março de 2014 Fundação Perseu Abramo - Partido dos Trabalhadores A DINÂMICA RECENTE DO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO: O EMPREGO
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- Aurélia Amorim Lancastre
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1 12 março de 2014 Fundação Perseu Abramo - Partido dos Trabalhadores A DINÂMICA RECENTE DO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO: O EMPREGO
2 Expediente Esta é uma publicação da Fundação Perseu Abramo. Diretoria Executiva Presidente Marcio Pochmann Vice-Presidenta Iole Ilíada Diretoras Fátima Cleide, Luciana Mandelli Diretores Joaquim Soriano, Kjeld Jakobsen Conselho Curador Hamilton Pereira (presidente), André Singer, Eliezer Pacheco, Elói Pietá, Emiliano José, Fernando Ferro, Flávio, Jorge Rodrigues, Gilney Viana, Gleber Naime, Helena Abramo, João Motta, José Celestino Lourenço, Maria Aparecida Perez, Maria Celeste de Souza da Silva, Nalu Faria, Nilmário Miranda, Paulo Vannuchi, Pedro Eugênio, Raimunda Monteiro, Regina Novaes, Ricardo de Azevedo, Selma Rocha, Severine Macedo, Valmir Assunção
3 Partido dos Trabalhadores Fundação Perseu Abramo FPA Comunica 12 A DINÂ MICA RECENTE DO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO: : O EMPREGO
4 São Paulo, março de Apresentação Após passar por um período de elevado crescimento econômico entre as décadas de 1930 e 1970, via adoção de um projeto desenvolvimentista onde a industrialização era o carro-chefe, o Brasil passou a ter um novo modelo econômico na década de 1990, caracterizado pelo baixo crescimento, privatizações, redução dos postos de trabalho e elevação da pobreza. A partir daquela década, o desemprego, a informalidade e a exclusão social passaram a ser temas que preocupam cada vez mais o Estado e a população brasileira. O país passou por mudanças na atividade econômica, queda do assalariamento formal, elevação das taxas de desemprego e, por consequência, aumento da miséria, dentro do contexto de reestruturação produtiva e de desestruturação do mercado de trabalho. A partir da metade dos anos 2000, o mercado de trabalho brasileiro voltou a se aquecer, obtendo crescimento econômico, redução das taxas de desemprego, aumento do emprego formal e queda da informalidade. Pelo presente FPA Comunica 12 analisa-se a trajetória do mercado nacional de trabalho entre os anos de 2002 e Duas partes constituem este FPA Comunica, a saber: A primeira relacionada ao comportamento geral do mercado de trabalho entre os anos de 2002 e 2012; e A segunda associada às características principais do emprego formal no Brasil. O conjunto de dados analisados foi sistematizado a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE. Ao mesmo tempo, adianta-se que o FPA Comunica procura antecipar resultados de estudos realizados por pesquisadores e estudiosos associados à Fundação Perseu Abramo. FPA Comunica 2
5 1. O Comportamento do Mercado de Trabalho Brasileiro As informações da Pnad realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tabuladas especialmente para esta pesquisa, apontam relevante ganho de dinamismo do emprego no período A população de 10 anos ou mais passou de 141,6 milhões para 168,6 milhões entre 2002 e Enquanto a proporção da População Economicamente Ativa (PEA) na população de 10 anos ou mais diminuiu de 61,3% para 59,9% em igual período. A taxa de ocupação mede a relação entre os ocupados e a PEA. Ao longo do período abordado, a taxa de ocupação dos brasileiros subiu de 90,9% para 93,8%, o que indica expansão das ocupações de 78,9 milhões para 94,7 milhões. A elevação da ocupação em maior ritmo que o crescimento da PEA fez com que as taxas de desemprego aberto diminuíssem de 9,1% para 6,2%, entre 2002 e Tabela 1 Brasil: pessoas de 10 anos ou mais de idade segundo a População Economicamente Ativa (mil pessoas) Indicadores Pessoas de 10 anos ou mais de idade População Economicamente Ativa Ocupados Desocupadas Taxa de Ocupação 90,9 93,8 Taxa de desemprego 9,1 6,2 Fonte: IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 2002 e 2012 Entre 2002 e 2012, a participação dos empregos formais em relação ao total de ocupados passou de 37,7% para 48,7%. Esta categoria abrange os trabalhadores com carteira de trabalho assinada, trabalhadores domésticos com carteira de trabalho assinada, militares e funcionários públicos estatutários. FPA Comunica 3
