AÇÕES DE SAÚDE VOCAL O QUE O PROFESSOR UTILIZA NA ROTINA PROFISSIONAL EM LONGO PRAZO?

Documentos relacionados
PRODUTO TÉCNICO DO MESTRADO PROFISSIONAL INTRODUÇÃO

Análise dos instrumentos de avaliação autoperceptiva da voz, fonoaudiológica da qualidade vocal e otorrinolaringológica de laringe em professores.

Sintomas Vocais, Perfil de Participação e Atividades Vocais (PPAV) e Desempenho Profissional dos Operadores de Teleatendimento

CONTRIBUIÇÕES DE UM PROGRAMA DE ASSESSORIA EM VOZ PARA PROFESSORES

Bogotá, Colombia. 50 años de la Fonoaudiología en Colombia

AUTOPERCEPÇÃO DE ALTERAÇÕES VOCAIS E DE ABSENTEÍSMO EM PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

Plano de Formação 2018/2021

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE MEDICINA

TRAÇANDO O PERFIL VOCAL DE DOCENTES COM DISTÚRBIO DE VOZ: UM OLHAR PARA A EDUCAÇÃO VOCAL.

Análise da comunicação oral, condições de trabalho e sintomas vocais de professores de curso pré-vestibular.

EDUCVOX - EDUCAÇÃO EM SAÚDE VOCAL: QUEIXAS E IMPRESSÕES VOCAIS DE PACIENTES PRÉ E PÓS INTERVENÇÃO EM GRUPO

RESUMO SIMPLES. AUTOPERCEPÇÃO DA VOZ E INTERFERÊNCIAS DE PROBLEMAS VOCAIS: um estudo com professores da Rede Pública de Arari MA

ASSOCIAÇÃO ENTRE SENSAÇÕES LARINGOFARINGEAS E CAUSAS AUTORREFERIDAS POR PROFESSORES.

A disfonia é um processo multifatorial sendo definida como qualquer. dificuldade ou alteração na emissão natural da voz. Aspectos biológicos,

AVALIAÇÃO VOCAL NA PERSPECTIVA DE PROFESSORES E FONOAUDIÓLOGOS: SIMILITUDES RELACIONADAS À QUALIDADE VOCAL

1. Distúrbios da voz 2. Fatores de risco 3. Condições do trabalho

A DISFONIA EM PROFESSORAS E A PRÁTICA DA FONOAUDIOLOGIA

Palavras-chaves: Qualidade da voz; Qualidade de vida, docente. (4). Um importante aspecto a ser avaliado em processos

VISÃO DE PROFESSORAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL SOBRE SUA PRÁTICA DE COMUNICAÇÃO ORAL NO CONTATO COM OS ALUNOS

ÍNDICE DE CAPACIDADE PARA O TRABALHO E DESEQUILÍBRIO ESFORÇO-RECOMPENSA RELACIONADO AO DISTÚRBIO DE VOZ EM PROFESSORAS DA REDE ESTADUAL DE ALAGOAS

SAÚDE VOCAL E O PROFESSOR DE ENSINO FUNDAMENTAL DO PRIMEIRO AO QUINTO ANO

DESCRIÇÃO DO PERFILVOCAL DE PROFESSORES ASSISTIDOS POR UM PROGRAMA DE ASSESSORIA EM VOZ

Distúrbio de voz, estresse no trabalho e perda de capacidade de trabalho realizado com professores de São Paulo

Marina Emília Pereira Andrade

Cássia Rafaela de Oliveira Ribeiro

FATORES ASSOCIADOS A PROBLEMAS VOCAIS NA ÓPTICA DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA EM CAXIAS - MA

Correlações entre ruído ambiental em sala de aula e voz do professor

1. Introdução. 2. Objetivo

Mara Behlau, Fabiana Zambon, Ana Cláudia Guerrieri, Nelson Roy e GVP(*) Instituições: Panorama epidemiológico sobre a voz do professor no Brasil

Perfil de Participação e Atividades Vocais em Avaliação Vocal em Professores Universitários

Daniela Morais de Carvalho

Desenhos e Depoimentos sobre a Voz Explorando a Percepção e o Conhecimento Vocal nos Grupos de Vivência de Voz

Distúrbio de voz relacionado ao trabalho docente: um estudo caso-controle.

