Boletim Econômico Edição nº 80 agosto de 2014 Organização: Maurício José Nunes Oliveira Assessor econômico O desempenho financeiro do BNDES, fusões e Petrobrás 1
Lucro do BNDES foi de R$ 5,47 bilhões no semestre e cresce 67,8% O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) registrou lucro líquido de R$ 5,471 bilhões no primeiro semestre de 2014. O resultado é o maior já apresentado para o período e 67,8% superior aos R$ 3,261 bilhões obtidos no mesmo semestre de 2013. O lucro foi influenciado pelo bom desempenho da BNDESPar, empresa de participações do banco, que registrou lucro de R$ 2,148 bilhões, superando em 236,4% o valor do primeiro semestre do ano passado. Os demais indicadores do período também foram muito positivos. A rentabilidade sobre o patrimônio líquido médio do Sistema BNDES alcançou 8,53%, acima dos 6,73% do mesmo semestre de 2013; e o índice de Basiléia atingiu 18,4%, situação confortável diante dos 11,0% exigidos pelo Banco Central e superior aos 17,1% de março deste ano e dos 15,8% apurados em junho de 2013. Além do desempenho da BNDESPar, o lucro do Sistema BNDES foi composto pelos resultados do banco e da Finame, respectivamente, de R$ 2,994 bilhões (R$ 1,969 bilhão em junho de 2013) e R$ 330,9 milhões (R$ 443,9 milhões em junho de 2013). O principal impacto positivo sobre o lucro do Sistema BNDES veio do crescimento de 108,2% do resultado com participações societárias, que passou de R$ 1,779 bilhão no primeiro semestre de 2013 para R$ 3,703 bilhões no mesmo período deste ano. Historicamente, o desempenho obtido por meio da boa gestão das operações da carteira da BNDESPar tem permitido ao banco reduzir ao máximo os custos de seus créditos em renda fixa. 2
O aumento do lucro líquido consolidado do BNDES foi decorrente, basicamente, de três fatores: 1) alta de 31,8% da receita com dividendos e juros sobre capital próprio, que saiu de R$ 1,999 bilhão em 2013 para R$ 2,634 bilhões em 2014; 2) melhora do resultado com derivativos, que passou de R$ 187 milhões no primeiro semestre de 2013 para R$ 657 milhões no mesmo semestre de 2014; 3) redução de 57,7% da despesa com provisão para perdas em investimentos no montante de R$ 795 milhões, ante R$ 336 milhões no semestre corrente. Outro fator que influenciou positivamente o lucro de junho foi o aumento de 19,3% do resultado de intermediação financeira, que passou de R$ 5,025 bilhões no primeiro semestre de 2013 para R$ 5,994 bilhões em igual período de 2014. A expansão foi conseqüência do crescimento da carteira de crédito e repasses, da gestão dos recursos de tesouraria e da melhora do resultado com provisão para risco de crédito. O patrimônio de referência (PR), que determina a capacidade de financiamento do Banco, atingiu R$ 110,458 bilhões em junho de 2014, superior aos R$ 108,669 bilhões registrados em dezembro de 2013 e dos R$ 96,021 bilhões de junho do ano passado. Sistema financeiro: número de fusões e aquisições cresce em julho de 2014 Em julho foram registradas 68 fusões e aquisições entre empresas e outros tipos de instituições financeiras. Esse número é superior ao atingido no mesmo mês durante os quatro anos anteriores, mostrou balanço divulgado pela PwC. De janeiro a julho foram anunciadas 461 transações, desempenho semelhante ao registrado no mesmo período de 2013. 3
Das transações anunciadas no Brasil, 59% possuem investidores de origem nacional, totalizando 247 negócios. Os investidores de origem estrangeira registraram 41% das transações de compra de participação societárias, com 175 negócios. Segundo a pesquisa, o perfil mais buscado no mercado entre janeiro e julho foram as compras de participações majoritárias, com 50,8%, totalizando 234 negócios. As compras de participações minoritárias contabilizaram 188 transações, 40,8%. Ao final de julho, o setor de TI permaneceu na liderança, com 69 transações anunciadas, mantendo a primeira posição pelo sétimo mês consecutivo. Entretanto, a PwC apontou que o movimento de fusões e aquisições no Brasil continua de perfil multi-setorial. Em segundo lugar está o setor de serviços auxiliares, com 48 transações. Encerra a lista o setor de serviços financeiros, com 47 negócios anunciados, seguido pelo setor de varejo, com 44 transações anunciadas no ano. No acumulado do ano, os fundos de Private Equity registraram um total de 167 participações, o equivalente a 36% do mercado de fusões e aquisições brasileiro. Reajuste de combustíveis vai aliviar Petrobrás e afetar bolso da população A Petrobras continuará reivindicando o reajuste dos preços dos combustíveis, apesar da recente redução da defasagem entre os preços praticados no mercado interno e externo, segundo fonte do setor. Isso porque, os preços de petróleo no mercado externo atingiram as mínimas de vários meses, pressionando na mesma medida os preços dos combustíveis que a estatal compra no mercado global para atender a 4
demanda interna. As cotações do petróleo Brent, referência do mercado internacional, do petróleo nos Estados Unidos acumulam queda de cerca de US$ 10 por barril desde junho. O cenário de preços menores no exterior dá um alívio ao caixa da empresa, cujo acionista controlador, o governo federal, não permite o repasse aos consumidores brasileiros dos preços mais elevados praticados no exterior, para não pressionar a inflação. No primeiro semestre, a estatal importou 415 mil barris de derivados de petróleo por dia, 31 por cento acima do registrado no mesmo período de 2013, de 318 mil barris/dia. A defasagem do preço da gasolina no Brasil ante o valor registrado nas refinarias nos EUA deve ficar em 11% em agosto, abaixo da defasagem de 13% em julho e dos 18% de junho. Esse percentual é o menor registrado desde novembro do ano passado, quando houve o último reajuste do combustível no Brasil, de 4% nas refinarias. Os preços estão se aproximando dos internacionais; mas ainda há uma defasagem. A diferença do preço do diesel deverá ficar neste mês em 4%, menor nível desde o início dos registros pela consultoria em agosto de 2013. Em agosto do ano passado, a defasagem do diesel ante a cotação externa era de 22%. As fortes importações de combustíveis têm pressionado o caixa da Petrobras. No segundo trimestre a área de abastecimento, responsável pela compra e venda de combustíveis, registrou prejuízo de R$ 3,9 bilhões. Para que a situação da empresa melhore e o caixa seja menos pressionado, além de um reajuste nos preços dos combustíveis, a Petrobras precisaria aumentar a produção interna de petróleo e ampliar sua capacidade de refino, ressaltou a fonte. Uma das apostas é a entrada em operação da Refinaria do Nordeste (Rnest) no mês de novembro. A construção de duas novas unidades de processamento, Premium 1 e 2, no Nordeste do país, estão no Plano de Negócios da Petrobras, mas a viabilidade econômica dos projetos ainda não foi comprovada. Com a entrada das unidades, o Brasil poderá eventualmente se tornar autosuficiente na produção de óleo diesel. 5
Não se resolve a questão da importação de uma tacada só. Um monte de coisa tem que acontecer. Tem que entrar refinaria, aumentar produção para chegar na questão do preço. Outro fator que reduzirá a dependência externa será o aumento da produção de petróleo, que esse ano pode chegar a 7,5% (com margem de erro de 1 ponto para cima ou para baixo), nas estimativas da própria estatal. 6