras por estrangeiros ainda assombrou os investidores ao longo de 2016. Ainda assim, no acumulado de janeiro a setembro de 2016, o saldo da balança comercial dos produtos florestais foi positivo em US$ 6,5 bilhões, US$ 7,6 bilhões em vendas externas e US$ 1,1 bilhão em importações. Novamente, em 2016, o grande destaque foi o mercado de celulose, cujos embarques totalizaram US$ 4,1 bilhões (jan.-set.). Até setembro deste ano, o principal destino das exportações brasileiras de celulose foi a China (38%), seguido da Europa (34%). Já o papel brasileiro teve como principal mercado a América Latina (59%). 109
No segmento de madeira processada, no acumulado de janeiro a setembro de 2016, as exportações totalizaram US$ 2,1 bilhões, ante US$ 1,5 bilhão no mesmo período do ano passado. As importações neste ano totalizaram US$ 92 milhões e foram 16% superiores aos primeiros nove meses de 2015. Papel e borracha natural são os produtos que mais impactaram a balança comercial florestal, cujas importações, no período avaliado, foram superiores a US$ 550 milhões e US$ 220 milhões, respectivamente. Figura 2. Evolução da exportação e importação dos produtos florestais ao longo de 2016 (jan.-set.) Exportação (US$ Milhões) 1000 80 900 70 800 60 700 600 50 500 40 400 30 300 20 200 100 10 0 0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Importação (US$ Milhões) Celulose (exp) Madeira (exp) Borracha e gomas naturais (exp) Papel (exp) Celulose (imp) Madeira (imp) Papel (imp) Borracha e gomas naturais (imp) Fonte: Ibá, 2016. Elaboração CNA. 110
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