VOZ E CONDIÇÕES DE TRABALHO EM PROFESSORES

Questionário Condição de Produção Vocal Professor (CPV-P): comparação. Autores: SUSANA PIMENTEL PINTO GIANNINI, MARIA DO ROSÁRIO DIAS

Saúde Vocal para professores do Ensino Médio: Estratégia de educação em Saúde na Campanha da Voz 2016

SINTOMAS VOCAIS RELACIONADOS À HIDRATAÇÃO MONITORADA

Fisioterapia e Terapia Ocupacional SENSIBILIZAR PROFESSORES QUANTO ÀS QUESTÕES DE CORPO E VOZ NA PERSPECTIVA DA FISIOTERAPIA

CAMPANHA DA VOZ 2011

ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NAS AÇÕES EDUCATIVAS DE VOZ EM GRUPO PARA O PROFESSOR: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

RISCOS OCUPACIONAIS À SAÚDE E VOZ DE PROFESSORES: ESPECIFICIDADES DAS UNIDADES DE REDE MUNICIPAL DE ENSINO

Fonoaudiologia Educacional: Entendendo essa Especialidade

SAÚDE VOCAL DO PROFESSOR: INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Análise dos aspectos de qualidade de vida em voz. após alta fonoaudiológica: estudo longitudinal

Voz e disfunção temporomandibular em professores

Peculiaridades do uso da voz por professores de educação física escolar: origem e função interativa

Voz do professor: uma revisão de 15 anos de contribuição fonoaudiológica

TÍTULO: DESVANTAGEM VOCAL EM CANTORES POPULARES PROFISSIONAIS E AMADORES COM E SEM TREINAMENTO

Universidade Federal do Rio Grande do Norte Pró-Reitoria de Graduação Pró-Reitoria de Recursos Humanos. Projeto de Atualização Pedagógica - PAP

LEVANTAMENTO E ANÁLISE DE DADOS REFERENTES A HÁBITOS PREJUDICIAIS À SAÚDE VOCAL DOS PROFESSORES DE ESCOLAS PÚBLICAS DE CAXIAS - MA.

Voice disorder: case definition in epidemiological studies. Trastorno de la voz: definición de caso en estudios epidemiológicos

Correlações entre idade, auto-avaliação, protocolos de qualidade de vida e diagnóstico otorrinolaringológico, em população com queixa vocal

REVISÃO SISTEMÁTICA DE PUBLICAÇÕES ABORDANDO A COMUNICAÇÃO ORAL DO PROFESSOR

Distúrbio de Voz Relacionado ao Trabalho

ADOECIMENTO VOCAL EM PROFESSORES

GT1: Formação de professores que lecionam Matemática no primeiro segmento do ensino fundamental

AUTOPERCEPÇÃO DE SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA GLOBAL DE USUÁRIOS DE UM AMBULATÓRIO DE FONOAUDIOLOGIA

SINTOMAS VOCAIS E PERFIL DE PROFESSORES EM UM PROGRAMA DE SAÚDE VOCAL

Universidade Pública na Formação de Professores: ensino, pesquisa e extensão. São Carlos, 23 e 24 de outubro de ISBN:

TRAJETÓRIAS PROFISSIONAIS DOS EGRESSOS DE CIÊNCIA DA EDUCAÇÃO E PEDAGOGIA DA FIBRA ( )

