PROJETO VIDAS SECAS EM RITMO DE CORDEL. 9 o ano E. Fundamental II LÍNGUA PORTUGUESA Projeto - Ciências da Natureza e Matemática - E.F.II e E.M. - 2016
CARO/A ALUNO/A: 2 Como já estamos numa caminhada no trabalho de leitura e atribuição de sentidos a textos, podemos construir esta atividade de leitura, escrita, extrapolação, socialização..., envolvendo o romance Vidas secas, de Graciliano Ramos. Pretende-se, com esta abordagem, discutir/refletir sobre a cultura, os problemas e as denúncias das injustiças sociais vivenciadas pelo sertanejo nordestino, bem como sobre os diálogos que podem ser estabelecidos entre a realidade dos nordestinos na obra e aquela vivenciada por muitos na sociedade contemporânea. As diversas reflexões/diálogos/releituras culminarão na construção de cordeis. LITERATURA DE CORDEL: A MEMÓRIA DO SERTÃO EM FOLHETOS Versos despreocupados, linguajar informal e livretos coloridos. Esses são os ingredientes principais para compor uma boa literatura de cordel. Inspirada na literatura de cordel portuguesa, onde os autores declamavam seus textos para o público acompanhados do som de uma viola, e também na literatura francesa de colportage do século XVII, que tinha o objetivo de difundir a linguagem popular, a nossa literatura de cordel veio com os próprios colonos portugueses e nasceu no Nordeste do Brasil. Seus versos falam sobre a trajetória do povo do sertão. Os textos são poéticos, rimados e publicados em pequenos livros de papel feitos manualmente pelos próprios autores. Eles são feitos com apenas uma folha dobrada estrategicamente para formar oito páginas, mas alguns podem chegar até 32. A venda também é feita pelos autores, geralmente em feiras nordestinas ou nas ruas, onde são expostos em um fio de barbante
Os temas são variados e representam, principalmente, a opinião do autor a respeito de algo na sociedade e no seu cotidiano. A linguagem não é impessoal e muito menos imparcial, são utilizadas várias técnicas de persuasão para convencer o leitor a acreditar nos acontecimentos narrados nos cordeis. Os assuntos transitam entre aventuras, mitos, lendas, romances, boatos e histórias cômicas. É muito comum encontrar também cordeis que reproduzem desafios de ícones nordestinos como Lampião, Padre Cícero e Frei Damião. Os temas mais sérios como os religiosos, políticos e sociais também estão muito presentes. Grande parte dos autores aproveita para criticar a realidade e as condições em que vivem, sempre abusando da ironia e do sarcasmo. 3 Podemos dizer que o cordel também tem caráter jornalístico, já que os desastres, as inundações, as secas, os cangaceiros, as reviravoltas políticas são retratadas em centenas de títulos por ano. Outra característica marcante da literatura de cordel são as xilogravuras. Esse método de ilustração é primeiramente esculpido em madeira e depois impresso no papel. As capas dos livretos são sempre ilustradas com esses desenhos e, atualmente, muitos xilógrafos nordestinos vendem suas gravuras individualmente.
4 Esta manifestação popular já foi muito estigmatizada e sofreu muitos preconceitos pela informalidade de sua estrutura e linguagem. Com o passar dos anos, passou a ser cada vez mais respeitada e hoje é admirada por muitas pessoas em diferentes lugares do país, tendo ganhado, inclusive, uma Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Juntando poesia, gravura e protestos, a literatura de cordel representa uma das mais interessantes expressões da arte brasileira. Além disso, influenciou renomados escritores brasileiros como Jorge Amado, Guimarães Rosa e José Lins do Rego, mostrando que nem sempre o que é popular é de baixa qualidade. http://www.culturaalternativa.com.br/literatura/materias/item/5201-literatura-decordel-a-memoria-do-sertao-em-folhetos CONHEÇA, AGORA, DOIS CORDEIS PRODUZIDOS POR JARID ARRAES E ZÉ DA LUZ: Já dizia Patativa Grande mestre professor: Pra falar da minha terra Tem de ser conhecedor Só possui conhecimento Com bastante embasamento Quem daqui é morador. Muita gente foi simbora Desde antes té agora Vivendo nas capitais. Só que na cidade grande Nordestino vira bicho Humilhado e explorado Só tratado como lixo
