07 abril de 2014 Políticas sociais, desenvolvimento e cidadania O Combate às Desigualdades Sociais como núcleo da Agenda de Desenvolvimento Ana Fonseca e Eduardo Fagnani (Orgs)
Expediente Esta é uma publicação da Fundação Perseu Abramo. Diretoria Executiva Presidente Marcio Pochmann Vice-Presidenta Iole Ilíada Diretoras Fátima Cleide, Luciana Mandelli Diretores Joaquim Soriano, Kjeld Jakobsen Conselho Curador: Hamilton Pereira (presidente), André Singer, Eliezer Pacheco, Elói Pietá, Emiliano José, Fernando Ferro, Flávio Jorge Rodrigues, Gilney Viana, Gleber Naime, Helena Abramo, João Motta, José Celestino Lourenço, Maria Aparecida Perez, Maria Celeste de Souza da Silva, Nalu Faria, Nilmário Miranda, Paulo Vannuchi, Pedro Eugênio, Raimunda Monteiro, Regina Novaes, Ricardo de Azevedo, Selma Rocha, Severine Macedo, Valmir Assunção
O Combate às Desigualdades Sociais como núcleo da Agenda de Desenvolvimento Políticas Sociais: Desenvolvimento e Cidadania Vol 1: Economia, distribuição da renda e mercado de trabalho. Vol 2: Educação, seguridade social, pobreza, infraestrutura urbana e transição demográfica. ACESSE AQUI A PUBLICAÇÃO VOLUME 1 ACESSE AQUI A PUBLICAÇÃO VOLUME 2 Nesta coletânea a questão social é tratada em dois livros complementares. Os 22 artigos escritos por 40 especialistas que compõem as duas publicações têm por objetivo contribuir para o debate sobre a necessidade da implantação de um novo ciclo de reformas estruturais que consolide os progressos recentes e, sobretudo, enfrente a crônica desigualdade social brasileira ainda presente em múltiplas frentes. Os diversos autores ressaltam a melhoria do padrão de vida dos brasileiros nos últimos dez anos. A geração de empregos e a ampliação da renda das famílias fizeram com que a mobilidade social voltasse a ser ascendente. O gasto das famílias ativou o mercado interno de consumo de massa, base do ciclo recente de crescimento. As desigualdades sociais e a pobreza extrema apresentaram retração significativa. O progresso social recente foi fruto da maior centralidade do crescimento na agenda governamental, após um quarto de século de marginalidade. A recuperação da economia proporcionou geração de emprego, valorização do salário mínimo, expansão do gasto público, ampliação da renda do trabalho e das transferências monetárias das políticas universais. Em relação ao passado, houve maior convergência entre objetivos econômicos e sociais, o que contribuiu para que fosse parcialmente mitigada a profunda antinomia observada no passado. Entretanto, apesar desses avanços recentes, os traços característicos do subdesenvolvimento social ainda permanecem vivos. Os progressos recentes mitigaram, mas não apagaram as marcas profundas da desigualdade social. A concentração da renda recuou aos padrões de 1960 e permanece entre as mais elevadas do mundo. A concentração da propriedade rural e urbana continuou se aprofundando nas últimas décadas. O mercado de trabalho ainda apresenta traços e características de economias subdesenvolvidas ou periféricas. E, o acesso aos serviços sociais básicos apresenta fortes desigualdades pessoais e regionais. São traços marcantes do subdesenvolvimento que precisam ser superados se queremos um país justo e civilizado. A visão de futuro precisa estar ancorada num novo ciclo de reformas estruturais que incorpore as dimensões sociais, econômicas e políticas na perspectiva do desenvolvimento. A superação desse quadro amplo de desafios requer o reforço do papel do Estado e gestão macroeconômica articulada com os objetivos redistributivos. Não obstante, nada será possível sem a reforma política que resgate a democracia e a esfera pública plural e inclusiva. No caso da universalização da cidadania social, também será preciso atender a um conjunto de temas estruturais que limitam o alcance do conjunto da política social. Combater as desigualdades do acesso aos serviços sociais e universalizar a cidadania requer a realização de reforma tributária que promova a justiça fiscal. O projeto que tramita no Congresso
Nacional 1 não caminha nesta direção e, mais grave, extingue as fontes de financiamento constitucionalmente vinculadas aos gastos sociais universais. Outro ponto diz respeito à política de desoneração de impostos que está sendo implantada desde meados da década passada e que poderá limitar as bases de financiamento da proteção social, com destaque para os segmentos que compõem a Seguridade Social. Além disso, é preciso restabelecer os mecanismos de financiamento que foram assegurados pela Constituição da República, mas desfigurados pela área econômica desde a década de 1990. A Desvinculação das Receitas da União (DRU) e a captura de recursos do Orçamento da Seguridade Social são exemplares. Da mesma forma, será preciso restabelecer o pacto federativo, esvaziado desde a década de 1990 pela crescente centralização das receitas tributárias na esfera federal, bem como pela elevação do endividamento de estados e municípios em função da política monetária restritiva, seguida pela adoção de severo programa de ajuste fiscal para esses entes no final dos anos 1990 2. Este fato limita a gestão pública eficiente dos serviços sociais que, de forma correta, passaram a ser administrados pelos municípios em cooperação com os demais entes federativos. A superação das desigualdades do acesso aos bens e serviços sociais também requer o enfrentamento dos processos de mercantilização que foram difundidas a partir de 1990 pelos três níveis de governo para diversos setores, com destaque para a saúde, o saneamento, o transporte público, a assistência social, a Previdência e o ensino superior. Assegurar serviços públicos de qualidade a todos os brasileiros também requer o fortalecimento da gestão estatal, enfraquecida pelo avanço de diversos mecanismos de gestão privada que cria duplicidades, fragmentação e dificuldades para assegurar um padrão de eficiência. A Lei de Responsabilidade Fiscal, ao restringir a contratação de pessoal, incentiva à difusão de organizações sociais, ONGs, OSCIPS e cooperativas. Essas organizações sociais (criadas em 1997) acabam sendo utilizadas com a finalidade de se burlar a Lei de Responsabilidade Fiscal (criada em 1999), pois os gastos dessas instituições são contabilizados como serviços de terceiros e não como despesas de pessoal. A tarefa prévia para superar este quadro é forjar um novo pensamento crítico e propositivo. O desafio que se coloca para a luta política é aproveitar as oportunidades abertas e caminhar na direção de construir um ciclo de reformas estruturais na perspectiva do desenvolvimento. 1 PEC 233/08. 2 Programa de Apoio à Reestruturação e ao Ajuste Fiscal dos Estados (Proes, 1997), seguido da Lei de Responsabilidade Fiscal e da Lei de Crimes Fiscais.
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