Sintomas vocais e causas autorreferidas em professores

Estratégias em Telesserviços. Josimar Gulin Martins 1

CURSO: MÚSICA EMENTAS º PERÍODO

Qualidade de Vida Relacionada à voz em Professoras do Ensino Fundamental da Rede Pública

EDUCAÇÃO EM SAÚDE VOCAL: UMA EXPERIÊNCIA DE INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM GRUPO

As contribuições das práticas laboratoriais no processo de Ensino-Aprendizagem na área de Química

15 Congresso de Iniciação Científica GRUPOS DE VIVÊNCIA DE VOZ COM PROFESSORES DA REDE PARTICULAR DE ENSINO

Relações entre saúde e trabalho docente: percepções de professores sobre saúde vocal

UNIDADE UNIVERSITÁRIA: Faculdade de Filosofia e Ciências

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. Lidiane de Oliveira Carvalho

Processos educativos em saúde vocal do professor: análise da literatura da Fonoaudiologia brasileira

UMA PROFESSORA INICIANTE: UM SONHO, ALGUMAS DIFICULDADES E A ESPERANÇA DE SUPERAÇÃO

SINAIS E SINTOMAS DA DISFUNÇÃO AUTÔNOMA EM PROFESSORES

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE: A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Perfil epidemiológico dos distúrbios da comunicação humana atendidos em um ambulatório de atenção primária à saúde

PIBID GEOGRAFIA NA MEDIAÇÃO ENTRE A ESCOLA E A UNIVERSIDADE COMO ESPAÇOS DE FORMAÇÃO DOCENTE

A FORMAÇÃO CONTINUADA EM LIBRAS PARA PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA: A EXPERIÊNCIA DA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE JATAÍ-GO

AÇÕES DE PROMOÇÃO E PREVENÇÃO À SAÚDE VOCAL DE PROFESSORES: UMA QUESTÃO DE SAÚDE COLETIVA

Percurso da Aquisição dos Encontros Consonantais e Fonemas em Crianças de 2:1 a 3:0 anos de idade

FORMAÇÃO INICIAL E EXTENSÃO COMUNITÁRIA: PERCEPÇÃO DO UNIVERSITÁRIO A RESPEITO DE SUAS AQUISIÇÕES AFETIVAS, COGNITIVAS E PRÁTICAS

LEMBRANÇA DOS MESTRES (CÂMPUS CAMBORIÚ) E SUAS IMPLICAÇÕES NA PRÁTICA PEDAGÓGICA 1

PLANO DE CURSO SIMPLIFICADO

ESTAGIO CURRICULAR: UMA FERRAMENTA DE CONHECIMENTO.

Palavras-chave: Habilidades Sociais Educativas; docência; Pedagogia.

Eficiência e valores de corte do Perfil de Participação e Atividades Vocais para não professores e professores

FORMAÇÃO CONTINUADA E PRÁTICA PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES DE MATEMÁTICA DO ENSINO FUNDAMENTAL II DE TANGARÁ DA SERRA, MT

PROJETO ESPECIAL DE AÇÃO

Atuação fonoaudiológica na educação infantil no contexto do Programa Saúde na Escola e da Parceria Ensino-Serviço.

A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE VOCAL EM DIFERENTES CATEGORIAS PROFISSIONAIS: uma revisão integrativa

EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO ENSINO REGULAR: A VISÃO DOS PROFESSORES ESPECIALISTAS

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PARFOR

Desenvolvimento do projeto

CONSTRIBUIÇÕES DO PIBID NA FORMAÇÃO DOCENTE

PERCEPÇÃO DAS VIVÊNCIAS INTERDISCIPLINARES DOS VOLUNTÁRIOS DO PROJETO DE EXTENSÃO PROGRAMA DE ATENÇÃO À SAÚDE DA CRIANÇA 1

SABERES DOCENTES E SUAS RELAÇÕES COM O LUDISMO EM SALA DE AULA

Voz do professor: gerenciamento de grupos *

FORMAÇÃO DO PEDAGOGO: VIVÊNCIAS EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES NO ESTÁGIO CURRICULAR DO CURSO DE PEDAGOGIA/EAD.