6 Tabela 2 Brasil: pessoas de 10 anos ou mais de idade segundo tipo de ocupação (mil pessoas) Posição na ocupação no trabalho principal Trabalhadores Formais 37,7 48,7 Trabalhadores Informais 39,5 32,4 Empregadores 4,2 3,8 Não Declarados 18,5 15,1 Total 100,0 100,0 Fonte: IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 2002 e 2012 Além disso, a informalidade 1 caiu em relação ao total de ocupados, tanto em percentual quanto em número absoluto, apontando para uma inversão de tendência que vinha se consolidando desde início da década de Para se ter uma dimensão, os trabalhadores informais correspondiam a 39,5% dos ocupados em 2002; e em 2012 esses trabalhadores diminuíram sua participação para 32,4% dos ocupados. 1 A conceituação do setor informal no Brasil envolve diversas controvérsias, a investigação aqui apresentada considerou como setor informal os trabalhadores sem carteira de trabalho assinada, conta própria, trabalhadores na produção para o próprio consumo e trabalhadores na construção para o próprio uso. FPA Comunica 4
7 2. Características do emprego formal brasileiro A partir do Relatório Anual de Informações Sociais (Rais), disponibilizado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), nota-se que o Brasil apresentou um estoque de 47,5 milhões de empregos em 2012, o que significou a geração de 18,8 milhões de empregos em relação a 2002 ano em que o estoque era de 28,7 milhões de trabalhadores. O estoque verificado em 2012, para o Brasil, representou um crescimento relativo de 65,5% de novos postos de trabalho com carteira assinada. Tabela 3 Brasil: distribuição dos trabalhadores formais segundo regiões naturais Região Natural Var % Var absoluta Norte , Nordeste , Sudeste , Sul , Centro-Oeste , Total , Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego. Rais, 2002 e 2012 A elevação da quantidade de empregos foi observada em todas as regiões naturais brasileiras. As Regiões Norte (102,2%) e Nordeste (77,3%) tiveram maior variação relativa de postos de trabalho no período abordado. Nestas duas regiões, as unidades federativas da Bahia (2,3 milhões de trabalhadores), Pernambuco (1,7 milhão), Ceará (1,4 milhão), Pará (1 milhão), Maranhão (696 mil), Paraíba (628 mil) e Amazonas (616 mil) merecem destaque do ponto de vista do estoque do emprego em A Região Centro-Oeste viu seu estoque de emprego aumentar 71,9% entre 2002 e Em termos absolutos, o maior estoque concentrou-se em Goiás (1,4 milhão de trabalhadores) e no Distrito Federal (1,2 milhão) no ano de No mesmo intervalo temporal, a Região Sul e Sudeste obtiveram patamares menores de variação do estoque de emprego, 60,2% e 59,3%, respectivamente. Em 2012, os maiores estoques de emprego dessas regiões concentravam-se nas unidades federativas de São Paulo (13,8 milhões de empregos), Minas Gerais (4,9 milhões), Rio de Janeiro (4,5 milhões) e Paraná (3 milhões). FPA Comunica 5
