CARO PROFESSOR, Bem-vindo ao universo de Pequenas Histórias, filme de Helvécio Ratton que será lançado nos cinemas a partir de julho. Um filme, como qualquer obra de arte, possibilita várias leituras, pois cada espectador tem seu próprio universo de informação e percepção. No caso de Pequenas Histórias o professor/educador pode ser o mediador para que esse universo venha à tona, enriquecendo assim as várias discussões que o filme pode suscitar dentro e fora da sala de aula em seus vários desdobramentos, seja pelo seu tema central ou pelos secundários. Pequenas Histórias é um filme que trabalha e desperta a imaginação, pois não só conta histórias, como as coloca no centro da discussão. A bordadeira, a varanda, a colcha de retalhos, o ritmo: elementos que ajudam o diretor a construir uma casa própria para as palavras. Uma atmosfera onde se pode criar e descriar, montar e desmontar. Dessa forma, Pequenas Histórias consegue alcançar uma dimensão única que permanece no imaginário mesmo após as cortinas do cinema se fecharem. As crianças, em especial, saem do cinema instigadas a construir mundos, transformar tramas, mudar trajetos. Numa associação da moderna linguagem audiovisual do cinema com uma estética singela e encantadora do mundo da contação de histórias, o filme traz uma reflexão sobre diferentes formas narrativas. Entender que o audiovisual está cada vez mais presente no cotidiano das pessoas é entender que ele, por sua vez, também influencia o cotidiano da sala de aula. Acreditamos que a interpretação desta linguagem também é papel da escola e do professor. As temáticas centrais do filme, que abordam personagens e lendas do imaginário brasileiro, também podem ser vistas como um rico instrumento pedagógico que dialoga com práticas educacionais já existentes nos currículos escolares. Elas podem ser aplicadas no trabalho de diversas disciplinas, desde Língua Portuguesa a Artes. No entanto, é importante ressaltar que as atividades aqui sugeridas são destinadas principalmente a um público de alunos do 1º ao 7º anos do ensino fundamental. Sem se propor a esgotar todas as questões que o filme suscita, este material pretende abrir os caminhos para um debate mais profundo no ambiente escolar. Naturalmente, não exclui a possibilidade de serem desenvolvidas outras atividades, para o público alvo do material ou para outros alunos, pelas próprias escolas e professores de acordo com suas particularidades. No mais, o trabalho do professor que usa o cinema como recurso didático é fundamental na formação de novas platéias. Sem esse trabalho, o cinema brasileiro perderia parte de seu maior aliado, o público. Pequenas Histórias é um filme que se utiliza de uma linguagem simples e efetiva para dialogar diretamente com o seu público, este é seu grande diferencial. E nada mais prazeroso do que saber que existe uma possibilidade de se transformar um ponto final em uma vírgula. E, assim, uma história muda uma vida e uma vida ganha uma história. Bom filme, boa aula! Produção de Pequenas Histórias
TEMAS E ATIVIDADES Sugestão de temas para debate: - Histórias rurais e urbanas. - Tradição de contação de histórias. - Mitos, lendas e causos. - O que o universo imaginário ou absurdo dessas histórias pode nos ensinar sobre nossa vida prática. - A visível mudança nos padrões de consumo de Tibúrcio após o encontro com a Iara. - Violência contra a mulher. - A questão do alcoolismo. - A confusão que o menino Vevé faz entre sonho e realidade. - O papel da televisão na construção da realidade cotidiana. - Ingenuidade e espontaneidade. 5
Sugestões de Atividades: O filme narra histórias da roça e da cidade. Uma conversa com seus alunos sobre as diferenças entre as histórias do meio rural e do meio urbano, ou o que elas podem ter em comum, pode ser um bom início. Quais são as superstições e crendices do homem do campo e do homem da cidade? Com isso, pode-se trabalhar as superstições pensando no que são, de onde vêm e porquê. A Iara é uma personagem mitológica, metade peixe, metade mulher. Uma idéia é propor para a turma uma pesquisa das criaturas mitológicas mais presentes na comunidade da escola. Incentive os alunos a criarem suas próprias personagens mitológicas, que tenham características de diferentes animais (podendo ser mais de dois tipos, até) e habilidades fantásticas (por exemplo: visão aguçada no escuro, olfato super apurado etc.). Eles podem desenhar, escrever as características e/ou descrever oralmente as criaturas para os colegas.