A TECNOLOGIA NAS DIRETRIZES CURRICULARES DA PEDAGOGIA: UMA ANÁLISE CRÍTICA DAS RESOLUÇÕES DE 2006 E

Transcrição:

AÇÕES DE SAÚDE VOCAL O QUE O PROFESSOR UTILIZA NA ROTINA Autora: Maria Lúcia Suzigan Dragone PROFISSIONAL EM LONGO PRAZO? Instituição: Centro Universitário de Araraquara, UNIARA. Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em Educação: Processos de Ensino, Gestão e Inovação. RESUMO EXPANDIDO INTRODUÇÃO Em 2010, um estudo epidemiológico revelou que 30,3% dos professores sentem limitações das atividades profissionais por causa de problemas de voz contra 5,5% de não professores; majoritariamente os professores referiram já terem vivenciado problemas de voz (63%), e 16,6% deles previram mudança de profissão no futuro relacionada a dificuldades vocais 1. Esses dados reforçaram os achados de outros pesquisadores internacionais 2,3, e a necessidade de ações efetivas de promoção de saúde vocal para esta classe profissional. A comunidade científica fonoaudiologica parece sensível a esta necessidade visto a ocorrência crescente de estudos na área 4 ; mas, há poucas descrições de ações formativas e de promoção/prevenção de saúde vocal abordando seus efeitos. Algumas publicações descrevem programas de promoção e prevenção de saúde vocal entre professores atuantes ou em formação de diversos níveis de ensino 5-8, outros estudos apontam os efeitos desses programas como o aumento da percepção da própria alteração vocal entre professores do ensino infantil 9, a diminuição da quantidade de uso vocal e de variações de tonalidade desnecessárias ao contexto de comunicação após 5 encontros abordando o assunto 10, e modificações de atitudes comunicativas em sala de aula com a participação o de professores em curso de extensão em comunicação oral e voz 11. Existe, assim, a preocupação em investigar o quanto o conhecimento oferecido pode ser realmente utilizado. Os próprios professores sugerem interesse em serem expostos a atividades de voz relacionadas diretamente ao trabalho docente, provavelmente para efetivar a aplicabilidade dos conhecimentos adquiridos em 12 encontros de um programa de saúde vocal na sala de aula 12, esse foco ampliado é apoiado por autores da área da educação visando a competência em utilizar a voz e a comunicação oral como recurso do trabalho docente 13. Sob essas perspectivas pode-se questionar o quanto professores

conseguem assimilar conceitos dessa natureza e utilizá-los em favor da saúde vocal e de sua comunicação. OBJETIVO: Investigar quais conceitos os educadores lembram e aplicam na prática profissional, entre aqueles trabalhados em ações de promoção saúde vocal e capacitação em comunicação oral. MÉTODO Estudo exploratório longitudinal, com projeto aprovado em Comitê de Ética em Pesquisa UNIARA sob nº 1211/10, realizado com 134 educadores participantes do Programa de Saúde Vocal e Comunicação Oral em parceria com a Secretaria de Educação Municipal e a Instituição do pesquisador, entre 2012 e 2013, que poderiam ou não ter realizado algumas das ações deste mesmo programa em anos anteriores. Esse programa ocorre desde o ano 2000, com ações diversificadas, a saber: palestra informativas, oficinas de voz em dois encontros de duas horas grupos de até 50 educadores abordando cuidados vocais e promoção de saúde vocal; vivências em voz com uma hora e meia de duração locadas nas escolas durante horário de reuniões pedagógicas com atividades práticas, troca de informações sobre a voz no trabalho e construção de estratégias de economia vocal em grupo. Utilizou-se um questionário para marcar a recordação de ter participado de alguma ação anterior, para apontar o(s) conceito(s) aprendidos, com espaço livre para referir utilização dos conceitos na prática profissional. Utilizou-se o banco de dados do programa confirmação das participações. Os dados foram analisados quantitativamente e qualitativamente com categorização dos conceitos referidos. RESULTADOS Entre os 134 educadores participantes do estudo, somente 44 haviam participado de ações do programa entre 2000 e 2011, e, a maioria destes recordou-se das participações (Tabela 1), 80,6% havia participado de ações entre 2001 e 2005 (Tabela 2). Não foi possível relacionar os resultados com os tipos diferentes de ações, visto terem ocorrido em momentos distintos (oficinas 2001 a 2005; vivências 2005 a 2010.

