UM CAMINHO DE UMA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL
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- Ana Beatriz Barroso Rodrigues
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1 UM CAMINHO DE UMA PRODUÇÃO AUDIOVISUAL Existem infinitas maneiras de organizar, produzir e finalizar uma obra audiovisual. Cada pessoa ou produtora trabalha da sua maneira a partir de diversos fatores: tamanho da produção, quantidade de recurso envolvido, estilo da produção. Aqui tentamos sistematizar um pouco da experiência do Coletivo Catarse no que diz respeito à organização das suas produções. O importante aqui é servir como um exemplo já que não existe cartilha para isso, ou seja, tudo pode ser subvertido e reinventado. Trabalhamos com ficção e documentário. Duas naturezas diferentes que demandam diferentes dinâmicas de trabalho e em alguns momento a prática é completamente diferente. Procuramos indicar abaixo quando isso acontece. Ideia Tudo começa com a vontade de contar uma história. Então, a ideia inicial é o disparador para passarmos às outras fases. Argumento Detalhamento da história. Descrição dos personagens, situações, contexto, relação entre os personagens, indicação de início, meio (clímax) e fim. Roteiro É o guia do filme que tenta projetar no papel o que veremos editado. Em documentários: trabalha-se com um pré-roteiro já que as situações e conteúdos não podem ser previstos. Indica-se os entrevistados, locais e situações que devem ser registrados para que se conte a história. O roteiro de fato se faz quando uma parte significativa da captação acontece e o filme está prestes a ser editado. Em filmes de ficção: desde a concepção o ideal é pensar num roteiro bastante detalhado, trabalhando a decupagem da história que significa estabelecer divisão de cenas, locações, posicionamento de câmera (chamado de plano), indicações de falas, imagens de cobertura, cenas de respiro. Esse planejamento é importante para poder pensar não somente os custos do filme mas para organizar o cronograma de produção. * Diegética: realidade ficcional do filme. Produção Diz respeito à parte de planejamento logístico das filmagens e as filmagens em si. Edição Transformação do material bruto no filme final. Distribuição Quem vai assistir esse filme? Onde ele vai passar? Como ele vai chegar ao seu objetivo e qual o formato para isso?
2 ALGUMAS FUNÇÕES DE UMA EQUIPE CINEMATOGRÁFICA (Aqui vamos abrir um grande parênteses para falar sobre as funções numa equipe audiovisual. Lembrando que cada realizador tem a sua maneira de trabalhar e é muito importante fazer uma conversa com a equipe toda definindo os papéis e a responsabilidade de cada um dentro da produção que está por começar. Isso pode evitar ruídos na comunicação, brigas e conflitos.) Produção executiva: pessoa responsável pela parte burocrática do projeto a ser desenvolvido, sendo a função que executa o planejamento financeiro norteado por um orçamento. Faz os pagamentos e planeja as saídas de recurso. * Orçamento: detalhamento financeiro que pode prever o valor das remunerações, transporte, alimentação, hospedagem, custos com objetos, figurino, telefone e quaisquer outros custos que envolvam a produção. Além dos pagamentos, controla os comprovantes e notas fiscais para montar a prestação de contas. Junto com o diretor de produção e diretor pensa na logística da produção a partir do valor que tem disponível. Equipe de produção: Em produções maiores pode ser constituída pelo diretor de produção, produtor e assistente(s) de produção. É o núcleo responsável por fazer com que se tenha as condições necessárias para as filmagens, marcando entrevistas, corendo atrás da liberação de locações, marcando as viagens, executando na prática o cronograma das atividades, desatando os nós que vão aparecendo ao longo do trabalho desde as situações grandes quanto coisas pequenas como objetos, figurinos ou necessidades como pilhas e fitas crepe. Pode-se dizer, também, que é a produção que cuida da comunicação interna do grupo. É uma equipe de apoio importantíssima sem a qual o filme não tem como acontecer. O perfil de um produtor deve ser de uma pessoa totalmente consciente do projeto, que conhece os detalhes e consegue enxergar antes o que pode dar certo ou errado, se adiantando sempre. * Desenho de produção: É um mapa da produção que determina o que deve ser feito, em quanto tempo, como e por quem. Esse acompanhamento pode ser feito através de tabela, listagem, com o produtor se sentir mais confortável. O desenho de produção é imprescindível para que todos os integrantes da equipe tenham conhecimento o ponto em que a produção se encontra. Bem abaixo nesse documento tem um exemplo de desenho de produção (ANEXO 1). Direção: É a função que vai pensar em como a história vai ser contada. Vai definir a estética e linguagem do filme que incluem textura e cor da imagem, estilo de atuação, efeitos visuais. É atribuída à direção a maneira como a obra será filmada e isso é feito a partir da decupagem do roteiro. * Decupagem do roteiro: divisão das cenas com indicação dos planos. ** Cenas: conjunto de planos situados num mesmo local ou num mesmo cenário, e que se desenrolam dentro de um tempo determinado - Dicionário de Cinema, de Jean Mitry ** Planos: É um conjunto ordenado de fotogramas, limitado espacialmente por um enquadramento e temporalmente por uma duração. No momento da filmagem, o plano inicia-se sempre que a câmera é ligada para a captação de imagens e termina quando ela é desligada. Neste