Na segunda história, o menino Vevé, que é antenado e se comunica com seus amigos pela internet, é apresentado a um turíbulo. Esta palavra, que Vevé mal consegue pronunciar, não está presente no cotidiano das crianças. A fim de incrementar o vocabulário, incentive os alunos a descobrirem, com a ajuda do dicionário, o significado das novas palavras apresentadas no filme. Além das palavras a que nos referimos acima, o filme apresenta outras informações para a ampliação do repertório cultural das crianças. Sugerimos, por exemplo, a pesquisa com os alunos sobre: - O Candombe, manifestação folclórica que tem origem no congado, que no filme está presente na dança de roda que o pescador Tibúrcio participa. - Mazzaropi (Amácio Mazzaropi, 1912 1981), o grande comediante do cinema brasileiro das décadas de 1950 a 70, que inspirou a caracterização do protagonista do último episódio do filme. A terceira história apresentada fala de um Papai Noel muito diferente, que pode ser visto como herói ou impostor. O que seus alunos acharam do personagem? O que podemos entender desse Papai Noel a partir de sua situação social, dos fatos que o levaram a ter um Natal tão peculiar, de suas atitudes e de como ele foi reagindo às circunstâncias que apareceram em sua frente? Que tal pedir às crianças que se coloquem no lugar do Papai Noel e dizerem como elas reagiriam? 7
A ingenuidade e a espontaneidade de Zé Burraldo chegam a um ponto tão absurdo que nos fazem rir e chorar ao mesmo tempo. É uma coisa que palhaço tem, diz o intérprete Gero Camilo. Não é à toa que o diretor Helvécio Ratton, no último plano dessa história, faz uma homenagem aos filmes de Carlitos, personagem de Charles Chaplin (1889 1977), que sempre terminavam com O Vagabundo se afastando de costas para o espectador. Enquanto as pessoas comuns não gostam de errar, o palhaço conquista a simpatia do público exatamente quando falha. Sobre essa lógica invertida, que reflexão se pode fazer com os alunos? As histórias contadas no filme seguem uma tradição oral transmitida por muitas gerações. Sugerir aos alunos que perguntem às pessoas mais velhas de suas famílias (ou de suas comunidades) se conhecem uma boa história, pode resultar em ricas descobertas. Se possível, seria interessante que os alunos registrassem a narração desta história usando um gravador de voz ou uma filmadora. Depois, a turma pode ouvir e/ou assistir aos depoimentos recolhidos, ou cada aluno pode contar para os colegas as descobertas. A Lua inspira várias histórias, de amor, encantamento, terror e por aí vai. No filme, por exemplo, a Iara diz para o pescador que ele só deve pescar na Lua cheia. Após o casamento, a Iara fica em sua janela admirando o céu, também nas noites de Lua cheia. E para as crianças de sua turma, o que as fases da Lua ou as estrelas inspiram? Quem conta um conto aumenta um ponto. Baseando-se nesse ditado, uma boa atividade seria escolher com a turma uma história para ser contada por todos. Os alunos decidem se querem escrever, filmar ou contar essa história. Depois podem apresentar e comparar suas versões. Ainda trabalhando esse ditado, é possível inventar outros finais ou outros meios para as histórias do filme. 8
Outra idéia é que os alunos inventem uma história em conjunto. Cada aluno, em sua vez, deve continuar a narrativa a partir do que o colega anterior disse e acrescentar um detalhe que deixe a história mais interessante. Ou então, pode-se fazer um sorteio de palavras para que cada aluno continue a história com uma frase onde a palavra sorteada apareça. As quatro histórias contadas no filme trazem elementos de riso, magia e medo. Ao mesmo tempo, é possível detectar um gênero predominante em cada uma delas. Trabalhe com os alunos os gêneros explorados, procurando ficar atento para os recursos (música, efeitos sonoros, maquiagem, figurinos, efeitos especiais etc.) usados para caracterização de cada um. Lembrando sempre que esses gêneros podem coexistir numa mesma narrativa. Pensando na música e nos efeitos sonoros como recursos para despertar ou sublinhar um clima dramático no filme, seria interessante que os alunos se dividissem em grupos para contar histórias acompanhadas de sonoplastia pesquisada e executada por eles mesmos. Cinema, contação de histórias e literatura são linguagens que têm em comum o fato de serem formas de narrativa. Mas cada uma tem suas especificidades. A ficha técnica de um filme, por exemplo, nos dá uma noção da quantidade e variedade de profissionais necessárias para colocar uma história na tela grande e de que o cinema é realmente um trabalho de equipe. Quais são as diferenças entre as linguagens citadas? Seria interessante descobri-las com os alunos. Entre tantas formas de transmissão de cultura e conhecimento (livros, computador, televisão, rádio, cinema, jornal impresso), qual o papel da narrativa oral na sua comunidade? E quais as diferenças ou semelhanças de cada um desses meios de comunicação? Assim como a narradora costura as histórias do filme, com papéis coloridos ou até mesmo tecido, os alunos podem bordar uma colcha de retalhos que conte uma história escolhida pela turma. Em todo o filme, encontramos algumas expressões inusitadas e por vezes até absurdas, típicas de contação de histórias. Recolhemos algumas para reflexão: No dia seguinte, minha tia acordou morta. Esta árvore é que nem parente, conheço desde semente. Gente que nunca morreu tá morrendo. Visite o site www.pequenashistorias.com.br, onde existem muitas informações sobre o filme, fotos e brincadeiras. Através do site, você pode fazer contato com a coordenação do Projeto Educativo e com a produção de Pequenas Histórias. 9
Produtora Associada Distribuição Produção Desde o primeiro momento, o filme PEQUENAS HISTÓRIAS contou com patrocinadores e apoios importantes para sua realização. Nossos PATROCINADORES Através das Leis de Incentivo e orgãos Ministério da Cultura Contamos com os gentis apoios de 10