TABELA 1 Educadores que haviam participado de ações entre 2000 e 2011 (N:44) Verificação de Participação N % Não lembraram e haviam participado 13 29,55 Lembraram e realmente participaram 31 70,45 TABELA 2 Educadores recordaram de participar em ações anteriores (N:31) Período em que participaram da ação N % Entre 2001 a 2005 25 80,60 Entre 2009 a 2011 8 25,80 Ano de ocorrência / tipo de ação N % 2001 (oficina) 1 2,23 2002 (oficina) 6 19,35 2003 (oficina) 9 29,00 2005 (oficina) 5 16,12 2005 (vivência) 4 12,90 2009 (vivência) 1 2,23 2010 (vivência) 4 12,90 2011 (vivência) 1 2,23 Analisando os tópicos mais referidos percebe-se três categorias de conhecimentos trabalhados nas ações: as noções sobre cuidados com a voz (cuidados básicos, percepção de sintomas vocais, hábitos interferentes, estratégias de economia de voz), a prática de exercícios básicos de manutenção da qualidade da voz, e a compreensão de como a voz é produzida (Tabela 3). Com significância estatística foram menos lembradas as questões sobre fatores ambientais, uso da voz nas interações em sala de aula e em diferentes situações. TABELA 3: Tópicos de conhecimento relembrados pelos educadores (N 31) nº de educadores % Cuidados básicos de saúde/voz 25 80,6

Exercícios básicos 24 77,4 Como a voz é produzida 22 71,0 Sintomas vocais 21 67,7 Estratégias de economia de voz 19 61,3 Hábitos interferentes 15 48,4 Fatorem ambientais 12 38,7* Uso da voz nas interações em sala de aula 11 35,5* Uso da voz em diferentes situações 10 32,3* *Teste de igualdade de duas proporções P-valor <0,001 O uso desses conhecimentos na prática profissional parece não ser uma prática constante (Tabela 4), os educadores dividem-se entre usar e não usar, sem que haja diferença significante deste parâmetro. Isso pode estar relacionado a pouca relação das estratégias utilizadas na ação educativa com a prática em sala de aula, assim como sinalizado em estudo no qual os professores sugeriram que as ações fossem integradas à prática educativa 12. Entre hábitos positivos referidos como utilizados na prática encontram-se intensidade adequada de voz para o ambiente, evitar gritos, cuidados com postura corporal, hidratação e a prática de exercícios básicos para manutenção da qualidade vocal (Tabela 5). TABELA 4: Uso do conhecimento relembrado na prática profissional (N 31) N % Não 14 45,2 Raramente 1 3,2* Sim 16 51,6 *Teste de igualdade de duas proporções P-valor <0,001 TABELA 5: Conhecimento utilizado na prática profissional (N: 17) N % Hábitos positivos 12 70,5 Não soube relatar o que usa 3 17,6 Exercícios de voz 2 11,8