5 Nordestina é essa gente Que conhece a exclusão O injusto esquecimento Triste de desilusão Pois se vive condenado Invisível e renegado Feito fosse reclusão. O nordeste é preterido Já tem tempo até demais E por causa dessa sina Já de nossos ancestrais O trabalho e a labuta É o som que se escuta Nessa vida de serviço. Trabalhando feito escravo Sem direito ou assistência Nosso povo é oprimido Num teste de resistência No sol quente ou no frio Pelos cantos do Brasil Sem espaço pra clemência. http://www.revistaforum.com.br/questaodegenero/2015/04/25/cordel-onordeste-e-periferia-brasil Ai! Se sêsse!... Se um dia nós se gostasse; Se um dia nós se queresse; Se nós dos se impariásse, Se juntinho nós dois vivesse! Se juntinho nós dois morasse Se juntinho nós dois drumisse; Se juntinho nós dois morresse! Se pro céu nós assubisse? Mas porém, se acontecesse qui São Pêdo não abrisse as portas do céu e fosse, te dizê quarqué toulíce? E se eu me arriminasse e tu cum insistisse, prá qui eu me arrezorvesse e a minha faca puxasse, e o buxo do céu furasse?... Tarvez qui nós dois ficasse tarvez qui nós dois caísse e o céu furado arriasse e as virge tôdas fugisse!!! https://pensador.uol.com.br/frase/ntu0mtex/
Leia atentamente todas as etapas que comporão esse trabalho: ETAPA A: Pesquisa sobre o contexto sócio histórico e leitura do livro: Vidas secas. O aluno pesquisará sobre o contexto sócio histórico que mobilizou a escrita de Vidas secas e terá um espaço de quinze dias para efetivar ou concluir a leitura da obra solicitada. ETAPA B: Oralidade/Socialização da leitura. A partir de uma roda de conversa, o enredo do livro será, aos poucos, explicitado e os alunos poderão expor e dirimir suas dúvidas acerca da discriminação, da cultura e da realidade do sertanejo nordestino bem como da criticidade presente na obra. Durante a roda, o professor verificará se a leitura foi de fato efetivada e assimilada. ETAPA C: Investigando a contemporaneidade. Nesta etapa do trabalho cada aluno deverá pesquisar em jornais, revistas... sobre a realidade do sertanejo nordestino na sociedade contemporânea. ETAPA D: Painel de textos - Estabelecendo diálogos. Nesta atividade, realizada em grupos, os alunos construirão um Painel virtual composto por textos que estabelecem diálogo com a realidade do sertanejo nordestino da obra. Observação: Todos os alunos deverão participar da gestão do painel. ETAPA E: Produzindo cordel. Nesta atividade, os alunos produzirão individualmente e, depois, em grupo uma releitura do enredo dos capítulos do livro destinados/sorteados para cada grupo sob forma de cordel. ETAPA F: Socializando o Painel virtual de textos e o cordel. Cada grupo socializará o Painel virtual de textos e o cordel com a turma. Observação: Todos os alunos deverão participar da socialização do trabalho. 6
AVALIAÇÃO: 7 Os alunos serão avaliados através de exposições orais acerca da leitura do livro "Vidas secas" e pesquisas/leituras realizadas sobre a realidade do sertanejo nordestino na sociedade contemporânea. Também fará parte da avaliação, a produção e socialização do Painel virtual de textos e do cordel. Durante a socialização do Painel de textos e do cordel, a professora de Produção de Leitura avaliará individualmente e/ou em grupo: I. Organização e disciplina de cada grupo; II. Organização formal do Painel de textos/limpeza; III. Organização das ideias; IV. Conteúdo da produção de leitura na expressão oral; V. Capacidade de generalizar e sintetizar; Elementos linguísticos (repetições, adequação, tomada de turno de fala, hesitação, reiteração, truncamento, variedade linguística) e elementos não linguísticos (gestos)-expressões faciais, corporais e Elementos prosódicos (entonação, pausa, tom de voz, alongamento de vogais, ritmo, velocidade, ênfase). A produção escrita do cada grupo o cordel- será avaliada pela professora de Produção Textual. As etapas que comporão o trabalho terão a seguinte pontuação: Etapa A: Pesquisa sobre o contexto sócio histórico e leitura do livro: Vidas secas (valor: 0,5) Etapa B: Oralidade/Socialização da leitura (valor: 0,5) Etapa C: Investigando a contemporaneidade (valor: 0,5)
Etapa D: Painel virtual de textos- Estabelecendo diálogos (valor: 0,5) Etapa E: Produzindo cordel (valor: 1,0) Etapa F: Socializando o Painel virtual de textos e o cordel (valor: 1,0) 8 SOCIALIZAÇÃO DO PAINEL VIRTUAL DE TEXTOS E DO CORDEL: / /.