8 Tabela 4- Distribuição dos trabalhadores formais segundo unidades Federativas: Brasil, 2002 e 2012 Unidade Federativa N Absoluto % Rondônia ,6 0,8 Acre ,2 0,3 Amazonas ,0 1,3 Roraima ,1 0,2 Pará ,9 2,2 Amapá ,2 0,3 Tocantins ,5 0,5 Maranhão ,2 1,5 Piauí ,8 0,9 Ceará ,8 3,0 Rio Grande do Norte ,1 1,3 Paraíba ,3 1,3 Pernambuco ,3 3,6 Alagoas ,1 1,1 Sergipe ,8 0,8 Bahia ,6 4,8 Minas Gerais ,6 10,4 Espírito Santo ,9 2,0 Rio de Janeiro ,2 9,4 São Paulo ,0 29,0 Paraná ,3 6,4 Santa Catarina ,3 4,4 Rio Grande do Sul ,1 6,3 Mato Grosso do Sul ,2 1,3 Mato Grosso ,3 1,6 Goiás ,7 3,1 Distrito Federal ,8 2,5 Total ,0 100,0 Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego. Rais, 2002 e 2012 O ganho de dinamismo no mercado de trabalho brasileiro não ocorreu da mesma forma em todos os setores econômicos. Ao analisar os dados da Rais para o período de 2002 e 2012, nota-se uma elevação da participação do emprego dos setores de comércio (de 16,8% para 19,4%) e construção civil (de 3,9% para 6%) em detrimento da participação da indústria (de 19,7% para 18,6%), serviços (de 55,7% para 52,9%) e agropecuária (de 4% para 3,1%). É importante ressaltar que apesar de ter reduzido sua participação, o setor de serviços respondia por 25,1 milhões de empregos em FPA Comunica 6
9 Tabela 5- Distribuição dos trabalhadores formais segundo setor de atividade econômica: Brasil, 2002 e 2012 Grande Setor de Atividade Nº Absoluto % Econômica Indústria ,7 18,6 Construção Civil ,9 6,0 Comércio ,8 19,4 Serviços ,7 52,9 Agropecuária ,0 3,1 Total ,0 100,0 Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego. Rais, 2002 e 2012 A Tabela 6 apresenta os dados desagregados por subsetores de atividade econômica. Entre , constatou-se variação absoluta positiva em todos os subsetores de atividade econômica. Na indústria, os subsetores que mais geraram empregos em termos absolutos foram Alimentos e Bebidas (728 mil empregos gerados), Química (387 mil), Mecânica (325 mil) e Metalúrgica (300 mil). No setor de serviços, os subsetores que mais geraram empregos no intervalo temporal abordado foram Administração Técnica Profissional (2,6 milhões), Administração Pública (2,1 milhões), Alojamento (1,5 milhão) e Transporte e Comunicações (1,4 milhão). O Comércio Varejista gerou 3,6 milhões de postos de trabalho no período, enquanto o Comércio Atacadista, 773 mil postos de trabalho. FPA Comunica 7
10 Tabela 6- Distribuição dos trabalhadores formais segundo subsetor de atividade econômica: Brasil, 2002 e 2012 Subsetor de Atividade Econômica Var. Absoluta Alimentos e Bebidas Indústria Química Indústria Mecânica Indústria Metalúrgica Material de Transporte Indústria Têxtil Prod. Mineral Não Metálico Extrativa Mineral Elétrico e Comunic Serviço Utilidade Pública Papel e Gráf Borracha, Fumo, Couros Indústria Calçados Madeira e Mobiliário TOTAL INDÚSTRIA TOTAL CONSTRUÇÃO CIVIL Comércio Varejista Comércio Atacadista TOTAL COMÉRCIO Adm Técnica Profissional Administração Pública Aloj Comunic Transporte e Comunicações Ensino Médicos Odontológicos Vet Instituição Financeira TOTAL SERVIÇOS TOTAL AGRICULTURA BRASIL Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego. Rais, 2002 e 2012 FPA Comunica 8
11 Considerações finais Durante a década de 1990, o mercado de trabalho brasileiro passou por um movimento de desestruturação marcado por queda do peso do assalariamento formal, elevação das taxas de desemprego dentro de um contexto de reestruturação produtiva. A partir da metade dos anos 2000, o mercado de trabalho nacional mostrou sinais positivos por meio da redução das taxas de desemprego, aumento do peso do emprego formal e queda da informalidade, dentro de um contexto de crescimento econômico, valorização do salário mínimo e expansão dos programas de transferência de renda. Este ambiente favorável permitiu que a população economicamente ativa ampliasse suas oportunidades de inserção no mercado de trabalho, favorecendo principalmente as Regiões Norte e Nordeste, que elevaram sua participação dentro do estoque de emprego nacional. Enquanto que, do ponto de vista da atividade econômica, constatou-se que os setores de serviços e comércio possuem maior estoque absoluto de postos de trabalho em FPA Comunica 9
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