Esses resultados apontam a permanência em longo tempo de conceitos apresentados aos educadores em ações educativas de curta duração, incluindo o uso deles na rotina dos educadores, o que provavelmente já esteja refletindo na saúde vocal desses professores, como os efeitos encontrados em curto espaço de tempo relatados em alguns estudos que expuseram resultados obtidos em ações com professores 9-11. CONCLUSÃO Ações educativas de curta duração para educadores para promoção de saúde vocal e para compreensão da relevância da comunicação oral, trouxeram resultados positivos em longo prazo. Professores recordaram-se dos principais conceitos trabalhados há pelo menos seis anos, chegando até há dez anos da participação em capacitações de voz e comunicação oral, e referiram a utilização das estratégias de cuidados vocais para preservar a voz e para melhorar a comunicação oral na rotina profissional. Tais conceitos, apresentados em capacitação de curta duração configuraram-se, desta forma, em saberes básicos perenes no decorrer do tempo. REFERÊNCIAS 1) ZAMBON F; BEHLAU M. A voz do professor: aspectos do sofrimento vocal profissional. São Paulo:Sindicato dos professores de São Paulo-SINPRO; 2010. 2) ROY N, MERRILL RM, THIBEAULTS S, GRAY S.D, SMITH E.M. Voice disorders in teachers and the general population: effects on work performance, attendance, and future career choices. J Speech Lang Hear Res; 2004a;47:542-52. 3) ROY N, MERRILL RM, THIBEAULTS S, PARSA R, GRAY SD, SMITH EM. Prevalence of voice disorders in teachers in the general Population. J Speech Lang Hear Res. 2004b;47:281-93.

4) DRAGONE MLS; FERREIRA LP, GIANNINI PP, SIMÕES-ZENARI M, VIEIRA VP, BEHLAU M. Voz do professor: uma revisão de 15 anos de contribuição Fonoaudiológica. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2010;15(2):289-96. 5) GRILLO MHMM, LIMA E.F, FERREIRA LP. A questão ensino-aprendizagem num trabalho profilático de aperfeiçoamento vocal com professores. Pró-Fono; 2000;12(2):73-80. 6) SILVÉRIO KCA, GONÇALVES CGO, PENTEADO RZ; VIEIRA TPG, LIBBARDI A, ROSSI D. Ações em saúde vocal: proposta de melhora do perfil vocal de professores. Pró-Fono Revista de Atualização Científica; 2008;20(3):177-82. 7) DRAGONE MLS. Programa de saúde vocal para educadores: ações e resultados. Rev. CEFAC. 2011;13(6):1133-1143. 8) XAVIER, I.A.L.N; SANTOS, A.C.O; SILVA, D.M. Saúde vocal do professor: intervenção fonoaudiológica na atenção primária à saúde. Rev. CEFAC: São Paulo, v.15,n.4, p.976-85, 2013. 9) SIMÕES-ZENARI M, LATORRE MRDO. Mudanças em comportamentos relacionados com o uso da voz após intervenção fonoaudiológica junto a educadoras de creche. Pró-Fono; 2008;20(1):61-6. 10) MASSON MLV. Fatores de Risco, Aquecimento e Desaquecimento Vocal em Professores de uma Escola Pública de Ensino Médio de Salvador-BA. [tese] Marília: Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Faculdade de Filosofia e Ciências. Doutorado Educação. 2009. 11) DRAGONE MLS. O despertar da relação consciente com a voz na formação inicial do professor: efeitos na prática docente. [tese]. Araraquara: Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Ciências e Letras. Doutorado Educação Escolar; 2007. 12) LUCHESI K F, MOURÃO LF, KITAMURA S. Ações de promoção e prevenção à saúde vocal de professores: uma questão de saúde coletiva. Rev. CEFAC; 2010;12(6):945-53.

13) DRAGONE M.LS, GIOVANNI LM. O professor iniciante e a comunicação oral em sala de aula: algumas reflexões em direção a políticas públicas de inserção professional docente. In: MARIN AM, GIOVANNI L. Professores iniciantes: diferentes necessidades em diferentes contextos. Araraquara: Junqueira & Marin Editores; 2014. p 71-8.