3 sentido, a noção de plano confunde-se muitas vezes com a de tomada. No entanto, no cinema ficcional, um mesmo trecho narrativo pode ser encenado e filmado várias vezes de um mesmo ponto de vista, constituindo várias tomadas de um mesmo plano. Portanto, na filmagem, cada TOMADA é uma tentativa de rodar um plano. - Wikipedia A direção trabalha, com a ajuda do assistente de direção na análise técnica do roteiro. * Análise técnica (para um filme de ficção): detalhamento das demandas a partir de um roteiro que significa prever objetos, figurinos, locações, condições climáticas e outras especificidades que dependerão da história. Existem diversas outras funções que trabalham junto com o diretor para garantir a linguagem e estética do filme: direção de arte, figurino, cenografia, produção de objetos, direção de atores...podem ser inúmeras as funções numa equipe de cinema. Tudo vai depender da verba envolvida ou do potencial de mobilização da equipe se for um filme de baixo orçamento ou mesmo sem recurso Assistente de direção: Além de ajudar na análise técnica a importância do asssitente de direção está no tabelamento do conteúdo captado. Nesta tabela o assistente vai indicar quais as tomadas estão valendo ou não além de fazer outros apontamentos determinados pelo diretor. Direção de fotografia: responsável por executar, a partir do plano do diretor, a iluminação do set. Quais as fontes de luz a serem utilizadas, onde elas serão posicionadas. * Set: ambiente de filmagem em documentário ou ficção. Operação de câmera: é a pessoa que opera a câmera e executa o que é determinado pelo diretor e diretor de fotografia. Pode ser feito pelo próprio diretor ou até mesmo diretor de fotografia. Direção de áudio: determina quais os equipamentos necessários para a captação do áudio da produção. No set é responsável por montar o equipamento e posicionar os microfones, além de fazer o monitoramento do que é captado. A direção de áudio também tem o poder de cortar a filmagem se perceber que alguma coisa não vai bem com o áudio. Microfonista: auxilia a direção de áudio na hora de segurar e posicionar os microfones. Pode auxiliar no monitoramento da captação também. Direção de trilha: é o profissional que pesquisa e/ou cria a trilha sonora do filme. É aquele que pensa os climas e procura compôr e aprofundar os significados das imagens com o som. Desenho de som: É ele que desenvolve um estilo, explora as possibilidades expressivas do som, cria ligações dramáticas entre personagens, locais e objectos através de elementos sonoros, alargando a resposta emocional do filme através da sutil transformação do material sonoro, moldando-o. - wikipedia Editor: é o profissional que recebe o material bruto e o transforma no filme acabado. Trazemos aqui o conceito de que o editor apenas executa como um instrumentista as determinações da direção junto, ou não, ao roteirista.
4 Montador: o montador também é o profissional que recebe o material bruto e o transforma no filme acabado porém tem liberdade para criar sem que o diretor num primeiro momento interfira no processo criativo. Ele pode subverter o roteiro e até mesmo editar sem ter um roteiro prévio definido (no caso dos documentários). * Material bruto: sequência de imagens ou áudios captados que não sofreram edição. * Corte (1,2,3,4...): No processo da edição pode-se chegar a inúmeros cortes até que se sinta que o filme está pronto. Neste momento o filme passa para a finalização. No anexo 2, trazemos um exemplo de corte na linha do tempo do programa de edição. * Finalização: ajuste fino do filme. Neste momento normalmente colocamos efeitos, créditos, transições é, também, feito o tratamento final do áudio (masterização: nivelamento). Todas as informações contidas nesse material são de livre utilização desde que citada a fonte: Conteúdo didático elaborado pelo Coletivo Catarse de Comunicação para a oficina de produção audiovisual do Ponto de Cultura e Saúde Ventre Livre.
5 ANEXO 1 DESENHO DE PRODUÇÃO DO PROJETO CARIJO ANEXO 2 CORTE DO CURTA-METRAGEM RETRATO DA ATRIZ ENQUANTO CORPO
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